Plano pedagógico do blog Iracema para Todos criado com o objetivo de trabalhar com os alunos da escola EEFM Profª Telina Barbosa da Costa um pouco da história do bairro e do romance Iracema de José de Alencar.
Seminário apresentado pela aluna Laisa de Oliveira, da 3ª série A, da E. E. Profa. Irene Dias Ribeiro, Ribeirão Preto - SP - Brasil - Disciplina de Língua Portuguesa - Profª Maria Inês Vitorino Justino, em 2013.
A Lei Orgânica é o instrumento maior de um Município, promulgada pela Câmara Municipal, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal e Estadual.
Nela estão contidos os mais diversos princípios que norteiam a vida da sociedade, numa soma comum de esforços visando o bem-estar social, o progresso e o desenvolvimento de um povo.
A Lei Orgânica é a Constituição da Cidade, contendo as normas legais que, subsidiarias às Federais e às Estaduais, disciplinam as relações entre os poderes Executivo e Legislativo e entre esses e os munícipes: estabelecendo as atribuições daqueles poderes, suas limitações e abrangências, papel que cada um cumpre em relação ao outro, fixando, em síntese, a moldura e as relações políticas do Município.
Em Bom Jardim, a Lei Orgânica do Município foi promulgada em 05 de Abril de 1990, não tendo sofrido alterações com o decorrer do tempo, sendo que não acompanhou a evolução do Município nos mais diversos setores, e com isso, deixando de aperfeiçoar ainda mais as normas até então existentes e melhorando o relacionamento entre os poderes Constituintes.
Art. 1º - O Município de Bom Jardim integra, com autonomia político-administrativa e financeira, o Estado do Maranhão, membro da República Federativa do Brasil.
Parágrafo Único - O município organiza-se e rege-se por esta Lei Orgânica e demais leis que adotar, observados os princípios constitucionais da República e do Estado.
Um dos fatos mais polêmicos na atualidade escancarado na era pós ditatorial ou “era democrática” à luz do século XXI, é sem dúvida, a privatização da Vale do Rio Doce, conhecida por alguns críticos e intelectuais como “privataria”, cuja iniciativa excluiu a sociedade brasileira na decisão – como se esta não existisse. No momento da privatização, 70% da opinião pública era contra o ato de privatizar. E nesse clima de “imposição” aconteceu. Enquanto que no passado, grandes presidentes que o Brasil já possuiu sonhavam e desenhavam um futuro promissor para o país a partir da perspectiva do potencial mineral que possuí(-amos) e que foi entregue ao setor privado, destituindo a Nação Brasileira que se beneficiavam dessas riquezas – hoje entregues a “meia-dúzia” de grandes acionistas – entre esses, grandes banqueiros internacionais - e um alto número de pequenos acionistas (500 mil acionistas, segundo a empresa). O que contribui(u) para a concentração de renda e representa um golpe no futuro e horizonte do Brasil.
Este livro aborda sobre o histórico e potencial econômico que representa a CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), sua expropriação e internacionalização e consequências sócio-político e econômica num país onde num processo político, assistimos sua dilapidação e entreguismo ao capital privado e internacional, com sua privatização em 6 de maio de 1997 – no Governo FHC.
A empresa cresceu, gerou enorme patrimônio da noite para o dia mas como é uma empresa de capital aberto, a maior parte de seus donos por ações preferenciais são estrangeiros. No Brasil fica recursos de empregos e 2% de impostos minerário mas a fabulosa riqueza maior está sendo investida lá fora na aquisição de outras empresas minerárias e perspectiva potencial de se tornar a número um em nível mundial com nossas riquezas minerais.
Como o título é colocado na forma de questionamento, foi de propósito, é um espaço para que cada cidadão reflita sobre os caminhos que foram dados a nosso país – especialmente no que toca às privatizações, que para alguns,foi um crime de lesa-pátria cometido contra a sociedade brasileira e que ainda pode ser repensada – desde que, através de nossa autonomia, a nação seja submetida a um plebiscito e haja instauração de uma auditoria para investigar e fiscalizar como se deram “os fatos e processo” da privatização, que é uma ferida aberta, e o comprometimento de séculos à frente da história do povo brasileiro.
