Este documento discute lesões da medula espinhal causadas por traumas, incluindo: 1) a fisiopatologia de lesões medulares primárias e secundárias; 2) métodos para determinar o nível e grau da lesão medular; e 3) abordagens para o tratamento clínico e cirúrgico destas lesões.
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TRAUMA RAQUI-MEDULAR
(TRM)
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2. TRM
A lesão medular espinhal (LME) caracteriza-se em uma
grave síndrome incapacitante, ou seja, que acaba por
acarretar, principalmente, em alterações do movimento
e da sensibilidade; além de alterações vesicais,
respiratórias,intestinais, vasculares, sexuais e
psicológicas.
Ocorre em cerca de 15 a 20% das fraturas da coluna
vertebral.
3. TRM
Etiologia
Traumáticas- Acidente automobilístico, PAF, quedas de alturas, esportes,
acidentes de trabalho, mergulho em água rasa.
Processos tumorais, infecções, alterações vasculares, doenças
degenerativas e alterações congênitas.
5. TRM
Fisiopatologia
Lesão primária da M.E.
Intimamente ligada com trauma na medula, isto é,rompimento dos axônios,
lesão das células nervosas e rotura dos vasos sanguíneos.
Lesão secundária da M.E.
Causada pela alteração do canal vertebral, hemorragia e edema, aumentando
ainda mais a pressão no canal medular.
6. TRM
Determinação do segmento medular afetado
Dermátomos
Área da pele inervada por axônios sensitivos dentro de cada nervo segmentar
(raiz).
Miótomos
Grupo de fibras musculares inervadas pelos axônios motores dentro de cada
nervo segmentar (raiz).
Nível neurológico
Segmento mais caudal da M.E. que apresenta as funções motoras e sensitivas
normais em ambos os lados.
Nível sensitivo
Nível mais caudal da M.E. que apresenta sensibilidade normal bilateralmente.
9. TRM
Determinação do segmento medular afetado
Nível motor
Nível mais caudal da M.E. que apresenta função motora normal
bilateralmente.
Nível esquelético
Nível em que, por meio do exame radiológico, se encontra o maior dano
vertebral.
Índice sensitivo e índice motor
Soma numérica que reflete o grau de deficiência neurológica associado com a
lesão medular.
10. TRM
Verificação da lesão medular
Completa: ausência da sensibilidade e funções motoras nos segmentos sacrais
baixos (S4, S5).
Incompleta: preservação parcial das funções sensitivas e motoras abaixo do
nível neurológico, incluindo a região sacral mais caudal(S4,S5).
Zona de Preservação Parcial: dermátomos e miótomos distais ao nível
neurológico que permanecem parcialmente inervados.
13. TRM
Exame radiológico
Radiografia - deve ser realizada nos planos anteroposterior(AP),
lateral e transoral.
Rx em perfil exclui 85% das fraturas.
TC para detalhes ósseos.
RM - usada na fase primária de diagnóstico.
14. Parâmetros radiológicos
• Adequado, Alinhado
• Base do crânio,
anormalidades
ósseas
• Cartilagens,
Contornos
• Disco intervertebral
• Tecidos moles
23. TRM
Exame neurológico
Consiste na avaliação da sensibilidade, da função motora e dos reflexos.
Sensibilidade: Avaliamos pela variação da temperatura,sensibilidade tátil e
dolorosa e também por meio de um diapasão ou da posição espacial dos
membros(avaliação da vibração).
Motora: Determinamos o grau de movimento de um paciente por meio de
uma escala de 0 a 5.
Reflexos: Testamos os principais reflexos tendinosos profundos
bicipital(C5), estiloradial (C6), tricipital (C7), patelar(L4) e aquileu (S1).
27. TRM
Síndromes medulares
Síndrome da medula central
Lesão que ocorre quase exclusivamente na região cervical, com preservação da sensibilidade sacral
e maior debilidade dos membros superiores que nos membros inferiores.
Síndrome da medula Anterior
Lesão que produz perda da função motora e da sensibilidade a dor e a temperatura, preservando a
propriocepção.
Síndrome de Brown-Séquard
Lesão que produz maior perda motora e proprioceptiva ipsilateral e perda da sensibilidade
contralateral da dor e da temperatura.
