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I Curso de Atualização “Primeiríssima Infância em foco:
Formação intersetorial e monitoramento das ações
EEUSP/FMCSV/SPPI
Práticas ampliadas em pré-natal, puerpério e
amamentação: centralidade da família
- Marcos Davi dos Santos – diretor executivo, formador de profissionais para o
desenvolvimento da primeira infância, médico, psicoterapeuta corporal neo-
reicheano – Instituto Primeiros Anos, São Paulo/SP, setembro/2016
www.facebook/institutoprimeirosanos.com
CONCEITO
Considerar com igual atenção e importância
aspectos relacionados à:
• vida psíquica da gestante, da puérpera e da
nutriz
• sua família
• seu ambiente social direto e indireto
Famílias
Marcos Davi dos Santos
‘A família é um grupo de pessoas, vinculadas
por laços consanguíneos, de aliança ou de
afinidade, onde os vínculos circunscrevem
obrigações recíprocas e mútuas, organizadas
em torno de relações de geração e de gênero’.
NOB/05
E COMO CONTRAPONTO...
É preciso não idealizar/romantizar a família – ela é lócus de proteção,
mas também de desigualdade e violência. Supervalorizar a família pode
oprimir/invisibilizar seus membros.
Priscilla Maia de Andrade/MDS
Três grandes períodos na evolução da família:
Fase 1. Família tradicional – para assegurar a transmissão de um patrimônio;
casamentos arranjados; uniões em idade precoce; uma ordem de mundo
imutável e submetida à autoridade patriarcal.
Fase 2. Família “moderna” – fundada no amor romântico; reciprocidade de
sentimentos e desejos carnais sancionada pelo casamento; divisão do trabalho
entre os esposos; educação dos filhos sob responsabilidade da nação;
atribuição de autoridade entre o Estado e os pais de um lado, e entre os pais e
as mães por outro.
Fase 3. Família “pós-moderna” ou contemporânea - união de duração
relativa de indivíduos que buscam relações íntimas ou realização sexual;
horizontal e “em redes”; transmissão de autoridade cada vez mais
problemática na medida em que aumentam os divórcios, separações e
recomposições conjugais.
Elisabeth Roudinesco – pág. 19
• Aumentou o número de pessoas idosas na família porque
as pessoas estão vivendo mais
• Diminuiu o número de famílias compostas de pai, mãe e
filhos (família nuclear conjugal)
• Aumentou o número de famílias compostas de mães
morando sozinhas com seus filhos e também começam a
aparecer famílias de pais morando sozinhos com seus filhos
(famílias monoparentais)
Caracterização da família pós-moderna
• Aumentou o número de pessoas morando sozinhas e de
famílias reconstituídas (filhos de casamentos anteriores
morando juntos)
• Aumentou a preferência por uniões consensuais em
detrimento dos matrimônios legais
• Persistem as famílias extensas ou ampliadas, isto é, famílias às
quais se agregam parentes ou amigos
Caracterização da família pós-moderna
• Começam a surgir famílias de casais sem filhos por opção
• Começam a surgir famílias compostas de amigos, cujas
relações de parentesco são baseadas na afinidade (família por
associação)
• Aumentam as famílias de casais homossexuais (no Brasil, a
união homoafetiva foi oficializada em 05.05.2011)
Caracterização da família pós-moderna
Função materna
• acolhimento, aconchego,
satisfação das necessidades
básicas da criança, que
inicialmente estão muito ligadas
ao corpo
• gradativamente serve como
decodificadora de necessidades
mais complexas (sentimentos,
angústias, novas experiências e
aprendizados)
• Imagem simbólica – útero ou
seio materno [a criança é
falada]
Função paterna
• regras de convivência social
(“leis”)
• limites e responsabilidades
• inicialmente dentro da família,
levando para fora
• estímulo para o crescimento,
independência, autonomia e
aquisição de conhecimentos
• Desenvolvimento da função
simbólica, da linguagem
[a criança fala]
RESILIÊNCIA
E
VULNERABILIDADE FAMILIAR
Quando aplicada à Psicologia:
• resiliência significa resistência a experiências negativas;
• não é uma capacidade inata; ela depende da interação com
o ambiente (estimulação e vínculos);
• não pressupõe características excepcionais de saúde nem
experiências de vida predominantemente boas;
• depende de uma exposição controlada ao estresse e às
adversidades psicossociais.
O conceito de resiliência ajuda-nos a compreender
as diferenças de adaptação de famílias em situações
semelhantes de vulnerabilidade social.
