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2. A população
Ponto de partida: Anos 60 do século XX
O programa da disciplina de Geografia A remete-nos para a década de 60 do século
passado para iniciarmos o estudo da população portuguesa, o principal recurso humano de
que o país dispõe. Estando nós no segundo milénio e já com meio século percorrido poder-
nos-á parecer estranho. No entanto, é natural que assim seja face às mudanças que, a
partir daí, se operaram no país.
Comecemos por alguns dados estatísticos e comparemo-los.
1960 Indicadores demográficos censitários1
2011
8 865 000 População residente
(Nº)
10 557 600
45,4 Índice de envelhecimento
(idosos por cada 100 jovens)
125,8
2 009 319
População residente em lugares com
10 000 e mais habitantes
4 506 906
213 895 Nascimentos
(Nº)
96 856
3,20 Índice sintético de fecundidade
(número de filhos por mulher)
1,35
95 007 Óbitos
(Nº)
102 848
118 888 Saldo natural
(N-M)
-5 992
-37 900 (1961)
Saldo migratório
(I-E)
-24 300
77,5 Taxa de mortalidade infantil
(‰)
3,1
29,16 População com menos de 15 anos
(%)
14,88
62,87 População entre os 15 e os 64 anos
(%)
66,09
7,97 População com 65 e mais anos
(%)
19,03
43,9 Ativos no setor primário
(%)
10,2
28,9 Ativos no setor secundário
(%)
26,9
27,2 Ativos no setor terciário
(%)
62,9
33,1 Taxa de analfabetismo
(%)
5,2
1
Dados compilados da PORDATA, de Barreto, António, in “A Situação Social em Portugal, 1960-1995”,
Instituto de Ciências Sociais e de Rocha, Edgar, in “Crescimento económico em Portugal nos anos 1960-73:
alteração estrutural e ajustamento da oferta à procura de trabalho”, Análise Social, vol. XX (84)
- 2 -
O que sucedeu em 51 anos? O que era Portugal no início da segunda metade do século
XX? Como evoluiu desde então? Quais as razões?
Os dados selecionados permitem-nos traçar um retrato do país que éramos e do país que
somos:
Como era Portugal ... um país Como é Portugal ... um país
Jovem
29,6% com menos de 15 anos e
45,4 idosos por cada 100 jovens
Natalista
24,1 ‰ de taxa de natalidade
Capaz de renovar a sua geração
3,2 filhos por mulher
Com saldo natural positivo
TCN = 13,4‰
Pouco desenvolvido e pobre
43,9 % de ativos no setor primário
33,1% ativos no setor terciário
Pouco atrativo
Taxa de saldo migratório de -4,27‰
Atrasado
Taxa de analfabetismo de 33,1%
Envelhecido
14,8 ‰ com menos de 15 anos
125,8 idosos por cada 100 jovens
Pouco natalista
9,17 ‰ de taxa de natalidade
Incapaz de renovar a sua geração
1,35 filhos por mulher
Com saldo natural negativo
TCN = - 0,56 ‰
Mais desenvolvido e menos pobre
10% de ativos no setor primário e
62,9 % de ativos no setor terciário
Ainda pouco atrativo
Taxa de saldo migratório de -2,3 ‰
Menos atrasado
Taxa de analfabetismo de 5,2 %.
Conclusões: o país mudou e a sociedade portuguesa evoluiu significativamente.
De sociedade rural, tradicional, conservadora, passamos a uma sociedade urbana, mais
concentrada no território (de 22.6% de população residente em lugares com 10 000 e mais
habitantes, em 1960, passou para 42,6% em 2011), mais velha, mais terciarizada, com
índices demográficos próprios de um país desenvolvido.
Relembremos, sucintamente, a História recente para entendermos o que se passou.
Nos anos 60, o país vivia segundo um regime autoritário, assente na trilogia “Deus, Pátria
e Família”, e com uma forte componente católica. De cariz rural, com uma economia de
subsistência, uma indústria pouco representativa e serviços pouco diversificados, a
sociedade continental e a insular recorriam à emigração como forma de encontrar soluções
para uma vida de penúria e bastante estática. O analfabetismo denunciava o reduzido
número de acessos ao ensino e persistia um conhecimento em grande parte empírico,
mormente, entre os grupos mais afastados das elites político-urbanas.
- 3 -
Com este quadro socioeconómico não admira que os portugueses aspirassem à mudança.
Dois acontecimentos criaram as condições para que tal viesse a suceder: a Europa em
reconstrução e a Guerra nas ex-colónias portuguesas em África.
Depois da tragédia destruidora que resultou dos seis anos da Segunda Grande Guerra, a
Europa, com a ajuda concedida pelos EUA através do Plano Marshall, precisava
urgentemente de se reconstruir. Perante a falta de mão de obra com que se confrontava,
apelou aos povos do Sul – portugueses, espanhóis, italianos, gregos - e do norte de África
para se ocuparem dos trabalhos mais pesados e socialmente menos atrativos para as
populações sobreviventes. Sem perspetivas de melhorias no seu país, os portugueses,
habituados a emigrar desde a conquista de Ceuta (1415), responderem massivamente,
muitos de forma legal, muitos mais de modo clandestino.
Com a irrupção dos movimentos independentistas em África, muitos jovens portugueses
procuraram, também, sair do país para fugirem ao serviço militar e não participarem nos
conflitos armados. Passar a fronteira “a salto”, pela calada da noite e após pagar uma
elevada quantia de dinheiro ao passador, foi a modalidade escolhida por muitos
portugueses para contornar as dificuldades de uma saída legal que não lhes era permitida.
Entretanto, e reflexo das reivindicações das ex-colónias, outras modificações começavam
a desenhar-se, mormente, a nível da economia nacional e com consequências espaciais
no país continental.
Como forma de tentar calar vozes internacionais que manifestavam o seu desacordo com
a recusa do governo português em conceder a independência às colónias, as autoridades
permitiram a entrada de capitais estrangeiros. Atraídas pelos baixíssimos salários
praticados e a subserviência de uma classe trabalhadora obrigada à obediência pelo
regime político (por exemplo, o direito à greve não era permitido) várias multinacionais2
fixaram filiais, principalmente, nas duas principais cidades do país e nas respetivas áreas
envolventes.
Atraídos pelos salários mais elevados da indústria, muitos rurais deixaram as suas terras e
migraram para o Litoral contribuindo decididamente para o fenómeno da litoralização e o
despovoamento do interior do país. Como afirma António Barreto, a “desruralização” do
país acelerou muito, seja por via da emigração..., seja através das migrações internas para
o litoral.3
Longe das suas raízes, inseridos num ambiente mais diversificado que, aos poucos,
denotava novos hábitos e novos costumes, os portugueses, particularmente, os mais
jovens afastavam-se das mentalidades tradicionais e das imposições religiosas. O mesmo
sucedeu, mais rapidamente, com os inúmeros emigrantes no contacto com as sociedades
onde se inseriram. Em pouco tempo de permanência no estrangeiro, o emigrante que
vinha passar férias identificava-se quer pela pronúncia mista da língua materna e a do país
para onde foi trabalhar, quer pelo modo como exibia roupas e hábitos sociais. Poderiam ter
2
Exemplos de setores em que houve investimento estrangeiro no país: metalomecânica,
montagem de veículos motorizados, energia, química pesada, eletrónica,
telecomunicações.
3
in Barreto, António – “A Situação em Portugal, 1960-1995”, ICS, Universidade de Lisboa
- 4 -
tido meses duríssimos em que a poupança ditava lei. Mas, uma vez cá, mostrar poder de
compra era um propósito generalizado.
Foi, contudo, com a Revolução do 25 de abril de 1974 e com a implementação do regime
democrático, que o surto de mudança se consolidou.
Neste caso, interessa-nos, em especial, saber o que alterou no capítulo demográfico.
Como vimos atrás, os portugueses adotaram comportamentos que os aproximam dos
países ditos desenvolvidos. De dona de casa, maioritariamente, a mulher portuguesa
passou a contribuir para o aumento da taxa de atividade feminina. Habituada a ser
educada para servir a família, muitas vezes obrigada a abandonar a escola precocemente,
a jovem portuguesa quis estudar e, hoje, coloca em primeiro lugar a valorização
profissional deixando para segundo plano o casamento e a maternidade. Claro que, para
tornar mais fácil esta opção, a medicina deu um contributo fundamental: a invenção da
pílula anticoncecional, em 1960, o que provocou uma verdadeira revolução sexual. Liberta
de gravidezes indesejadas, a mulher adquiriu o poder de decidir se quer ou não ser mãe,
se quer ou não dedicar-se, em exclusivo, à sua vida profissional e progredir numa carreira
que não aceita faltas ao trabalho em nome do apoio familiar. Quebra da natalidade, da
fecundidade e incapacidade de renovação geracional são as consequências diretas da
assunção dos novos costumes sociais e comportamentais a nível individual. Mas, outras
razões, ajudaram e sustentam esta evolução. Enquanto os filhos eram considerados a mão
de obra familiar que ajudava nos campos e garantia o apoio na velhice dos seus pais, os
gastos com a sua educação eram escassos. Numa sociedade tradicional, fortemente
hierarquizada, cada estrato social sabia aceitar o papel que lhe competia. As crianças
poderiam não ir à escola mas tinham de ajudar nos trabalhos e, se tal fosse necessário,
iniciar-se-iam muito cedo no mundo do trabalho. A escolaridade de quatro anos não era
cumprida demasiadas vezes justificando o elevado analfabetismo. Com o tempo, as coisas
mudaram. De quatro anos mínimos temos, agora, doze anos de escolaridade. Logo, as
despesas com a sustentação dos filhos são cada vez maiores. Em vez de se encarar os
gastos com os filhos como um investimento passou-se a encará-los como um custo!4
Até a tipologia das habitações parece apontar para a redução das famílias. T0, T1, T2 são
dos apartamentos que mais proliferam. Alugar ou comprar um T3 significa despender uma
verba avultada que muitas famílias têm dificuldade em suportar.
Mas, a natalidade, o seu baixo valor, está a tornar-se um gravíssimo problema que está na
origem de muitas chamadas de atenção para a necessidade imperiosa de inverter a
situação. E porquê?
