O documento discute a formação por competências na graduação de Farmácia, propondo:
1) Estruturar unidades curriculares e planos de ensino com base em competências e performances profissionais.
2) Utilizar simulações e aprendizagem baseada na comunidade para desenvolver competências clínicas de forma gradual.
3) Alinhar objetivos, métodos de ensino-aprendizagem e avaliação para avaliar o desenvolvimento das competências.
Formação por competências na graduação de Farmácia
1. EIXO CUIDADO À SAÚDE
Formação por competências
na graduação de Farmácia:
estruturação de unidades
curriculares e PPC
Dra. Angelita C. Melo
Docente de Farmácia Clínica - UFSJ
Grupo de Pesquisa em Farmácia Clínica e Assistência Farmacêutica
Grupo de Estudos em Simulação em Saúde
3. Declaração de conflito de interesses
• Relação de trabalho como professora associada da UFSJ, portanto com compromisso de
defender a saúde coletiva e o SUS.
• Militante do empoderamento dos farmacêuticos enquanto profissionais da saúde envolvidos nas
atividades-fim do sistema de saúde, ou seja, cuidado direto ao paciente, à família e à
comunidade, bem como dos educadores em reavaliar o processo de formação e avaliação de
novos profissionais.
• Defensora da atuação profissional e do ensino farmacêutico embasados em evidência científica
e em processos de trabalho definidos.
4. Novas diretrizes curriculares de Farmácia
Cuidado à saúde 50%
Tecnologia e Inovação 40%
Gestão 10%
- Cuidado Farmacêutico ao paciente, à família e à
comunidade
- PIC´s
- Manipulação e indústria de medicamentos
- Análises clínicas e toxicológicas
- Alimentos
- Estética
Tecnologia leve
Tecnologia leve-dura
Tecnologia leve-dura
Tecnologia dura
Tecnologia leve
Tecnologia leve-dura
(Merhy, 1997)
5. Referencial teórico principal da apresentação (além das DCN’s de Farmácia)
MATRIZ DE COMPETÊNCIAS PARA A ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NO
AMBIENTE HOSPITALAR E EM SERVIÇOS DE SAÚDE - SBRAFH
13. Educação Baseada em Competências
• É uma abordagem baseada em resultados para o desenho, implementação e
avaliação de um programa de educação médica usando uma estrutura
organizacional de competências (Frank et al. 2010)
14. Currículo baseado em competências
• “Um currículo que enfatiza os resultados complexos de um processo de aprendizagem (ou seja,
conhecimentos, habilidades e atitudes a serem aplicados pelos alunos) ao invés de se concentrar
principalmente no que se espera que os alunos aprendam em termos de conteúdos de assuntos
tradicionalmente definidos.”
• Concebidos em torno de um conjunto de competências / competências-chave que podem ser
transversais e / ou sujeitas a obrigações.
• É centrado no aluno
• adaptável às necessidades de mudança dos alunos, professores e sociedade
• Atividades e os ambientes de aprendizagem são escolhidos de modo que os alunos possam
adquirir e aplicar os conhecimentos, habilidades e atitudes às situações que encontram no dia a
dia
15. O que não é elaborar um PPC em educação por
competências....
• Pegar a matriz de ensino atual e reorganizar as
disciplinas redistribuindo por eixos temáticos
• Juntar as disciplinas básicas e fazer módulos de
conhecimentos mantendo os objetivos instrucionais,
métodos de ensino-aprendizagem e de avaliação
•Idem para as de atuação profissional
16. O que não é elaborar um PPC em educação por
competências....
• Usar métodos ativos de ensino-aprendizagem (sem
considerar os outros elementos)
• Fazer avaliação por competências (sem considerar os
outros elementos)
• Levar os estudantes para o contexto de trabalho sem
uma performance profissional pretendida
•Visita ao zoológico
17. Qual o percurso da organização de um currículo de educação por competências para o
Cuidado à Saúde?
Mesmo que dos outros eixos
18. Percurso da organização de um currículo de educação por competências para o
Cuidado à Saúde
1. Definir informações sobre competências:
a) as áreas de competência
b) as competências
c) as performances/desempenhos
2. Definir os objetivos de aprendizagem
a) O quê?
• competência vide item 1
• Nível de performance: inicial, intermediário ou final
b) Até quando (período ou disciplina)?
c) Como será mensurado?
Área de competência: cuidado ao paciente
Competência: Fazer acolhimento
Performances ou desempenhos
• Proceder à escuta qualificada,
• Identificar situações que requerem
intervenção do farmacêutico;
• Identificar alertas de encaminhamentos do
paciente e referenciar a outro profissional ou
serviço de saúde;
• Documentar o acolhimento
Objetivo de aprendizagem
• Fazer acolhimento do paciente de forma
simulada (nível de performance intermediário)
até o quarto período do curso avaliado por
meio de observação direta docente.
