Lesões do bíceps braquial podem incluir tendinite, subluxação, luxação e roturas. A artroscopia é o melhor método para avaliar a cabeça longa do bíceps dentro da articulação do ombro. Lesões do bíceps são frequentemente secundárias a lesões do manguito rotador e pioram a função do ombro.
2. História
Afecções do bíceps: conhecidas há pelo menos 100 anos.
Inicialmente, as alterações bicipitais eram observadas em
cadáveres, não sendo conhecidas as suas repercussões
clínicas.
3. Anatomia e Fisiologia
CLB: origem no tubérculo supraglenoidal, ou lábio
posterior e/ou anterior.
Duas partes:
Uma intra-articular: oblíqua externa e inferior.
Uma extra-articular: situada em um estreito sulco
osteofibroso na parte ventral do úmero.
4. Anatomia e Fisiologia
Alterações filogenéticas dos membros superiores (do
membro de apoio para membro de apreensão): luxação
medial da CLB quase permanentemente, em função da
mudança na direção da glenóide e dupla torção do
úmero.
5. Anatomia e Fisiologia
Durante os movimentos do ombro, é a cabeça umeral
que desliza sob o CLB, não o contrário.
Contração do bíceps com RI do MS: subluxação medial
da CLB (posição mais vertical do tendão).
Contração do bíceps com RE do MS: “efeito de
tenodese” da CLB (posição mais horizontal do tendão).
7. Anatomia e
Fisiologia
Corte sagital no intervalo
rotador, proximal ao sulco
intertubercular, mostrando as
correlações entre o lig.
coracoumeral (a), o lig. gleno-
umeral superior (b) e a CLB
(c).
O LCU forma a camada
superficial.
O LGUS está no plano
perpendicular, separado
inicialmente do LCU.
Contudo, em seu curso e
lateralmente, ele forma a polia
de reflexão medial para o
bíceps, antes de sua entrada
no sulco intertubercular.
8. Anatomia e Fisiologia
M. bíceps braquial:
Biarticular: pela cabeça longa.
Monoarticular: pela cabeça curta, que se insere no
processo coracóide.
Funções:
Flexão do cotovelo e supinação do antebraço.
Depressão (estática e secundária) da cabeça umeral
(controversa).
CLB: estabilidade da articulação do ombro, pela coaptação
e aumento da compressão da cabeça umeral.
9. Anatomia e
Fisiologia
A abertura do intervalo
rotador na borda anterior
do supra-espinal,
obliquamente em direção
à margem externa do
sulco intertubercular
mostrando a polia de
reflexão do bíceps na sua
entrada no sulco ósseo.
Essa polia é formada pela
inserção umeral comum
dos ligg. CU e GUS.
10. Anatomia e
Fisiologia
Slatis e Aalto: “...
mostraram que é o
ligamento
coracoumeral
medial o principal
elemento
estabilizador do
bíceps em seu
sulco.”
11. Patologia e Patogenia
Lesões da CLB:
Tendinite ou tendinopatia.
Subluxação ou luxação.
Roturas.
Essas lesões: associadas ou não com lesão do MR.
12. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Intacto)
Lesão isolada da CLB: causa importante de dor no
ombro. Questionada.
Diagnóstico imaginológico de eleição:
Artrotomografia.
RNM.
13. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Intacto)
Tendinite isolada:
Condição muito rara.
Muitos autores consideram atualmente que
as lesões do bíceps não são primárias, mas
secundárias ao impacto subacromial.
Definição:
Clínica: ombro doloroso crônico,
especialmente na região anterior, além de
um palm up positivo.
Anátomo-patológica: lesão inflamatória,
degenerativa ou microtraumática.
14. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Intacto)
Causas:
Inflamatória.
Mecânica ou microtraumática: contato anormal com o sulco
intertubercular.
Diagnóstico:
Radiografia.
RM.
Artroscopia.
Diagnósticos diferenciais:
Tendinopatia calcificante da CLB.
Condromatose do sulco intertubercular.
15. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Intacto)
Rotura isolada:
“... deformação semelhante a uma bola é notada na parte
ventral do braço, em geral surgindo espontaneamente ou
secundariamente a um traumatismo trivial.”
Segundo Neer: rotura da CLB como resultado do impacto
subacromial em 95% dos casos, ocorrendo na entrada do
sulco intertubercular.
Lesão da CLB: piora do impacto subacromial pela perda
do efeito depressor e rotura secundária do tendão supra-
espinal.
16. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Intacto)
Epidemiologia:
Homens: 91%.
Lado dominante: 80%.
Média de idade: 53 anos.
Trabalho pesado: 62%.
A rotura é intra-articular e ocorre na inserção comum do
lábio (segundo Burkhart e Fox).
Roturas isoladas: 10% dos casos.
17. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Lesado)
Tendinite:
Tendinite moderada:
Extremamente freqüente.
Tendão avermelhado devido à bursite associada.
Tendão intacto.
Diâmetro normal.
Tendinite pré-rotura com atrofia: somente poucas fibras se
mantêm contínuas.
18. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Lesado)
Tendinite hipertrófica:
O tendão pode ter o diâmetro de “um dedo”.
A porção intra-articular está hipertrófica e a porção extra-
articular, junto ao sulco, apresentando constrição ou rotura
parcial.
Lesão do LCU: exposição rápida da CLB ao atrito contra o
lig. córaco-acromial e contra o acrômio com osteófitos.
Tendinite mecânica e degenerativa: secundária ao impacto
subacromial, que, por sua vez, é secundário à rotura do
MR.
19. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Lesado)
Subluxação:
Três tipos de lesão:
Subluxação superior.
Desinserção lateral do subescapular.
Pseudartrose do tubérculo menor.
Achado característico: rotura parcial das fibras tendinosas
na porção profunda do bíceps.
20. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Lesado)
Estas lesões são causadas pelo atrito ósseo do tub. menor
desnudado pelo desgaste das estruturas ligamentares ou
tendinosas.
O tendão se espessa, se alarga e perde a sua localização no
sulco inicial.
Alterações degenerativas no tendão: impedem a sua
redução espontânea.
21. Patologia e
Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Lesado) Subluxação
superior:
Rotura parcial ou
total dos ligg. GUS
e CU, anulando e
efeito de polia de
reflexão do bíceps
antes da entrada
no sulco ósseo.
22. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Lesado)
Desinserção lateral do subescapular:
A lesão pode ser encontrada abaixo do sulco intertubercular.
Desinserção ligamentar ao longo da parede medial e,
conseqüentemente, das fibras mais laterais do subescapular.
A lesão pode estar situada na metade superior do tubérculo
menor ou ao longo de todo o seu comprimento.
23. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Lesado)
Pseudartrose do tubérculo menor:
Esse tipo de afecção é bastante raro.
A CLB posiciona-se medialmente.
Muitas vezes, as fraturas do Tm resultam de trauma, mas
somente as encontramos em menos de 50% do tempo em outros
tipos de subluxação.
24. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Lesado)
Luxação:
Dois tipos:
1. Sobre o Tm e subescapular, mas coberto com uma fáscia
fibrosa que torna a luxação invisível por fora.
2. Luxação sob a inserção do tendão subescapular.
A inserção umeral comum aos ligg. GU e CU está
rompida em todos os casos de luxação.
25. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Lesado)
Em associação geralmente com lesões dos tendões supra e
infra-espinais.
Epidemiologia:
Sexo: masculino (80%).
Lado mais acometido: o dominante (83%).
Faixa etária: 59 anos (38-80 anos).
Fator causal inicial: trauma (63%).
27. Patologia e
Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Lesado) Luxação intra-
articular: o
subescapular não está
mais inserido no Tm e
a CLB, apresentando
paradoxalmente
pouca ou nenhuma
lesão, encontra-se na
articulação gleno-
umeral.
29. Patologia e Patogenia
(Lesão do Bíceps com MR Lesado)
Roturas:
76,5% das roturas do bíceps, havia lesão associada do MR
(Walch e Nové-Josserand, 1992).
Nem sempre é possível definir se foi o MR ou a CLB que
lesou primeiro.
30. Achados Clínicos
Dor na região anterior do ombro, que pode sofrer
irradiação para a massa muscular do bíceps.
Dor à palpação do trajeto desta estrutura anatômica.
Sinal de Yergason, teste de Lippman e teste palm up.
História de trauma: carregamento de objetos pesados ou
trauma direto com o braço em extensão. Um estalo ou
rotura pode ser percebido.
32. Achados Clínicos
A lesão do bíceps gera perda de 20% da força de flexão
do cotovelo e da supinação do antebraço.
A lesão bicipital leva a uma piora funcional do ombro
que já apresenta lesão do MR.