FAMÍLIAS FORTALECIDAS
FAMÍLIAS VULNERÁVEIS
Trabalho com famílias/Algumas recomendações
• Refletir e problematizar sempre as nossas próprias
experiências com nossas famílias (família atual e família
de origem), identificando valores, crenças e mitos;
• Evitar julgamentos baseados em qualquer tipo de
preconceito;
• Observar como os membros da família se comunicam,
suas mensagens verbais e não verbais; procurar ajudá-los
sintetizando e ‘traduzindo’ verbalmente esses conteúdos;
Trabalho com famílias/Algumas recomendações
•Evitar reagir com base nos sentimentos que determinadas
pessoas e famílias mobilizam em nós, sejam eles ‘positivos’
ou ‘negativos’. Nestas situações, melhor será adiar uma
resposta ou conduta e buscar ajuda na equipe ou
supervisão especializada;
• Acolher a culpa, o desamparo, a raiva e outros tantos
sentimentos ‘fortes’ ou ‘negativos’ que a família expressa,
possibilitando assim que sejam mais conscientizados e
aceitos;
Trabalho com famílias/Algumas recomendações
• Reconhecer e valorizar os saberes e recursos da família;
• Olhar a família desde uma perspectiva estrutural
(questões de classe social, gênero, geração, e outras),
funcional (divisão de funções e papéis na família) e
relacional (como os membros se vinculam, sentimentos
predominantes, principais expectativas e temores, etc.);
Trabalho com famílias/Algumas recomendações
• Construir junto com a família alternativas de mudança.
• Promover sempre o diálogo, a troca de informações e a
reflexão crítica;
• Identificar e buscar ampliar a rede social da família;
Referências
• Gueiros D. Família e trabalho social: intervenções no âmbito do
Serviço Social. Rev. Katál. Florianópolis v. 13 n. 1 p. 126-132
jan./jun. 2010.
• Hintz HC. Novos tempos, novas famílias? Da modernidade à pós-
modernidade. Revista Pensando Famílias, 3, 2001; (8-19).
• Maia de Andrade P. Diretrizes para o Acompanhamento Familiar
no âmbito do PAIF. Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Departamento de Proteção Social Básica. Disponível em
25.03.2014 em
http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/condicionalidades/arq
uivos/Apresentacao%20Seminario%20Acompanhamento%2
0Familiar_Priscilla.pdf
Referências
• Roudinesco E. A família em desordem. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor; 2003.
• Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social da
Prefeitura de Belo Horizonte. Metodologia de trabalho com
famílias e comunidades nos Núcleos de Apoio à Família – NAF.
Metodologia de trabalho com famílias e grupos no Eixo Orientação
SOSF/PBH. 2007.
• Winnicott D. El niño en el grupo familiar. Congreso de la
Asociación de Jardines de Infantes; New College, Oxford,
1966.
Aspectos Ampliados do Pré-natal
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
Eixos das práticas ampliadas de pré-natal
 Ampliação através da inclusão dos aspectos
emocionais e sociais;
 Visita domiciliária como instrumento potente
 Foco nos adolescentes grávidos
 Utilização do genograma e/ou ecomapa
• Captação precoce de gestantes na
comunidade
• Garantia de atendimento a todas as
gestantes que procuram os serviços de
saúde
• Garantia de realização dos exames
complementares necessários
Pré-natal básico: Saúde
Realização de atividades educativas,
preferencialmente em grupo
Trabalhar os aspectos físicos, emocionais e sociais
da gestante e seu ambiente potencializa o
desenvolvimento infantil em suas múltiplas
dimensões: motora, intelectual, de linguagem,
social e emocional
Impacto da ampliação da Clínica do Pré-Natal
É possível falar em um “pré-natal intersetorial”
em Educação, Saúde e Assistência Social?
Para ampliar o trabalho ampliados com as
famílias grávidas...
• Desenvolver a escuta qualificada.
• Aprofundar o vínculo.
• Reconhecer e valorizar o ‘patrimônio’ e a cultura
de cada família e comunidade.
• Buscar alternativas e estratégias para apoio,
orientação e acompanhamento da gestante.
• Considerar seu contexto familiar, social e
emocional.
• Oferecer espaço de escuta onde a mulher possa
falar sobre seus sentimentos frente a realidade de
uma nova gestação.
• Oferecer espaço de reflexão sobre o papel da mulher
na família, a interferência hormonal como fator de
interferência no estado emocional da gestante.
• Acreditar e valorizar os grupos educativos como
estratégia transformadora, apoiadora e preparadora da
gestante e família na aceitação e melhor recebimento
do novo ser.
• Organizar os encontros educativos com critérios que
facilitem a adesão da gestante, do companheiro ou
apoiador.
• Utilizar metodologia participativa, procurando sempre
valorizar e incentivar a participação de todos.
• Usar vocabulário de fácil compreensão.
• Criar um ambiente acolhedor, organizando
preferencialmente a sala em circulo.
• Buscar elementos afetivos para permear todos os
encontros, como: musicas, poemas, dinâmicas,
contos etc.
• Trabalhar em todos os encontros o vínculo mãe
bebê, como fator fundamental para o
desenvolvimento mental, emocional e biológica
da criança.
• Explorar profundamente o tema amamentação.
• Sensibilizar os profissionais da Unidade em relação à
importância da captação das gestantes para o grupo.
