O documento discute os conceitos de acidez e basicidade na química orgânica segundo as teorias de Arrhenius, Bronsted-Lowry e Lewis. Apresenta exemplos de ácidos e bases orgânicos como ácidos carboxílicos, fenóis, álcoois, aminas e descreve como grupos funcionais influenciam sua acidez ou basicidade.
força de um ácido depende do solvente e um ácido que é forte em água pode ser fraco em outro solvente e vice-versa A força da base também irá depender do solvente.
Para saber a força de um ácido, se utiliza uma escala de pH, que é calculado a partir da concentração de íons hidrônios, H3O+: pH = -log [H3O+]. O pH de uma solução básica é maior do que 7, o pH da água pura é 7 e o pH de uma solução ácida é menor do que 7.
Uma consequência das definições de Bronsted de ácidos e bases é que a mesma substância pode funcionar como ácido e como base. Por exemplo a água, que na reação com um ácido se comporta como uma base (HCl) e em uma reação com uma base, se comporta como um ácido (NH3). A água, então, é anfiprótica, pode agir como doadora e como aceitadora de prótons. Por ser anfiprótica, ocorre transferência de prótons enre moléculas de água até mesmo em água pura, com uma molécula agindo como doador de prótoOs ácidos são substâncias eletrolíticas de sabor azedo, que reagem com diversos metais (os chamados metais ativos) liberando gás hidrogênio, reagem também com carbonatos liberando gás carbônico, avermelham o papel de tornassol e destroem as propriedades das bases.
As bases são substâncias eletrolíticas amargas, escorregadias ao tato, deixam o papel de tornassol azul e destroem as propriedades dos ácidos.
As teorias sobre ácidos e bases foram propostas para explicar o comportamento dessas substâncias baseando-se em algum princípio mais geralOs ácidos são substâncias eletrolíticas de sabor azedo, que reagem com diversos metais (os chamados metais ativos) liberando gás hidrogênio, reagem também com carbonatos liberando gás carbônico, avermelham o papel de tornassol e destroem as propriedades das bases.
As bases são substâncias eletrolíticas amargas, escorregadias ao tato, deixam o papel de tornassol azul e destroem as propriedades dos ácidos.
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1. Profª Alda Ernestina
ACIDEZ E BASICIDADE NA QUÍMICA ORGÂNICA
O caráter ácido ou básico dos compostos orgânicos é um importante tópico a ser estudado pois está
envolvido e explica a ocorrência de inúmeras reações orgânicas.
TEORIA ÁCIDO-BASE DE ARRHENIUS - o cientista sueco Svante August Arrhenius em 1884
propôs a seguinte definição para ácidos e bases.
Ácido de Arrhenius - todo composto que, em solução aquosa, se ioniza, produzindo como íon
positivo apenas o cátion H+
ou, mais corretamente, o íon hidrônio (H3O+
).
Exemplos: HCl → H+
+ Cl-
ou HCl + H2O → H3O+
+ Cl-
HNO3 → H+
+ NO3
-
ou HNO3 + H2O → H3O+
+ NO3
-
Base de Arrhenius - todo composto que, por dissociação iônica, libera como íon negativo apenas a
hidroxila (OH-
).
Exemplos: NaOH → Na+
+ OH-
Ca(OH)2 → Ca+2
+ 2 OH-
TEORIA ÁCIDO-BASE DE BRONSTED-LOWRY - em 1923 os cientistas Johannes Nicolaus
Bronsted e Thomas Martin Lowry propuseram definições para ácidos e bases mais amplas do que as
de Arrhenius.
Ácido de Bronsted-Lowry - toda espécie química doadora de prótons (H+
).
Base de Bronsted-Lowry - toda espécie química receptora de prótons (H+
).
Vejamos os exemplos a seguir:
HCl + H2O → H3O+
+ Cl-
ácido base
nesta reação o HCl doa um próton para a água, atuando, portanto, como um ácido de Bronsted-
Lowry. Enquanto que a molécula de H2O recebe o próton, atuando como uma base de Bronsted-
Lowry.
Vale ressaltar que todo ácido terá sua base conjugada (espécie formada após a perda de H+
pelo ácido). Assim como toda base terá seu ácido conjugado (espécie formada após o ganho de H+
pela base). Desta forma temos que:
HCl + H2O → H3O+
+ Cl-
ácido base ácido conjugado base conjugada
Quanto maior a tendência em liberar o H+
mais forte será o ácido. O HCl por exemplo, têm grande
tendência em liberar o H+
, formando o Cl-
, este último por sua vez têm pouca tendência para
receber o H+
de volta. Podemos dizer então que: a todo ácido forte está relacionada uma base
conjugada fraca, e vice-versa.