Síndrome da medula posterior
Função motora, sensibilidade à dor e tato estão presevadas, porém a propriocepção está alterada.
Síndrome do cone medular
Lesão da medula sacral (cone) e das raízes lombares dentro do canal que usualmente resulta em
arreflexia de bexiga, intestino e membros inferiores. Os segmentos sacros poderiam
ocasionalmente mostrar reflexos preservados, por exemplo, o bulbocavernoso e os reflexos
miccionais.
Lesão da cauda eqüina
Lesão das raízes nervosas lombossacras dentro do canal neural resulta em arreflexia de bexiga,
intestino e membros inferiores.
28. TRM
Efeitos do TRM
Tetraplegia
1 - Paralisia dos 4 membros secundários
a lesão medular ao nível da coluna
vertebral cervical.
Paraplegia
2 - Paralisia dos membros inferiores
secundária a lesão medular ao nível da
coluna vertebral tóraco-lombar.
30. TRM
Avaliação da A.S.I.A.(American Spine Injury Association)
A Associação Americana do Trauma Raqui-Medular desenvolveu padrões para a
avaliação e classificação neurológica do TRM.
Exame de sensibilidade:
Realizado por meio da sensibilidade tátil e dolorosa feita nos 28 dermátomos
bilateralmente, sendo graduada em uma escala numérica.
Exame motor:
Realizado por meio da avaliação de ambos os lados em 10 pares de miótomos e a
força gradual de acordo com a escala de seis pontos.
31. TRM
A avaliação da deficiência é baseada na modificação da escala de Frankel, que
foi modificada pela A.S.I.A e consiste em 5 graus de incapacidade:
A) lesão completa - não há função motora ou sensitiva nos segmentos sacrais S4-
S5.
B) lesão incompleta – há função sensitiva, porém há perda da força motora
abaixo do nível neurológico,estendendo-se até os segmentos sacrais S4-S5.
C) lesão incompleta - função motora é preservada abaixo do nível neurológico e
a maioria dos músculos chaves abaixo do nível neurológico possui grau
menor ou igual a 3.
D) lesão incompleta - função motora é preservada abaixo do nível neurológico e
a maioria dos músculos chaves abaixo do nível neurológico possui grau maior
ou igual a 3.
E) normal – sensibilidade e força motora normais.
32. TRM
Músculos chaves
C5- flexores do cotovelo (bíceps braquial).
C6- extensores do punho (extensor radial longo e curto do carpo).
C7- extensores do cotovelo ( tríceps).
C8- flexores dos dedos (falanges média e distal).
T1- abdutores (quinto dedo).
L2- flexores do quadril (ílio psoas).
L3- flexores do joelho (quadríceps).
L4- dorsiflexores do tornozelo (tibial anterior).
L5- extensor longo do hálux.
S1- flexores plantares do tornozelo(tríceps sural).
33. Exame do Sensório
Cervical Toracica Lombosacra
C-5 Deltoide T-4 Mamilo L-4 Perna
medial
C-6 Polegar T-8 Xifóide L-5 1 e 2
dedos do pé
C-7 Dedo
médio
T-10 Umbigo S-1 Pé lateral
C-8 Dedo
mínimo
T-12 Sínfise S 4-5 Perianal
34.
35. Tratamento
• Assegurar ventilação adequada,
especialmente se for alto o nível (C-4) -
tetraplégico
• Manter a Pressão sangüínea
• Atropina se necessário para bradicardia
• Metilprednisolona
37. Tratamento
ESTERÓIDES
• Metilprednisolona EV
Lesão medular comprovada
Começar nas primeiras 8 horas da lesão
30 mg/kg durante 15 minutos
5,4 mg/kg/hora durante as próximas 24 horas
Eficácia provada apenas para trauma fechado
38. Tratamento Cirúrgico
Indicações
instabilidade do segmento vertebral
lesão neurológica
Objetivos
preservar a anatomia e função da medula
restaurar o alinhamento da coluna vertebral
estabilizar o segmento lesado
prevenir as complicações gerais e locais
restabelecer de forma precoce o paciente
39. Tratamento Cirúrgico
Na Impossibilidade do tratamento definitivo
Tração de coluna
Objetivos:
Manter a redução da fratura
Realinhar o canal vertebral
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