• As contribuições da neurociência sobre
desenvolvimento inicial do cérebro (Rima Shore) são
aliadas importantes na conquista de parceiros no
trabalho com gestantes, famílias e comunidades.
Aspectos Ampliados do Puerpério
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
Puerpério: período que se inicia após o parto e a
dequitação da placenta.
Características: involução dos órgãos pélvicos e
recuperação das alterações induzidas pela gestação
Estágios:
Imediato - que vai do 1º ao 10º dia após o
nascimento do bebê;
Tardio - que se estende do 10º ao 45º dia;
Remoto – após o 45º dia.
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
Como serão os primeiros dias em casa depois do parto?
Para a mãe
Para ao pai
Para os outros membros da família
Cerca de 10% das puérperas desenvolvem depressão
pós-parto, impactando negativamente o
Desenvolvimento Infantil
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
 Tristeza puerperal: ocorre em 08 de cada 10 mulheres
 Depressão puerperal: ocorre em 01 de cada 10 mulheres
(02 em cada 10 quando se trata de adolescentes
puérperas)
 Psicose puerperal: 01 em cada 2000 puérperas
 Infanticídio: 01 em cada 125.000 puérperas
Alterações psíquicas no puerpério
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
 Podem aparecer ‘sintomas psiquiátricos’ que
requerem ajuda médica;
 Manifesta-se logo depois do parto e antes do
retorno das menstruações;
 É multicausal;
Depressão puerperal
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
Depressão puerperal
Algo mais profundo e ligado à totalidade da pessoa
está acontecendo...
Sinais importantes de ansiedade, insônia, agitação e
irritabilidade podem ser claramente percebidos.
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
Os seguintes sintomas significam agravamento do quadro:
 estado de confusão, rejeição do bebê, desilusão frente o
momento que vive;
 falta de conexão adequada com a realidade ou
pensamentos suicidas.
Observar especialmente: o sono, o apetite, a perda da
auto-confiança, o pranto e a ansiedade da puérpera.
Depressão puerperal
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
• Manifesta-se nos primeiros 15 dias após o parto,
ou logo depois do parto;
• É uma emergência;
• Hospitalização recomendada;
• Risco elevado de suicídio ou infanticídio.
Psicose puerperal
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
Fatores de risco para depressão ou psicose:
- antecedente de síndrome depressiva ou psicose anterior;
- medicação psicotrópica;
- dificuldades marcantes no parto ou puerpério;
- gestação não planejada;
- separação do casal durante a gestação;
- tensão importante no relacionamento do casal;
- morte recente na família ou de amigo próximo;
- morte dos pais na infância ou adolescência;
- mudanças recentes significativas de estilo de vida ou trabalho.
Primeiro e mais evidente sintoma de psicose puerperal:
descuido total com o bebê.
Psicose puerperal
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
Algumas recomendações importantes na atenção à
puérpera:
1. respeitar seus momentos de descanso
2. garantir a intimidade necessária à amamentação
3. evitar dar conselhos e regras prontas
4. valorizar a experimentação e estratégias de ensaio
e erro, pois cada mãe e cada bebê são únicos!
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
- Um bom pai é uma boa “mãe” ao
exercer a função materna no primeiro
ano de vida (necessidades do corpo)
- (Vídeo)
Participação do pai:
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
Fonte:
‘Claroscuros del embarazo, el parto y el puerperio’
Mario Sebastini e Mercedes Raffo Magnasco de
Testa.
Ed. Paidós: Buenos Aires, 2004.
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
Visita Domiciliária no Puerpério
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
A visita domiciliaria deve ocorrer após a
chegada da puérpera em sua casa, no
máximo até o 10º dia após o parto.
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
1. São Paulo. Secretaria Municipal da Saúde. Atenção à saúde da mulher:
protocolo de enfermagem. São Paulo, 2004. Disponível em
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/enfe
rmagem/Atencao_saude_mulher2.pdf
2. São Paulo. Secretaria de Estado da Saúde. Atenção à gestante e à puérpera no
SUS-SP. São Paulo, 2010. Disponível em
http://www.saude.sp.gov.br/ses/perfil/cidadao/areas-tecnicas-da-sessp/saude-
da-mulher/atencao-a-gestante-e-a-puerpera-no-sus-sp/
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde da Mulher. Área
Técnica de Saúde da Mulher. Parto, aborto e puerpério. Brasília, 2001.
Referências
Aspectos emocionais
da amamentação e do desmame
Amamentar é muito mais do que nutrir a
criança. É um processo que envolve
interação profunda entre mãe e filho, com
repercussões no estado nutricional da
criança, em sua habilidade de se defender
de infecções, em sua fisiologia e no seu
desenvolvimento cognitivo e emocional,
além de ter implicações na saúde física e
psíquica da mãe.