2. Como medir a força de ácidos e bases?
Para medir a força dos ácidos e bases, usamos comumente a constante de ionização (Ka e Kb) e pKa
e pKb, além da escala de pH.
* Ka e Kb; pKa e pKb
para ácidos: HA → H+
+ A-
Ka = [H+] [A-] ÷ [HA] ; pKa = - log Ka
para bases: BOH → B+
+ OH-
Kb = [B+
] [OH-
] ÷ [BOH] ; pKb = -log Kb
* pH (potencial hidrogeniônico) - pH = -log [H+
]
Quanto maiores os valores de K (ou menores os valores de pK) mais fortes serão os ácidos e bases
correspondentes.
ACIDEZ NA QUÍMICA ORGÂNICA
ACIDEZ DOS ÁCIDOS CARBOXÍLICOS - os ácidos carboxílicos apresentam caráter ácido
devido à ionização da carboxila.
A estabilidade do ânion carboxilato é garantida pela ressonância, chamada de efeito mesomérico.
Embora haja estabilização do ânion formado, o caráter ácido dos ácidos carboxílicos é fraco, se
comparado aos ácidos inorgânicos. Como pode ser visto a seguir:
ácido fórmico Ka = 1,77 x 10-4
; pKa = 3,75
ácido acético Ka = 1,76 x 10-5
; pKa = 4,75
ácido propanóico Ka = 1,34 x 10-5
; pKa = 4,87
H C
OH
O
CH3 C
OH
O
CH2 C
OH
O
CH3
3. Notem que a força do ácido diminui com o aumento da cadeia carbônica. Pois quanto
maior a cadeia carbônica maior a densidade eletrônica na carboxila, o que dificulta a saída
(ionização) do H+
. Dizemos então que a cadeia produz um efeito eletrônico do tipo elétron-doador
ou efeito indutivo positivo (empurra os elétrons em direção à carboxila), como mostrado abaixo:
Pelo contrário, se a cadeia carbônica apresenta grupos que atraem elétrons da carboxila para si,
acontece o inverso, aumenta a força do ácido. Como mostrado abaixo:
Note que a presença do Cl (elemento muito eletronegativo) provoca um efeito eletrônico do tipo
elétron-receptor ou efeito indutivo negativo pois atua atraindo para si os elétrons da carboxila,
diminuindo sua densidade eletrônica e consequentemente facilitando a liberação do H+
.
Os ácidos carboxílicos apresentam comportamento semelhando ao dos ácidos inorgânicos, reagindo
com bases, formando sal e água.
o grupo CH3 provoca um efeito indutivo
positivo que se propaga pela cadeia
carbônica, aumentando a densidade
eletrônica da carboxila e consequentemente
diminuindo a força do ácido
nesse caso, como a cadeia carbônica é
menor, o efeito indutivo positivo provocado
pelo grupo CH3 diminui
o Cl provoca um efeito elétron-receptor e
diminui a densidade eletrônica do oxigênio
do grupo OH, facilitando a saída do H+
neste caso tem-se dois átomos de Cl.
Portanto, o efeito elétron-receptor é maior,
reforçando o caráter ácido.
a presença de 3 átomos de Cl no ácido
acético provoca um efeito elétron-receptor
tão grande que torna o ácido tricloroacético
um ácido tão forte quando um ácido
inorgânico
4. ACIDEZ DOS FENÓIS - o fenol comum (hidróxi-benzeno) apresenta caráter ácido mais fraco (Ka
na ordem de 10-5
) que os ácidos carboxílicos. O caráter ácido dos fenóis é explicado pela
ressonância do par de elétrons livres do oxigênio com o anel benzênico, como mostrado abaixo:
A ressonância ou efeito mesomérico faz com que o oxigênio fique parcialmente positivo e procure
repelir o H+
, provocando a seguinte ionização:
A acidez dos fenóis é influenciada pela presença de outros grupos ligados ao anel. Caso estejam
presentes grupos elétron-receptores como o NO2, por exemplo, a acidez aumenta, pois estes atraem
elétrons para si, diminuindo a densidade eletrônica do oxigênio do grupo OH, liberando mais
facilmente o H+
. Pelo contrário, a presença de grupos elétron-doadores como por exemplo o
OCH3, no anel diminui a acidez, pois aumenta a densidade eletrônica, dificultando a saída do H+
.
ACIDEZ DOS ÁLCOOIS - os álcoois são menos ácidos que os fenóis pois ao liberarem o H+
da
hidroxila, originam uma base (R-O-
) que é pouco estável já que não é possível a ocorrência de
ressonância (efeito mesomérico). Por apresentarem baixa acidez os álcoois não reagem com bases
fortes como NaOH, mas reagem com sódio metálico.