Neste texto, construído na forma de mapa mental, resumidamente é delineado sobre o Novo Ensino Médio, suas mudanças e perspectivas. Um novo olhar à educação brasileira.
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2. I – A Época
• O panorama social brasileiro pós-independência, em 1822,
apresentava
uma
classe
dominante
urbana
com
características da classe rural imediatamente anterior,
fundadas na grande propriedade e no trabalho escravo.
• Os negros, portanto, que constituíam a mão-de-obra escrava,
não podiam representar os anseios patrióticos de apresentar
literariamente uma raça alternativa à européia que pudesse
ostentar a glória nacional.
• A sociedade da época apresentava uma classe dominante
que não trabalhava, mas que usufruía do trabalho de seus
escravos; compreende-se, portanto, que o trabalho e os que
o realizavam não poderiam ser valorizados.
• Faz-se necessário lembrar que José de Alencar, como os
demais escritores de seu tempo, pertencia a essa classe
dominante, à qual também pertenciam os leitores de então.
3. • Esse espaço foi ocupado no imaginário intelectual pelos
índios, não apenas pela influência estrangeira, principalmente
de Cooper e Chateaubriand, mas também por outros fatores,
como a presença do elemento folclórico (muito bem
explorado por Alencar), a tendência anti-lusitana e o
sentimento nativista, e a conseqüente busca de valorização
de um idioma brasileiro para tratar de assuntos brasileiros.
4. I I– O Movimento: Romantismo 1ª Fase: Nacionalista
ou Indianista
• Exaltação da natureza
• (Sabiá como símbolo)
• Retorno ao passado
• Herói nacional ( índio )
• Sentimentalismo
• Religiosidade
• Mulher idealizada e inatingível
• Ilogismo
5. III– O Autor
• Formação literária: amor aos clássicos; leitura dos românticos
não o impediu de ver mais longe que seus contemporâneos
• Preocupado com o estilo – conteúdoforma
• Sua preocupação era criar um estilo brasileiro
• A Arte de narrar consistia em pintar com as palavras:
descrição
• Vida primitiva de nossos indígenas – excelente material para
romance histórico no Brasil
• Indianismo pouco teria de exato historicamente
• Vida dos selvagens poetizada
• Costumes indígenas deturpados pela imaginação do autor
• Índio como valorizador da nacionalidade
6. IV– Narrador
• Terceira pessoa onisciente
“ O cristão contempla o ocaso do sol. A sombra que
desce dos ,montes e cobre o vale, penetra sua alma. Lembrase do lugar onde nasceu, dos entes queridos que ali deixou.”
• O tom do narrador é o de quem conta uma história que já faz
parte da cultura de um povo.
• É uma lenda, que não se inventa na escrita de um livro.
• Sustentação histórica: baseada na figura de Martin Soares
Moreno, que teria sido o verdadeiro fundador do Ceará.
• Índio Poti que teria adotado o nome cristão de Antônio Felipe
Camarão
• Em alguns momentos, o narrador arrebatado chega a revelarse de primeira pessoa: “ O sentimento que ele pôs nos olhos
e no rosto, não o sei eu.”
7. V – Espaço e Tempo
• O cenário é a natureza cearense, em toda sua exuberância.
• As personagens sempre se identificam com elementos da
natureza: pássaros, árvores, peixes e outros animais são
recursos de comparação para indicar destreza, inteligência,
velocidade, força, amor,etc.
• Tempo é rigorosamente cronológico (1608-1611)
• A marcação do tempo no decorrer da narrativa também é
bastante preciso e linear, marcados por elementos da
natureza
“ Há três sóis partimos para a caça; e, perdido dos meus, vim
aos campos dos tabajaras.”
“ A alegria ainda morou na cabana todo o tempo que as
espigas de milho levaram a amarelecer.”
8. VI – Personagens
• Iracema- perfeita mulher romântica: bela, frágil, sentimental
e sofredora.
“ Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos
mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu
talhe de palmeira.
O favo da jati não era tão doce como seu sorriso; nem a
baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem,(...). O pé grácil e nu,
mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a
terra com as primeiras águas.”
