Discurso Direto: Neste caso, as palavras de um personagem são reproduzidas exatamente como foram ditas, entre aspas e geralmente acompanhadas de verbos de elocução, como "disse", "falou", "perguntou", etc. Por exemplo: João disse: "Estou cansado".
2. Discurso Direto
No discurso direto, o narrador dá uma pausa na sua narração e passa a
citar fielmente a fala do personagem.
O objetivo desse tipo de discurso é transmitir autenticidade e
espontaneidade. Assim, o narrador se distancia do discurso, não se
responsabilizando pelo que é dito.
Pode ser também utilizado por questões de humildade - para não falar
algo que foi dito por um estudioso, por exemplo, como se fosse de sua
própria autoria.
3. Características do Discurso Direto
Utilização dos verbos da categoria dicendi, ou seja, aqueles que têm relação
com o verbo "dizer". São chamados de "verbos de elocução", a saber: falar,
responder, perguntar, indagar, declarar, exclamar, dentre outros.
Utilização dos sinais de pontuação - travessão, exclamação, interrogação,
dois pontos, aspas.
Inserção do discurso no meio do texto - não necessariamente numa linha
isolada.
4. Exemplos de Discurso Direto
1. Os formados repetiam: "Prometo cumprir meus deveres e
respeitar meus semelhantes com firmeza e honestidade.".
2. O réu afirmou: "Sou inocente!"
3. Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar:
— Alô, quem fala?
— Bom dia, com quem quer falar? — respondeu com tom de
simpatia.
5. Conto "A Cartomante" de Machado de Assis:
"— Uma grande tolice! Não creio em
semelhante charlatanismo.
— Mas pode ser que creia um dia; acredite que é
um grande consolo.
— Não creio. Você está hoje impossível."
6. Discurso Indireto
No discurso indireto, o narrador da história interfere
na fala do personagem preferindo suas palavras.
Aqui não encontramos as próprias palavras da
personagem.
7. Características do Discurso Indireto
O discurso é narrado em terceira pessoa.
Algumas vezes são utilizados os verbos de elocução, por
exemplo: falar, responder, perguntar, indagar, declarar,
exclamar. Contudo, não há utilização do travessão, pois
geralmente as orações são subordinadas, ou seja, dependem
de outras orações, o que pode ser marcado através da
conjunção “que” (verbo + que).
8. Exemplos de Discurso Indireto
Os formados repetiam que iriam cumprir seus deveres e
respeitar seus semelhantes com firmeza e honestidade.
O réu afirmou que era inocente.
Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar. Cumprimentou e
perguntou quem estava falando. Do outro lado, alguém
respondeu ao cumprimento e perguntou com tom de
simpatia com quem a pessoa queria falar.
9. "Capitu disse que tinha visto uma figura na rua e
que achava que era Bentinho, mas não tinha
certeza."
"Bentinho contou a Escobar que estava planejando
uma viagem e que pretendia visitar alguns lugares
importantes da Europa."
"Camilo mencionou que tinha ouvido falar de uma
cartomante e que estava curioso para conhecer sua
residência, mas não tinha certeza se deveria ir."
10. Discurso Indireto Livre
No discurso indireto livre há uma fusão dos tipos de discurso (direto
e indireto), ou seja, há intervenções do narrador, bem como da fala
dos personagens.
Não existem marcas que mostrem a mudança do discurso. Por isso,
as falas dos personagens e do narrador - que sabe tudo o que se
passa no pensamento dos personagens - podem ser confundidas.
12. Exemplos de Discurso Indireto Livre
1. Fez o que julgava necessário. Não estava arrependido, mas sentia um
peso. Talvez não tenha sido suficientemente justo com as crianças…
2. O despertador tocou um pouco mais cedo. Vamos lá, eu sei que consigo!
3. Amanheceu chovendo. Bem, lá vou eu passar o dia assistindo televisão!
Nas orações destacadas os discursos são diretos, embora não tenha sido sinalizada a
mudança da fala do narrador para a do personagem.
13. (Fuvest-2003) Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete
anos de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos. De repente dá com ele mesmo chutando
uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem a menor dúvida de
que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga
lembrança daquela cena. Um dia ele estava jogando bola no parque quando de repente
aproximou-se um homem e… O homem aproxima-se dele mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos
seus ombros e olha nos seus olhos. Seus olhos se enchem de lágrimas.
Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo. Como eu era
inocente. Como os meus olhos eram limpos. O homem tenta dizer alguma coisa, mas não
encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente. Depois sai caminhando, chorando,
sem olhar para trás. O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta. Também se
reconheceu. E fica pensando, aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos,
como eu vou ser sentimental!
(Luís Fernando Veríssimo, Comédias para se ler na escola)
14. O discurso indireto livre é empregado na seguinte passagem:
a) Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo.
b) Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga
lembrança daquela cena.
c) Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com
sete anos de idade.
d) O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas
abraça a si mesmo, longamente.
e) O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta.
15. a) Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo.
16. Texto Descritivo
O texto descritivo tem como objetivo descrever algo, como um objeto, pessoa,
animal, lugar ou acontecimento. Sua principal intenção é transmitir para o
leitor as impressões e as qualidades do que está sendo descrito.
Em outras palavras, o texto descritivo capta as impressões, para representar a
elaboração de um retrato, como uma fotografia revelada por meio das
palavras.
Alguns aspectos são importantes para fazer a descrição de algo, por exemplo:
cor, textura, altura, comprimento, peso, dimensões, função, clima, tempo,
vegetação, localização, sensação.
17. Características do texto descritivo
Retrato verbal
Ausência de ação e relação de anterioridade ou posterioridade entre as
frases
Predomínio de substantivos, adjetivos e locuções adjetivas
Utilização da enumeração e comparação
Presença de verbos de ligação
Verbos flexionados no presente ou no pretérito (passado)
Emprego de orações coordenadas justapostas
18. Tipos de descrição
Conforme a intenção do texto, as descrições são classificadas em:
Descrição subjetiva: apresenta as descrições de algo, todavia, evidencia as
impressões pessoais do emissor (locutor) do texto. Exemplos de descrição objetiva são
textos literários, repletos de impressões dos autores.
Descrição objetiva: o texto descreve, de forma exata e realista, as características de
algo, sem deixar as impressões pessoais do emissor (locutor) do texto. Exemplos de
descrições objetivas são retratos falados, manuais de instruções, verbetes de
dicionários e enciclopédias.
19. Exemplos de textos descritivos
Descrições subjetivas
Exemplo 1: “Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de manhã de fazenda preta,
bordado a sutache, com largos botões de madrepérola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom
seco do calor do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele
tinha a brancura tenra e láctea das louras; com o cotovelo encostado à mesa acariciava a orelha, e, no
movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis de rubis miudinhos davam cintilações escarlates.” (O
Primo Basílio, Eça de Queiroz)
Exemplo 2: O pôr do sol desenhou no céu uma paleta de cores, tingindo o horizonte com fantásticos tons de
laranja e rosa, que se mesclaram com a maior delicadeza que alguma vez tinha visto. As nuvens, como
pinceladas suaves, pareciam dançar ao ritmo do vento. A luz dourada do sol se despediu vagarosamente e
deixou para trás um cenário belíssimo, que despertou serenidade e encanto.
20. Descrição objetiva
Exemplo 1: A vítima, Solange dos Santos (22 anos), moradora da cidade de Marília, era magra, alta (1,75), cabelos
pretos e curtos. Tinha nariz fino e rosto ligeiramente alongado.
Exemplo 2: O pôr do sol apresentava tons de laranja e rosa. As nuvens moviam-se com o vento, enquanto a luz
dourada do sol diminuía gradualmente, finalizando o dia com um horizonte tranquilo.
Estrutura do texto descritivo
A descrição apresenta três passos para a construção:
1. Introdução: apresentação do que se pretende descrever.
2. Desenvolvimento: caracterização subjetiva ou objetiva da descrição.
3. Conclusão: finalização da apresentação e caracterização de algo.
21. O trecho abaixo foi extraído da obra Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade.
BOTAFOGO ETC.
“Beiramarávamos em auto pelo espelho de aluguel arborizado das avenidas marinhas sem sol. Losangos
tênues de ouro bandeiranacionalizavam os verdes montes interiores. No outro lado azul da baía a Serra dos
Órgãos serrava. Barcos. E o passado voltava na brisa de baforadas gostosas. Rolah ia vinha derrapava em
túneis.
Copacabana era um veludo arrepiado na luminosa noite varada pelas frestas da cidade.”
