O documento discute o halux valgo, incluindo sua morfologia, etiologia, quadro clínico, tratamento conservador e cirúrgico. As principais técnicas cirúrgicas descritas são osteotomias do primeiro metatarso e artrodese da articulação metatarsofalângica. O documento fornece detalhes sobre quando cada procedimento é indicado e seus benefícios e riscos.
3. Introdução:
• Deformidade complexa, com variações estruturais,
com amplo espectro de gravidade de manifestações
clínicas
• Desalinha o segmento medial do pé, altera a sua
biomecânica, compromete a função e é geralmente
doloroso
4. Etiopatogenia:
• Fatores intrínsecos:
– Pé plano valgo
– Hipermobilidade da 1ª MTTcuneiforme
– Forma inclinada da 1ª MTTcuneiforme
– Forma da superfície articular distal do 1º MTT
– Congruência articular MTTF
– 1º MTT curto ou varo
– Fórmula digital; flacidez ligamentar
6. Etiopatogenia:
• Cronologicamente:
– Migração primária do 1º MTT em varo
– Desvio em valgo do 1º dedo
(Estabilidade articular MTTF frágil pois depende de
estruturas flexíveis – cápsula)
7. • Após o deslocamento medial do 1º MTT, a
deformidade torna-se progressiva devido aos
tendões extensores e flexores
• Migração lateral da base da 1ª falange tracionada
pelo abdutor do halux
• Aumenta o ângulo intermetatarsal espraiando o
antepé
• Subluxação dos sesamóides que permanecem fixos
ancorados no tendão do adutor do halux
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8. Quadro Clínico
• Anamenese completa
– Desconforto com calçados
– Dor (em geral referida na face medial da 1ª MTTF), que
se intensifica com a deambulação e com a utilização de
calçados inadequados
– Ver deformidades associadas dos outros dedos
– Tendência de valorizar a estética do pé
9. Quadro Clínico
• Inspeção:
– Desalinhamento do hálux
– Região inflamatória sob a face medial da cabeça do 1º
MTT
– Calosidade plantar interfalângica (Pronação do halux)
– Insuficiência do 1º raio (Calosidades sob o 2º e 3º MTT)
– Garra dos dedos menores – gravidade
10. Quadro Clínico:
• Palpação:
– Mobilidade na MTTF (hálux rígido, artrose) e
interfalângica do hálux
– Hipermobilidade da 1ª MTT cuneiforme (fator agravante)
– Compressão látero-medial das cabeças dos MTT –
neuroma de Morton
11. Radiologia:
• RX em AP e P em posição ortostática
• Axial para sesamóides (Walter Muller)
12. Ângulo metatarsofalângico:
• Linha no eixo do 1º MTT e linha
no eixo da 1ª falange
– < 15º normal
– 16º a 19º leve
– 20º a 39º moderado
– > 40º grave
13. Ângulo intermetatarsal:
• Linha no eixo do 1º MTT e
linha no eixo do 2º MTT.
– < 9º normal
– 9º a 11º leve
– 12º a 15º moderado
– > 15º grave
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14.
15. • Ângulo interfalângico do hálux:
– Linha no eixo da falange proximal e linha no eixo da falange distal
– Normal até 6º
16. Congruência articular:
• Linhas tangentes às superfícies articulares da cabeça do
MTT e da base da falange
– Paralelas: congruentes
– Convergentes: incongruentes
17. Ângulo Articular Metatarsal Distal (AAMD)
• Linha unindo os pontos
extremos lateral e medial
articulares distais do MTT
• Linha perpendicular a esta
• Linha no eixo do MTT
• Até 15º - normal
18. •Forma da cabeça do 1º MTT
– Redonda: instável
– Em “V” ou plana: estável
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19. •Posição do sesamóide lateral:
– % de deslocamento p/ o espaço intermetatarsal do
sesamóide lateral em relação ao 1º MTT
– < 50% - Leve
– 50 – 75% - Moderado
– >75% - Grave
20. • Forma da superfície articular da 1ª MTT
cuneiforme:
– Influencia a magnitude do desvio em varo do 1º raio
– Plana Estável
– Curva / inclinada Instável
21. Tratamento
• Inicialmente conservador
– Modificar calçados, proteger áreas de atrito, órteses p/
distribuir pressões sobre cabeças mtts
– Finalidade é conforto
– Espaçadores e tensores elásticos não corrigem, mas
podem evitar a progressão rápida
22. – Cuidados ortopédicos
• Salto máximo de 4 cm
• Alargamento da câmara anterior
• Incetivar uso de sandálias
• Desenvolvimento musculatura intrínseca (descalço)
• Palmilha p/ suporte arco longitudinal
• Barra transversa no solado p/ metatarsalgias
• Espaçadores elásticos do 1° e 2° mtts p/ uso noturno
• Espumas nas saliências
• Fisioterapia (flexibilização deformidade e alongamento tendão
calcâneo p/ pronação do pé)
23. Tratamento cirúrgico
• Falha do conservador
• Aumento deformidade
• Não é garantia de resultado perene
• Dor é o sintoma alvo
• Tabagismo, alcoolismo e demanda física devem ser
considerados
• Deve objetivar restabelecimento anatômico e recuperação
da biomecânica
• Cada faixa etária corresponde a uma técnica apropriada e
destinada a propósitos diferentes
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24. Artroplastia da metatarsofalângica do
hálux
• Reconstrução distal das partes moles e
exostectomia
• Indicada em associação com outros métodos em
casos moderados a graves
• Condição indispensável: 1° articulação MTTF
incongruente (caso contrário resulta em hálux varo)
25. • Capsulorrafia medial, exostectomia, liberação
capsular lateral, liberação tendão adutor hálux e
correção do desvio lateral dos sesamóides.