Caderno de Atenção Básica nº 23 – pág. 11
‘Essa união pareceria ser instintiva, natural e sem
aprendizagem alguma. A realidade mostra que é uma mescla
de ambas as coisas e que esforços para hierarquizar uma e
outra visão irremediavelmente conduzem ao fracasso. O que
se sabe com certa precisão é que há fatores externos que
podem afetar esta união, como a falta de experiência ou de
modelos, situações familiares complexas, como uma
separação de casal durante a gestação ou logo após o parto,
problemas econômicos ou simplesmente insegurança frente
às novas experiências.’
(Sebastini e Magnasco de Testa, 2004:184)
Bonding = união mãe-filho
A psicologia da amamentação é
extremamente complexa.
O bebê: tem que unir dois tipos de relação que ele tem com a
mãe: uma instintiva e outra vincular, pois, além de alimentá-lo,
a mãe garante sua segurança, bem estar e proteção.
A mãe: sente um forte vínculo com seu bebê desde os primeiros
dias e o bebê manifesta reconhecimento em poucas semanas
por meio de um sorriso.
Conquistas como estas estão baseadas em boas
experiências de cuidado materno.
(vídeo)
Preocupação materna primária - um estado
mental da mãe que consegue se colocar no lugar
do bebê, segurá-lo bem, oferecer-lhe segurança e
conforto reduzindo ao máximo suas agonias
iniciais em um mundo totalmente desconhecido
(Winnicott, 1988)
A mãe que, por alguma razão, não pode dar o
peito ao seu bebê é capaz de dar conta do
estabelecimento dessa relação humana precoce
de alguma forma, e utilizar a mamadeira para
proporcionar-lhe gratificação instintiva.
A mãe que pode dar o peito ao bebê encontra
uma experiência muito mais rica para si mesma,
e essencial para o bebê.
Um bebê pode experimentar alívio ao ser
desmamado de uma mãe ansiosa ou deprimida...
Quando é necessário usar a mamadeira, e o
profissional de saúde considera que tomou uma
boa decisão, em geral ele encerra a questão...
Mas, quem deseja cuidar do desenvolvimento
integral do bebê, ao contrário, deve pensar em
termos de pobreza e riqueza de experiências,
desenvolvimento de resiliência, fortalecimento da
personalidade...
Conceito de ‘mãe suficientemente boa’
Função de sustentação (holding) - a forma como a
mãe toma o bebê em seus braços está relacionada
com sua capacidade de identificar-se com ele.
Fator básico de cuidado.
Qualquer deficiência neste sentido provoca intensa
angustia na criança (sensação de cair sem parar;
sensação de desintegrar-se; sentimento de que o
mundo não é um lugar seguro, etc.).
Função de manipulação (handling) - através dos
cuidados corporais a mãe dá contorno físico ao
bebê, possibilita que o ‘real’ seja percebido como
o contrário do ‘irreal’.
Manipulação deficiente prejudica:
o desenvolvimento do tônus muscular e da
coordenação a capacidade para desfrutar do seu
funcionamento corporal a experiência de SER
Conceito de ‘mãe suficientemente boa’
Função de apresentação dos objetos (realização) -
a mãe começa a se mostrar substituível e favorece o
encontro com e a criação de novos objetos
(impulso criativo da criança).
Início das relações interpessoais.
Falhas neste sentido bloqueiam o desenvolvimento
da capacidade da criança para se sentir real ao
relacionar-se com o mundo dos objetos e dos
fenômenos.
Conceito de ‘mãe suficientemente boa’
O desmame
Duas situações diferentes:
• aleitamento materno
• aleitamento artificial
O pai também é importante!
Sentimentos de regressão: aparecem aspectos
regressivos de sua personalidade desde o período
de gravidez das mulheres (recosta-se sobre a
barriga da mulher e deseja ser tratado como
criança); busca reencontrar seus pais e outros
homens significativos em sua vida; identificam-se
com as necessidades de seus futuros filhos – dar e
receber afeto, não ser abandonado, contar com um
bom modelo, etc.
O pai também é importante!
Sentimentos de abandono: sente-se abandonado
ao perceber a mulher distante e imersa em um
turbilhão de emoções, evitando contacto físico e
sexual com ele. E seus amigos não estão
preparados para escutar essas sensações que nem
ele mesmo consegue definir com precisão...
O pai também é importante!
Participação nas consultas: importante e bastante
incentivada pelos profissionais de saúde.
Entretanto, poucas perguntas lhe são feitas; o
exame clínico da gestante é feito em um quarto à
parte ou atrás de um biombo, o que provoca sua
exclusão uma vez mais...
Será que é meu?
Piadas e chistes expressam uma fantasia masculina
reprimida comum em relação à paternidade dos
filhos (será que ele vai se parecer comigo?).
O pai também é importante!
Medo de perder a mulher e o filho: geralmente
guarda uma relação com histórias familiares,
experiências de conhecidos ou amigos, aparece em
sonhos e pesadelos. A maioria dos homens evita
falar sobre isso e vivencia sozinho esse seu medo,
podendo até chegar ao pânico.
O pai também é importante!
Medo de ser substituído: muitas mulheres
admitem que o recém nascido é mais importante
e que seu companheiro ficou em segundo plano.
