A partir da consulta de uma nova publicação do INE (15 de janeiro de 2018), elaborou-se mais um conjunto de diapositivos com informações e dados estatísticos que, por certo, contribuirão para se perceber melhor a evolução demográfica do pais e, com algum pormenor, da Região Autónoma dos Açores.
2. M a i s u m r e t r a t o
e s t a t í s t i c o
s o b r e P o r t u g a l
e a s u a
p o p u l a ç ã o
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&
PUBLICACOESpub_boui=277195985&PUBLICACOESmodo=2pop
ulação
3. Em termos extremos, a A.M.Lisboa, fruto da sua “macrocefalia”, é a única região NUTS II com taxa de
crescimento efetivo e migratório positivo, apesar de, o saldo fisiológico, em 2016, ser praticamente nulo.
Quanto à composição etária, evidenciam-se as regiões Alentejo e Centro pelo peso dos mais de 65 anos
e destacam-se as duas Regiões Autónomas por serem as menos envelhecidas. Os Açores são a região
mais natalista quer pelos 16% entre os 0 – 14 anos, quer pelos 13% entre os 15 e os 24 anos.
Taxa de crescimento efetivo, natural e
migratório,
2016
Distribuição percentual da população
residente segundo o grupo etário, em
31/12/2016 por NUTS II
4. O índice sintético de fecundidade revela que nenhuma das sete NUTS II atinge o limiar mínimo de renovação de
gerações (2,1). Daí, não causar surpresa que, desde há 9 anos, o país esteja a perder população: cada vez
menos filhos, número crescente de idosos e menos imigração, a par de um surto de emigração que marcou os
anos ditos de “crise” (2011/2015). Significativo é o índice de envelhecimento no Alentejo: em 2016, praticamente,
existia o dobro de idosos por cada 100 jovens. Nos Açores, o que explicará o índice de 85,6 se o índice sintético
de fecundidade é baixo? Menor natalidade pode ter a ver com uma melhor política de planeamento junto a
mulheres mais esclarecidas. Mas, até há pouco, o peso da religião e uma escolaridade insuficiente
caraterizavam uma população bastante influenciada pelas tradições. Há, também, que juntar a influência dos
movimentos migratórios na variação da população das ilhas.
Índice sintético de fecundidade por NUTS II, 2016 Índice de envelhecimento por NUTS II, 2016
5. Apesar de ser considerada a região NUTS II mais natalista
e menos envelhecida, a R.A. dos Açores mostra tendências
demográficas semelhantes ao restante país, embora a
ritmo mais lento.
https://populacaodosacores.jimdo.com
6. ■ Enquanto região insular, os Açores registaram variações significativas na sua população
ao longo do Século XX, principalmente devido a fenómenos migratórios. Depois de um
aumento demográfico significativo registado entre 1920 e 1960, seguiu-se um
decréscimo significativo, que estabilizou a população em torno dos 240 mil habitantes.
■ Entre 1991 a 2001, a evolução demográfica se caraterizou pelo crescimento moderado
da população residente - relativamente jovem quando comparada com a registada nas
restantes regiões do país - aumentando cerca de 1,7%, passando de 237.795 habitantes
em 1991 para 241.763 habitantes em 2001. A estimativa da população residente em
2007 é de 244 mil habitantes. (INE/SREA)
■ A estrutura etária da população apresenta uma maior percentagem de indivíduos na
faixa etária dos 25 aos 49 anos. Isto conjugado com o reduzido número da taxa de
natalidade, se antevê o agravamento do envelhecimento da população, com as
respetivas consequências económicas e sociais. A presença de imigrantes ao longo da
década de 1990, especialmente desde do Sismo de 1998, vieram minorar o
decrescimento demográfico e contribuir para o aumento da população ativa, e por
consequência, para o crescimento económico regional.
Enciclopédia Açores XXI
http://acores.wikia.com/wiki/Demografia_dos_Açores
7. A leitura do gráfico A indicia acontecimentos
demográficos que, de um modo geral, sucederam por
todo o país. Por exemplo, a quebra de efetivos
populacionais por volta dos anos 20 do século XX
devido à gripe pneumónica que ocasionou uma
diminuição real da população portuguesa; ou, ainda,
os aumentos de habitantes, com exceção do grupo
etário dos 65 e mais anos, entre os anos 20 e os anos
60; ou, também, as descidas nos grupos etários,
menos, de novo, no dos 65 e mais anos, a partir de
meados da década de 60; e que dizer do aumento
significativo dos de idade entre os 25 e os 64 anos
depois de 1981? O que podemos acrescentar é que,
seguindo a cronologia, encontrámos as
consequências da incapacidade de combater uma
epidemia por inexistência de meios farmacêuticos, as
dificuldades de emigrar nos períodos de guerras (I e II
Grandes Guerras), o apelo à mão-de-obra barata, a
quebra de natalidade, quer pelo uso de meios
contracetivos, quer pela mudança de mentalidades, o
aumento da esperança média de vida e a
consequente tendência para o envelhecimento. O
gráfico B corrobora estes fatores: como se vê, o grupo
etário que menos cresceu, desde 1960, foi o dos 0-4
anos e, o que mais cresceu, foi o dos 65 e mais anos.
Gráfico A - Evolução do número de habitantes
por grupo etário, nos Açores, entre 1900 e 2011
Gráfico B - Crescimento etário comparado, nos
Açores, entre 1900 e 2011
8. Os dados mostram realidades locais diferenciadas entre os dois
últimos censos da população, os de 2001 e 2011.