• McBride que excisa sesamóide lateral
abandonada por gerar hálux varo
26. • Em geral são utilizadas 2 incisões:
– Lateral:
• Dorsal entre cabeças 1° e 2° MTT,
p/ transferência adutor do hálux
p/ face lateral colo 1° MTT;
• Capsulotomia lateral p/
reposicionar sesamóides (cuidar
vascularização cabeça)
27.
28. – Medial:
- Sobre articulação MTTF,
- Exostectomia
- Capsuloplastia c/
realinhamento dos
sesamóides
29. • Hálux varo após excisão do sesamóide lateral (McBride )
30. • Advertências:
– Corte não deve delaminar a pele
– Proteger nervo digital dorsal
– Evitar lesar tendões
– Evitar ressecções excessivas da exostose p/ não
instabilizar o procedimento
31. Osteotomias do 1° MTT
• Reproduzir normalidades dos eixos metatarsais e
falângicos
• As distais tendem a ser reservadas p/ casos leves e
moderados e as proximais p/ casos mais graves
32. Osteotomia proximal do 1° MTT
• Deformidade moderada a grave
• Parâmetros
– AAMD menor que 15°
– Artic. MTTF preferentemente incongruente, sem sinais
degenerativos
– Artic. MTT-cuneiforme estável
33. • Subtração de cunha lateral na base do 1º MTT (index plus)
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34. • Adição respeitando a cortical lateral, utilizando a exostose
como enxerto (index minus / index plus minus)
35. • Chevron proximal – osteotomia a 1,5cm da MTT
cuneiforme, de ápice distal, 60º, deslizamento lateral até
1/3. Index plus minus / Index minus
36. • Osteotomia crescente – convexidade distal direção
dorsoplantar. Com microserra e lâmina curva. Index plus
minus / Index minus
37. • Fixação p/ manutenção do resultado e segurança
ao apoio precoce
• Fios Kirschner, grampos ou parafusos. Preferência
por parafuso: mais resistente e permite apoio
• Evitar fixação em flexão dorsal (metatarsalgia de
tranferência)
38. • Após cirurgia, bota gessada
• 5 dias com membro elevado
• Trocar por gesso com salto, apoio no 10° dia
• Retira gesso com 6 semanas, Rx, calçado com
solado rígido e largo e reabilitação
39. • Vantagens
– Fácil execução
– Não acrescenta risco vascular a cabeça MTT
– Atua direto no foco relacionado ao varismo do 1° MTT
– Indicação eletiva nas deformidades mais graves
– Alto índice de consolidação
40. • Desvantagens
– Maior morbidade pela ampliação do acesso cirúrgico
– Consolidação viciosa em flexão dorsal
– Encurtamento excessivo
– Falha na correção ângulo inter-MTT
41. Osteotomia diafisiária 1° MTT
• Relegadas a 2° plano
• Ludlof, Mau, Petri, Wilson
• Grande descolamento partes moles com
interferência na vascularização
• Exige estabilização rígida e imobilização prolongada
• Retardo consolidação e pseudoartrose
42. Osteotomia distal do 1° MTT
• Especificamente quando há congruência
articular
• Mais utilizadas:
– Hohmann e Mitchel aplicam-se a deformidadess mais
graves. Difícil execução, causam encurtamento
– Técnica Austim/Leventen popularizada por Johnson:
osteotomia Chevron p/ casos leves a moderados
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43. • Osteotomia de Chevron
– Pacientes < 50ª
– Ausência de artrose e pronação
– Simples, estável, grande superfície de contato ósseo
(esponjoso)
44. • Incisão dorsomedial
centrada na MTTF
• Cuidar ramo terminal
medial do n. fibular
superficial (sensitivo)
• Preservar rede venosa
(diminui edema)
• Incisar a cápsula
longitudinal (alternativa:
em “Y”)
46. Chevron
• Osteotomia em “V” centrada na cabeça.
