[1] O documento discute conceitos importantes sobre prescrição médica hospitalar, incluindo a importância da comunicação no ambiente hospitalar multidisciplinar e os riscos de erros médicos. [2] Detalha elementos essenciais de uma prescrição, como nome do paciente, medicamento, dose e frequência. [3] Enfatiza a necessidade de prescrições claras, legíveis e completas para evitar erros que podem colocar pacientes em risco.
3. CONCEITOS
• No meio hospitalar, o cuidar é multidisciplinar
• A boa comunicação, assim, é fundamental
• No cotidiano, essa comunicação se faz sob diversas
formas, destacando-se a escrita
• O prontuário do paciente é o fiel depositário das
informações sobre o mesmo (detalhes da vida, das
doenças, exames, evolução, intervenções diversas),
constituindo fonte de comunicação ímpar
4. CONCEITOS
• Parte importante do prontuário é o receituário, com
prescrições de medicamentos e cuidados
• A prescrição é talvez o mais forte “elo” entre
médicos, farmacêuticos, enfermeiros, fisioterapeutas,
nutricionistas e demais colegas de trabalho
• Deve conter elementos mínimos, para conferir
eficiência ao processo de assistência, garantindo que
a orientação médica seja rigorosamente transmitida,
favorecendo a obtenção de bons resultados
5. CONCEITOS
• Em 2000, o Institute of Medicine dos EUA, publicou o
estudo “To Err is Human”, sobre erros no processo
de assistência à saúde:
– 44.000 a 98.000 pessoas morriam por ano nos
EUA, em decorrência de erros na área da saúde
– 7.000 mortes/ano podiam ser atribuídas a erros
de medicação (número maior que o de pessoas
que morriam com câncer de mama, AIDS ou
acidentes de veículos)
6. CONCEITOS
• Outro estudo demonstrou que a ocorrência de um
evento adverso:
– Incrementa em 2 vezes o risco de morte
– Resulta em um aumento médio de 8,5 dias no
tempo de permanência do paciente no hospital
– Aumenta o custo em cerca de 4700 dólares por
admissão
BATES, D. W.
Using Information technology to reduce rates of medication errors in hospitals.
BMJ, v. 320, p. 788-91, 2000
7. CONCEITOS
• Eventos adversos relacionados a medicamentos
são a principal causa de iatrogenia
• Ocorrem frequentemente em hospitais, sendo
classificados como “preveníveis”, podendo ou não
resultar em danos aos pacientes
• O potencial iatrogênico da prescrição “per si” decorre
de erros na dose, na via de administração, na
frequência ou na interação dos fármacos
BATES, D. W. et al.
Incidence of adverse drug events and potential adverse drug events: implications for prevention.
JAMA, v. 274, n. 1, p. 29-34, Jul. 1995 (b).
8. CONCEITOS
• Superar falhas requer o reconhecimento de que a
assistência à saúde possui pontos frágeis que
podem comprometer a segurança do paciente
• A chave para reduzir o risco é criar um ambiente que
substitua a cultura da culpa/punição por uma cultura
de vigilância/cooperação, expondo dessa forma os
pontos fracos que podem causar erros
• A adoção de práticas baseadas em protocolos e
evidências clínicas é outra “base” para evitar erros
10. PRESCRIÇÃO
BASE LEGAL
• Decreto n°20931 de 11/01/32
– art.15, inciso b: é dever do médico “escrever a
prescrição por extenso, de forma legível, em
vernáculo (idioma próprio do país), nela indicando o
uso interno ou externo dos medicamentos e o
nome do doente”
– art. 16, inciso b: “é vetado ao médico receitar sob
forma secreta, com uso de códigos” (símbolos)
11. PRESCRIÇÃO
BASE LEGAL
• Lei n° 5991 de 17/12/79, VI, art. 35: “a prescrição
deverá utilizar a nomenclatura e o sistema de pesos e
medidas oficiais, modo de usar os medicamentos,
data, assinatura do prescritor e número de inscrição
no conselho profissional”
• Resolução CFM n° 1246/88: “receitar ou atestar de
forma secreta ou ilegível...”; “dar consulta, diagnóstico
ou prescrição por intermédio de qualquer veículo de
comunicação de massa”
12. PRESCRIÇÃO
BASE LEGAL
• RDC n° 10/01 acresce ao processo de elaboração de
uma prescrição, a obrigatoriedade, caso o
medicamento seja prescrito em instituição pública, da
utilização da Denominação Comum Brasileira - DCB
ou em sua ausência, da Denominação Comum
Internacional – DCI
• Código de ética médica, CFM, 2002, capítulo II, art.