O índice de envelhecimento é inferior a 100 nas ilhas de Stª Maria,
São Miguel, Terceira e Faial nos dois censos. Contudo, existe um
agravamento de 2001 para 2011. Caso paradigmático é o da ilha
de S. Jorge que sofre um agravamento notório na década
intercensitária.
De um modo geral, é onde se encontram as principais funções
administrativas e económicas, fatores de atração da população,
que se encontram taxas de natalidade mais elevadas e menor
envelhecimento. Ora, em São Miguel, localiza-se a capital regional
– Ponta Delgada – cidade sede do governo regional, principal
cidade económica-administrativa e sede da Universidade dos
Açores, uma das maiores fontes de dinamização do tecido social.
Aliás, como sucede no Continente, a presença de escolas de
ensino superior, é um contributo fundamental para o
desenvolvimento. No caso da UA, existem polos situados, ainda,
em Angra do Heroísmo (Ilha Terceira) e na Horta (Ilha do Faial).
Na ilha de Stª Maria, além do aeroporto de Santa Maria, existe o
Centro de Controlo Aéreo do Atlântico Norte responsável pela FIR
(Flight Information Region), uma das maiores e mais importantes
regiões de informação de voo do mundo. Esta vocação aeronáutica
da ilha foi reforçada pela instalação de uma estação de rastreio
móvel de satélites da responsabilidade da Agência Espacial
Europeia.
Índice de envelhecimento por ilhas
Taxa de natalidade por ilhas
9. A confirmação gráfica dos dados e a
comparação com as médias nacionais.
São Miguel, em 2011, era a única ilha
da R.A.A. com um índice de
envelhecimento (55,0) inferior à média
regional (75) - e, esta, era bastante
mais reduzida do que a média nacional
(+/-125). As ilhas mais envelhecidas
eram o Pico, Graciosa, S.Jorge e
Flores.
Em sentido sensivelmente contrário foi
o comportamento da natalidade: ilhas
menos envelhecidas taxas de
natalidade mais elevadas – São
Miguel, Stª Maria, Terceira e Faial;
ilhas mais envelhecidas taxas de
natalidade mais baixas – Corvo, Flores,
S. Jorge e Pico.
10. Retração demográfica e longevidade,
tendências que se enraízam no
presente e projetam no futuro próximo
http://visao.sapo.pt/actualidade/futuro/como-vai-ser-portugal-no-futuro=f812307
11. Mais mortes do que
nascimentos? 2017 terá batido
o recorde do século
“São dados provisórios ainda. Mas
indicam que, em 2017, houve mais 24
mil mortes do que nascimentos, o
maior saldo negativo desde 2000.
População está a encolher há nove
anos consecutivos”.
Alexandra Campos
Público, 22 janeiro 2018
12. Em 2009
§ Houve mais óbitos do que
nascimentos
§ O saldo natural foi cerca de -5 000 ind
Em 2017 (dados provisórios)
§ O saldo natural foi de cerca -24 000
ind.
Entre 2009 e 2016
§ Perderam-se quase 150 mil
habitantes
§ Reforça-se a tendência de declínio
demográfico
§ Constata-se um agravamento de ano
para ano
13. Solução possível: maior imigração e
regresso de emigrantes
Em 2016, em Bragança, havia
§ Mais 972 estrangeiros do que em
2008
§ No total, 2685 residentes estrangeiros
§ Cabo-verdianos estudantes e nalguns
casos, também, familiares
§ Búlgaros, na sua maioria, para
executar tarefas agrícolas
§ Espanhóis pela proximidade de
fronteiras naquele ponto geográfico
§ 30 novas nacionalidades
§ Equilíbrio entre homens e mulheres, o
que indicia uma intenção de estadia a
longo prazo. https://www.publico.pt/2017/12/26/sociedade/noticia/numero-de-estrangeiros-em-braganca-e-beja-foi-o-
que-mais-cresceu-entre-2008-e-2016-1796933
14. Em 2016, em Beja, havia
§ 7624 residentes estrangeiros, mais
2364 do que em 2008
§ Um maior número de estrangeiros
romenos, búlgaros e tailandeses
§ Um número significativo de
estrangeiros residentes atraídos pelo
desenvolvimento da agricultura
intensiva
§ Uma comunidade de nepaleses que
não existia em 2008
§ Uma comunidade brasileira com uma
redução de efetivos de 404
indivíduos (nalguns casos pode
acontecer terem adquirido a
nacionalidade portuguesa pelo que,
deixam de surgir nas estatísticas
como estrangeiros).
15. Segundo o relatório sobre as tendências da imigração,
produzido pelo Observatório das Migrações em 2017,
“nem todos os distritos de Portugal atraem da mesma
forma a população estrangeira”.
A maioria dos imigrantes ainda vai para os distritos do
litoral. No total, metade dos estrangeiros está concentrada
em dez municípios:
§ 6 no distrito de Lisboa ........ * 2 em Faro
§ 1 em Setúbal ........ * 1 no Porto.
Jorge Malheiros, geógrafo, defende que o
“aumento [do número de imigrantes] vai
continuar... Razões? “a economia está a
mexer”; “há uma imagem boa do país, uma
ideia de que é tranquilo e tem uma boa
qualidade de vida”; há também o efeito de
rede, i.e., a forma como as pessoas se
atraem umas às outras; há a presença de
refugiados
16. O país está a perder estrangeiros.
Em Bragança e Beja estão a
aumentar
Mais oportunidades de emprego e
acordos com instituições do ensino
superior nestes distritos terão
motivado o aumento de imigrantes
entre 2008 e 2016.
A tendência é contrária à evolução
do resto do país.
Em mais nenhum outro local o
crescimento da imigração foi tão
grande.
Rita Marques Costa
26 de Dezembro de 2017