Reações frequentes:
 infidelidade;
 medo de morrer e ser substituído por outro
homem na educação do(s) filho(s).
O pai também é importante!
1. Sebastini M, Magnasco de Testa MR. Claroscuros
del embarazo, el parto y el puerperio. Ed. Paidós:
Buenos Aires, 2004.
2. Winnicott D. La lactancia natural. Revisão de
1954.
3. __________ Da pediatria à psicanálise. Rio de
Janeiro: Francisco Alves, 1988.
2. Dads still face experimente. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=6czxW4R9
w2g
Referências
Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério
FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez
Autores
Alfredo Pina
Helena Maria Fekete Nuñez
Marcos Davi dos Santos
Maria Angela Maricondi

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  • 4. ‘A família é um grupo de pessoas, vinculadas por laços consanguíneos, de aliança ou de afinidade, onde os vínculos circunscrevem obrigações recíprocas e mútuas, organizadas em torno de relações de geração e de gênero’. NOB/05
  • 5. E COMO CONTRAPONTO... É preciso não idealizar/romantizar a família – ela é lócus de proteção, mas também de desigualdade e violência. Supervalorizar a família pode oprimir/invisibilizar seus membros. Priscilla Maia de Andrade/MDS
  • 6. Três grandes períodos na evolução da família: Fase 1. Família tradicional – para assegurar a transmissão de um patrimônio; casamentos arranjados; uniões em idade precoce; uma ordem de mundo imutável e submetida à autoridade patriarcal. Fase 2. Família “moderna” – fundada no amor romântico; reciprocidade de sentimentos e desejos carnais sancionada pelo casamento; divisão do trabalho entre os esposos; educação dos filhos sob responsabilidade da nação; atribuição de autoridade entre o Estado e os pais de um lado, e entre os pais e as mães por outro. Fase 3. Família “pós-moderna” ou contemporânea - união de duração relativa de indivíduos que buscam relações íntimas ou realização sexual; horizontal e “em redes”; transmissão de autoridade cada vez mais problemática na medida em que aumentam os divórcios, separações e recomposições conjugais. Elisabeth Roudinesco – pág. 19
  • 7. • Aumentou o número de pessoas idosas na família porque as pessoas estão vivendo mais • Diminuiu o número de famílias compostas de pai, mãe e filhos (família nuclear conjugal) • Aumentou o número de famílias compostas de mães morando sozinhas com seus filhos e também começam a aparecer famílias de pais morando sozinhos com seus filhos (famílias monoparentais) Caracterização da família pós-moderna
  • 8. • Aumentou o número de pessoas morando sozinhas e de famílias reconstituídas (filhos de casamentos anteriores morando juntos) • Aumentou a preferência por uniões consensuais em detrimento dos matrimônios legais • Persistem as famílias extensas ou ampliadas, isto é, famílias às quais se agregam parentes ou amigos Caracterização da família pós-moderna
  • 9. • Começam a surgir famílias de casais sem filhos por opção • Começam a surgir famílias compostas de amigos, cujas relações de parentesco são baseadas na afinidade (família por associação) • Aumentam as famílias de casais homossexuais (no Brasil, a união homoafetiva foi oficializada em 05.05.2011) Caracterização da família pós-moderna
  • 10. Função materna • acolhimento, aconchego, satisfação das necessidades básicas da criança, que inicialmente estão muito ligadas ao corpo • gradativamente serve como decodificadora de necessidades mais complexas (sentimentos, angústias, novas experiências e aprendizados) • Imagem simbólica – útero ou seio materno [a criança é falada] Função paterna • regras de convivência social (“leis”) • limites e responsabilidades • inicialmente dentro da família, levando para fora • estímulo para o crescimento, independência, autonomia e aquisição de conhecimentos • Desenvolvimento da função simbólica, da linguagem [a criança fala]
  • 12. Quando aplicada à Psicologia: • resiliência significa resistência a experiências negativas; • não é uma capacidade inata; ela depende da interação com o ambiente (estimulação e vínculos); • não pressupõe características excepcionais de saúde nem experiências de vida predominantemente boas; • depende de uma exposição controlada ao estresse e às adversidades psicossociais.
  • 13. O conceito de resiliência ajuda-nos a compreender as diferenças de adaptação de famílias em situações semelhantes de vulnerabilidade social.
