2. O que é o barroco?
O barroco foi um estilo artístico que nasceu em Itália, nos finais do século XVI
e que rapidamente se expandiu para outros países europeus, atingindo mais
tarde as colónias espanholas e portuguesas da América Latina e da Ásia.
De certa forma, foi uma continuação natural do Renascimento porque
ambos os movimentos tinham um grande interesse pela Arte da Antiguidade
Clássica, com a diferença de expressarem e interpretarem de formas distintas.
Ao contrário da simplicidade, moderação, austeridade, equilíbrio e
harmonia do estilo renascentista , o barroco caracterizava-se pelo movimento,
dinamismo, dramatismo e exagero.
Foi considerada uma arte espectacular que nas igrejas, atraía os fiéis, sendo
denominada de arte da Contra-Reforma, apesar de também se ter espalhado
para os países do Norte da Europa protestante.
Acompanhou importantes mudanças sociais, políticas, religiosas e artísticas
e estendeu-se á arquitectura, escultura, pintura, literatura, música e teatro.
3. O barroco em Portugal
Em Portugal, o barroco teve os seu desenvolvimento desde os finais
do século XVI até meados do século XVIII, tendo o seu desenvolvimento
ficando a dever-se principalmente à acção de D. João V e às riquezas
que eram trazidas do Brasil.
O barroco constitui uma expressão artística adequada à imagem de
grandeza e de magnificência de D. João V e ficou conhecido como
barroco joanino devido às varias vertentes da produção artística ao
longo do reinado do Magnânimo.
Era uma arte de corte e de luxo, com os seus efeitos de riqueza e
movimento, que tinha como objectivo fascinar e provocar a admiração
dos seus súbditos.
4. Características gerais do barroco
Tendência para a representação realista;
Procura do movimento e do infinito;
Tentativa de integração das diferentes disciplinas artísticas;
Propósito de impressionar os sentidos do observador , baseando-se no
princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da
emoção e não apenas pelo raciocínio;
Procura de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas e
colunas retorcidas;
Grandes contrastes de luz e sombra;
Pintura com efeitos ilusionistas, transmitindo a impressão de ver o céu, devido
á profundidade;
Amplitude, contorção, exagerada riqueza ornamental, ausência de espaços
vazios e intensidade teatral.
5. Pintura Barroca
A pintura barroca é uma pintura realista, concentrada nos retratos, no interior
das casas, nas paisagens, nas naturezas mortas e nas cenas populares.
Era caracterizada por:
Composição assimétrica, que se revela num estilo grandioso, monumental,
retorcido, substituindo a geometria e equilíbrio da arte renascentista;
Grandes contrastes de cor, como expressão de sentimentos e para intensificar
a sensação de profundidade;
Realista, abrangendo todas as camadas sociais;
Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática;
A luz não aparece por um meio natural, mas sim projectada para guiar o olhar
do observador até ao acontecimento principal da obra;
Dramatismo, exuberância e jogos de luz/sombra com a cor, as formas e a
perspectiva.
7. Apreciação da obra
Esta obra do pintor espanhol Diego Velázquez, de 1656, retrata a Família de
Filipe IV, mas denomina-se como “As Meninas” pois representa a Infanta
Margarida de Áustria rodeada das suas damas de companhia, amas e crianças e
até mesmo do autor do quadro.
É uma obra com uma explicação muito controversa, pois não se percebe o
motivo porque o pintor esta representado no seu próprio quadro. Dizem que o
objectivo era fazer um auto-retrato e não dar tanta importância à Infanta, visto
que pintou inúmeros quadros da menina e da família real, acompanhando-os.
O espelho que se encontra atrás da Infanta reflecte as imagens de Filipe IV e
a sua esposa Mariana de Áustria, mostrando que se encontram de frente às
personagens presentes, colocados de modo a que o artista os retratasse.
A Infanta destaca-se entre as outras personagens, que representam criados,
meninas da corte e crianças que a acompanham, pois talvez tenha vindo de
visita para ver a pintura dos reis.
8. A menina que se encontra no lado direito, tem uma bolsa de moedas
que não é muito visível mas que representa cobiça e o menino ao lado
representa maldade pois está a bater ao cão presente. As duas
senhoras mais atrás são simples criadas.
O pintor foi muito hábil em resolver os problemas de composição,
perspectiva, luz e cor com o domínio do tratamento de tons e a
facilidade em caracterizar as personagens, visto que está representada
uma cena no interior de uma sala da corte.
A luz presente nesta obra deve-se ao facto de estar um homem, na
porta, afastando uma cortina e dando mais luminosidade à tela, quando
deixa entrar a luz natural.
O movimento, a composição assimétrica e o realismo estão presentes
neste obra através do espaço e das personagens.
Actualmente encontra-se no Museu do Prado, em Madrid, desde
1819, depois de ter sido salva de um incêndio que atingiu o Palácio Real
de Madrid em 1750.