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Portugal no novo quadro internacional


        Apesar de se tornar difícil, pela proximidade cronológica, avaliar,
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permitem esboçar linhas de força da evolução portuguesa.
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mulheres é, no tempo actual, vítima de agressões por parte do companheiro.
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uma aposta no sector terciário, destacando-se, nomeadamente, o sucesso das
telecomunicações, do turismo (que teve, desde os anos 80, um boom na região do
Algarve, por vezes à custa de atentados ao ambiente e da descaracterização
urbanística) e das grandes superfícies comerciais. Simultaneamente, estreitaram-se as
relações comerciais com os parceiros da União Europeia.
        De país de emigrantes, até aos anos 60, Portugal transformou-se num país de
imigrantes. A descolonização, nos anos 70, trouxe consigo a vaga de residentes nas
ex-colónias; nos anos 80, a imigração brasileira conheceu uma acentuada expansão e,
desde os anos 90, imigrantes da ex-União Soviética deslocam-se para Portugal
aproveitando a livre circulação prevista no Acordo de Schengen. A imigração oriunda
na República Popular da China tem, igualmente, registado um maior afluxo. Os
imigrantes fornecem a Portugal os contingentes populacionais que compensam (em
parte, apenas) o envelhecimento da população e transportam, consigo, o inevitável
dinamismo daqueles que se aventuram a sair do seu país de origem. Por seu turno, a
imigração coloca à governação e ao cidadão comum os desafios da legalização
desburocratização e do acolhimento económico e social.
Depois de 48 anos ininterruptos de ditadura, Portugal iniciou, com a
Revolução de 25 de Abril de 1974, um processo de democratização que não mais
posto em causa.
        Enquanto a década de 70 foi marcada por uma intensa militância e por
propostas muito divergentes para o futuro do país, no período após a integração
europeia a vida política caminhou para concentração dos votos, nos momentos
eleitorais, nos dois partidos que alternam no poder. À semelhança do que ocorreu nos
restantes países europeus, as propostas mais radicais foram tendo um papel cada vez
menos actuante. A estabilidade política teve o custo do desinvestimento dos cidadãos:
os níveis de abstenção cresceram e jovens, bem como a maioria da população,
desinteressaram-se da militância política.
        A integração europeia contribuiu para o fortalecimento de vínculos com as
restantes democracias europeias. O isolacionismo a que Portugal estava votado
durante a vigência do Estado Novo rompeu-se, e o país recebeu o estímulo do
contacto com modelos socioculturais e mentais novos. O reconhecimento do prestígio
de Portugal na União Europeia é evidenciado, nomeadamente, pelo convite para a
ocupação de cargos de relevo na estrutura da comunidade.
        Num processo de crescimento muito rápido, Portugal descurou, no entanto,
vários itens de aprofundamento do espírito democrático: continua a ter um dos índices
de corrupção mais elevados da União Europeia e o débil empenhamento nas questões
cívicas é sinal de falta de formação do espírito de cidadania.
       Alguns sectores económicos e sociais continuam a acusar um imobilismo
responsável pelo travão ao desenvolvimento: apesar dos progressos da alfabetização,
o abandono escolar continua a ser um fenómeno muito preponderante, em especial
nos meios rurais; o desafio da educação para todos tem sido um dos desafios
fundamentais do desenvolvimento português; a integração de uma franja de
carenciados coloca ao Estado e às instituições de auxílio responsabilidades acrescidas;
o desemprego constitui uma das principais preocupações da população portuguesa,
desde o trabalhador não-qualificado ao licenciado; a imigração crescente fornece
mão-de-obra, jovialidade e espírito de empreedimento ao país, mas coloca-lhe,
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Portugal no novo quadro internacional resumo

  • 1. Portugal no novo quadro internacional Apesar de se tornar difícil, pela proximidade cronológica, avaliar, historicamente, o período da última trintena de anos, existem alguns indicadores que permitem esboçar linhas de força da evolução portuguesa. O envelhecimento da população: com uma pirâmide etária na forma de “cogumelo” (o topo, constituído pela população mais idosa, apresenta uma alargamento quase equivalente à base), Portugal debate-se com problemas de vária ordem, por exemplo: a desertificação do interior, os encargos médicos e sociais com a terceira idade, o encerramento de escolas por falta de alunos e de maternidades por falta de partos. Em compensação, o país pode orgulhar-se de ter uma das mais