34. Diagnóstico Técnico
Radiografia:
Incidências:
AP com RN: base fundamental para analisar o espaço
subacromial.
AP com RI.
AP com RE.
Perfil axilar.
Perfil escapular.
Sinais radiológicos inespecíficos indiretos no Tm ou no sulco
intertubercular, tais como cistos e osteófitos: 35% das
radiografias.
35. Diagnóstico Técnico
USG:
Método econômico e não-invasivo.
Examinador-dependente.
Não é um exame suficiente para o estudo do MR.
36. Diagnóstico Técnico
Artrografia:
Extravasamento de contraste para a bolsa subacromial:
lesão completa do MR.
Ausência de opacificação do sulco intertubercular: sinal
indireto de lesão do tendão.
Sulco intertubercular cheio de contraste na ausência de um
impresso tendinoso: rotura.
37. Diagnóstico
Técnico
Artrografia do ombro:
O diagnóstico de rotura
é feito quando o sulco
intertubercular está
repleto de contraste na
ausência do tendão do
bíceps.
Neste caso, o coto distal
é visto abaixo do sulco
intertuberbular
39. Diagnóstico Técnico
Artrotomografia do ombro:
Diagnóstico de
subluxação do tendão
bicipital.
O corte horizontal na
parte superior do sulco
intertubercular mostra
que a CLB, que tem
forma de vírgula, está
parcialmente situada
sobre a parede medial do
sulco intertubercular.
40. Diagnóstico Técnico
Artrotomografia do
ombro:
Diagnóstico de luxação
intra-articular do bíceps.
O subescapular não se
encontra mais inserido
no Tm e a CLB está na
articulação gleno-
umeral.
41. Diagnóstico Técnico
Ressonância nuclear magnética:
A análise da CLB é complicada pela presença de outras
estruturas, tais como outros tendões e ligamentos.
A presença de líquido intra-articular facilita a identificação
das estruturas, em função do efeito artrográfico que o
líquido proporciona.
42. Diagnóstico Técnico
Artroscopia:
Este é o melhor método para se avaliar a CLB dentro da
articulação e as suas origens próximas ao lábio glenoidal
superior.
É possível também a identificação de outras alterações.
43. Diagnóstico Técnico
Artroscopia de um
ombro normal:
O tendão da CLB é
visualizado logo acima
na sua entrada no sulco
intertubercular.
A polia ligamentar está
no lado direito do
tendão do bíceps.
44. Tratamento Não-
Operatório
Analgésicos e AINH.
Reabilitação.
Se necessário, infiltração de corticóide (conduta bastante
controversa).
O tratamento conservador é uma conduta comumente aceita
para as roturas isoladas da CLB.
Perda da força do ombro e cotovelo de 8-20%.
45. Tratamento Cirúrgico
Duas situações a serem consideradas:
1. Lesão reparável do MR ou este intacto: reparo da lesão
da CLB; se não for possível, tenodese (de Post).
2. Lesão irreparável do MR: tratamento sintomático (via
artroscópica), com liberação do tendão da CLB).
47. Roturas Distais
Responde por somente 3% das lesões do bíceps;
Condição rara; Campbell : 200 casos relatados;
Acomete mais homens entre a 4 e 6 décadas de vida.
48. Roturas Distais
Historia de rápida flexão do cotovelo;
Levantamento de pesos superiores a 68kg;
Padrões de lesão:
1. Na região tendinea;
2. Avulsão da tuberosidade radial.
49. Roturas Distais
Mecanismo de lesão:
1. Atrito entre o radio e ulna;
2. Espículas ósseas;
3. Borda aguda e cortante da tuberosidade;
Uso de esteróides fortemente associado.
50. Roturas Distais
Sintomas locais importantes e agudos;
Dor;
Edema;
Equimose;
Alterações do contorno;
Perda de função.
51.
52. Roturas Distais
Diagnóstico é clínico e pode ser usado exames
complementares para auxílio;
Rx: avulsões ósseas;
RM: melhor exame na detecção de lesões parciais.
53. Roturas Distais
Alguns autores citam medidas conservadoras com bons
resultados;
Na atualidade , tem-se optado pelas medidas cirúrgicas
devido a grande perda de função.
54. Roturas Distais
Várias técnicas ;
Diferenças em relação ao meio de fixação e o local;
Abordagem simples ou dupla;
Fixação com ponto trans-ósseo, parafuso ou âncora;
Maioria dos autores retorna o bíceps para sua inserção
original.
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