  • 16. Trabalho com famílias/Algumas recomendações • Refletir e problematizar sempre as nossas próprias experiências com nossas famílias (família atual e família de origem), identificando valores, crenças e mitos; • Evitar julgamentos baseados em qualquer tipo de preconceito; • Observar como os membros da família se comunicam, suas mensagens verbais e não verbais; procurar ajudá-los sintetizando e ‘traduzindo’ verbalmente esses conteúdos;
  • 17. Trabalho com famílias/Algumas recomendações •Evitar reagir com base nos sentimentos que determinadas pessoas e famílias mobilizam em nós, sejam eles ‘positivos’ ou ‘negativos’. Nestas situações, melhor será adiar uma resposta ou conduta e buscar ajuda na equipe ou supervisão especializada; • Acolher a culpa, o desamparo, a raiva e outros tantos sentimentos ‘fortes’ ou ‘negativos’ que a família expressa, possibilitando assim que sejam mais conscientizados e aceitos;
  • 18. Trabalho com famílias/Algumas recomendações • Reconhecer e valorizar os saberes e recursos da família; • Olhar a família desde uma perspectiva estrutural (questões de classe social, gênero, geração, e outras), funcional (divisão de funções e papéis na família) e relacional (como os membros se vinculam, sentimentos predominantes, principais expectativas e temores, etc.);
  • 19. Trabalho com famílias/Algumas recomendações • Construir junto com a família alternativas de mudança. • Promover sempre o diálogo, a troca de informações e a reflexão crítica; • Identificar e buscar ampliar a rede social da família;
  • 20. Referências • Gueiros D. Família e trabalho social: intervenções no âmbito do Serviço Social. Rev. Katál. Florianópolis v. 13 n. 1 p. 126-132 jan./jun. 2010. • Hintz HC. Novos tempos, novas famílias? Da modernidade à pós- modernidade. Revista Pensando Famílias, 3, 2001; (8-19). • Maia de Andrade P. Diretrizes para o Acompanhamento Familiar no âmbito do PAIF. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Departamento de Proteção Social Básica. Disponível em 25.03.2014 em http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/condicionalidades/arq uivos/Apresentacao%20Seminario%20Acompanhamento%2 0Familiar_Priscilla.pdf
  • 21. Referências • Roudinesco E. A família em desordem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor; 2003. • Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social da Prefeitura de Belo Horizonte. Metodologia de trabalho com famílias e comunidades nos Núcleos de Apoio à Família – NAF. Metodologia de trabalho com famílias e grupos no Eixo Orientação SOSF/PBH. 2007. • Winnicott D. El niño en el grupo familiar. Congreso de la Asociación de Jardines de Infantes; New College, Oxford, 1966.
  • 22. Aspectos Ampliados do Pré-natal
  • 23. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez Eixos das práticas ampliadas de pré-natal  Ampliação através da inclusão dos aspectos emocionais e sociais;  Visita domiciliária como instrumento potente  Foco nos adolescentes grávidos  Utilização do genograma e/ou ecomapa
  • 24. • Captação precoce de gestantes na comunidade • Garantia de atendimento a todas as gestantes que procuram os serviços de saúde • Garantia de realização dos exames complementares necessários Pré-natal básico: Saúde
  • 25. Realização de atividades educativas, preferencialmente em grupo
  • 26. Trabalhar os aspectos físicos, emocionais e sociais da gestante e seu ambiente potencializa o desenvolvimento infantil em suas múltiplas dimensões: motora, intelectual, de linguagem, social e emocional Impacto da ampliação da Clínica do Pré-Natal
  • 27. É possível falar em um “pré-natal intersetorial” em Educação, Saúde e Assistência Social?
  • 28. Para ampliar o trabalho ampliados com as famílias grávidas...
  • 29. • Desenvolver a escuta qualificada. • Aprofundar o vínculo. • Reconhecer e valorizar o ‘patrimônio’ e a cultura de cada família e comunidade. • Buscar alternativas e estratégias para apoio, orientação e acompanhamento da gestante. • Considerar seu contexto familiar, social e emocional. • Oferecer espaço de escuta onde a mulher possa falar sobre seus sentimentos frente a realidade de uma nova gestação.
  • 30. • Oferecer espaço de reflexão sobre o papel da mulher na família, a interferência hormonal como fator de interferência no estado emocional da gestante. • Acreditar e valorizar os grupos educativos como estratégia transformadora, apoiadora e preparadora da gestante e família na aceitação e melhor recebimento do novo ser.
  • 31. • Organizar os encontros educativos com critérios que facilitem a adesão da gestante, do companheiro ou apoiador. • Utilizar metodologia participativa, procurando sempre valorizar e incentivar a participação de todos. • Usar vocabulário de fácil compreensão. • Criar um ambiente acolhedor, organizando preferencialmente a sala em circulo.
  • 32. • Buscar elementos afetivos para permear todos os encontros, como: musicas, poemas, dinâmicas, contos etc. • Trabalhar em todos os encontros o vínculo mãe bebê, como fator fundamental para o desenvolvimento mental, emocional e biológica da criança.
  • 33. • Explorar profundamente o tema amamentação. • Sensibilizar os profissionais da Unidade em relação à importância da captação das gestantes para o grupo. • As contribuições da neurociência sobre desenvolvimento inicial do cérebro (Rima Shore) são aliadas importantes na conquista de parceiros no trabalho com gestantes, famílias e comunidades.
  • 34. Aspectos Ampliados do Puerpério
  • 35. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez Puerpério: período que se inicia após o parto e a dequitação da placenta. Características: involução dos órgãos pélvicos e recuperação das alterações induzidas pela gestação Estágios: Imediato - que vai do 1º ao 10º dia após o nascimento do bebê; Tardio - que se estende do 10º ao 45º dia; Remoto – após o 45º dia.
