O documento discute conceitos de família, arranjos familiares e domicílio no Brasil. Aborda a evolução das taxas de fecundidade, o aumento da proporção de pessoas morando sozinhas e a diversificação dos arranjos familiares. Também apresenta ferramentas para avaliação sistêmica de famílias como o genograma, FIRO, PRACTICE e APGAR.
2. Eu sou nuvem passageira
Que com o vento se vai
Eu sou como um cristal bonito
Que se quebra quando cai
Não adianta escrever meu nome numa pedra
Pois esta pedra em pó vai se transformar
Você não vê que a vida corre contra o tempo
Sou um castelo de areia na beira do mar
A lua cheia convida para um longo beijo
Mas o relógio te cobra o dia de amanhã
Estou sozinho, perdido e louco, no meu leito
E a namorada analisada por sobre o divã
Eu sou nuvem passageira
Que com o vento se vai
Eu sou como um cristal bonito
Que se quebra quando cai
Por isso agora o que eu quero é dançar na chuva
Não quero nem saber de me fazer ou me matar
Eu vou deixar em dia a vida e a minha energia
Sou um castelo de areia na beira do mar.
Hermes Aquino, 1976
5. BUZZ GROUP: Como é a minha família?
• Sem sair do seu assento, comente com o colega ao lado: Como é minha
família? Quem é minha família?
6. O que é família?
https://www.youtube.com/watch?v=Bq1gEOlRD40
7. Conceito de família
• Segundo Minuchin (1985, 1988), a família é um complexo sistema de
organização, com crenças, valores e práticas desenvolvidas ligadas
diretamente às transformações da sociedade, em busca da melhor
adaptação possível para a sobrevivência de seus membros e da instituição
como um todo.
8. Conceito de família
• O sistema familiar muda à medida que a sociedade muda, e todos os seus
membros podem ser afetados por pressões interna e externa, fazendo que
ela se modifique com a finalidade de assegurar a continuidade e o
crescimento psicossocial de seus membros.
14. Como são as famílias no Brasil
0
20
40
60
80
100
120
1960 1970 1980 1991 2000 2010
Distribuição percentual das pessoas de dez anos e mais, segundo tipo de união
Civil e religioso Só civil Só religioso União consensual
15. Como são as famílias no Brasil
1997 2003 2007
Solteiro 95,02 90,31 88,23
Viúvo 1,64 1,77 1,78
Casado 5,86 7,84 9,91
Solteira 98,09 93,77 92,00
Viúva 1,01 1,15 1,27
Casada 3,39 5,01 6,65
Casamentos, segundo estado civil e sexo, Brasil – 1997-2007
19. Conceito - Domicílio
A ONU, levando em consideração o espaço do domicílio, considera que uma
família deve ter duas características essenciais:
• mínimo de dois membros;
• os membros da família devem estar relacionadas por meio de relações de
consanguinidade (parentesco), adoção ou casamento.
30. • O modelo biomédico tradicionalmente localiza a patologia dentro de uma
pessoa. O modelo de sistemas de família é interacional e vê̂ os problemas
manifestando-se entre as pessoas.
• Sintomas não possuem apenas causas; também pode-se dizer que eles
têm “funções”.
Eia, ASEN,, TOMSON, Dave, YOUNG, Venetia, TOMSON, Peter. 10 Minutos para a Família: Intervenções
Sistêmicas em Atenção Primária à Saúde. ArtMed, 01/2012. VitalBook file.
37. Mariana, de 14 anos, é filha de Marcos e Sandra, atualmente separados.
Mariana tem três irmãs, Flávia (32), Renata (31) e Paula (28), que são filhas do seu pai, Marcos, com Débora, de
quem já se separou há tempos.
Marcos, atualmente, mora com sua mãe viúva, Ester (80).
Mariana mora com sua mãe e Fernando, segundo marido de sua mãe, em uma união estável. Dessa relação,
nasceram Ricardo (7) e Cláudia (6). Fernando, por sua vez, do casamento com Kátia, tem os filhos Felipe (14) e
Fernanda (15). E então, Felipe e Fernanda são irmãos da Mariana?
41. FIRO
• As “Orientações Fundamentais
nas Relações Interpessoais” −
Fundamental Interpersonal
Relations Orientations (FIRO)
− procuram avaliar os
sentimentos de membros da
família na vivência das
relações do cotidiano.
Esta ferramenta deve ser
utilizada em quatro situações,
segundo, Ditterich (2009, p.