Já afirmámos que a população é o recurso humano por excelência. Sem pessoas nada se
consegue. São os jovens que, à partida, apresentam maior capacidade criativa
indispensável para que uma economia cresça. São os trabalhadores que, com os
impostos, contribuem para assegurar as despesas com pensionistas e reformados. Sem
jovens um país definha e confronta-se com uma inversão da pirâmide etária. Sem
trabalhadores não se cria riqueza. Aposta na sociedade do conhecimento e
sustentabilidade da segurança social são expressões que povoam os discursos
4
Segundo um estudo da Universidade de Coimbra, coordenado pelo psicólogo Eduardo Sá e realizado em
2008, os pais portugueses de classe média gastam em média entre 236 e 678 euros por mês com cada filho
(até aos 25 anos), em fraldas, médicos, comida, roupa, desporto, livros, propinas e mensalidades escolares.
- 5 -
politicamente corretos no mundo da globalização em que estamos mergulhados.
Obviamente, que há, pelo menos, com efeito imediato, uma solução a que podemos
recorrer, a imigração. Seria uma forma de rejuvenescermos rapidamente. Vejamos o que
se está a passar atualmente com os refugiados que chegam em catadupa à Europa do sul.
O medo do confronto com outra civilização, outra religião, o terrorismo, a capacidade
reprodutiva que os carateriza tem levantado obstáculos, isto, apesar da Europa, no seu
conjunto, precisar mesmo de abrir portas à entrada de imigrantes.
Voltando a Portugal, os últimos 42 anos (de 25 de abril de 74 a 25 de abril de 2016), têm
sido marcados por acontecimentos que, de forma conjuntural, influenciaram diretamente a
demografia.
Depois de uma década de sangria emigratória que provocou uma perda real de população
(entre 1960 e 1970), o país conheceu um aumento populacional com o retorno de
portugueses e africanos que fugiam dos conflitos gerados com as declarações de
independência das ex-colónias e, também, com o regresso de emigrantes da Europa em
consequência da crise petrolífera de 19735
.
Contudo, rapidamente o país vai registar crescimentos baixos. A natalidade continuou a
descer e, depois dos anos de euforia revolucionária, a falta de emprego obrigou, de novo,
muitos portugueses saírem do país para encontrarem melhores condições de vida. A
grande diferença residiu no tempo de duração da ausência. Muitos dos que emigraram
fizeram-no temporariamente, isto é, por períodos que não ultrapassavam 12 meses.
Nos anos noventa, todavia, Portugal cresceu demograficamente, não por causa dos saldos
naturais mas, principalmente, à custa do incremento da imigração. Como foi possível que o
tradicional país de emigrantes se tornasse numa atração para muitos estrangeiros?
Podemos apontar dois factos explicativos. A assinatura da adesão do país à CEE em 1985
e o fim da União Soviética.
Quando Portugal assinou, juntamente com Espanha, a adesão à então CEE – Comunidade
Económica Europeia – e passou a ser membro de pleno direito a partir de 1 de janeiro de
1986, foi contemplado com um conjunto de verbas para aplica-las em investimentos
diversos que, no seu conjunto, possibilitassem a atenuação dos atrasos que o país
patenteava em comparação com os seus novos parceiros mais ricos e desenvolvidos.
Falámos dos Fundos Estruturais e dos projetos por eles sustentados que levaram a uma
abertura rápida do país rumo à Europa. Particularmente no capítulo da criação de
infraestruturas de transporte e comunicação. Conhecido pelas suas estradas velhas e
desajustadas a uma circulação que contribuísse para a acessibilidade a Espanha e à
Europa do Norte e Central, o país desenhou o seu Plano Rodoviário Nacional e
implementou-o proporcionando um aumento significativo de oferta de trabalho na área da
construção de obras públicas. A própria construção civil prosperou neste período. Com as
dificuldades em alugar casa a preço convidativo foi-se interiorizando nas pessoas o
recurso ao crédito para aquisição de habitação própria. Mesmo os emigrantes investiam na
5
Em 1973, os países árabes que compunham a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo)
decidiram usar este recurso como arma de retaliação pelo apoio que os Estados Unidos a Israel durante a
Guerra do Yom Kippur (confrontos armados entre egípcios e sírios que atacaram israelitas durante o feriado
judaico do Yom Kippur). Com um aumento excecional do preço do petróleo, as economias mais
industrializadas viram-se na contingência de encerrar fábricas e despedir trabalhadores, mormente,
imigrantes..
- 6 -
compra de casas novas para as rentabilizar ou ocupá-las quando decidissem regressar ao
país. Aumentou o número de escolas, de centros de saúde, de infraestruturas desportivas.
O comércio foi estimulado, os transportes foram incentivados. Numa palavra, a economia
do país cresceu e o emprego subiu. Poder-se ia pensar que, face a esta fase expansiva,
não haveria necessidade de os portugueses continuarem a emigrar. Nada mais errado.
Dados os valores salariais ainda baixos e a incapacidade de criar empregos para todos, os
portugueses prosseguiram a sua veia migratória e agravaram o crescimento efetivo da
população.
Pelo contrário, nos anos noventa o país tornou-se atrativo. Aumentaram os salários? A
economia prosperou ainda mais? Mais do que fatores internos, foram fatores externos que
se evidenciaram e influenciaram, não só Portugal, mas o mundo. Focando o essencial,
falamos da Queda do Muro de Berlim em 1989 e do fim da União Soviética.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial o mundo registou um confronto ideológico entre
duas realidades políticas opostas. De um lado, a ideologia capitalista, identificada pela
existência de propriedade privada e a livre iniciativa, onde existia liberdade de expressão e
de acesso à informação, protagonizada pelos Estados Unidos da América e pelos países
que aderiram ao chamado modelo ocidental. Do outro lado, a ideologia comunista onde o
Estado se apropriava de todos os meios de produção e planificava de forma impositiva a
vida de toda a sociedade. Por isso, a população não tinha acesso à liberdade de
expressão e a informação que lhes era proporcionada era toda ela manipulada. Tal modelo
fora imposto pela URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – que, nascida em
1917 com a Revolução de Outubro, se impôs à Europa Oriental após a segunda Grande
Guerra. Aliás, a construção em 1961 do muro de Berlim, uma fronteira física que dividiu a
capital da Alemanha, Berlim, entre Berlim ocidental e Berlim oriental, marcou o confronto
entre os dois sistemas que perdurou por 28 anos. “O Muro de Berlim foi o símbolo por
excelência da Guerra Fria, da bipolarização do mundo e da divisão da Alemanha”.
Com o fim da União Soviética, as antigas Repúblicas Democráticas Populares da Europa
Oriental (também conhecidas como países satélites da URSS) tornaram-se independentes,
abandonaram o comunismo e colocaram a nu a enorme debilidade das suas economias. O
modelo soviético rígido, centralizado, coletivista e sacrificador do bem-estar da sua
população tinha como principal objetivo desenvolver a indústria bélica. Dar a entender que
era uma potência rival dos EUA capaz de dominar a construção de mísseis e manter uma
máquina de guerra operacional era o grande propósito do Império Soviético.
Comparativamente aos países ocidentais, os países orientais viviam, aparentemente, uma
economia de autossuficiência e, sem o apoio de Moscovo, sentiram-se incapazes de
proporcionar trabalho à sua população. Donde os surtos de imigração que se registaram
em direção aos países ocidentais. Apesar de Portugal ser um país com dificuldades,
comparativamente a países como a Ucrânia, a Moldávia, a Roménia, a Jugoslávia, etc.,
era, por aqueles anos, um país em expansão económica capaz de oferecer trabalho e,
especialmente, atividades que, tal como ainda hoje sucede, muitos portugueses rejeitam
aceitar.
Fora da Europa outros países em crise motivaram a procura de Portugal por imigrantes.
Falamos dos países dos PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa – e do
Brasil.
- 7 -
Com a entrada destes imigrantes, europeus de leste, africanos e sul americanos, os que
constituem as maiores comunidades de estrangeiros entre nós, Portugal registou
crescimentos reais da sua população.
Entretanto, a crise financeira que tem vindo a afetar a economia mundial desde 2008
tornou o país, de novo, pouco atrativo. Com a falência do banco Lehman Brothers nos EUA
e o rebentar da chamada “Bolha imobiliária”, de uma forma mais ou menos aprofundada,
países europeus e americanos têm-se confrontado com dificuldades traduzidas em
menores investimentos, falências e desemprego. Sem capacidade para reter os seus
naturais, mesmo os mais qualificados – enfermeiros, engenheiros, mão de obra
especializada ... – também, muitos dos estrangeiros cá residentes procuraram novos
destinos capazes de lhes proporcionar o bem-estar que tanto anseiam.
Vejamos, agora, o que nos mostra a leitura dos dados estatísticos.
Fig.1 - Fonte de dados: PORDATA
O gráfico da figura 1 “diz-nos” que:
Entre o censo de 1960 e o de 2011 houve alterações demográficas significativas;
Entre 1960 e 1970 registou-se um saldo total negativo por força do enorme surto
emigratório apesar de nascerem muitos mais do que os que morreram:
CR = SN+SM
CR = 1 080 419+ (-1 306 559)
CR = -226 140 indivíduos
-1500000 -1000000 -500000 0 500000 1000000 1500000
1960-1970
1970-1981
1981-1991
1991-2001
2001-2011
Crescimentos reais, saldos naturais e saldos migratórios
intercensitários
saldo migratório saldo natural crescimento real
- 8 -
Entre 1970 e 1981 todos os saldos foram positivos pelo que aumentou, de facto, a
população portuguesa. Embora o saldo natural já evidenciasse um franco recuo, o
crescimento real beneficiou do contributo do saldo migratório positivo:
CR = 778 767+390 995
CR = 1 169 762 indivíduos .
Entre 1981 e 1991, o saldo total diminuiu muito por força de um saldo migratório
francamente negativo.
Entre 1991 e 2011, o crescimento real foi positivo graças ao contributo da imigração.