39: é vetado ao médico receitar sob forma secreta,
com uso de códigos (símbolos)
13. PRESCRIÇÃO
TIPOS BÁSICOS
• Quanto à origem:
– Ambulatorial: atendimento em ambulatório
– Hospitalar: realizada para paciente internado
• Quanto ao tipo de medicação:
– Manipulada (magistral/galênica): o médico escolhe
substância/dose e o farmacêutico prepara a droga
– Oficinal (especializada): droga produzida pela
indústria farmacêutica e que deve ser administrada
na forma fornecida, sem alteração farmacêutica
14. PRESCRIÇÃO
TIPOS BÁSICOS
• Quanto ao tipo de prescrição:
– De urgência: início imediato do tratamento e
geralmente contém dose única
– PRN (do latim “pro re nata”: “se necessário”):
tratamento prescrito deve ser administrado de
acordo com a necessidade do paciente,
considerando seu estado e respeitando o tempo
mínimo entre as administrações
15. PRESCRIÇÃO
TIPOS BÁSICOS
• Quanto ao tipo de prescrição:
– Baseada em protocolo: critérios preestabelecidos
para iniciar tratamento, seu decurso e conclusão
– Padrão: mais comum, inicia um tratamento que
continuará, até que o próprio médico o interrompa
– Padrão com data de fechamento: indica o início e
o fim do tratamento
– Verbal: reservada para situações de urgência, face
à elevada probabilidade de erros envolvidos
16. PRESCRIÇÃO
ELEMENTOS BÁSICOS
• CABEÇALHO: Nome e endereço da instituição
• SUPERINSCRIÇÃO:
– Dados do paciente: nome, endereço (andar,
enfermaria, serviço, leito e número do prontuário),
idade, peso, altura, alergias e símbolo “Rx”(receba);
• INSCRIÇÃO:
– Nome do medicamento (Denominação Comum
Brasileira/Internacional: DCB/DCI), concentração
(sistema métrico nacional), forma farmacêutica
17. PRESCRIÇÃO
ELEMENTOS BÁSICOS
• SUBINSCRIÇÃO:
– Dose (sistema métrico nacional), diluente (tipo e
volume; para administrações parenterais),
posologia, quantidade total a ser dispensada e
administrada, velocidade de infusão (soluções
intravenosas) e duração da terapia
• TRANSCRIÇÃO:
– Orientações para o farmacêutico e o enfermeiro
18. PRESCRIÇÃO
ELEMENTOS BÁSICOS
• LOCAL E DATA
• IDENTIFICAÇÃO DO PRESCRITOR:
– Carimbo com número do registro no Conselho
Regional de Medicina/Odontologia/Outro
– Assinatura
19.
20. PRESCRIÇÃO
ESTRUTURA MÍNIMA
• Medicamento de uso oral:
– Nome da droga + Concentração + Forma
farmacêutica + Dose + Posologia + Via +
Orientações de uso
• Exemplo:
– Captopril 25mg, comprimido. Administrar 50mg de
8/8h por via oral, 1h antes ou 2h depois de
alimentos
21. PRESCRIÇÃO
ESTRUTURA MÍNIMA
• Medicamento de uso tópico:
– Nome da droga + Concentração + Forma
farmacêutica + Posologia + Via + Orientações
• Exemplo:
– Permanganato de potássio 1:60.000, solução,
aplicar compressas em membro inferior direito
3x/dia, após o banho
22. PRESCRIÇÃO
ESTRUTURA MÍNIMA
• Medicamento de uso endovenoso:
– Nome da droga + Concentração + Forma
farmacêutica + Dose + Diluente + Volume + Via +
Velocidade de infusão + Posologia + Orientações
para administração e uso
– Anfotericina B 50mg, Frasco-ampola, reconstituir
50mg em 10ml de água destilada e rediluir p/ 500ml
de Soro Glicosado 5%, Endovenoso. Correr em 5
horas, 35 gotas/min., 1x/dia
23. PRESCRIÇÃO
ESTRUTURA MÍNIMA
• Medicamento de uso parenteral (outro):
– Nome do medicamento + Concentração + Forma
farmacêutica + Dose + Diluente + Volume + Via +
Posologia + Orientações de administração e uso
– IM (com diluição): Ceftriaxona 1g, frasco-ampola.
Diluir 1g em 3,5ml de lidocaína 1%. Fazer a
solução obtida via intramuscular profunda (região
glútea) de 12/12h
24. PRESCRIÇÃO
ESTRUTURA MÍNIMA
• Medicamento de uso parenteral (outro):
– IM (sem diluição): Vitamina K (fitomenadiona)
10mg/ml, ampola. Fazer 1 ampola (1ml), via
intramuscular profunda (região glútea), 1x/dia
– IT (com diluição): Citarabina 100mg, frasco-ampola.