121):
43. Pratice
• O PRACTICE é outra ferramenta que pode auxiliar na atenção ao indivíduo
e sua família; deve ser utilizado em situações mais complexas para
resolver algum problema que a família apresenta e aplicado em reuniões
familiares, sendo que o profissional tem que ter a clareza de que só uma
entrevista familiar será insuficiente para se construir com a família
soluções para o problema apresentado
Trata-se de um instrumento que permite a avaliação do funcionamento
das famílias, facilita a coleta de informações e entendimento do problema,
seja ele de ordem clínica, comportamental ou relacional, assim como a
elaboração de avaliação e construção de intervenção com dados colhidos
junto à família, identificando:
45. Casos de família
O Sr. G, 30 anos, desenvolveu artrite reativa e não pode trabalhar. Sua
mulher teve de assumir a responsabilidade de sustentar a família, enquanto
ele tem dificuldades para cuidar dos filhos, um de 2 anos e um enteado de 8
anos. Eles não têm família morando próximo, embora a Sra. G tenha uma
grande rede de amigos. O menino de 8 anos teve que crescer e assumir
papéis como carregar o carvão e a madeira para dentro de casa. Ele também
ajuda com as compras, colocando as sacolas no carro. Os professores dizem
que ele é um tanto desordeiro, mas que o administram. O Sr. G sente-se
completamente devastado pela perda de seu papel e da sua rede de amigos
do trabalho. Juntos, ele e a esposa pensam em alternativas acerca disso. Ela
sabe que ele está com inveja das amizades dela desde que ele desenvolveu
artrite. O filho de 2 anos parece ter o papel de fazer todos sorrirem.
Eia, ASEN,, TOMSON, Dave, YOUNG, Venetia, TOMSON, Peter. 10 Minutos para a Família: Intervenções Sistêmicas em Atenção
Primária à Saúde. ArtMed, 01/2012. VitalBook file.
46. REFLEXÃO – faça um desenho rápido sobre o caso
Escolha uma pessoa e sua família e observe
como os papéis e funções são alocados.
• Quem antecipa ou vivencia pressões nos
papéis?
• Quem assume a responsabilidade por
questões de segurança, como medicação,
• obediência, irritabilidade ou violência?
• Qual é a estrutura de poder na família?
• Quem toma as decisões na família?
• É difícil para os homens assumirem o
papel de cuidador das mulheres?
• Como os membros da família concordam
sobre fazer as coisas de maneira
diferente?
• Qual é o papel do sistema de ajuda?
• Como isso ajuda ou bloqueia o sentido de
responsabilidade da família?
• Você pode usar esse conjunto de
perguntas como um recurso de memória
na sua mesa.
48. APGAR
Reflete a satisfação de cada membro da família, representado pela sigla
APGAR que significa: Adaptation (Adaptação), Partneship (Participação),
Growth (Crescimento), Affection (Afeição) e Resolve (Resolução).
A avaliação será feita por meio de questionário contendo cinco perguntas
referentes aos aspectos abordados, as quais serão pontuadas e analisadas
depois. Os diferentes índices de cada membro devem ser comparados para
se avaliar o estado funcional da família. A partir da aplicação do
questionário e da avaliação do contexto familiar, é possível desenhar um
plano terapêutico que poderá ser desenvolvido pelo próprio médico de
família, podendo exigir a participação de outros profissionais, como
enfermeiros, psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais ou de família.
49. Questionário A.P.G.A.R.
• 1. Estou satisfeito com a atenção que recebo da minha família quando algo está
me incomodando?
2. Estou satisfeito com a maneira com que minha família discute as questões de
interesse comum e compartilha comigo a resolução dos problemas?
3. Minha família aceita meus desejos de iniciar novas atividades ou de realizar
mudanças no meu estilo de vida?
4. Estou satisfeito com a maneira com que minha família expressa afeição e reage
em relação aos meus sentimentos de raiva, tristeza e amor?
5. Estou satisfeito com a maneira com que eu e minha família passamos o tempo
juntos?
• Para cada pergunta, pontuar da seguinte forma: quase sempre: 2 pontos; às
vezes: 1 ponto; raramente: zero. A forma de pontuação para a ferramenta APGAR
considera: 7 a 10 pontos: altamente funcional; 4 a 6 pontos: moderadamente
funcional; 0 a 3 pontos: severamente disfuncional.
51. Constelação familiar
Constelação Familiar é um método psicoterapêutico recente, com
abordagem sistêmica não empirista, ou subjetiva, desenvolvido pelo
psicoterapeuta alemão Bert Hellinger.
Consiste em um método no qual um cliente apresenta um tema de trabalho
e, em seguida, o terapeuta solicita informações factuais sobre a vida de
membros de sua família, como mortes precoces, suicídios, assassinatos,
doenças graves, casamentos anteriores, número de filhos ou irmãos.
52. Aplicações
• A abordagem apresenta uma vasta gama de aplicações práticas devido aos
seus efeitos esclarecedores no campo das relações humanas, como:
• melhoria das relações familiares.