  • 36. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez Como serão os primeiros dias em casa depois do parto? Para a mãe Para ao pai Para os outros membros da família Cerca de 10% das puérperas desenvolvem depressão pós-parto, impactando negativamente o Desenvolvimento Infantil
  • 37. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez  Tristeza puerperal: ocorre em 08 de cada 10 mulheres  Depressão puerperal: ocorre em 01 de cada 10 mulheres (02 em cada 10 quando se trata de adolescentes puérperas)  Psicose puerperal: 01 em cada 2000 puérperas  Infanticídio: 01 em cada 125.000 puérperas Alterações psíquicas no puerpério
  • 38. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez  Podem aparecer ‘sintomas psiquiátricos’ que requerem ajuda médica;  Manifesta-se logo depois do parto e antes do retorno das menstruações;  É multicausal; Depressão puerperal
  • 39. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez Depressão puerperal Algo mais profundo e ligado à totalidade da pessoa está acontecendo... Sinais importantes de ansiedade, insônia, agitação e irritabilidade podem ser claramente percebidos.
  • 40. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez Os seguintes sintomas significam agravamento do quadro:  estado de confusão, rejeição do bebê, desilusão frente o momento que vive;  falta de conexão adequada com a realidade ou pensamentos suicidas. Observar especialmente: o sono, o apetite, a perda da auto-confiança, o pranto e a ansiedade da puérpera. Depressão puerperal
  • 41. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez • Manifesta-se nos primeiros 15 dias após o parto, ou logo depois do parto; • É uma emergência; • Hospitalização recomendada; • Risco elevado de suicídio ou infanticídio. Psicose puerperal
  • 42. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez Fatores de risco para depressão ou psicose: - antecedente de síndrome depressiva ou psicose anterior; - medicação psicotrópica; - dificuldades marcantes no parto ou puerpério; - gestação não planejada; - separação do casal durante a gestação; - tensão importante no relacionamento do casal; - morte recente na família ou de amigo próximo; - morte dos pais na infância ou adolescência; - mudanças recentes significativas de estilo de vida ou trabalho. Primeiro e mais evidente sintoma de psicose puerperal: descuido total com o bebê. Psicose puerperal
  • 43. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez Algumas recomendações importantes na atenção à puérpera: 1. respeitar seus momentos de descanso 2. garantir a intimidade necessária à amamentação 3. evitar dar conselhos e regras prontas 4. valorizar a experimentação e estratégias de ensaio e erro, pois cada mãe e cada bebê são únicos!
  • 44. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez - Um bom pai é uma boa “mãe” ao exercer a função materna no primeiro ano de vida (necessidades do corpo) - (Vídeo) Participação do pai:
  • 45. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez Fonte: ‘Claroscuros del embarazo, el parto y el puerperio’ Mario Sebastini e Mercedes Raffo Magnasco de Testa. Ed. Paidós: Buenos Aires, 2004.
  • 46. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez Visita Domiciliária no Puerpério
  • 47. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez A visita domiciliaria deve ocorrer após a chegada da puérpera em sua casa, no máximo até o 10º dia após o parto.
  • 48. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez 1. São Paulo. Secretaria Municipal da Saúde. Atenção à saúde da mulher: protocolo de enfermagem. São Paulo, 2004. Disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/enfe rmagem/Atencao_saude_mulher2.pdf 2. São Paulo. Secretaria de Estado da Saúde. Atenção à gestante e à puérpera no SUS-SP. São Paulo, 2010. Disponível em http://www.saude.sp.gov.br/ses/perfil/cidadao/areas-tecnicas-da-sessp/saude- da-mulher/atencao-a-gestante-e-a-puerpera-no-sus-sp/ 3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde da Mulher. Área Técnica de Saúde da Mulher. Parto, aborto e puerpério. Brasília, 2001. Referências
  • 50. Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe. Caderno de Atenção Básica nº 23 – pág. 11
  • 51. ‘Essa união pareceria ser instintiva, natural e sem aprendizagem alguma. A realidade mostra que é uma mescla de ambas as coisas e que esforços para hierarquizar uma e outra visão irremediavelmente conduzem ao fracasso. O que se sabe com certa precisão é que há fatores externos que podem afetar esta união, como a falta de experiência ou de modelos, situações familiares complexas, como uma separação de casal durante a gestação ou logo após o parto, problemas econômicos ou simplesmente insegurança frente às novas experiências.’ (Sebastini e Magnasco de Testa, 2004:184) Bonding = união mãe-filho
  • 52. A psicologia da amamentação é extremamente complexa. O bebê: tem que unir dois tipos de relação que ele tem com a mãe: uma instintiva e outra vincular, pois, além de alimentá-lo, a mãe garante sua segurança, bem estar e proteção. A mãe: sente um forte vínculo com seu bebê desde os primeiros dias e o bebê manifesta reconhecimento em poucas semanas por meio de um sorriso. Conquistas como estas estão baseadas em boas experiências de cuidado materno. (vídeo)
  • 53. Preocupação materna primária - um estado mental da mãe que consegue se colocar no lugar do bebê, segurá-lo bem, oferecer-lhe segurança e conforto reduzindo ao máximo suas agonias iniciais em um mundo totalmente desconhecido (Winnicott, 1988) A mãe que, por alguma razão, não pode dar o peito ao seu bebê é capaz de dar conta do estabelecimento dessa relação humana precoce de alguma forma, e utilizar a mamadeira para proporcionar-lhe gratificação instintiva. A mãe que pode dar o peito ao bebê encontra uma experiência muito mais rica para si mesma, e essencial para o bebê.