Fig.2 – Fonte de dados: Estatísticas Demográficas 2014, INE
No gráfico da figura 2, os dados, ano a ano, entre 2004 e 2014 revelam as mudanças
demográficas mais recentes ocorridas após o último censo. Todos os saldos têm registado
valores negativos. De 2011 a 2014, nasceram menos do que os que morreram, emigraram
mais do que os estrangeiros que escolheram Portugal para cá residirem e, consequência
direta, o país perdeu população em termos reais.
-0,7
-0,6
-0,5
-0,4
-0,3
-0,2
-0,1
0
0,1
0,2
0,3
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Valoresempercentagem
Evolução da população portuguesa entre 2004 e 2014
TCN TCM TCE
TCN
TCM
TCE
Os dados do ano de 2013
mostram que este foi o
ano mais prejudicado pela
crise. 2014 revela alguma
recuperação nos três
indicadores.
- 9 -
Reflexo desta evolução, o país está cada vez mais velho: por cada 100 jovens existiam,
em 2014, 141 idosos. A nível das NUTS II, o Centro e o Alentejo ultrapassavam já a média
nacional (fig.3). As duas regiões autónomas, especialmente a R.A. Açores, são as mais
jovens. Algarve, Norte e A.M. Lisboa aproximam-se rapidamente da média nacional.
Fig.3 - INE
Fig.4 -Taxa de variação da população residente, por município, 2001/2011
Os resultados do censo de
2011, no caso do mapa da
figura 4, contribuem para
reiterar as afirmações
anteriores. De 2001 para
2011, 35,7% dos 308
municípios portugueses
registaram uma variação
positiva, isto é, tiveram
aumentos populacionais em
10 anos. A maioria (64,3%)
perdeu população.
Olhando para o mapa,
localizámos os maiores
aumentos na área
metropolitana de Lisboa e na
faixa litoral do Algarve.
O maior número de
municípios ganhadores estão
no litoral. Vemos aumentos ,
ainda, nos municípios sede
de distrito no Interior, por
exemplo, Bragança, Vila
Real, Viseu, Castelo Branco,
Évora, Beja.
No restante Interior, de Norte
a Sul, a repulsão traduz-se
nas perdas populacionais.
- 10 -
Observemos, agora, informação extraída dos resultados definitivos dos Censos 2011
disponibilizados pelo INE (Instituto Nacional de Estatística).
Fig. 5 – Fonte INE
Os mapas da figura 5, de técnicas diferentes6
, complementam-se.
Das 30 NUTS III7
existentes à época, hoje em número de 25, somente 26,6% - 8 NUTS III
– apresentavam uma densidade populacional superior a 217 hab/km2.
Coincidentemente,
são as NUTS III onde se concentram o maior número de lugares com 2 000 ou mais
habitantes.
Nas 56,6% das NUTS III com densidades populacionais inferiores a 110 hab/km2
são
escassos os lugares com 2 000 ou mais habitantes.
Atualmente, o INE considera que um lugar com 2 000 habitantes é um lugar urbano.
Portanto, face ao que o mapa evidencia, a larga maioria dos lugares urbanos reforçam a
tónica da litoralização e, particularmente, a concentração em torno das duas áreas
metropolitanas, Lisboa e Porto.
6
O mapa da densidade populacional está elaborado a partir de uma variável contínua – os valores da
densidade populacional podem assumir um valor qualquer entre os limites mínimo e máximo conhecidos – e,
por isso, recorreu-se à cor com graduação de tonalidades. Quanto mais elevado o valor mais quente é a cor,
neste caso, o vermelho vivo. No mapa da população em lugares com 2 000 ou mais habitantes, adotou-se o
tamanho representado, neste caso, pelos círculos de raio proporcional aos valores que representam. Esta
técnica é usada com variáveis discretas expressas em valores inteiros.
7
Relembremos que, desde 1 de janeiro de 2015, entraram em vigor “As novas NUTS portuguesas (que)
foram formalizadas no Regulamento (UE) nº 868/2014 da Comissão, de 8 de agosto de 2014”.
- 11 -
Estas tendências – o reforço da litoralização e o agravamento do despovoamento do
Interior do país – que os mapas da figura 5 permitem adivinhar confirmam-se no quadro
seguinte que indica os 10 municípios com mais população residente em 2001 e 2011 no
Continente. Interessante é verificar que quer Lisboa quer o Porto foram os únicos
municípios, nos dez primeiros, que perderam população de 2001 para 2011. Em
contrapartida, os municípios das respetivas áreas metropolitanas aumentaram em número
de habitantes. Braga é o único município que não integra nenhuma das duas áreas
metropolitanas.
Como exploraremos mais tarde, este fenómeno assenta em vários fatores, entre os quais,
não são alheios os custos da renda locativa nos centros das cidades e a vulgarização dos
meios de transporte, em particular, do automóvel privado.
Em termos percentuais, em 2011, Mafra tinha quase duplicado a sua população. Os dez
municípios que mais perderam habitantes localizam-se todos no Interior.
- 12 -
Obviamente, estas substanciais diferenças de crescimento populacional vão refletir-se na
distribuição geográfica da estrutura etária da população.
Fig.6
Nestes mapas da figura 6, a percentagem de jovens em relação aos idosos atinge igual
número de NUTS III acima e abaixo de 13,8%, exatamente dez. Os mais jovens localizam-
se todos no litoral (8 NUTS III no Continente) e nas Regiões Autónomas (2 NUTS III).
Quando analisámos a percentagem de idosos, os seus valores são muito mais elevados
em cada uma das classes consideradas e os valores mais elevados encontram-se 5 em
NUTS III do Interior. Reparemos as duas Regiões Autónomas. Todas as suas ilhas
apresentam a população mais jovem e a menos idosa. São, portanto, regiões muito
natalistas o que, especialmente, na R.A. dos Açores se prende com um maior peso que as
tradições, a religião e um menor grau de informação ainda registam.
Este desequilíbrio etário origina consequências nefastas. No Interior, a par do
despovoamento, surge a desertificação. O abandono dos campos e das aldeias que se tem
notado desde os anos 60 do século XX, contribuem para os incêndios no verão.
Antigamente, com a agricultura de subsistência e a existência de animais como auxiliares
do trabalho dos agricultores, estes recolhiam o mato para fazer a “cama” dos animais nos
currais ou nas cortes. Posteriormente, retiravam este material que enterravam como
fertilizante. Com a acumulação, ano após ano, do mato, sem a limpeza das florestas, o
fogo é mais facilmente ateado e propagado destruindo a paisagem vegetal e
desperdiçando um valor económico fundamental para proprietários, regiões e o próprio
país. Em termos ambientais os danos são, também, enormes. É o coberto vegetal que
desaparece, é a erosão que se agrava, é a poluição dos rios e seus afluentes que aumenta
com os destroços arrastados pelas chuvas, é, ainda, o agravamento do efeito de estufa
com todas as implicações que envolve a diferentes escalas, da local à global.
- 13 -
Considerando, agora, a estrutura etária da população portuguesa de 2001 para 2011
vemos que houve uma redução de jovens e um aumento dos idosos.
Fig.7
De facto, analisando com pormenor a pirâmide etária verificámos que:
Os grupos quinquenais (cinco em cinco anos) dos 0 aos 4 anos até aos 30-34 anos,
nos homens, sofreram decréscimo entre 2001 e 2011.
As mulheres, os grupos quinquenais que sofreram redução foram os dos 0-4 anos
até aos 25-29 anos.
A partir dos 39 anos para os homens e os 30 anos para as mulheres, de 2001 para
2011, todos os grupos quinquenais registaram aumentos no número de efetivos de
cada classe etária.
A pirâmide mostra um estreitamento da sua base – quanto maior o estrangulamento
maior redução dos índices de natalidade e de fecundidade - e um alargamento do
topo – quanto mais alargado o topo maior índice de envelhecimento e maior a
esperança média de vida.
Várias classes etárias mostram anomalias que as tornam “ocas”, isto é, têm um
efetivo superior ao efetivo da classe anterior ou um efetivo inferior ao da classe
imediatamente seguinte. Alguns exemplos as classes dos 0-4 anos, 4-9 anos, nos
homens em 2011 ou dos 30-34 anos nas mulheres em 2011.
As classes etárias mais jovens apresentam mais homens do que mulheres. A partir
dos 55 anos as mulheres são cada vez mais numerosas do que os homens, sendo a
diferença maior quanto mais avançadas forem as idades.
O que acrescentar a esta leitura? Este tipo do gráfico é o mais adequado para
representar a estrutura etária de uma população pois divide a população por sexos e
- 14 -
por grupos de idades idênticos; dá-nos igualmente a possibilidade de deduzir se a
natalidade está a aumentar ou a diminuir assim como o que se passa com os mais
idosos; como, ainda, nos revela o que pode acontecer num futuro próximo. Esta
antevisão é fundamental para os governos para poderem antecipar necessidades, por
exemplo, em equipamentos coletivos. Escolas, centros de saúde, hospitais, devem ser
construídos de acordo com as perspetivas de crescimento, ou não, que a população
revela hoje.
Se a natalidade em Portugal fosse francamente superior à mortalidade, se o país
tivesse capacidade para renovar a sua geração, a pirâmide etária apresentaria uma
base ampla e um topo estreito. Mas, a nossa população está envelhecida e a antevisão
que se faz é de inversão da pirâmide com perda efetiva da população (fig.8).
Fig.8- Início, Dados Estatísticos, Pirâmides Etárias, INE
Quanto à estrutura etária da população empregada, de acordo com o gráfico da figura 9
(página seguinte) desde 1974 é notória uma evolução que se traduz numa redução do
peso no setor primário e um aumento muito significativo do setor terciário.
Em 1974, a população empregada dividia-se com poucas diferenças pelos três setores:
35% no primário, 34% no secundário e 31% no terciário.
Passados 37 anos, em 2011, só 10% dos empregados se encontravam no setor
primário, 27% no secundário e, a maioria, 63% no setor dos serviços.
Esta evolução é idêntica à que ocorre nos países ditos desenvolvidos. Quais as
diferenças?
Nomeadamente, no setor primário. Normalmente, a redução dos ativos na agricultura é
acompanhada por uma forte modernização da atividade agrícola o que é sinónimo de
mecanização. Ora, como já dissemos atrás, muitos dos campos agrícolas foram
abandonados por força do despovoamento. Não podemos ignorar que existam
máquinas agrícolas em Portugal mas, a sua expressão, é mais pontual do que
generalizada.