19. Reflexão: competências pretendidas e cenários de aprendizagem
Competências
iniciais
Competências
intermediárias
Competências avançadas Expert
Laboratórios de
Simulações e de
Habilidades
Farmácia, Clínica, Laboratório e
Indústria Escola
Aprendizagem baseada na comunidade:
CENÁRIO DE EXCELÊNCIA PARA FORMAÇÃO
Atuação
profissional
USF
Atenção
secundária Atenção terciária
Aulas teóricas e teórico-
práticas
Laboratórios de
análises clínicas e
toxicológicas
Indústria
Farmacêutica
20. Percurso da organização de um currículo de educação por competências para o
Cuidado à Saúde
3. Definir processo de ensino-aprendizagem:
a) Cenários de aprendizagem
b) Métodos de ensino aprendizagem
4. Definir o processo de avaliação:
a) Cenário de avaliação
b) Método de avaliação
Processo de ensino-aprendizagem
• Cenário: Laboratório de Simulação em
Saúde de Alta Fidelidade
• Método de ensino: simulação em saúde
realística
Objetivo de aprendizagem
• Fazer acolhimento do paciente de forma
simulada (nível de performance
intermediário) até o quarto período do
curso avaliado por meio de observação
direta docente.
Processo de avaliação
• Cenário: Laboratório de Simulação em
Saúde de Alta Fidelidade
• Método de avaliação: observação
docente direta, Mini-CEX, OSCE....
21. Execução de prática habitual (acompanhado e sob
supervisão indireta)
•Paciente real e práticas na comunidade (laboratórios,
• indústria, farmácias, clínicas e outros lugares)
Cenário prático de simulação
• Paciente simulado
• Lab. Habilidades ou de Simulação
Cenário com contexto
Casos clínicos, filmes, imagens...
Instrumentalizar para
acessar ao conhecimento (textos e
bibliografias)
Faz
Demonstra
como fazer
Conhece como
fazer
Lembra
Adaptação Pirâmide de Miller (1990)
Estímulos para a formação
22. Cuidado direto ao paciente em ambiente real
Mini-CEX, Long Case, Vídeos, observação docente direta,
revisão de prontuário, exame oral após observação de
atendimento, avaliação por pares
Demonstra habilidades clínicas em ambiente
simulado:
ECOE/OSCE, pacientes padronizados, Mini-CEX
Aplicação conhecimento com testes
cognitivos contextualizados:
Casos clínicos e problemas
Conhecimento: teste cognitivo
(oral ou escrito)
Dados factuais
Faz
Demonstra
como fazer
Conhece como
fazer
Lembra
Adaptação Pirâmide de Miller (1990)
Processo de Avaliação: tipos de avaliação e níveis de competências clínicas
23. Benjamin Bloom: Força tarefa para melhorar a educação médica
https://pt.slideshare.net/kristian85/2012-los-objetivos-educativos/9
24. Benjamin Bloom: Força tarefa para promover a educação médica para habilidades
clínicas
Cognitive (knowledge) Affective (attitudes) Psychomotor (skills)
Pre-reading, critiquing articles
and sources, lecturing,
presentations, scenarios, case
based discussion
Class debates, online chat,
essays including compare and
contrast, reflective diaries/blog
posts, role play, patient
consultations
Observation, demonstration and
practice, simulation, role play
Cognitive (knowledge) Affective (attitudes) Psychomotor (skills)
Written tests including
multiple choice questions,
short essay questions, best
answer questions, essays
Written and oral feedback from
tutor, peers and possibly patients
on individuals contribution to class
debates, online chat, reflective
diaries, role play, patient
consultations
Essay
OSCEs, work based assessment
including Mini CEX, DOPS, case
based discussion
Feedback on simulation from
tutor, peers, simulated patients
Aprendizagem
Avaliação
25. Alinhar todas as competências, níveis de performances, cenários, métodos de ensino-
aprendizagem e métodos de avaliação de performances....
Ficou abstrato?
26. Como aprendemos a fazer atividades?
Nadar?
Currículo organizado
por conteúdos
Currículo organizado
por competências
Qual você
selecionará para o
aprendizado?
Não responda ainda...
27. Como aprendemos a fazer atividades?
EMENTA
Discute e aprende sobre aspectos
relativos à qualidade da água,
afogamento e diferentes tipos de
nado.
CURRICULO ORGANIZADO POR CONTEÚDOS
Nadar?
