2. Histórico da cirurgia do câncer de
mama
Final do século XIX: teve início a padronização do
tratamento cirúrgico do câncer de mama, com a
técnica de Halsted.
1927: foi publicado uma série de casos por Hirsch, em
que pacientes foram tratadas de forma conservadora,
seguida por radioterapia
1948: foi desenvolvida uma técnica de mastectomia por
Patey, com preservação do músculo peitoral maior.
1965: foi desenvolvida outra técnica por Madden, que
preservava ambos peitorais.
3. Histórico da cirurgia do câncer de
mama
1985: foi publicado por Veronesi uma série de estudos
prospectivos, mostrando eficácia da cirurgia
conservadora no tratamento do câncer de mama.
Com isso, foi estabelecida a idéia de que o tratamento
cirúrgico conservador das mamas seguido por
radioterapia favorece uma taxa de sobrevida igual á da
mastectomia, no câncer em estádios iniciais.
5. Limitações da cirurgia
conservadora
Deficiência de tecido cutâneo- glandular,devido ao
tecido mamário ressecado.
Deformidade do complexo aréolo-mamilar.
Redução da ptose, com elevação unilateral do sulco
mamário.
Estas alterações são mais evidentes na
quadrantectomia do que na tumorectomia e
relacionadas com a localização do tumor.
6. Conceito de cirurgia oncoplástica
Consiste no uso de técnicas de cirurgia plástica para o
tratamento conservador do câncer de mama.
Inicialmente, visava ao tratamento da mama doente e
conseguir a simetria da mama oposta.
Atualmente, técnicas cirúrgicas de reconstrução da
mama imediata e tardia também são consideradas
como parte da cirurgia oncoplástica.
7. Conceito de cirurgia oncoplástica
A oncoplastia é baseada em 3 pontos fundamentais:
1. Cirurgia oncológica ideal
2. Reconstrução homolateral
3. Remodelamento contralateral imediato
8. Influência no tratamento
oncológico
O estudo base que estabeleceu a oncoplastia chama
atenção, principalmente para as margens cirúrgicas
realizadas com este procedimento.
Em 2005, foi publicado um artigo pelo Instituto
Europeu de Oncologia,que fez a comparação entre a
margem cirúrgica da quadrantectomia e das cirurgia
oncoplástica.
O estudo envolveu 60 pacientes com câncer de mama
nos estádios T1 e T2, foram operadas no período entre
janeiro a julho de 2003.
9. Influência no tratamento
oncológico
O grupo 1, com 30 pacientes que foram submetidas á
oncoplastia.
O grupo 2, com 30 pacientes que foram submetidas á
quadrantectomia.
Resultados:
As margens cirúrgicas do grupo 1 foram superiores
quando comparadas ao grupo 2.
10. Influência no tratamento
oncológico
A média de volume de tecido excisado na oncoplastia
foi de 200,18 cm e na quadrantectomia foi de 117,55 cm.
No grupo 1 em 90% das pacientes que foram
submetidas á mastoplastia contralateral foi possível o
diagnóstico de 5% de lesões ocultas, incluindo CDIS e
carcinomas invasores.
11. Seleção de pacientes
São selecionadas pacientes com o estadiamento:
Zero, I, IIa, IIb, eventualmente IIIa e IIIb
A mamografia exclui os casos que apresentam
carcinoma multicêntrico e multifocal.
Também deve ser levado em consideração:
1. Desejo da paciente
2. Relação tumoral volume/tamanho da mama
3. Tipo de mama e posição do complexo aréolo-
mamilar (CAM)
12. Planejamento cirúrgico
O procedimento cirúrgico dependerá:
1. Tamanho tumoral.
2. Localização do tumor e a proximidade do mesmo
com a pele.
3. Radioterapia prévia.
4. Distância do tumor até aréola e o mamilo.
5. Tamanho da mama
13. Planejamento cirúrgico
Cirurgia plástica mamária prévia
Grau de ptose e de assimetria entre as mamas
Grau de lipossubstituição
A cirurgia oncoplástica oferece poucos resultados para
mamas pequenas e sem ptose.