O setor industrial, o que menor diminuição denota, provavelmente reflete mais o
encerramento de empresas do que a sua automação. Nos países mais ricos e
- 15 -
tecnicamente mais desenvolvidos, há menos ativos no setor industrial à medida que a
introdução da automação substitui a mão de obra.
Se há menos ativos na agricultura e na indústria, logo o setor terciário tem que se
tornar o mais importante.
Mais comércio, mais transportes, mais escolas, mais centros de saúde, mais hospitais,
mais locais de lazer, mais informação, forças de segurança, etc., justificam o maior
número de empregos no setor dos serviços.
Fig.9 – População empregada por setores de atividade económica (indivíduos em milhares)
Fonte de Dados: INE – Inquérito ao Emprego
Fonte: PORDATA
Comparando a estrutura
etária da população
empregada e da
população ativa com a
população portuguesa a
partir dos 15 anos (idade
a partir da qual é legal
trabalhar)
necessariamente que o
maior número de ativos
situa-se nas classes
etárias dos 30 aos 54
anos. Dos 65 anos em
diante, pouquíssimos
surgem como ativos.
Fig. 10
- 16 -
Relativamente à especialização das atividades económicas por região, em 2011,
observamos, pelo mapa da figura 11, que metade das NUTS III (15 delas) tinham as
principais atividades na agricultura e pescas. R.A. Açores, região Oeste e regiões do
Interior estão neste caso. Lisboa e Porto evidenciam-se pelas atividades financeiras,
imobiliário e serviços às empresas.
Fig.11
O que já apreendemos sobre a densidade populacional, a localização dos lugares com
2 000 ou mais habitantes, a variação da população de 2001 para 2011, os municípios que
mais cresceram e os que mais perderam população, a especialização regional da atividade
económica, e muita mais informação poderíamos consultar, justificam os resultados que
mostra o mapa de fluxos da figura 12.
- 17 -
Fig. 12
As interações inter-regionais são mais numerosas na faixa litoral ocidental, à volta das
cidades de Lisboa e Porto, dentro das duas áreas metropolitanas e destas para as
cidades vizinhas mais importantes pelas suas atividades económicas.
Por exemplo, da cidade do Porto para as cidades de Braga, Guimarães, Vila Real,
Mirandela, Aveiro, S. João da Madeira, Vila da Feira e outras mais. Várias serão as
razões destas interações pendulares. Trabalho, estudo, oferta de serviços raros. Afinal,
trata-se da segunda cidade do país na hierarquia urbana e a “cidade-polo” de uma área
que engloba 17 municípios.
- 18 -
Mas, para além das movimentações internas, as migrações externas assumem um
lugar de enorme relevância na sociedade portuguesa.
Quando abordámos a posição geográfica de Portugal focamos o papel do mar na
História do país. Foi o mar que nos levou a dar a conhecer o mundo de hoje e foi o mar
que, desde a conquista de Ceuta, em 1415, serviu de meio de deslocação de milhares
de concidadãos que procuraram, noutras paragens, as soluções que não encontraram
no seu próprio território para satisfação das suas necessidades.
Leiamos alguma informação recolhida para o efeito.
EMIGRAÇÃO PORTUGUESA NO MUNDO
.
Portugal tem sido desde o século XV um país de emigrantes, facto que acabou por
condicionar toda a sua história. Nos séculos XV e XVI, a emigração dirigiu-se sobretudo
para as costas do norte de África (Marrocos), ilhas atlânticas (Açores, Madeira, São Tomé,
Cabo Verde, Canárias) e, depois da descoberta do caminho marítimo para a Índia (1498),
espalha-se pelo Oriente, mantendo-se muito ativa até finais do século XVIII.
Em meados do século XVI aumenta a emigração para o Brasil, o qual acaba por se tornar,
no século XVII, no principal destino dos portugueses, o que se manterá sem grandes
oscilações até finais dos anos 50 do século XX.
Em finais do século XIX os portugueses começam a procurar ativamente novos destinos
alternativos ao Brasil, quer na Europa, quer no outro lado do Atlântico. Ao longo do século
XX, fora da Europa, espalham-se pelos EUA, Argentina, Venezuela, Canadá, Austrália, etc.
O fluxo emigratório para África aumenta, em especial para Angola, Moçambique e outras
regiões da África Austral como a África do Sul, Zimbabwe ou o Congo.
A grande debandada do país ocorre, todavia, a partir de finais dos anos 50, e dirige-se
agora para a Europa: França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Suíça, etc. O
impacto deste surto emigratório será tão forte que abala toda a sociedade portuguesa. Em
menos de dez anos, imigram para a França, por exemplo, mais de um milhão portugueses.
A emigração portuguesa, apesar de todos os entraves continuou até aos nossos dias,
embora numa dimensão mais modesta, assumindo agora um carácter temporário, e cada
vez mais ligada a investimentos económicos, realização de estudos, atividades
profissionais, tradição, etc.
Carlos Fontes
http://imigrantes.no.sapo.pt/page6.html
Como afirma Carlos Fontes, o fenómeno emigratório é uma realidade que permanece há
centenas de anos na sociedade nacional.
O gráfico seguinte confere a antiguidade do fenómeno mas acrescenta outras leituras
possíveis.
- 19 -
Fig. 13 - A TRAGÉDIA DO EURO. Por François Asselineau.
https://aviagemdosargonautas.net
Retrata, por exemplo, a irregularidade do fenómeno. Pelo contrário, evoluiu a ritmos
diversificados traduzindo períodos conjunturais variados.
Alguns exemplos são o surto na última década do século XIX motivado pela abolição da
escravatura no Brasil e o apelo de mão de obra estrangeira que foi necessária para
substituir os antigos escravos; quebra entre 1914 e 1918 motivada pela Primeira Grande
Guerra; o enorme surto que marcou a década de sessenta do século XX, etc.
Nos anos mais recentes, e tal como já referimos atrás, os acontecimentos políticos e
económicos internacionais voltam a ditar o ritmo dos movimentos migratórios externos.
Fig. 14 – Evolução da emigração e da imigração em Portugal entre 2004 e 2013
Emigração portuguesa
- 20 -
Como facilmente concluímos, os últimos anos denunciam dificuldades para muitos
portugueses. Enquanto, nos anos difíceis da década de sessenta a larguíssima maioria
dos nossos emigrantes ostentavam uma escolaridade básica mínima, os emigrantes do
século XXI são mais qualificados e, necessariamente, representam uma perda maior para
o país. A sua formação custou um forte investimento ao erário público. As mais valias
acabam por beneficiar os países para onde se dirigem e se fixam.
Mais de um quinto da população portuguesa vive fora do seu país, segundo um
relatório apresentado pelo Observatório da Emigração.
O presidente do Observatório, Rui Pena Pires, qualifica de "extraordinária" a conclusão do
relatório, porque "são muito poucos" os países que têm tal proporção de cidadãos
emigrados.
O estudo realizado pelas Nações Unidas revela também que o número de emigrantes
portugueses com licenciatura académica praticamente duplicou num período de 10 anos,
de perto de 78 mil para pouco mais de 151 mil.
Quanto aos estrangeiros residentes em Portugal, o número não representa mais do que
"quatro por cento" da população total do país.
http://observatorioemigracao.pt
Portugal tem um dos saldos migratórios mais negativos da Europa
Em 2013, segundo dados do Eurostat, Portugal tinha um saldo migratório negativo
superior a 36 mil indivíduos. Em termos absolutos, só Polónia, Grécia e Espanha
apresentavam saldos mais negativos (...)
1. Em 10 anos, entre 2004 e 2013, Portugal, que apresentava um saldo migratório positivo
de quase 50 mil indivíduos, passou a ser um dos países europeus com saldo mais
negativo em termos absolutos (-36 mil indivíduos) ... Uma análise um pouco mais cuidada
desses dados permite ainda concluir que Portugal integra, no plano das migrações
internacionais na Europa, um grupo de países em que se incluem ainda Polónia, Roménia,
estados bálticos e, de forma menos nítida, a Grécia.
2. A principal caraterística deste grupo de países é a sua fraca atratibilidade migratória.
Atraem poucos imigrantes ... e estão na origem de fluxos de emigração de amplitude
média ou elevada, maioritariamente compostos por nacionais.
Extraído e adaptado a partir de http://observatorioemigracao.pt/np4/home.html2015-09-07
A leitura dos textos extraídos da página eletrónica do Observatório da Emigração, reiteram
a tendência para a continuidade do fenómeno migratório que tem, como principal motivo, a
falta de emprego no país. Aliás, se excetuarmos os casos de perseguição política,
religiosa, étnica, as migrações expressam a incapacidade dos países para criar emprego
para a sua população. Diz-se, então, que o país tem excesso de população. Claro que esta
conclusão é simplista e atende apenas a uma visão estatística. Os dramas humanos
associados, quer aos que emigram, quer aos que imigram ou, mesmo, aos que engrossam
o êxodo rural, têm que ser vistos individual e coletivamente e são mais difíceis de
catalogar. Dramáticas são, igualmente, as consequências sociais dos mais novos quando
não acompanham os seus pais e dos mais velhos que, demasiadas vezes, ficam
abandonados nas suas terras.
- 21 -
Continuemos a apreciar informação disponível online.
Fig.14 – Nesta figura do Observatório da Emigração vemos que, 3,2% da população
mundial, é constituído por emigrantes. Do total de emigrantes, 216 milhões de
indivíduos, 1% é de origem portuguesa. Para um país pequeno, convenhamos que é
bastante!
Fig. 15 – Entre 2011 e 2014, as duas formas de emigração aumentaram em número.
Percentualmente, a emigração temporária predominou de forma crescente:
56,4% em 2011, 57,2% em 2012, 58,01% em 2013 e 63,1% em 2014.
http://economiafinancas.com/2015/total-de-emigrantes-bateu-recorde-em-2014-134-624-pessoas/
- 22 -
Fig. 16 – Os valores das remessas dos emigrantes são uma boa fonte de rendimento dos
países e sustento dos sistemas financeiros.