• melhoria das relações interpessoais nas empresas.
• melhoria das relações no ambiente educacional.
Notas do Editor
Flor de Cerejeira sig
flor de Cerejeira significa a beleza feminina e simboliza o amor, a felicidade, a renovação e a esperança. É uma flor de origem asiática, conhecida como “sakura”, nifica a beleza feminina e simboliza o amor, a felicidade, a renovação e a esperança.
Eudemonismo é a doutrina que entende que a busca de uma vida feliz deve ser o objetivo do ser humano, tendo em vista que a felicidade fundamentaria a moral.
Ressalte-se que 40,9% dos divórcios registrados em 2010 foram de casamentos que duraram no máximo 10 anos. Em 2000, foram 33,3% dos divórcios para o mesmo período e, em 2005, 31,8%. A pesquisa observou também queda no percentual de divórcios cujo regime de bens do casamento foi o de comunhão universal, passando de 29,9%, em 2000, para 13,9%, em 2010
Se eu ajusto!
Isto quer dizer que a ONU trata a pessoa morando sozinha como um domicílio unipessoal e a considera como um arranjo “não-familia”. Também trata como “não-família” as pessoas que convivem em um domicílio multipessoal, mas que não possuem laços de parentesco, adoção ou casamento. Assim, são considerados domicílios resididos por “não-famílias”:
a) domicílios unipessoais;
b) domicílios multipessoais habitados por pessoas sem laço de parentesco, adoção ou casamento (por exemplo, uma república de estudantes).
Média de pessoas por domicílios e domicílios com 5 cômodos ou mais, Brasil, 1960- 2010
apesar de o número de horas dedicadas pelos homens nos casais DINC ser aparentemente pequeno, como a proporção dos que se dedicam é grande o resultado é que estes homens são responsáveis por cerca de 25% de todo o trabalho doméstico, muito superior à proporção dedicada pelos homens nos demais tipos de família, que não chega a 15% entre os casais sem a Dupla Renda. O artigo ainda mostra que quanto maior o número de filhos menor é o tempo dos cônjuges masculinos dedicado aos afazeres domésticos.
Sobre o problema sistêmico
Compare o genograma da figura com as informações sobre a família de Mariana, nossa pessoa índice.1. Marcos (1955 – 56 anos) foi casado com Débora (1958 – 53 anos), com quem teve as três filhas Flávia (1978 – 33 anos), Renata (1979 – 34 anos) e Paula (1982 – 29 anos), que vivem com a mãe.2. Marcos (1955 – 56 anos), após separação de Débora, casou-se com Sandra, com quem teve a filha Mariana (1997 – 14 anos), nossa pessoa-índice (PI), que queixa-se de crises reentrantes de asma (ASMA). Separou-se de Sandra, com quem tem relações conflituosas. O genograma mostra sua mãe Ester (1931 – 80 anos), com quem mora e tem relação próxima. Ester tem deficiência auditiva (DEFAUD) e Diabetes (DIA). Seu pai (1932 - 2009) faleceu com 77 anos.3. Sandra está casada com Fernando (1965 – 46 anos), com quem relação muito estreita e dois filhos pequenos: Ricardo (2004 – 7 anos) e Cláudia (2005 – 8 anos).4. Kátia é ex-mulher de Fernando, com quem teve os filhos Fernanda (1990 – 21 anos) e Felipe (1991 – 20 anos).Qual o conceito de família que você formaria a partir da família de Mariana?Voltemos à pergunta anterior: Mariana é irmã de Felipe e Fernanda? É mais fácil compreender as relações familiares no álbum de fotografias ou no genograma?
Hellinger descobriu alguns pontos esclarecedores sobre a dinâmica da sensação de “consciência leve” e “consciência pesada”, e propôs uma “consciência de clã” (por ele também chamada de “alma”-- no sentido de algo que dá movimento, que “anima”), que se norteia por “ordens” arcaicas simples, que ele denominou de “ordens do amor”, e demonstrou a forma como essa consciência nos enreda inconscientemente na repetição do destino de outros membros do grupo familiar. Essas ordens do amor referem-se a três princípios norteadores:
1 - a necessidade de pertencer ao grupo ou clã.
2 - a necessidade de equilíbrio entre o dar e o receber nos relacionamentos.
3 - a necessidade de hierarquia dentro do grupo ou clã.
As ordens do amor são forças dinâmicas e articuladas que atuam em nossas famílias ou relacionamentos íntimos. Percebemos a desordem dessas forças sob a forma de sofrimento e doença. Em contrapartida, percebemos seu fluxo harmonioso como uma sensação de estar bem no mundo.