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Relato de caso
Relato de caso
Monoartrite à esclarecer
RELATO DE CASO
0 Homem de 69 anos de idade, com cirrose hepática e
antecedente de hepatite C adquirida pós-transfusão,
sem outras comorbidades. Relatava história de três
meses de dor e inchaço de joelho esquerdo de início
agudo, tendo sido submetido à punção articular com
retirada de grande quantidade de líquido de cor clara.
Cinco dias após a punção houve recidiva do inchaço,
quando procurou ortopedista que diagnosticou
osteoartrite de joelho e administrou ácido hialurônico
(hilano G-F 20), obtendo relativa melhora por alguns
dias.
RELATO DE CASO
0 Contudo, após 15 dias houve recidiva do derrame
articular, quando então foi submetido à terceira
artrocentese sem administração do produto e foi
solicitada ressonância magnética. Este exame
mostrou alterações degenerativas
tricompartimentais, lesão tendinosa insercional e
espessamento do ligamento cruzado anterior.
RELATO DE CASO
0 Após cinco dias, observou-se novo derrame articular,
sendo submetido à quarta artrocentese e à segunda
infiltração de ácido hialurônico. Passadas três
semanas, após ter sido submetido a quatro punções
articulares, procurou outro ortopedista que procedeu
artrocentese com infiltração de corticosteroide de
depósito e indicou avaliação reumatológica.
RELATO DE CASO
0 A avaliação reumatológica ocorreu três dias após a
infiltração por corticosteroide, tendo sido encontrado
aumento de volume do joelho esquerdo com limitação
de flexão a 90º, sinais inflamatórios discretos e
derrame articular de pequeno volume. Exames
complementares confirmaram discreta manifestação
inflamatória e alterações laboratoriais compatíveis
com hepatite crônica.
Quais os prováveis
diagnósticos?
0 Tratando-se de monoartrite, é fundamental a
realização de anamnese completa que aborde os
hábitos do paciente, o comprometimento da pele e o
histórico de queixas genitourinárias e digestivas,
assim como a ocorrência de comorbidades. História
pregressa de envolvimento articular e da coluna
devem ser detalhadas
Diagnósticos diferenciais
0 artrite psoriásicaartrite psoriásica
0 espondiloartropatias com ou sem manifestaçõesespondiloartropatias com ou sem manifestações
intestinaisintestinais
0 doenças por deposição de cristaisdoenças por deposição de cristais
0 artrite infecciosaartrite infecciosa
0 doença degenerativa primária ou secundária.doença degenerativa primária ou secundária.
RELATO DE CASO
0 Radiografias digitais das articulações dos ombros, mãos, punhos e
joelhos revelaram quadro compatível com osteoartriteosteoartrite de mãos e
joelhos, exibindo lesões degenerativas tricompartimentais sem
calcificações.
0 Por ocasião do retorno, o paciente relatou piora do inchaço
encontrado na visita anterior, sem dor e sem outras manifestações
clínicas. Foi submetido à punção articular, com saída de 30 mL de
líquido sinovial de aspecto compatível com classe II, com 39.000
céls/mm3
, das quais 87% leucócitos polimorfonucleares, 8%
linfócitos e 5% monócitos e ausência de cristais. O estudo
bacterioscópico e a cultura foram negativos. O hemograma
apresentava hemoglobina 13,7 g%, hematócrito 40,6 com 3.900
glóbulos brancos com 50% de neutrófilos, 5,5% de eosinófilos, 0,9%
de basófilos, 36,9% de linfócitos e 6,7% de monócitos e 113.000
plaquetas. A velocidade de hemossedimentação era de 23 mm na
primeira hora, e a proteína C-reativa negativa.