Fig. 17 - https://www.dinheirovivo.pt/wp-content/uploads/2015/10/ng3480488.jpg
Nesta figura expõem-se algumas caraterísticas dos nossos emigrantes: 70% reside em
países europeus; 60% possui a escolaridade básica e 10% ostenta diploma do ensino
superior; 60% são operários e 40% encontram-se desempregados ou inativos.
Para ler : Quais as diferenças entre a nova e a antiga emigração portuguesa?
http://www.sol.pt/noticia/111740/quais-as-diferenças-entre-a-nova-e-a-antiga-emigração-portuguesa?

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  • 1. - 1 - 2. A população Ponto de partida: Anos 60 do século XX O programa da disciplina de Geografia A remete-nos para a década de 60 do século passado para iniciarmos o estudo da população portuguesa, o principal recurso humano de que o país dispõe. Estando nós no segundo milénio e já com meio século percorrido poder- nos-á parecer estranho. No entanto, é natural que assim seja face às mudanças que, a partir daí, se operaram no país. Comecemos por alguns dados estatísticos e comparemo-los. 1960 Indicadores demográficos censitários1 2011 8 865 000 População residente (Nº) 10 557 600 45,4 Índice de envelhecimento (idosos por cada 100 jovens) 125,8 2 009 319 População residente em lugares com 10 000 e mais habitantes 4 506 906 213 895 Nascimentos (Nº) 96 856 3,20 Índice sintético de fecundidade (número de filhos por mulher) 1,35 95 007 Óbitos (Nº) 102 848 118 888 Saldo natural (N-M) -5 992 -37 900 (1961) Saldo migratório (I-E) -24 300 77,5 Taxa de mortalidade infantil (‰) 3,1 29,16 População com menos de 15 anos (%) 14,88 62,87 População entre os 15 e os 64 anos (%) 66,09 7,97 População com 65 e mais anos (%) 19,03 43,9 Ativos no setor primário (%) 10,2 28,9 Ativos no setor secundário (%) 26,9 27,2 Ativos no setor terciário (%) 62,9 33,1 Taxa de analfabetismo (%) 5,2 1 Dados compilados da PORDATA, de Barreto, António, in “A Situação Social em Portugal, 1960-1995”, Instituto de Ciências Sociais e de Rocha, Edgar, in “Crescimento económico em Portugal nos anos 1960-73: alteração estrutural e ajustamento da oferta à procura de trabalho”, Análise Social, vol. XX (84)
  • 2. - 2 - O que sucedeu em 51 anos? O que era Portugal no início da segunda metade do século XX? Como evoluiu desde então? Quais as razões? Os dados selecionados permitem-nos traçar um retrato do país que éramos e do país que somos: Como era Portugal ... um país Como é Portugal ... um país Jovem 29,6% com menos de 15 anos e 45,4 idosos por cada 100 jovens Natalista 24,1 ‰ de taxa de natalidade Capaz de renovar a sua geração 3,2 filhos por mulher Com saldo natural positivo TCN = 13,4‰ Pouco desenvolvido e pobre 43,9 % de ativos no setor primário 33,1% ativos no setor terciário Pouco atrativo Taxa de saldo migratório de -4,27‰ Atrasado Taxa de analfabetismo de 33,1% Envelhecido 14,8 ‰ com menos de 15 anos 125,8 idosos por cada 100 jovens Pouco natalista 9,17 ‰ de taxa de natalidade Incapaz de renovar a sua geração 1,35 filhos por mulher Com saldo natural negativo TCN = - 0,56 ‰ Mais desenvolvido e menos pobre 10% de ativos no setor primário e 62,9 % de ativos no setor terciário Ainda pouco atrativo Taxa de saldo migratório de -2,3 ‰ Menos atrasado Taxa de analfabetismo de 5,2 %. Conclusões: o país mudou e a sociedade portuguesa evoluiu significativamente. De sociedade rural, tradicional, conservadora, passamos a uma sociedade urbana, mais concentrada no território (de 22.6% de população residente em lugares com 10 000 e mais habitantes, em 1960, passou para 42,6% em 2011), mais velha, mais terciarizada, com índices demográficos próprios de um país desenvolvido. Relembremos, sucintamente, a História recente para entendermos o que se passou. Nos anos 60, o país vivia segundo um regime autoritário, assente na trilogia “Deus, Pátria e Família”, e com uma forte componente católica. De cariz rural, com uma economia de subsistência, uma indústria pouco representativa e serviços pouco diversificados, a sociedade continental e a insular recorriam à emigração como forma de encontrar soluções para uma vida de penúria e bastante estática. O analfabetismo denunciava o reduzido número de acessos ao ensino e persistia um conhecimento em grande parte empírico, mormente, entre os grupos mais afastados das elites político-urbanas.
  • 3. - 3 - Com este quadro socioeconómico não admira que os portugueses aspirassem à mudança. Dois acontecimentos criaram as condições para que tal viesse a suceder: a Europa em reconstrução e a Guerra nas ex-colónias portuguesas em África. Depois da tragédia destruidora que resultou dos seis anos da Segunda Grande Guerra, a Europa, com a ajuda concedida pelos EUA através do Plano Marshall, precisava urgentemente de se reconstruir. Perante a falta de mão de obra com que se confrontava, apelou aos povos do Sul – portugueses, espanhóis, italianos, gregos - e do norte de África para se ocuparem dos trabalhos mais pesados e socialmente menos atrativos para as populações sobreviventes. Sem perspetivas de melhorias no seu país, os portugueses, habituados a emigrar desde a conquista de Ceuta (1415), responderem massivamente, muitos de forma legal, muitos mais de modo clandestino. Com a irrupção dos movimentos independentistas em África, muitos jovens portugueses procuraram, também, sair do país para fugirem ao serviço militar e não participarem nos conflitos armados. Passar a fronteira “a salto”, pela calada da noite e após pagar uma elevada quantia de dinheiro ao passador, foi a modalidade escolhida por muitos portugueses para contornar as dificuldades de uma saída legal que não lhes era permitida. Entretanto, e reflexo das reivindicações das ex-colónias, outras modificações começavam a desenhar-se, mormente, a nível da economia nacional e com consequências espaciais no país continental. Como forma de tentar calar vozes internacionais que manifestavam o seu desacordo com a recusa do governo português em conceder a independência às colónias, as autoridades permitiram a entrada de capitais estrangeiros. Atraídas pelos baixíssimos salários praticados e a subserviência de uma classe trabalhadora obrigada à obediência pelo regime político (por exemplo, o direito à greve não era permitido) várias multinacionais2 fixaram filiais, principalmente, nas duas principais cidades do país e nas respetivas áreas envolventes. Atraídos pelos salários mais elevados da indústria, muitos rurais deixaram as suas terras e migraram para o Litoral contribuindo decididamente para o fenómeno da litoralização e o despovoamento do interior do país. Como afirma António Barreto, a “desruralização” do país acelerou muito, seja por via da emigração..., seja através das migrações internas para o litoral.3 Longe das suas raízes, inseridos num ambiente mais diversificado que, aos poucos, denotava novos hábitos e novos costumes, os portugueses, particularmente, os mais jovens afastavam-se das mentalidades tradicionais e das imposições religiosas. O mesmo sucedeu, mais rapidamente, com os inúmeros emigrantes no contacto com as sociedades onde se inseriram. Em pouco tempo de permanência no estrangeiro, o emigrante que vinha passar férias identificava-se quer pela pronúncia mista da língua materna e a do país para onde foi trabalhar, quer pelo modo como exibia roupas e hábitos sociais. Poderiam ter 2 Exemplos de setores em que houve investimento estrangeiro no país: metalomecânica, montagem de veículos motorizados, energia, química pesada, eletrónica, telecomunicações. 3 in Barreto, António – “A Situação em Portugal, 1960-1995”, ICS, Universidade de Lisboa
  • 4. - 4 - tido meses duríssimos em que a poupança ditava lei. Mas, uma vez cá, mostrar poder de compra era um propósito generalizado. Foi, contudo, com a Revolução do 25 de abril de 1974 e com a implementação do regime democrático, que o surto de mudança se consolidou. Neste caso, interessa-nos, em especial, saber o que alterou no capítulo demográfico. Como vimos atrás, os portugueses adotaram comportamentos que os aproximam dos países ditos desenvolvidos. De dona de casa, maioritariamente, a mulher portuguesa passou a contribuir para o aumento da taxa de atividade feminina. Habituada a ser educada para servir a família, muitas vezes obrigada a abandonar a escola precocemente, a jovem portuguesa quis estudar e, hoje, coloca em primeiro lugar a valorização profissional deixando para segundo plano o casamento e a maternidade. Claro que, para tornar mais fácil esta opção, a medicina deu um contributo fundamental: a invenção da pílula anticoncecional, em 1960, o que provocou uma verdadeira revolução sexual. Liberta de gravidezes indesejadas, a mulher adquiriu o poder de decidir se quer ou não ser mãe, se quer ou não dedicar-se, em exclusivo, à sua vida profissional e progredir numa carreira que não aceita faltas ao trabalho em nome do apoio familiar. Quebra da natalidade, da fecundidade e incapacidade de renovação geracional são as consequências diretas da assunção dos novos costumes sociais e comportamentais a nível individual. Mas, outras razões, ajudaram e sustentam esta evolução. Enquanto os filhos eram considerados a mão de obra familiar que ajudava nos campos e garantia o apoio na velhice dos seus pais, os gastos com a sua educação eram escassos. Numa sociedade tradicional, fortemente hierarquizada, cada estrato social sabia aceitar o papel que lhe competia. As crianças poderiam não ir à escola mas tinham de ajudar nos trabalhos e, se tal fosse necessário, iniciar-se-iam muito cedo no mundo do trabalho. A escolaridade de quatro anos não era cumprida demasiadas vezes justificando o elevado analfabetismo. Com o tempo, as coisas mudaram. De quatro anos mínimos temos, agora, doze anos de escolaridade. Logo, as despesas com a sustentação dos filhos são cada vez maiores. Em vez de se encarar os gastos com os filhos como um investimento passou-se a encará-los como um custo!4 Até a tipologia das habitações parece apontar para a redução das famílias. T0, T1, T2 são dos apartamentos que mais proliferam. Alugar ou comprar um T3 significa despender uma verba avultada que muitas famílias têm dificuldade em suportar. Mas, a natalidade, o seu baixo valor, está a tornar-se um gravíssimo problema que está na origem de muitas chamadas de atenção para a necessidade imperiosa de inverter a situação. E porquê? Já afirmámos que a população é o recurso humano por excelência. Sem pessoas nada se consegue. São os jovens que, à partida, apresentam maior capacidade criativa indispensável para que uma economia cresça. São os trabalhadores que, com os impostos, contribuem para assegurar as despesas com pensionistas e reformados. Sem jovens um país definha e confronta-se com uma inversão da pirâmide etária. Sem trabalhadores não se cria riqueza. Aposta na sociedade do conhecimento e sustentabilidade da segurança social são expressões que povoam os discursos 4 Segundo um estudo da Universidade de Coimbra, coordenado pelo psicólogo Eduardo Sá e realizado em 2008, os pais portugueses de classe média gastam em média entre 236 e 678 euros por mês com cada filho (até aos 25 anos), em fraldas, médicos, comida, roupa, desporto, livros, propinas e mensalidades escolares.