OH
OCH 3
OH OH
NO 2
Aumento da acidez
Ka = 1,3 x 10-10
Ka = 5,5 x 10-11
Ka = 5,9 x 10-8
5. Normalmente a acidez os álcoois primários são mais ácidos que os secundários, que por sua vez são
mais ácidos que os terciários.
ACIDEZ DOS ALCINOS - alcinos terminais são aqueles que apresentam hidrogênio ligado ao
carbono da tripla ligação. O acúmulo de elétrons nas ligações pi entre os carbonos, faz com que o
hidrogênio ligado diretamente ao carbono insaturado dos alcinos tenha um ligeiro caráter ácido pois
adquire polaridade positiva, podendo então ser substituído por metais, produzindo os acetiletos.
ESCALA DE ACIDEZ DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS
BASICIDADE NA QUÍMICA ORGÂNICA
As aminas são as principais bases da química orgânica. O caráter básico das aminas se deve à
presença do par de elétrons livre do nitrogênio, que o permite receber H+
.
O caráter ácido das aminas é fraco e idêntico ao da amônia (NH3). Ao reagirem com ácidos
produzem sal e água. Veja o exemplo a seguir:
Aquele cheiro característico de peixe se deve à presença de aminas, cheiro este que desaperece após
a adição de ácido acético (vinagre) devido à neutralização da amina (base) pelo ácido,
transformando-se no sal correspondente que é inodoro.
Como a cadeia carbônica influencia na basicidade das aminas
A amônia (NH3) é uma base fraca e apresenta Kb = 1,8 x 10-5
. As aminas alifáticas primárias (R -
NH2) são bases um pouco mais fortes que a amônia, pois a cadeia carbônica promove um efeito
elétron-doador, empurrando os elétrons em direção ao grupo amino, aumentando a densidade
eletrônica do nitrogênio e consequentemente facilitando a captura do H+
, para formar o grupo R-
aumento da acidez
6. NH3
+
. Como no exemplo abaixo, em que a presençca do grupo CH3 aumenta a basicidade da
metilamina.
CH3 NH2 Metilamina Kb= 4,4x10-4
Por sua vez, as aminas alifáticas secundárias apresentam dois grupos alquila (R NH R'),
são bases mais forte que as aminas primárias, pois apresentam dois grupos alquila que promovem
um efeito elétron-doador maior do que o observado para as aminas primárias.
CH3 NH CH3
dimetilamina Kb = 5,2 x 10-4
Seguindo o mesmo raciocínio, era de se esperar que as aminas alifáticas terciárias fossem bases
ainda mais fortes. Entretanto, as aminas alifáticas terciárias são bases mais fracas que as aminas
primárias, o que se deve à presença de três grupos alquila ao redor do nitrogênio, numa disposição
que deixa pouco espaço para a entrada do H+
e consequente formação do R3NH+
, dizemos que estes
três grupos alquila provocam um impedimento estérico.
CH3 N CH3
CH3
trimetilamina Kb = 6 x 10-5
Por fim, as aminas aromáticas são bases fraquíssimas, pois o par de elétrons livres do nitrogênio
migra por efeito mesomérico (ressonância) para o anel, dificultando a entrada do H+
. Conforme
mostrado a seguir:
Em resumo, podemos dizer que a presença de grupos elétron-doadores, aumenta a basicidade
das aminas, já que "empurram" elétrons para o nitrogênio. Caso contrário, a basicidade diminui.
Podemos então estabelecer a seguinte ordem de basicidade para as aminas:
Vale ressaltar que as amidas, apesar de apresentarem o nitrogênio, não demonstram caráter básico e
são consideradas substâncias neutras, o que se deve á ocorrência da ressonância mostrada a seguir
em que o par de elétrons livre do nitrogênio migra.
basicidade aumenta
7. TEORIA ÁCIDO-BASE DE LEWIS - Gilbert Lewis em 1923 propôs uma teoria ácido-base ainda
mais abrangente do que as teorias de Arrhenius e de Bronsted-Lowry.
Base de Lewis - toda espécie química capaz de ceder pares eletrônicos para formar ligações
dativas.
Ácido de Lewis - toda espécie química capaz de receber pares eletrônicos em ligações dativas.
Vejamos os exemplos abaixo:
Note que no nitrogênio da amina há um par de elétrons livres, enquanto que no AlCl3 para o átomo
de Al falta um par de elétron para completar seu octeto. Desta forma teremos uma típica reação
ácido-base de Lewis, onde a amina atua como uma base de Lewis e o cloreto de alumínio como um
ácido de Lewis.
O mesmo ocorre com o etóxi-etano (éter dietílico) na presença de ácido sulfúrico (H2SO4).
O oxigênio do éter apresenta um par de elétrons livre, enquanto que o H2SO4 pode receber um par
de elétrons para formar uma ligação dativa. Nesse caso o éter atua como uma base de Lewis e o
ácido sulfúrico como um ácido de Lewis.