14. Indicações da cirurgia oncoplástica
Gigantomastias
Mamas com ptose acentuada
Necessidade de ressecções amplas de pele
Mamas pequenas e com possibilidade de correção do defeito com
mamoplastia
Tumores localizados em regiões inseridas em áreas clássicas de redução
mamária
15. Contraindicações relativas
Mamas pequenas e tumores extensos localizados na região medial
Mamas não ptóticas e de pequeno volume
Mamas previamente irradiadas
Ressecção extensa da pele fora da área da mamoplastia
Tabagismo e diabetes descompensados
Expectativas desproporcionais
16. Como evitar complicações na
cirurgia oncoplástica
Evitar expectativa desproporcional por parte da paciente
Antibioticoprofilaxia (cirurgias mais extensas)
Realizar a biópsia do linfonodo sentinela e o esvaziamento axilar por
contraincisão para preservar a vascularização do retalho cutâneo lateral
Evitar a rotação de retalhos músculo- cutâneos em correções parciais
Antecipar possíveis problemas com cicatriz hipertrófica e quelóide
Em pacientes com mamas pequenas, considerar possibilidade de
mastectomia e de reconstrução
17. Técnicas cirúrgicas
Para a realização de uma cirurgia oncoplástica, é necessário
um estudo prévio do caso, que envolve quatro passos.
1. Planejamento das incisões de pele e parênquima a serem
realizadas, seguindo padrões semelhantes aos das
mastoplastias redutoras.
2. Remodelamento da glândula depois da excisão do
parênquima glandular.
3. Reposicionamento do complexo areolomamilar ao centro
da ¨nova¨ mama.
4. Correção da mama contralateral para propiciar uma
simetrização, usando técnicas de mastopexia ou redução.
18. Técnicas cirúrgicas
A vantagem da cirurgia oncoplástica é ampliar as
possibilidades de incisões cirúrgicas, permitindo
margens cirúrgicas amplas.
Outro aspecto importante é que abordagem bilateral
das mamas reduz assimetria pós- radioterápica e
também potencializa os efeitos da radioterapia.
19. Técnicas cirúrgicas
Em 1994, foi desenvolvida uma divisão da mama em
quadrados, o que permitiu melhor análise da técnica
oncoplástica a ser empregada.
20. Principais técnicas cirúrgicas
A reconstrução parcial das mamas pode ser feita de 2
maneiras:
Deslocamento de tecidos locais, como glândula, derme
Preenchimento do defeito com o uso de tecidos
autólogos; principalmente na rotação do retalho
miocutâneo do grande dorsal.
Em sua maioria, são técnicas de mamoplastias
redutoras, baseadas nos diversos pedículos.
21. Técnica do pedículo superior
Indicada para mamas de médio e grande volumes, com
tumores situados nos quadrantes inferiores.
A vascularização da mama é mantida por um pedículo
dérmico vascularizado pelo polo superior da mama.
A reconstrução mamária será feita pelas técnicas de
mamoplastia redutoras.
22. Técnica do pedículo superior
3A- Nódulo de 2 cm entre os quadrantes inferiores da
mama esquerda.
Foram realizados quadrantectomia esquerda e
remodelamento com a
técnica do pedículo superior, biópsia do linfonodo
sentinela e mastoplástica
redutora direita.
23. Técnica do pedículo inferior
Indicada para tumores localizados nos quadrantes
superiores, laterais e mediais.
Utilizada em mamas de pequeno e médio volume.
A vascularização da aréola será mantida por um
pedículo dérmico vascularizado pelo polo inferior da
mama.
24. Técnica do pedículo inferior
2A- Foto pré-operatória de uma paciente com nódulo
neoplásico de 3 cm
entre os quadrantes superiores da mama direita e
fibroadenoma de 2 cm
no quadrante superior externo da mama esquerda.
Foi realizada uma
quadrantectomia direita com linfoadenectomia axilar
e remodelamento
com a técnica do pedículo inferior,
25. Técnica Round block
Indicada em mamas de pequeno e médio volume,
ptose ausente ou pequena.