  • 5. - 5 - politicamente corretos no mundo da globalização em que estamos mergulhados. Obviamente, que há, pelo menos, com efeito imediato, uma solução a que podemos recorrer, a imigração. Seria uma forma de rejuvenescermos rapidamente. Vejamos o que se está a passar atualmente com os refugiados que chegam em catadupa à Europa do sul. O medo do confronto com outra civilização, outra religião, o terrorismo, a capacidade reprodutiva que os carateriza tem levantado obstáculos, isto, apesar da Europa, no seu conjunto, precisar mesmo de abrir portas à entrada de imigrantes. Voltando a Portugal, os últimos 42 anos (de 25 de abril de 74 a 25 de abril de 2016), têm sido marcados por acontecimentos que, de forma conjuntural, influenciaram diretamente a demografia. Depois de uma década de sangria emigratória que provocou uma perda real de população (entre 1960 e 1970), o país conheceu um aumento populacional com o retorno de portugueses e africanos que fugiam dos conflitos gerados com as declarações de independência das ex-colónias e, também, com o regresso de emigrantes da Europa em consequência da crise petrolífera de 19735 . Contudo, rapidamente o país vai registar crescimentos baixos. A natalidade continuou a descer e, depois dos anos de euforia revolucionária, a falta de emprego obrigou, de novo, muitos portugueses saírem do país para encontrarem melhores condições de vida. A grande diferença residiu no tempo de duração da ausência. Muitos dos que emigraram fizeram-no temporariamente, isto é, por períodos que não ultrapassavam 12 meses. Nos anos noventa, todavia, Portugal cresceu demograficamente, não por causa dos saldos naturais mas, principalmente, à custa do incremento da imigração. Como foi possível que o tradicional país de emigrantes se tornasse numa atração para muitos estrangeiros? Podemos apontar dois factos explicativos. A assinatura da adesão do país à CEE em 1985 e o fim da União Soviética. Quando Portugal assinou, juntamente com Espanha, a adesão à então CEE – Comunidade Económica Europeia – e passou a ser membro de pleno direito a partir de 1 de janeiro de 1986, foi contemplado com um conjunto de verbas para aplica-las em investimentos diversos que, no seu conjunto, possibilitassem a atenuação dos atrasos que o país patenteava em comparação com os seus novos parceiros mais ricos e desenvolvidos. Falámos dos Fundos Estruturais e dos projetos por eles sustentados que levaram a uma abertura rápida do país rumo à Europa. Particularmente no capítulo da criação de infraestruturas de transporte e comunicação. Conhecido pelas suas estradas velhas e desajustadas a uma circulação que contribuísse para a acessibilidade a Espanha e à Europa do Norte e Central, o país desenhou o seu Plano Rodoviário Nacional e implementou-o proporcionando um aumento significativo de oferta de trabalho na área da construção de obras públicas. A própria construção civil prosperou neste período. Com as dificuldades em alugar casa a preço convidativo foi-se interiorizando nas pessoas o recurso ao crédito para aquisição de habitação própria. Mesmo os emigrantes investiam na 5 Em 1973, os países árabes que compunham a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram usar este recurso como arma de retaliação pelo apoio que os Estados Unidos a Israel durante a Guerra do Yom Kippur (confrontos armados entre egípcios e sírios que atacaram israelitas durante o feriado judaico do Yom Kippur). Com um aumento excecional do preço do petróleo, as economias mais industrializadas viram-se na contingência de encerrar fábricas e despedir trabalhadores, mormente, imigrantes..
  • 6. - 6 - compra de casas novas para as rentabilizar ou ocupá-las quando decidissem regressar ao país. Aumentou o número de escolas, de centros de saúde, de infraestruturas desportivas. O comércio foi estimulado, os transportes foram incentivados. Numa palavra, a economia do país cresceu e o emprego subiu. Poder-se ia pensar que, face a esta fase expansiva, não haveria necessidade de os portugueses continuarem a emigrar. Nada mais errado. Dados os valores salariais ainda baixos e a incapacidade de criar empregos para todos, os portugueses prosseguiram a sua veia migratória e agravaram o crescimento efetivo da população. Pelo contrário, nos anos noventa o país tornou-se atrativo. Aumentaram os salários? A economia prosperou ainda mais? Mais do que fatores internos, foram fatores externos que se evidenciaram e influenciaram, não só Portugal, mas o mundo. Focando o essencial, falamos da Queda do Muro de Berlim em 1989 e do fim da União Soviética. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial o mundo registou um confronto ideológico entre duas realidades políticas opostas. De um lado, a ideologia capitalista, identificada pela existência de propriedade privada e a livre iniciativa, onde existia liberdade de expressão e de acesso à informação, protagonizada pelos Estados Unidos da América e pelos países que aderiram ao chamado modelo ocidental. Do outro lado, a ideologia comunista onde o Estado se apropriava de todos os meios de produção e planificava de forma impositiva a vida de toda a sociedade. Por isso, a população não tinha acesso à liberdade de expressão e a informação que lhes era proporcionada era toda ela manipulada. Tal modelo fora imposto pela URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – que, nascida em 1917 com a Revolução de Outubro, se impôs à Europa Oriental após a segunda Grande Guerra. Aliás, a construção em 1961 do muro de Berlim, uma fronteira física que dividiu a capital da Alemanha, Berlim, entre Berlim ocidental e Berlim oriental, marcou o confronto entre os dois sistemas que perdurou por 28 anos. “O Muro de Berlim foi o símbolo por excelência da Guerra Fria, da bipolarização do mundo e da divisão da Alemanha”. Com o fim da União Soviética, as antigas Repúblicas Democráticas Populares da Europa Oriental (também conhecidas como países satélites da URSS) tornaram-se independentes, abandonaram o comunismo e colocaram a nu a enorme debilidade das suas economias. O modelo soviético rígido, centralizado, coletivista e sacrificador do bem-estar da sua população tinha como principal objetivo desenvolver a indústria bélica. Dar a entender que era uma potência rival dos EUA capaz de dominar a construção de mísseis e manter uma máquina de guerra operacional era o grande propósito do Império Soviético. Comparativamente aos países ocidentais, os países orientais viviam, aparentemente, uma economia de autossuficiência e, sem o apoio de Moscovo, sentiram-se incapazes de proporcionar trabalho à sua população. Donde os surtos de imigração que se registaram em direção aos países ocidentais. Apesar de Portugal ser um país com dificuldades, comparativamente a países como a Ucrânia, a Moldávia, a Roménia, a Jugoslávia, etc., era, por aqueles anos, um país em expansão económica capaz de oferecer trabalho e, especialmente, atividades que, tal como ainda hoje sucede, muitos portugueses rejeitam aceitar. Fora da Europa outros países em crise motivaram a procura de Portugal por imigrantes. Falamos dos países dos PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa – e do Brasil.
  • 7. - 7 - Com a entrada destes imigrantes, europeus de leste, africanos e sul americanos, os que constituem as maiores comunidades de estrangeiros entre nós, Portugal registou crescimentos reais da sua população. Entretanto, a crise financeira que tem vindo a afetar a economia mundial desde 2008 tornou o país, de novo, pouco atrativo. Com a falência do banco Lehman Brothers nos EUA e o rebentar da chamada “Bolha imobiliária”, de uma forma mais ou menos aprofundada, países europeus e americanos têm-se confrontado com dificuldades traduzidas em menores investimentos, falências e desemprego. Sem capacidade para reter os seus naturais, mesmo os mais qualificados – enfermeiros, engenheiros, mão de obra especializada ... – também, muitos dos estrangeiros cá residentes procuraram novos destinos capazes de lhes proporcionar o bem-estar que tanto anseiam. Vejamos, agora, o que nos mostra a leitura dos dados estatísticos. Fig.1 - Fonte de dados: PORDATA O gráfico da figura 1 “diz-nos” que: Entre o censo de 1960 e o de 2011 houve alterações demográficas significativas; Entre 1960 e 1970 registou-se um saldo total negativo por força do enorme surto emigratório apesar de nascerem muitos mais do que os que morreram: CR = SN+SM CR = 1 080 419+ (-1 306 559) CR = -226 140 indivíduos -1500000 -1000000 -500000 0 500000 1000000 1500000 1960-1970 1970-1981 1981-1991 1991-2001 2001-2011 Crescimentos reais, saldos naturais e saldos migratórios intercensitários saldo migratório saldo natural crescimento real
  • 8. - 8 - Entre 1970 e 1981 todos os saldos foram positivos pelo que aumentou, de facto, a população portuguesa. Embora o saldo natural já evidenciasse um franco recuo, o crescimento real beneficiou do contributo do saldo migratório positivo: CR = 778 767+390 995 CR = 1 169 762 indivíduos . Entre 1981 e 1991, o saldo total diminuiu muito por força de um saldo migratório francamente negativo. Entre 1991 e 2011, o crescimento real foi positivo graças ao contributo da imigração. Fig.2 – Fonte de dados: Estatísticas Demográficas 2014, INE No gráfico da figura 2, os dados, ano a ano, entre 2004 e 2014 revelam as mudanças demográficas mais recentes ocorridas após o último censo. Todos os saldos têm registado valores negativos. De 2011 a 2014, nasceram menos do que os que morreram, emigraram mais do que os estrangeiros que escolheram Portugal para cá residirem e, consequência direta, o país perdeu população em termos reais. -0,7 -0,6 -0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Valoresempercentagem Evolução da população portuguesa entre 2004 e 2014 TCN TCM TCE TCN TCM TCE Os dados do ano de 2013 mostram que este foi o ano mais prejudicado pela crise. 2014 revela alguma recuperação nos três indicadores.