RELATO DE CASO
0 Houve nova recidiva de derrame 24 horas após a punção, em
grande quantidade, doloroso, acompanhado de sinais
inflamatórios exuberantes (rubor e calor) e febre de 38,4ºC
RELATO DE CASO
0 Na punção articular obteve-se 60 mL de líquido sinovial, com
aspecto de classe IIIclasse III, com baixa viscosidade, sugerindo processo
infeccioso. O diagnóstico clínico foi artrite infecciosaartrite infecciosa, e o
paciente foi internado e tratado com antibioticoterapia
endovenosa com ceftriaxona 2 g associada à oxacilina 2,0 gceftriaxona 2 g associada à oxacilina 2,0 g
diárias. Durante o período que esteve internado, submeteu-se o
paciente a três outras punções articulares e a uma lavagem
articular com soro fisiológico. A cultura da primeira amostra
antes da introdução da antibioticoterapia identificou S. bovisS. bovis..
Com este achado o paciente foi submetido à ecocardiografia, com
resultado dentro da normalidade e sem vegetações. Foi
solicitado também antígeno carcinoembrionário (CEA) com
valor de 1,6 ng/mL, e o estudo endoscópico do aparelho
digestivo (alto e baixo) não mostrou alterações sugestivas de
doença maligna ou mesmo pólipos.
Relato de caso
0 Após 10 dias de tratamento ainda havia aumento de
volume articular não doloroso, e o exame ultrassonográfico
mostrou aumento de volume pela presença de derrame
anecoide com septações delgadas e material ecogênico
espesso.
0 Os antibióticos foram mantidos por duas semanas, com o
enfermo hospitalizado. Devido à persistência da sinovite
residual sem indícios de derrame articular, a
antibioticoterapia foi mantida por mais 10 dias no
domicílio. Após 15 dias da alta hospitalar o paciente
retornou ao consultório sem limitações de movimento ou
sinais inflamatórios.
Relato de caso
0 O S. bovis é um enterococo considerado o
microrganismo mais frequente entre os estreptococos
do grupo D, e é classificado em tipos I e II. O tipo I,
mais virulento, está mais associado a endocardite
(94%) e carcinoma de cólon (71%), enquanto o tipo II
está associado nas frequências de 18% e 17% com as
complicações citadas. Infecções menos comuns
causadas pelo S. bovis incluem meningite, septicemia
neonatal, peritonite espontânea, osteomielite
vertebral e artrite infecciosa sem, no entanto,
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Artrite infecciosa por S. bovis

  • 1. Relato de caso Relato de caso Monoartrite à esclarecer
  • 2. RELATO DE CASO 0 Homem de 69 anos de idade, com cirrose hepática e antecedente de hepatite C adquirida pós-transfusão, sem outras comorbidades. Relatava história de três meses de dor e inchaço de joelho esquerdo de início agudo, tendo sido submetido à punção articular com retirada de grande quantidade de líquido de cor clara. Cinco dias após a punção houve recidiva do inchaço, quando procurou ortopedista que diagnosticou osteoartrite de joelho e administrou ácido hialurônico (hilano G-F 20), obtendo relativa melhora por alguns dias.
  • 3. RELATO DE CASO 0 Contudo, após 15 dias houve recidiva do derrame articular, quando então foi submetido à terceira artrocentese sem administração do produto e foi solicitada ressonância magnética. Este exame mostrou alterações degenerativas tricompartimentais, lesão tendinosa insercional e espessamento do ligamento cruzado anterior.
  • 4. RELATO DE CASO 0 Após cinco dias, observou-se novo derrame articular, sendo submetido à quarta artrocentese e à segunda infiltração de ácido hialurônico. Passadas três semanas, após ter sido submetido a quatro punções articulares, procurou outro ortopedista que procedeu artrocentese com infiltração de corticosteroide de depósito e indicou avaliação reumatológica.
  • 5. RELATO DE CASO 0 A avaliação reumatológica ocorreu três dias após a infiltração por corticosteroide, tendo sido encontrado aumento de volume do joelho esquerdo com limitação de flexão a 90º, sinais inflamatórios discretos e derrame articular de pequeno volume. Exames complementares confirmaram discreta manifestação inflamatória e alterações laboratoriais compatíveis com hepatite crônica.