  • 54. Um bebê pode experimentar alívio ao ser desmamado de uma mãe ansiosa ou deprimida... Quando é necessário usar a mamadeira, e o profissional de saúde considera que tomou uma boa decisão, em geral ele encerra a questão... Mas, quem deseja cuidar do desenvolvimento integral do bebê, ao contrário, deve pensar em termos de pobreza e riqueza de experiências, desenvolvimento de resiliência, fortalecimento da personalidade...
  • 55. Conceito de ‘mãe suficientemente boa’ Função de sustentação (holding) - a forma como a mãe toma o bebê em seus braços está relacionada com sua capacidade de identificar-se com ele. Fator básico de cuidado. Qualquer deficiência neste sentido provoca intensa angustia na criança (sensação de cair sem parar; sensação de desintegrar-se; sentimento de que o mundo não é um lugar seguro, etc.).
  • 56. Função de manipulação (handling) - através dos cuidados corporais a mãe dá contorno físico ao bebê, possibilita que o ‘real’ seja percebido como o contrário do ‘irreal’. Manipulação deficiente prejudica: o desenvolvimento do tônus muscular e da coordenação a capacidade para desfrutar do seu funcionamento corporal a experiência de SER Conceito de ‘mãe suficientemente boa’
  • 57. Função de apresentação dos objetos (realização) - a mãe começa a se mostrar substituível e favorece o encontro com e a criação de novos objetos (impulso criativo da criança). Início das relações interpessoais. Falhas neste sentido bloqueiam o desenvolvimento da capacidade da criança para se sentir real ao relacionar-se com o mundo dos objetos e dos fenômenos. Conceito de ‘mãe suficientemente boa’
  • 58. O desmame Duas situações diferentes: • aleitamento materno • aleitamento artificial
  • 59. O pai também é importante! Sentimentos de regressão: aparecem aspectos regressivos de sua personalidade desde o período de gravidez das mulheres (recosta-se sobre a barriga da mulher e deseja ser tratado como criança); busca reencontrar seus pais e outros homens significativos em sua vida; identificam-se com as necessidades de seus futuros filhos – dar e receber afeto, não ser abandonado, contar com um bom modelo, etc.
  • 60. O pai também é importante! Sentimentos de abandono: sente-se abandonado ao perceber a mulher distante e imersa em um turbilhão de emoções, evitando contacto físico e sexual com ele. E seus amigos não estão preparados para escutar essas sensações que nem ele mesmo consegue definir com precisão...
  • 61. O pai também é importante! Participação nas consultas: importante e bastante incentivada pelos profissionais de saúde. Entretanto, poucas perguntas lhe são feitas; o exame clínico da gestante é feito em um quarto à parte ou atrás de um biombo, o que provoca sua exclusão uma vez mais... Será que é meu? Piadas e chistes expressam uma fantasia masculina reprimida comum em relação à paternidade dos filhos (será que ele vai se parecer comigo?).
  • 62. O pai também é importante! Medo de perder a mulher e o filho: geralmente guarda uma relação com histórias familiares, experiências de conhecidos ou amigos, aparece em sonhos e pesadelos. A maioria dos homens evita falar sobre isso e vivencia sozinho esse seu medo, podendo até chegar ao pânico.
  • 63. O pai também é importante! Medo de ser substituído: muitas mulheres admitem que o recém nascido é mais importante e que seu companheiro ficou em segundo plano. Reações frequentes:  infidelidade;  medo de morrer e ser substituído por outro homem na educação do(s) filho(s).
  • 64. O pai também é importante!
  • 65. 1. Sebastini M, Magnasco de Testa MR. Claroscuros del embarazo, el parto y el puerperio. Ed. Paidós: Buenos Aires, 2004. 2. Winnicott D. La lactancia natural. Revisão de 1954. 3. __________ Da pediatria à psicanálise. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. 2. Dads still face experimente. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6czxW4R9 w2g Referências
  • 66. Oficina de formação em clínica ampliada do puerpério FMSCV – capacitador Helena MFeketeNuñez Autores Alfredo Pina Helena Maria Fekete Nuñez Marcos Davi dos Santos Maria Angela Maricondi