28. Como aprendemos a fazer atividades?
Nadar?
CONTEÚDO
• Qualidade da água na piscina
• Produtos de limpeza da piscina e riscos à saúde
• Afogamento: riscos e socorro
• Tipos de nado
• Nado Craw: técnicas, recordes e lesões musculares mais comuns
• Nado peito: técnicas, recordes e lesões musculares mais comuns
• Nado costas: técnicas de nado, recordes e lesões musculares mais comuns
• Nado borboleta: técnicas, recordes e lesões musculares mais comuns
CARGA HORÁRIA: 20 horas
AVALIAÇÃO
• Prova teórica: 10 pontos (haverá questões objetivas e discursivas). Estude!
CURRICULO ORGANIZADO POR CONTEÚDOS ou ESTRUTURA
29. Modelo jesuítico: Manual Ratio Studiorum – 1599
1. Preleção do conteúdo pelo professor
2. Levantamento de dúvidas dos estudantes
3. Exercícios de fixação
Modelo centrado no docente
30. Como aprendemos a fazer atividades?
Nadar?
CURRICULO ORGANIZADO POR COMPETÊNCIAS
EMENTA
Discute e aprende sobre aspectos
relativos à qualidade da água,
afogamento e diferentes tipos de
nado.
31. Como aprendemos a fazer atividades?
Nadar? CURRICULO ORGANIZADO POR COMPETÊNCIAS
COMPETÊNCIA: Nadar craw, peito e costas de forma eficaz e sem lesões em piscinas olímpicas aquecidas ou não,
com ou sem o apoio de dispositivos de flutuação.
EMENTA: Discute e aprende sobre aspectos relativos à qualidade da água, afogamento e diferentes tipos de nado.
PROGRAMA
• Realização de aquecimento
• Natação , sob supervisão direta, diferentes estilos com apoio de dispositivos de flutuação em piscina aquecida
e rasa
• Natação, sob supervisão direta, diferentes estilos com apoio de dispositivos de flutuação em piscina aquecida
de média profundidade
• Natação, sob supervisão direta , diferentes estilos sem apoio de dispositivos de flutuação em piscina
• Natação, sob supervisão sem apoio de dispositivos de flutuação em piscina
• Natação , sob supervisão indireta sem apoio de dispositivos de flutuação em piscina
• Treino de velocidade e resistência para a natação , sob supervisão indireta em piscina
Pós-graduação
• Natação esportiva
• Natação em triatlo
• Natação em rios,
mares e oceanos
32. Como aprendemos a fazer atividades?
Nadar?
CURRICULO ORGANIZADO POR COMPETÊNCIAS
Qual você selecionará
para o aprendizado?
Sistematizando o processo de
ensino-aprendizagem ativo na
formação por competências
33. Ensino-aprendizagem e avaliação: aspectos essenciais da formação por competências
“Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém.”
Motivação
• Construir o
conhecimento
• Ativação de redes
neurais
Definem seus
objetivos
educacionais
• Desejo
• Necessidade
Identificam o que
já sabem e as
lacunas
• Desafios
Elaboram o
conhecimento
• Processo de
análise e síntese
Avaliam a
consequência de
suas decisões
• Autoavaliação
• Feedback
Knowles, 1990; Coles,1998
34. Formação por competências ao invés de por estrutura ou conteúdos
Vivência profissional
(simulada ou real)
Reflexão sobre a vivência
profissional
(impressões e sentimentos)
Análise e aplicação de
conhecimentos para
identificar problemas e
soluções
(tomada da decisão baseada
nas melhores evidências)
Julgamento profissional para
elaboração e implantação de
intervenções
(O que você vai fazer? Faça.)
Aqui cabe CONTEÚDO.
Ressaltando que o estudante é
QUEM DEVE BUSCAR as
informações. O docente será o
NORTEADOR/APOIADOR/FACI
LITADOR desta etapa.
36. Alguns pontos-chave sobre como formar por competências
Aulas teóricas (um pouco)
Simulação em saúde (mediano)
- Baixa fidelidade
- Média fidelidade
- Alta fidelidade (realística)
Prática na comunidade (muito)
- Piesc (prática integrada ensino-serviço-
comunidade): docente presente no lugar
- Estágio curricular: docente em supervisão
indireta
- Internato rural (estágio em imersão):
docente em supervisão indireta
Casos-clínicos (um pouco)
37. Vamos planejar uma unidade curricular ou um PPC?
Definimos
Competências e seus
níveis de expertise
de uma “Área de
competência” seus
cenários, métodos de
ensino-aprendizagem
e de avaliação
Quais são TODAS AS
COMPETÊNCIAS do
curso?