Diluir 1 frasco-ampola em 5ml de solução
fisiológica 0,9%. Fazer 1,5ml intratecal, 1x/dia.
Preparar a solução imediatamente antes da
aplicação e desprezar o restante
25. PRESCRIÇÃO
ESTRUTURA MÍNIMA
• Medicamento de uso parenteral (outro):
– SC (sem diluição): Heparina sódica 5000 unidades
internacionais/0,25ml, ampola. Fazer 1 ampola
(0,25ml) subcutânea de 12/12h
– Inalatório: Bromidrato de Fenoterol 5mg/ml, solução
para inalação. Fazer aerosol com 0,25ml (5 gotas)
em 3ml de solução fisiológica 0,9% de 6/6h.
Nebulizar e inalar até esgotar toda a solução
26. PRESCRIÇÃO
ESTRUTURA MÍNIMA
• Medicamentos de uso parenteral que serão
abordados noutro momento:
– Nutrição parenteral
– Hemoderivados
– Hemocomponentes
– Quimioterápicos antineoplásicos
– Outros
27. PRESCRIÇÃO
ERROS: EVITE!
• Prescrição ilegível:
– Fluconazol “interpretada” como Fluimucil®
• Para evitar:
– Escreva com letras maiúsculas ou digite
– Caso haja uma segunda via carbonada, sempre
veja se a mesma está legível
28. PRESCRIÇÃO
ERROS: EVITE!
• Prescrição ilegível:
– Mantidan® “interpretada” como Marevan®
• Para evitar:
– Escreva com letras maiúsculas ou digite
– Caso haja uma segunda via carbonada, sempre
veja se a mesma está legível
– Não use nomes comerciais
29. PRESCRIÇÃO
ERROS: EVITE!
• Prescrição confusa/ambígua
• Para evitar:
– Quando mudar de opinião, suspenda o item e
prescreva novamente, da forma desejada
30. PRESCRIÇÃO
ERROS: EVITE!
• Prescrição confusa/ambígua
• Para evitar:
– Prescreva a concentração da medicação (relação
peso/volume) e use unidade métrica para
expressar a dose desejada (1ml + 18ml, 2ml + 18ml
etc.)
31. PRESCRIÇÃO
ERROS: EVITE!
• Prescrição de medicações com princípios ativos
iguais, usando-se nomes comerciais
– O Paracetamol em ambas as drogas aumenta a
chance de toxicidade (dose máxima/dia)
• Para evitar:
– Denominação Comum Brasileira ou Internacional
32. PRESCRIÇÃO
ERROS: EVITE!
• Prescrição acima da dose máxima preconizada
• Não há como “fracionar” a droga em questão
• Melhor:
– Prescrever o comprimido em dias alternados
– Usar a solução oral ou elixir
33. PRESCRIÇÃO
ERROS: EVITE!
• Item com baixa legibilidade e muito incompleto
• “Tramal® 01 FA EV 8/8”
– Qual a dose desejada? 50 ou 100mg?
– Qual a diluição?
– Qual a velocidade de infusão?
34. PRESCRIÇÃO
ERROS: EVITE!
• A utilização de U como abreviatura de unidade,
muito próxima a dose, associada a redação
manuscrita, pode levar a um erro de aumentar 10
vezes a dose do paciente (no caso)
• Como evitar:
– Prescrevendo a dose, espaço e a palavra “unidade”
– Escrevendo “ui” (minúsculo), também mantendo o
espaço após a dose
35. PRESCRIÇÃO
ERROS: EVITE!
• O medicamento Captopril tem sua absorção reduzida
pela presença de alimentos em mais de 40%, portanto
a prescrição deve conter a orientação de
administrar Captopril 1 hora antes ou 2 horas
depois de alimentos
• Ou seja, não omita informações relevantes
36. PRESCRIÇÃO
ERROS: EVITE!
• O medicamento Cetoprofeno existe disponível em
ampola e frasco-ampola de 100mg cada, um para
administração intramuscular (ampola) e outro para
administração endovenosa (frasco-ampola).
• A omissão da forma farmacêutica e da via de
administração põem em risco o paciente, pois
facilita a administração da apresentação
intramuscular por via endovenosa
37. PRESCRIÇÃO
ERROS: EVITE!
• Omitir a velocidade de infusão da Vancomicina é
cooperar para a ocorrência da “síndrome do homem
vermelho”* e outros eventos adversos
*Reação adversa esperada e ocorre com a infusão
rápida do medicamento (< 60 minutos)
38. PRESCRIÇÃO
ERROS: EVITE!