  • 9. - 9 - Reflexo desta evolução, o país está cada vez mais velho: por cada 100 jovens existiam, em 2014, 141 idosos. A nível das NUTS II, o Centro e o Alentejo ultrapassavam já a média nacional (fig.3). As duas regiões autónomas, especialmente a R.A. Açores, são as mais jovens. Algarve, Norte e A.M. Lisboa aproximam-se rapidamente da média nacional. Fig.3 - INE Fig.4 -Taxa de variação da população residente, por município, 2001/2011 Os resultados do censo de 2011, no caso do mapa da figura 4, contribuem para reiterar as afirmações anteriores. De 2001 para 2011, 35,7% dos 308 municípios portugueses registaram uma variação positiva, isto é, tiveram aumentos populacionais em 10 anos. A maioria (64,3%) perdeu população. Olhando para o mapa, localizámos os maiores aumentos na área metropolitana de Lisboa e na faixa litoral do Algarve. O maior número de municípios ganhadores estão no litoral. Vemos aumentos , ainda, nos municípios sede de distrito no Interior, por exemplo, Bragança, Vila Real, Viseu, Castelo Branco, Évora, Beja. No restante Interior, de Norte a Sul, a repulsão traduz-se nas perdas populacionais.
  • 10. - 10 - Observemos, agora, informação extraída dos resultados definitivos dos Censos 2011 disponibilizados pelo INE (Instituto Nacional de Estatística). Fig. 5 – Fonte INE Os mapas da figura 5, de técnicas diferentes6 , complementam-se. Das 30 NUTS III7 existentes à época, hoje em número de 25, somente 26,6% - 8 NUTS III – apresentavam uma densidade populacional superior a 217 hab/km2. Coincidentemente, são as NUTS III onde se concentram o maior número de lugares com 2 000 ou mais habitantes. Nas 56,6% das NUTS III com densidades populacionais inferiores a 110 hab/km2 são escassos os lugares com 2 000 ou mais habitantes. Atualmente, o INE considera que um lugar com 2 000 habitantes é um lugar urbano. Portanto, face ao que o mapa evidencia, a larga maioria dos lugares urbanos reforçam a tónica da litoralização e, particularmente, a concentração em torno das duas áreas metropolitanas, Lisboa e Porto. 6 O mapa da densidade populacional está elaborado a partir de uma variável contínua – os valores da densidade populacional podem assumir um valor qualquer entre os limites mínimo e máximo conhecidos – e, por isso, recorreu-se à cor com graduação de tonalidades. Quanto mais elevado o valor mais quente é a cor, neste caso, o vermelho vivo. No mapa da população em lugares com 2 000 ou mais habitantes, adotou-se o tamanho representado, neste caso, pelos círculos de raio proporcional aos valores que representam. Esta técnica é usada com variáveis discretas expressas em valores inteiros. 7 Relembremos que, desde 1 de janeiro de 2015, entraram em vigor “As novas NUTS portuguesas (que) foram formalizadas no Regulamento (UE) nº 868/2014 da Comissão, de 8 de agosto de 2014”.
  • 11. - 11 - Estas tendências – o reforço da litoralização e o agravamento do despovoamento do Interior do país – que os mapas da figura 5 permitem adivinhar confirmam-se no quadro seguinte que indica os 10 municípios com mais população residente em 2001 e 2011 no Continente. Interessante é verificar que quer Lisboa quer o Porto foram os únicos municípios, nos dez primeiros, que perderam população de 2001 para 2011. Em contrapartida, os municípios das respetivas áreas metropolitanas aumentaram em número de habitantes. Braga é o único município que não integra nenhuma das duas áreas metropolitanas. Como exploraremos mais tarde, este fenómeno assenta em vários fatores, entre os quais, não são alheios os custos da renda locativa nos centros das cidades e a vulgarização dos meios de transporte, em particular, do automóvel privado. Em termos percentuais, em 2011, Mafra tinha quase duplicado a sua população. Os dez municípios que mais perderam habitantes localizam-se todos no Interior.
  • 12. - 12 - Obviamente, estas substanciais diferenças de crescimento populacional vão refletir-se na distribuição geográfica da estrutura etária da população. Fig.6 Nestes mapas da figura 6, a percentagem de jovens em relação aos idosos atinge igual número de NUTS III acima e abaixo de 13,8%, exatamente dez. Os mais jovens localizam- se todos no litoral (8 NUTS III no Continente) e nas Regiões Autónomas (2 NUTS III). Quando analisámos a percentagem de idosos, os seus valores são muito mais elevados em cada uma das classes consideradas e os valores mais elevados encontram-se 5 em NUTS III do Interior. Reparemos as duas Regiões Autónomas. Todas as suas ilhas apresentam a população mais jovem e a menos idosa. São, portanto, regiões muito natalistas o que, especialmente, na R.A. dos Açores se prende com um maior peso que as tradições, a religião e um menor grau de informação ainda registam. Este desequilíbrio etário origina consequências nefastas. No Interior, a par do despovoamento, surge a desertificação. O abandono dos campos e das aldeias que se tem notado desde os anos 60 do século XX, contribuem para os incêndios no verão. Antigamente, com a agricultura de subsistência e a existência de animais como auxiliares do trabalho dos agricultores, estes recolhiam o mato para fazer a “cama” dos animais nos currais ou nas cortes. Posteriormente, retiravam este material que enterravam como fertilizante. Com a acumulação, ano após ano, do mato, sem a limpeza das florestas, o fogo é mais facilmente ateado e propagado destruindo a paisagem vegetal e desperdiçando um valor económico fundamental para proprietários, regiões e o próprio país. Em termos ambientais os danos são, também, enormes. É o coberto vegetal que desaparece, é a erosão que se agrava, é a poluição dos rios e seus afluentes que aumenta com os destroços arrastados pelas chuvas, é, ainda, o agravamento do efeito de estufa com todas as implicações que envolve a diferentes escalas, da local à global.
  • 13. - 13 - Considerando, agora, a estrutura etária da população portuguesa de 2001 para 2011 vemos que houve uma redução de jovens e um aumento dos idosos. Fig.7 De facto, analisando com pormenor a pirâmide etária verificámos que: Os grupos quinquenais (cinco em cinco anos) dos 0 aos 4 anos até aos 30-34 anos, nos homens, sofreram decréscimo entre 2001 e 2011. As mulheres, os grupos quinquenais que sofreram redução foram os dos 0-4 anos até aos 25-29 anos. A partir dos 39 anos para os homens e os 30 anos para as mulheres, de 2001 para 2011, todos os grupos quinquenais registaram aumentos no número de efetivos de cada classe etária. A pirâmide mostra um estreitamento da sua base – quanto maior o estrangulamento maior redução dos índices de natalidade e de fecundidade - e um alargamento do topo – quanto mais alargado o topo maior índice de envelhecimento e maior a esperança média de vida. Várias classes etárias mostram anomalias que as tornam “ocas”, isto é, têm um efetivo superior ao efetivo da classe anterior ou um efetivo inferior ao da classe imediatamente seguinte. Alguns exemplos as classes dos 0-4 anos, 4-9 anos, nos homens em 2011 ou dos 30-34 anos nas mulheres em 2011. As classes etárias mais jovens apresentam mais homens do que mulheres. A partir dos 55 anos as mulheres são cada vez mais numerosas do que os homens, sendo a diferença maior quanto mais avançadas forem as idades. O que acrescentar a esta leitura? Este tipo do gráfico é o mais adequado para representar a estrutura etária de uma população pois divide a população por sexos e
  • 14. - 14 - por grupos de idades idênticos; dá-nos igualmente a possibilidade de deduzir se a natalidade está a aumentar ou a diminuir assim como o que se passa com os mais idosos; como, ainda, nos revela o que pode acontecer num futuro próximo. Esta antevisão é fundamental para os governos para poderem antecipar necessidades, por exemplo, em equipamentos coletivos. Escolas, centros de saúde, hospitais, devem ser construídos de acordo com as perspetivas de crescimento, ou não, que a população revela hoje. Se a natalidade em Portugal fosse francamente superior à mortalidade, se o país tivesse capacidade para renovar a sua geração, a pirâmide etária apresentaria uma base ampla e um topo estreito. Mas, a nossa população está envelhecida e a antevisão que se faz é de inversão da pirâmide com perda efetiva da população (fig.8). Fig.8- Início, Dados Estatísticos, Pirâmides Etárias, INE Quanto à estrutura etária da população empregada, de acordo com o gráfico da figura 9 (página seguinte) desde 1974 é notória uma evolução que se traduz numa redução do peso no setor primário e um aumento muito significativo do setor terciário. Em 1974, a população empregada dividia-se com poucas diferenças pelos três setores: 35% no primário, 34% no secundário e 31% no terciário. Passados 37 anos, em 2011, só 10% dos empregados se encontravam no setor primário, 27% no secundário e, a maioria, 63% no setor dos serviços. Esta evolução é idêntica à que ocorre nos países ditos desenvolvidos. Quais as diferenças? Nomeadamente, no setor primário. Normalmente, a redução dos ativos na agricultura é acompanhada por uma forte modernização da atividade agrícola o que é sinónimo de mecanização. Ora, como já dissemos atrás, muitos dos campos agrícolas foram abandonados por força do despovoamento. Não podemos ignorar que existam máquinas agrícolas em Portugal mas, a sua expressão, é mais pontual do que generalizada. O setor industrial, o que menor diminuição denota, provavelmente reflete mais o encerramento de empresas do que a sua automação. Nos países mais ricos e
  • 15. - 15 - tecnicamente mais desenvolvidos, há menos ativos no setor industrial à medida que a introdução da automação substitui a mão de obra. Se há menos ativos na agricultura e na indústria, logo o setor terciário tem que se tornar o mais importante. Mais comércio, mais transportes, mais escolas, mais centros de saúde, mais hospitais, mais locais de lazer, mais informação, forças de segurança, etc., justificam o maior número de empregos no setor dos serviços. Fig.9 – População empregada por setores de atividade económica (indivíduos em milhares) Fonte de Dados: INE – Inquérito ao Emprego Fonte: PORDATA Comparando a estrutura etária da população empregada e da população ativa com a população portuguesa a partir dos 15 anos (idade a partir da qual é legal trabalhar) necessariamente que o maior número de ativos situa-se nas classes etárias dos 30 aos 54 anos. Dos 65 anos em diante, pouquíssimos surgem como ativos. Fig. 10
  • 16. - 16 - Relativamente à especialização das atividades económicas por região, em 2011, observamos, pelo mapa da figura 11, que metade das NUTS III (15 delas) tinham as principais atividades na agricultura e pescas. R.A. Açores, região Oeste e regiões do Interior estão neste caso. Lisboa e Porto evidenciam-se pelas atividades financeiras, imobiliário e serviços às empresas. Fig.11 O que já apreendemos sobre a densidade populacional, a localização dos lugares com 2 000 ou mais habitantes, a variação da população de 2001 para 2011, os municípios que mais cresceram e os que mais perderam população, a especialização regional da atividade económica, e muita mais informação poderíamos consultar, justificam os resultados que mostra o mapa de fluxos da figura 12.