• Há sobreposições
de competências?
• Há sobreposições
de cenários de
prática?
Estas
competências
podem ser
ensinadas em
uma única
disciplina?
Se não, qual será a
proposta de evolução
de competências para o
estudante
• 1 unidade curricular:
competências iniciais
a intermediárias
• 1 unidade curricular:
competências finais
Qual será a distribuição
de carga teórica/prática
• 1a unidade curricular:
50%teórica/50%prática
• 1 unidade curricular:
10%teórica/90%prática
Qual será a
posição na
matriz
curricular?
Qual será a
carga
horária?
Será
necessário
pré-
requisito?
Qual será o
nome da
disciplina?
Posso agrupar alguma
competência comum?
38. Etapas envolvidas na elaboração de um currículo orientado
por competências
Âmbito nacional
39. Adicionais sobre alguns métodos de ensino-aprendizagem
• Estes slides indicam referencial teórico para pesquisarem mais....
40. Algumas metodologias de ensino-aprendizagem
Educação dos profissionais da saúde baseada na comunidade: problematização (competências finais)
Prática integrada ensino-serviço-comunidade Estágio
Simulação em saúde
Competências intermediárias Pacientes e cenários simulados
Aprendizagem baseada em problemas: PBL (Problem-based Learning)
Competências iniciais Problemas fictícios
Aprendizagem baseada em equipes: TBL (Team-based learning)
Aquisição de conhecimento
41. Aprendizagem baseada em equipes: TBL (Team-based learning)
• O TBL é uma metodologia para o aprendizado colaborativo e centrado no
estudante que envolve múltiplos “pequenos grupos” em uma única sala de
aula.
• cria oportunidades para cada estudante ser responsável pelo seu próprio
desempenho e pela sua contribuição para o grupo
Grupos de 5 a 7
estudantes
Turmas de 75 a 100
estudantes
44. Aprendizagem baseada em equipes: TBL (Team-based learning): bibliografia
• Clark, M. C., Nguyen, H. T., Bray, C., & Levine, R. (2008), Team-based learning in an
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• Michaelsen, L. K. and Sweet, M. (2008), The Essentials of Team-Based
45. Simulação em saúde
• Lab Simulação de alta fidelidade
• Lab Habilidades
Realística ou de alta fidelidade?
Role playing?
Paciente padronizado?
De baixa fidelidade?
46. Simulação em saúde: processo
Objetivos instrucionais e
resultados esperados
Desing do
cenário
Teste do cenário
Pré-brefieng
Briefieng
Debriefing
47. Simulação em saúde
• Acolher paciente polimedicado com descontrole da
hipertensão?
• Identificar a necessidade de saúde de paciente com queixa
de cólica menstrual?
• Prescrever para paciente com dispepsia?
• Documentação do processo de cuidado de paciente em
conciliação de medicamentos?
Objetivos instrucionais e resultados esperados
• Paciente e acompanhantes
• Script de diálogo para paciente
• Prontuário
• Receitas
• Exames
• Medicamentos
• Local em que a simulação ocorrerá
• Mobiliário e equipamentos
• Formulários para registro
• Formulários de avaliação da
simulação
Desing do cenário
48. Simulação em saúde
Teste do cenário
• Explicação dos objetivos instrucionais
• Pacto de fidelidade
• Pacto de sigilo
• Acesso à infraestrutura
• Garantia de preparo
Pré-brefieng
• Simulação per si
Briefieng
• Emoções que ocorreram
• Feedback desempenho
• Instrução de estudo
• Objetivos de aprendizagem atingidos?
Debriefing
58. Prática baseada na comunidade: Problematização - Espiral Contrustivista
http://migre.me/wLmpZ
59. Processo de formação
Fase 0
• Lembra
de um
dado
assunto
Fase 1
Descreve a
técnica/
serviço
Fase 2
Observa a
técnica/
serviço
realizada
por
especialista
Fase 3
Realiza sob
observação
do
especialista,
com
parecer
favorável,
pelo menos
3 vezes
Fase 4
Autonomia
para fazer
sozinho
(Souza, 2012)
63. Algo mais?
Ressignificação de conteúdos
Auxílio na articulação de equipes
Auxílio para os níveis mais altos de organização do
conhecimento
Avaliação do desempenho ou performance:
autodesenvolvimento, autonomia, comunicação,
trabalho em equipe, gestão de tempo e de agenda....
Programa de
desenvolvimento
docente
64. Que tal começarmos a ensinar por competências de forma sistematizada?
“Não quero lhe falar meu grande amor
De coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
E eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto é menor do que a vida
De qualquer pessoa”
(Belchior)