baixas taxas de mortalidade infantil da Europa. O aumento geral dos salários, conciliado com a política de concessão de crédito às famílias, reflectiu-se num aburguesamento geral da população: é frequente, pelo menos nas regiões urbanas e litorais, que as famílias possuam casa própria, automóvel e despendam o seu rendimento, não só na alimentação, vestuário e contas correntes, mas também em telecomunicações, computadores pessoais e férias. Uma política de protecção à maternidade (que tem feito aumentar, nomeadamente, o período de licença de parto) e o contacto com os modelos europeus provocaram uma evolução rápida das mentalidades que transformou radicalmente, no espaço de uma geração, a relação entre homens e mulheres e o estatuto destas na vida social. Em Portugal, na maioria dos casos, ambos os elementos do casal trabalham e as mulheres acedem, em maior número do que os homens, ao ensino superior. No entanto, muito está ainda por fazer: por exemplo, uma em cada três mulheres é, no tempo actual, vítima de agressões por parte do companheiro. Tal como aconteceu nos países da União Europeia, Portugal enveredou por uma aposta no sector terciário, destacando-se, nomeadamente, o sucesso das telecomunicações, do turismo (que teve, desde os anos 80, um boom na região do Algarve, por vezes à custa de atentados ao ambiente e da descaracterização urbanística) e das grandes superfícies comerciais. Simultaneamente, estreitaram-se as relações comerciais com os parceiros da União Europeia. De país de emigrantes, até aos anos 60, Portugal transformou-se num país de imigrantes. A descolonização, nos anos 70, trouxe consigo a vaga de residentes nas ex-colónias; nos anos 80, a imigração brasileira conheceu uma acentuada expansão e, desde os anos 90, imigrantes da ex-União Soviética deslocam-se para Portugal aproveitando a livre circulação prevista no Acordo de Schengen. A imigração oriunda na República Popular da China tem, igualmente, registado um maior afluxo. Os imigrantes fornecem a Portugal os contingentes populacionais que compensam (em parte, apenas) o envelhecimento da população e transportam, consigo, o inevitável dinamismo daqueles que se aventuram a sair do seu país de origem. Por seu turno, a imigração coloca à governação e ao cidadão comum os desafios da legalização desburocratização e do acolhimento económico e social.
  • 2. Depois de 48 anos ininterruptos de ditadura, Portugal iniciou, com a Revolução de 25 de Abril de 1974, um processo de democratização que não mais posto em causa. Enquanto a década de 70 foi marcada por uma intensa militância e por propostas muito divergentes para o futuro do país, no período após a integração europeia a vida política caminhou para concentração dos votos, nos momentos eleitorais, nos dois partidos que alternam no poder. À semelhança do que ocorreu nos restantes países europeus, as propostas mais radicais foram tendo um papel cada vez menos actuante. A estabilidade política teve o custo do desinvestimento dos cidadãos: os níveis de abstenção cresceram e jovens, bem como a maioria da população, desinteressaram-se da militância política. A integração europeia contribuiu para o fortalecimento de vínculos com as restantes democracias europeias. O isolacionismo a que Portugal estava votado durante a vigência do Estado Novo rompeu-se, e o país recebeu o estímulo do contacto com modelos socioculturais e mentais novos. O reconhecimento do prestígio de Portugal na União Europeia é evidenciado, nomeadamente, pelo convite para a ocupação de cargos de relevo na estrutura da comunidade. Num processo de crescimento muito rápido, Portugal descurou, no entanto, vários itens de aprofundamento do espírito democrático: continua a ter um dos índices de corrupção mais elevados da União Europeia e o débil empenhamento nas questões cívicas é sinal de falta de formação do espírito de cidadania. Alguns sectores económicos e sociais continuam a acusar um imobilismo responsável pelo travão ao desenvolvimento: apesar dos progressos da alfabetização, o abandono escolar continua a ser um fenómeno muito preponderante, em especial nos meios rurais; o desafio da educação para todos tem sido um dos desafios fundamentais do desenvolvimento português; a integração de uma franja de carenciados coloca ao Estado e às instituições de auxílio responsabilidades acrescidas; o desemprego constitui uma das principais preocupações da população portuguesa, desde o trabalhador não-qualificado ao licenciado; a imigração crescente fornece mão-de-obra, jovialidade e espírito de empreedimento ao país, mas coloca-lhe, também, o desafio da integração na vida económica e social; os baixos investimentos na Investigação e Desenvolvimento são responsáveis pelo atraso científico- tecnológico português.