  • 17. - 17 - Fig. 12 As interações inter-regionais são mais numerosas na faixa litoral ocidental, à volta das cidades de Lisboa e Porto, dentro das duas áreas metropolitanas e destas para as cidades vizinhas mais importantes pelas suas atividades económicas. Por exemplo, da cidade do Porto para as cidades de Braga, Guimarães, Vila Real, Mirandela, Aveiro, S. João da Madeira, Vila da Feira e outras mais. Várias serão as razões destas interações pendulares. Trabalho, estudo, oferta de serviços raros. Afinal, trata-se da segunda cidade do país na hierarquia urbana e a “cidade-polo” de uma área que engloba 17 municípios.
  • 18. - 18 - Mas, para além das movimentações internas, as migrações externas assumem um lugar de enorme relevância na sociedade portuguesa. Quando abordámos a posição geográfica de Portugal focamos o papel do mar na História do país. Foi o mar que nos levou a dar a conhecer o mundo de hoje e foi o mar que, desde a conquista de Ceuta, em 1415, serviu de meio de deslocação de milhares de concidadãos que procuraram, noutras paragens, as soluções que não encontraram no seu próprio território para satisfação das suas necessidades. Leiamos alguma informação recolhida para o efeito. EMIGRAÇÃO PORTUGUESA NO MUNDO . Portugal tem sido desde o século XV um país de emigrantes, facto que acabou por condicionar toda a sua história. Nos séculos XV e XVI, a emigração dirigiu-se sobretudo para as costas do norte de África (Marrocos), ilhas atlânticas (Açores, Madeira, São Tomé, Cabo Verde, Canárias) e, depois da descoberta do caminho marítimo para a Índia (1498), espalha-se pelo Oriente, mantendo-se muito ativa até finais do século XVIII. Em meados do século XVI aumenta a emigração para o Brasil, o qual acaba por se tornar, no século XVII, no principal destino dos portugueses, o que se manterá sem grandes oscilações até finais dos anos 50 do século XX. Em finais do século XIX os portugueses começam a procurar ativamente novos destinos alternativos ao Brasil, quer na Europa, quer no outro lado do Atlântico. Ao longo do século XX, fora da Europa, espalham-se pelos EUA, Argentina, Venezuela, Canadá, Austrália, etc. O fluxo emigratório para África aumenta, em especial para Angola, Moçambique e outras regiões da África Austral como a África do Sul, Zimbabwe ou o Congo. A grande debandada do país ocorre, todavia, a partir de finais dos anos 50, e dirige-se agora para a Europa: França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Suíça, etc. O impacto deste surto emigratório será tão forte que abala toda a sociedade portuguesa. Em menos de dez anos, imigram para a França, por exemplo, mais de um milhão portugueses. A emigração portuguesa, apesar de todos os entraves continuou até aos nossos dias, embora numa dimensão mais modesta, assumindo agora um carácter temporário, e cada vez mais ligada a investimentos económicos, realização de estudos, atividades profissionais, tradição, etc. Carlos Fontes http://imigrantes.no.sapo.pt/page6.html Como afirma Carlos Fontes, o fenómeno emigratório é uma realidade que permanece há centenas de anos na sociedade nacional. O gráfico seguinte confere a antiguidade do fenómeno mas acrescenta outras leituras possíveis.
  • 19. - 19 - Fig. 13 - A TRAGÉDIA DO EURO. Por François Asselineau. https://aviagemdosargonautas.net Retrata, por exemplo, a irregularidade do fenómeno. Pelo contrário, evoluiu a ritmos diversificados traduzindo períodos conjunturais variados. Alguns exemplos são o surto na última década do século XIX motivado pela abolição da escravatura no Brasil e o apelo de mão de obra estrangeira que foi necessária para substituir os antigos escravos; quebra entre 1914 e 1918 motivada pela Primeira Grande Guerra; o enorme surto que marcou a década de sessenta do século XX, etc. Nos anos mais recentes, e tal como já referimos atrás, os acontecimentos políticos e económicos internacionais voltam a ditar o ritmo dos movimentos migratórios externos. Fig. 14 – Evolução da emigração e da imigração em Portugal entre 2004 e 2013 Emigração portuguesa
  • 20. - 20 - Como facilmente concluímos, os últimos anos denunciam dificuldades para muitos portugueses. Enquanto, nos anos difíceis da década de sessenta a larguíssima maioria dos nossos emigrantes ostentavam uma escolaridade básica mínima, os emigrantes do século XXI são mais qualificados e, necessariamente, representam uma perda maior para o país. A sua formação custou um forte investimento ao erário público. As mais valias acabam por beneficiar os países para onde se dirigem e se fixam. Mais de um quinto da população portuguesa vive fora do seu país, segundo um relatório apresentado pelo Observatório da Emigração. O presidente do Observatório, Rui Pena Pires, qualifica de "extraordinária" a conclusão do relatório, porque "são muito poucos" os países que têm tal proporção de cidadãos emigrados. O estudo realizado pelas Nações Unidas revela também que o número de emigrantes portugueses com licenciatura académica praticamente duplicou num período de 10 anos, de perto de 78 mil para pouco mais de 151 mil. Quanto aos estrangeiros residentes em Portugal, o número não representa mais do que "quatro por cento" da população total do país. http://observatorioemigracao.pt Portugal tem um dos saldos migratórios mais negativos da Europa Em 2013, segundo dados do Eurostat, Portugal tinha um saldo migratório negativo superior a 36 mil indivíduos. Em termos absolutos, só Polónia, Grécia e Espanha apresentavam saldos mais negativos (...) 1. Em 10 anos, entre 2004 e 2013, Portugal, que apresentava um saldo migratório positivo de quase 50 mil indivíduos, passou a ser um dos países europeus com saldo mais negativo em termos absolutos (-36 mil indivíduos) ... Uma análise um pouco mais cuidada desses dados permite ainda concluir que Portugal integra, no plano das migrações internacionais na Europa, um grupo de países em que se incluem ainda Polónia, Roménia, estados bálticos e, de forma menos nítida, a Grécia. 2. A principal caraterística deste grupo de países é a sua fraca atratibilidade migratória. Atraem poucos imigrantes ... e estão na origem de fluxos de emigração de amplitude média ou elevada, maioritariamente compostos por nacionais. Extraído e adaptado a partir de http://observatorioemigracao.pt/np4/home.html2015-09-07 A leitura dos textos extraídos da página eletrónica do Observatório da Emigração, reiteram a tendência para a continuidade do fenómeno migratório que tem, como principal motivo, a falta de emprego no país. Aliás, se excetuarmos os casos de perseguição política, religiosa, étnica, as migrações expressam a incapacidade dos países para criar emprego para a sua população. Diz-se, então, que o país tem excesso de população. Claro que esta conclusão é simplista e atende apenas a uma visão estatística. Os dramas humanos associados, quer aos que emigram, quer aos que imigram ou, mesmo, aos que engrossam o êxodo rural, têm que ser vistos individual e coletivamente e são mais difíceis de catalogar. Dramáticas são, igualmente, as consequências sociais dos mais novos quando não acompanham os seus pais e dos mais velhos que, demasiadas vezes, ficam abandonados nas suas terras.
  • 21. - 21 - Continuemos a apreciar informação disponível online. Fig.14 – Nesta figura do Observatório da Emigração vemos que, 3,2% da população mundial, é constituído por emigrantes. Do total de emigrantes, 216 milhões de indivíduos, 1% é de origem portuguesa. Para um país pequeno, convenhamos que é bastante! Fig. 15 – Entre 2011 e 2014, as duas formas de emigração aumentaram em número. Percentualmente, a emigração temporária predominou de forma crescente: 56,4% em 2011, 57,2% em 2012, 58,01% em 2013 e 63,1% em 2014. http://economiafinancas.com/2015/total-de-emigrantes-bateu-recorde-em-2014-134-624-pessoas/
  • 22. - 22 - Fig. 16 – Os valores das remessas dos emigrantes são uma boa fonte de rendimento dos países e sustento dos sistemas financeiros. Fig. 17 - https://www.dinheirovivo.pt/wp-content/uploads/2015/10/ng3480488.jpg Nesta figura expõem-se algumas caraterísticas dos nossos emigrantes: 70% reside em países europeus; 60% possui a escolaridade básica e 10% ostenta diploma do ensino superior; 60% são operários e 40% encontram-se desempregados ou inativos. Para ler : Quais as diferenças entre a nova e a antiga emigração portuguesa? http://www.sol.pt/noticia/111740/quais-as-diferenças-entre-a-nova-e-a-antiga-emigração-portuguesa?