• Ângulo de 70° (máximo contato de osso esponjoso)
c/ ápice distal (microserra)
• Evitar ângulos maiores (< estabilidade)
• Evitar desvios no plano coronal na osteotomia –
dificulta a correção
48. Chevron
• Estabiliza-se o proximal e lateraliza-se a cabeça do MTT
com o dedo (4-5mm e não mais que 40-50% do MTT)
49. • Resseca-se o excesso medial do fragmento
proximal
• Se instável – fixação interna
• Capsulorrafia
– Ressecção de uma porção dorsal e fechamento dos
bordos
– Fechamento com sobreposição, tensionando pela parte
plantar (reposicionamento dos sesamóides)
50. – Bota gessada trocada no 5°d por gesso com apoio por
30d com uso de muletas
– Consolidação em 6-8 semanas
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51. • Vantagens
– Menor morbidade (1 via)
– Alta taxa consolidação
– Menor taxa de hipercorreção
– Técnica estável
– Pequeno encurtamento
– Facilidade no pós op
52. • Desvantagens
– Possível necrose avascular da cabeça
– Curva de aprendizado
– Material sofisticado
– Indicação limitada a casos leves e moderados
– Risco de fragmentação da cabeça
53. Ressecção artroplástica da MTTF
• Tipo Keller: exérese da base da falange proximal do hálux
• Pacientes > 50 anos, hálux valgo moderado a severo (>
35º - 40º)
• Ângulo inter-MTT < 13º - varismo não muito acentuado do
1º MTT
• Articulação incongruente
• Subluxação grave dos sesamóides (>75%)
• Artrose
54. Keller
• Simples. Única incisão longitudinal medial sobre a
MTTF
• Exostectomia e capsuloplastia
• Ressecção da base da falange proximal na junção
metáfise-diáfise (1/3 proximal)
• Liberação do tendão adutor do halux
• Transfixação com 2 fios Kirschner
• MTTF com 10-15º de extensão, demais neutro
55. • Imobiliza por 4 semanas e libera apoio quando
confortável
• Retira os fios após 4 semanas
56. • Vantagens
– Facilidade técnica
– Pequena morbidade
– Apoio precoce
– Alívio da dor
– Possibilita uso calçados comerciais
– Satisfação a curto prazo
57. • Desvantagens
– Não obedece princípios biomecânicos
– Deterioração resultados a longo prazo
– Perda capacidade de desprendimento do hálux
– Deformidades secundárias por desequilíbrio muscular
– Metatarsalgia de tranferência lateral
– Fraturas de estresse
58. Artrodese MTTF do hálux
• Principal indicação é artrose avançada
• Salvamento p/ deformidades graves, recidivantes, AR,
hálux rígido, seqüela de fratura, necrose avascular da
cabeça, infecção com degeneração articular e doenças
neuromusculares (prevenção da recorrência)
• Melhora distribuição peso sobre as cabeças metatarsais,
restabelece função propulsora do hálux, ganho no padrão
da marcha
59. • Vários tipos de fixação: fios de Kirschner (Smith),
grampos, parafusos e placas moldáveis (Mann)
• Posição ideal: 15-20º de valgo, 20-30º de flexão
dorsal
• Pós op: bota gessada por 30 dias. RX e bota
gessada com apoio por 30 dias
• Liberação da imobilização e início da fisio
60. • Vantagens
– Alta taxa consolidação
– Estabilização do 1º segmento com retorno do
desprendimento pelo hálux
– Resultados duradouros
61. • Desvantagens
– Dificuldade técnica p/ alinhamento ideal
– Contra-indicada na osteoporose
– Longo tempo de imobilização
62. Artrodese da 1° MTT-cuneiforme
• Lapidus
• Indicada em paciente jovem com deformidade moderada a
grave, com hipermobilidade MTT-cuneiforme ou como
salvamento na recidiva de hálux valgo grave
• Concomitante realiza artroplastia de reconstrução. Se
MTTF congruente associa osteotomia falange proximal
(Akin) com correção extra-articular
63. • Osteotomia de ressecção de base lateral da base do
1º MTT
• Fusão da base da 1º e 2º MTT (Parafuso canulado
ou fios Kirschner)
• Enxerto ósseo esponjoso
• Pós op: Bota gessada sem apoio por 30 dias, mais
30 dias com apoio
64. • Contra-indicações
– Hálux valgo juvenil (fise aberta)
– 1° MTT curto (index minus) - no caso pode usar cunha
adição base medial
– Artrose MTTF
65. • Vantagens
– Resultado duradouro
– Estabilidade segmento medial
– Indicada em casos de salvamento (recidiva grave)
66. • Desvantagens
– Indicação específica e restrita
– Tática cirúrgica complexa
– Necessidade retirada enxerto ósseo a distância
– Possibilidade consolidação viciosa. Flexão plantar do
segmento distal c/ sobrecarga 1° MTT
– Flexão dorsal com sobrecarga MTT laterais
67. Osteotomia da falange proximal
• Akin
• Indicada p/ correção hálux valgo interfalângico, sem
varismo 1° MTT e com exostose volumosa
• Indicada quando a reconstrução distal partes moles estiver
contra-indicada (artic congruente)
68.
69. • Vantagens
– Simplicidade
– Bons resultados
– Alta taxa consolidação
– Técnica complementar (usada em associação)
70. • Desvantagens
– Não corrige ângulo intermetatarsal
– Material sofisticado (microserra/ perfurador delicado)
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