  • 6. Quais os prováveis diagnósticos? 0 Tratando-se de monoartrite, é fundamental a realização de anamnese completa que aborde os hábitos do paciente, o comprometimento da pele e o histórico de queixas genitourinárias e digestivas, assim como a ocorrência de comorbidades. História pregressa de envolvimento articular e da coluna devem ser detalhadas
  • 7. Diagnósticos diferenciais 0 artrite psoriásicaartrite psoriásica 0 espondiloartropatias com ou sem manifestaçõesespondiloartropatias com ou sem manifestações intestinaisintestinais 0 doenças por deposição de cristaisdoenças por deposição de cristais 0 artrite infecciosaartrite infecciosa 0 doença degenerativa primária ou secundária.doença degenerativa primária ou secundária.
  • 8. RELATO DE CASO 0 Radiografias digitais das articulações dos ombros, mãos, punhos e joelhos revelaram quadro compatível com osteoartriteosteoartrite de mãos e joelhos, exibindo lesões degenerativas tricompartimentais sem calcificações. 0 Por ocasião do retorno, o paciente relatou piora do inchaço encontrado na visita anterior, sem dor e sem outras manifestações clínicas. Foi submetido à punção articular, com saída de 30 mL de líquido sinovial de aspecto compatível com classe II, com 39.000 céls/mm3 , das quais 87% leucócitos polimorfonucleares, 8% linfócitos e 5% monócitos e ausência de cristais. O estudo bacterioscópico e a cultura foram negativos. O hemograma apresentava hemoglobina 13,7 g%, hematócrito 40,6 com 3.900 glóbulos brancos com 50% de neutrófilos, 5,5% de eosinófilos, 0,9% de basófilos, 36,9% de linfócitos e 6,7% de monócitos e 113.000 plaquetas. A velocidade de hemossedimentação era de 23 mm na primeira hora, e a proteína C-reativa negativa.
  • 9. RELATO DE CASO 0 Houve nova recidiva de derrame 24 horas após a punção, em grande quantidade, doloroso, acompanhado de sinais inflamatórios exuberantes (rubor e calor) e febre de 38,4ºC
  • 10. RELATO DE CASO 0 Na punção articular obteve-se 60 mL de líquido sinovial, com aspecto de classe IIIclasse III, com baixa viscosidade, sugerindo processo infeccioso. O diagnóstico clínico foi artrite infecciosaartrite infecciosa, e o paciente foi internado e tratado com antibioticoterapia endovenosa com ceftriaxona 2 g associada à oxacilina 2,0 gceftriaxona 2 g associada à oxacilina 2,0 g diárias. Durante o período que esteve internado, submeteu-se o paciente a três outras punções articulares e a uma lavagem articular com soro fisiológico. A cultura da primeira amostra antes da introdução da antibioticoterapia identificou S. bovisS. bovis.. Com este achado o paciente foi submetido à ecocardiografia, com resultado dentro da normalidade e sem vegetações. Foi solicitado também antígeno carcinoembrionário (CEA) com valor de 1,6 ng/mL, e o estudo endoscópico do aparelho digestivo (alto e baixo) não mostrou alterações sugestivas de doença maligna ou mesmo pólipos.
  • 11. Relato de caso 0 Após 10 dias de tratamento ainda havia aumento de volume articular não doloroso, e o exame ultrassonográfico mostrou aumento de volume pela presença de derrame anecoide com septações delgadas e material ecogênico espesso. 0 Os antibióticos foram mantidos por duas semanas, com o enfermo hospitalizado. Devido à persistência da sinovite residual sem indícios de derrame articular, a antibioticoterapia foi mantida por mais 10 dias no domicílio. Após 15 dias da alta hospitalar o paciente retornou ao consultório sem limitações de movimento ou sinais inflamatórios.
  • 12. Relato de caso 0 O S. bovis é um enterococo considerado o microrganismo mais frequente entre os estreptococos do grupo D, e é classificado em tipos I e II. O tipo I, mais virulento, está mais associado a endocardite (94%) e carcinoma de cólon (71%), enquanto o tipo II está associado nas frequências de 18% e 17% com as complicações citadas. Infecções menos comuns causadas pelo S. bovis incluem meningite, septicemia neonatal, peritonite espontânea, osteomielite vertebral e artrite infecciosa sem, no entanto, apresentar características particulares.