Tumores nas regiões periareolares e no quadrante
central.
Técnica simples, permite abordagem de toda a mama.
A vascularização da aréola será mantida por um
pedículo vascular central.
27. Reconstrução mamária com
próteses
Dados de 1980 a 1990 mostram que a maioria das
reconstruções eram realizadas com retalhos
miocutâneos
Atualmente, a maioria das reconstruções são
realizadas com implantes, como consequência das
mastectomias menos radicais.
Ocorreu a evolução das próteses e expansores,
apresentando formas anatômicas de várias medidas.
29. Indicações e contraindicações
Indicações:
Virtualmente todas as pacientes
Melhores indicações:
Mamas médias e pequenas
Ptose pequena ou ausente
Área doadora de retalho
insuficiente
Contraindicações:
Absoluta:
Ausência de pele suficiente para
fechar a cicatriz sobre o implante
Relativas:
Radioterapia prévia
Necessidade de radioterapia
locorregional
Doenças do colágeno
Tabagismo, diabetes ou obesidade
Ausência do músculo peitoral maior
30. Vantagens e desvantagens
Vantagens:
Rápida execução
Poucas complicações
Técnica simples
Internação hospitalar curta
Bons resultados
Pele de mama semelhante á
contralateral
Poucas cicatrizes
Sem defeito da área doadora (
retalhos)
Desvantagens:
Assimetria mamária durante a
expansão
Dor e desconforto torácico
Menos ptose
Forma mais arredondada
Sensação menos natural ao toque
Requer procedimento de
simetrização contralateral
31. Complicações imediatas e tardias
Imediatas
Sangramento
Infecção
Seroma
Necrose cutânea/ exposição da
prótese
Tardias
Deflação da prótese
Rippling ( palpação da dobra do
implante)
Contratura capsular
33. Reconstrução com retalhos
miocutâneos
São procedimentos extensos e que exigem grande
experiência da equipe cirúrgica.
Os mais utilizados são: retalho miocutâneo do reto
abdominal (TRAM) e o retalho do músculo grande
dorsal.
Utilizada principalmente nas mastectomias extensas,
com ressecção de grande quantidade de pele.
A paciente deve apresentar área doadora suficiente.
34. Indicações e Contraindicações
Indicações:
Defeito extenso pós mastectomia
Impossibilidade de reconstrução
com prótese
Radioterapia prévia
Encapsulamento recorrente
Desejo da paciente
Contraindicações:
Cirurgia abdominal prévia
Área doadora insuficiente
Diabetes
Tabagismo importante
35. Complicações
A mais perigosa é o risco de necrose, tanto pela
deficiência de irrigação, quanto por estase venosa.
As infecções também podem estar presentes.
Em relação á área doadora:
Complicações imediatas: deiscência de ferida, necrose
da parede abdominal e umbigo.
Tardias: Hérnia e abaulamento da parede abdominal.
Rejeição ou infecção da tela.
36. Reconstrução com retalho do
grande dorsal
Considerado um dos retalhos mais seguros.
Risco menor de complicações.
Indicado para correção de quadrantectomias, para
repor perda de pele e de volume.
37. Indicações e contraindicações
Indicações
Pacientes com contraindicação ao
TRAM
Correção de defeito pós- quadrante
Contraindicações
Ausência congênita deste músculo
Toracotomia prévia com seção do
músculo
Lesão do pedículo vascular
Irradiação axilar maciça
Atletas que utilizam o membro
superior
38. Complicações
Imediatas:
Hematoma
Seroma
Deiscência (mais comum no dorso)
Necrose do retalho
Tardias:
Alargamento da cicatriz do dorso
Hérnia lombar
Dor crônica e limitações do movimento do braço
39. Bibliografia
Doenças da mama, guia prático baseado em
evidências, Editora Atheneu 2011.
Revista Femina, junho de 2008, volume 36.
Rotinas em Mastologia, Carlos Menke, Artmed, 2007.