Didaticamente, costuma-se dizer que, em relação à sua organização, os textos podem ser compostos de
descrição, narração e dissertação; no entanto, é difícil encontrar um trecho que seja só descritivo, apenas
narrativo, somente dissertativo. Levando-se em conta tal afirmação, selecione uma das alternativas abaixo
para classificar o texto de Oswald de Andrade:
a) Narrativo-descritivo, com predominância do descritivo.
b) Dissertativo-descritivo, com predominância do dissertativo.
c) Descritivo-narrativo, com predominância do narrativo.
d) Descritivo-dissertativo, com predominância do dissertativo.
e) Narrativo-dissertativo, com predominância do narrativo.
23. (ITA)
O leão
A menina conduz-me diante do leão, esquecido por um circo de passagem. Não está preso, velho e doente,
em gradil de ferro. Fui solto no gramado e a tela fina de arame é escarmento ao rei dos animais. Não mais que
um caco de leão: as pernas reumáticas, a juba emaranhada e sem brilho. Os olhos globulosos fecham-se
cansados, sobre o focinho contei nove ou dez moscas, que ele não tinha ânimo de espantar. Das grandes
narinas escorriam gotas e pensei, por um momento, que fossem lágrimas.
Observei em volta: somos todos adultos, sem contar a menina. Apenas para nós o leão conserva o seu antigo
prestígio - as crianças estão em redor dos macaquinhos. Um dos presentes explica que o leão tem as pernas
entrevadas, a vida inteira na minúscula jaula. Derreado, não pode sustentar-se em pé.
Chega-se um piá e, desafiando com olhar selvagem o leão, atira-lhe um punhado de cascas de amendoim. O
rei sopra pelas narinas, ainda é um leão: faz estremecer as gramas a seus pés.
Um de nós protesta que deviam servir-lhe a carne em pedacinhos.
- Ele não tem dente?
- Tem sim, não vê? Não tem é força para morder.
Continua o moleque a jogar amendoim na cara devastada do leão. Ele nos olha e um brilho de compreensão
nos faz baixar a cabeça: é conhecido o travo amargoso da derrota. Está velho, artrítico, não se aguenta das
pernas, mas é um leão. De repente, sacudindo a juba, põe-se a mastigar capim. Ora, leão come verde! Lança-
lhe o guri uma pedra: acertou no olho lacrimoso e doeu.
O leão abriu a bocarra de dentes amarelos, não era um bocejo. Entre caretas de dor, elevou-se aos poucos
nas pernas tortas. Sem sair do lugar, ficou de pé. Escancarou penosamente os beiços moles e negros, ouviu-se
a rouca buzina do fordeco antigo.
Por um instante o rugido manteve suspensos os macaquinhos e fez bater mais depressa o coração da
menina. O leão soltou seis ou sete urros. Exausto, deixou-se cair de lado e fechou os olhos para sempre.
24. I. Embora não seja um texto predominantemente descritivo, ocorre
descrição, visto que o autor representa a personagem principal através de
aspectos que a individualizam.
II. Por ressaltar unicamente as condições físicas da personagem,
predomina a descrição objetiva no texto, com linguagem denotativa.
III. Por ser um texto predominantemente narrativo, as demais formas -
descrição e dissertação - inexistem.
Inferimos que, de acordo com o texto, pode(m) estar correta(s):
a) Todas estão corretas.
b) Apenas a I.
c) Apenas a II.
d) Apenas a III.
e) Nenhuma das afirmações.
26. A Argumentação
A Argumentação é um recurso retórico da linguagem utilizado na produção de textos
argumentativos, o qual apresenta um conjunto de proposições, promovendo assim o
diálogo e reflexões críticas.
Um bom texto argumentativo inclui a clareza de ideias e o uso correto das normas
gramaticais, ou seja, a coerência e a coesão.
De tal maneira, o ato de argumentar desenvolve a inteligência posto que está pautado na
exposição de ideias ou em opiniões organizadas e fundamentadas acerca de
determinado assunto, com o intuito principal de persuadir o leitor (interlocutor ou
ouvinte).
Note que além de ser uma importante ferramenta dos textos argumentativos escritos, a
argumentação pode ser utilizada nos discursos orais, por exemplo, numa palestra,
debates políticos, propagandas publicitárias, dentre outros.