• Evite:
– Usar unidades de medida imprecisas como “colher
de sopa”, “colher de chá” etc.
– Omitir a diluição e o diluente adequados:
• Omeprazol injetável: com diluente próprio;
• Anfotericina B: precipita e perde potência quando
diluída com solução fisiológica;
• Piperacilina+tazobactama: não é compatível com
ringer lactato
39. PRESCRIÇÃO
ERROS: EVITE!
• Evitar:
– Usar pontos ou vírgulas desnecessários
• Pode ocorrer um erro de leitura e o paciente
tomar 50mg
– Usar abreviaturas quaisquer:
• Fk 506, Mtx, HCTZ, NAC; SOS, ACM, SNF
40. DICAS PARA AUMENTAR A
SEGURANÇA DA PRESCRIÇÃO
• Conheça a terapia instituída para o seu paciente
• Identifique alergias e interações medicamentosas
• Use letra legível ou opte pela prescrição digitada
• Caso use prescrição digitada, não use formulário
pautado para impressão (as linhas poderão gerar
dúvidas quando os itens não estiverem perfeitamente
impressos sobre as mesmas)
• Use denominações “genéricas” (DCB ou DCI)
41. DICAS PARA AUMENTAR A
SEGURANÇA DA PRESCRIÇÃO
• Evite uso de abreviaturas (caso as mesmas sejam
imprescindíveis, elabore uma relação das mesmas
com seus significados e disponibilize para a equipe de
Enfermagem, de Farmácia, de Nutrição e de
Fisioterapia do hospital)
• Caso haja padronização de abreviaturas, prefira
“EV” ao invés de “IV” (quando manuscrita pode
parecer “IM”, gerando erro)
42. DICAS PARA AUMENTAR A
SEGURANÇA DA PRESCRIÇÃO
• Jamais use abreviaturas nos nomes das drogas
• Não use fórmulas químicas (ex: kMnO4, Fe2SO4 etc.)
• Fique atento e alerte as equipes quando prescrever
drogas com sons ou escrita semelhantes
• Confira as doses prescritas em fontes atualizadas
e baseadas em evidências
• Use o sistema métrico para as doses desejadas
(ml, mg, g, mcg etc.)
43. DICAS PARA AUMENTAR A
SEGURANÇA DA PRESCRIÇÃO
• Não use medidas imprecisas como “colher de sopa”,
“colher de chá”, dentre outras, pois tais unidades de
medida acarretam variação de volume e de dose
• Arredonde as doses para o número inteiro mais
próximo (cuidado com as prescrições pediátricas)
• Não use “vírgula e zero” depois da dose/quantidade,
evitando que a prescrição de “5,0” se transforme, em
uma leitura rápida, em “50”, ou “0,5” se transforme em
“5”, gerando um erro de 10 vezes a dose desejada
44. DICAS PARA AUMENTAR A
SEGURANÇA DA PRESCRIÇÃO
• Verifique se todos os elementos necessários ao
adequado cumprimento da prescrição foram escritos
(ver estrutura mínima para prescrição)
• Não suprima nenhuma informação de
identificação do paciente: nome completo, número
do prontuário, serviço, setor, andar, ala, enfermaria,
apartamento, quarto, leito etc.
45. DICAS PARA AUMENTAR A
SEGURANÇA DA PRESCRIÇÃO
• Registre na prescrição: idade, peso, altura,
superfície corporal (quimioterapia), alergias e
intolerâncias (dados fundamentais para conferência
da dose; o peso deve estar sempre atualizado)
• Prescreva as diluições necessárias, velocidade e
tempo de infusão: não transfira a responsabilidade
• Prescreva orientações complementares para cada
droga, se preciso (em jejum, antes de dormir etc.)
46. DICAS PARA AUMENTAR A
SEGURANÇA DA PRESCRIÇÃO
• Não prescreva “usar como costume”, “como
habitual” ou outras expressões vagas
• Faça dupla checagem de todos os cálculos das doses
• Date, assine de forma legível, coloque o número de
registro profissional ou carimbe a prescrição (valide!)
• Ao final, releia a prescrição, observando se não
existem itens duplicados, se todas as orientações
foram escritas, se estão claras e se o paciente foi
devidamente identificado
47. DICAS PARA AUMENTAR A
SEGURANÇA DA PRESCRIÇÃO
• Restrinja as orientações verbais às urgências
• Reavalie diariamente a necessidade das drogas
• Quanto mais clara e completa estiver a prescrição,
mais segura ela será
• Caso suspeite de uma reação adversa, notifique
• Mantenha uma boa comunicação com as equipes de
Farmácia, Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia etc.,
para facilitar as trocas de informações que
aumentam a segurança para o paciente