9. • Essa heroína comete uma transgressão por amor, que tem
uma solução romântica: a morte.
• Como virgem de Tupã, ela não poderia ser possuída por
nenhum mortal.
• Ao se entregar a Martim, ela comete a mais alta transgressão
possível pelo código da tribo.
• Essa violação não admite reparo, e a punição é morte.
• Sabedora disso, ela abandona seu povo e segue o homem
branco, não para evitar a punição, mas consciente de que a
morte a espera.
• Após participar do mito fundador, o elemento índio se aniquila
para que a nova civilização floresça
• Pode-se considerar a relação da ará e de Martim com
Iracema uma alegoria da fundação: o pássaro, amigo da
índia, é o elemento natural, abandonado em favor da cultura
européia, mais adiantada, que domina a natureza e segue em
frente.
10.
11. • Martin – representante da cultura superior, bom colonizador.
Cristão, tem sangue de português, chega avisando que é
proprietário das terras e sugere que quer mais. É amado
pelos bons índios: Iracema e Poti(tribos inimigas).
“ – Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje
têm os meus.”
• Moacir – filho da dor, simboliza a nova civilização
• Poti – guerreiro pitiguara, exemplo do índio aculturado,
conquistado pelo colonizador branco, a quem segue como
uma sombra.
“ Os dois irmãos encostaram a fronte na fronte e o peito no
peito para exprimir que não tinham ambos mais que uma
cabeça e um coração.”
“- Como a cobra tem duas cabeças em um só corpo, assim é
a amizade de Coatiabo e Poti.”
12. • Araquém – pai de Iracema, o pajé, guardião das ritos
sagrados dos tabajaras.
• Caubi – irmão da protagonista. Inicialmente, ele acolhe o
inimigo Martin, depois o combate e afinal perdoa Iracema e a
visita em sua nova morada.
• Irapuã – chefe tabajara, impulsivo e intolerante, que quer
caçar Martin e Poti a qualquer preço.
• Andira – velho guerreiro, irmão de Araquém
• Ará – pequena jandaia, que é abandonada pela dona por
causa de Martin
13. VII – A Verossimilhança
• Após a primeira edição, Alencar teria sido questionado sobre
a possível inexatidão de algumas circunstâncias:
a habilidade de Poti flechar um peixe dentro d´água do alto
de uma rocha;
a jandaia ter viajado uma longa distância, do Ipu a Mecejana;
contestação da existência do coqueiro no Brasil no início do
século XVI.
14. VIII – O Enredo
• O romance começa pelo fim: 1º Capítulo apresenta Martin,
Moacir e o cão Japi deixando o litoral cearense em uma
jangada.
• A cena será retornada no Capítulo 33 (último).
• História de Iracema: Capítulo 02 a 32.
• Chegada de Martin do RN. à aldeia dos Tabajaras.
• Primeiro contato: estranheza (flecha).
15. • Quebra da flecha / Condução até a cabana de Araquém.
“- Bem-vindo sejas. O estrangeiro é senhor na cabana de
Araquém. Os tabajaras têm mil guerreiros para defendê-lo e
mulheres sem conta para servi-lo. Dize, e todos te
obedecerão.”
• Martin, apesar do tratamento, revela-se como inimigo.
• Martin percebe uma movimentação na tribo para atacar os
pitiguaras e tenta fugir
• Interceptado por Iracema.
• Iracema sugere que Martin espere Caubi para que possa
acompanhá-lo para lhe dar segurança.
16. • Iracema sente ciúmes de Martin (Noiva na terra Natal)
“ Quando a virgem tornou, trazia numa folha gotas de verde e
estranho licor vazadas da igaçaba, que ela tirava do seio da
terra. Apresentou ao guerreiro a taça agreste:
- Bebe!
Martim sentiu perpassar nos olhos o sono da morte; porém
logo a luz inundou-lhe os seios d’ alma; a força exuberou em
seu coração. Reviveu os dias passados melhor do que os
tinha vivido; fruiu a realidade de suas mais belas esperanças.
Ei-lo que volta à terra natal, abraça a velha mãe, revê mais
lindo e terno o anjo puro dos amores.”
17. • Importante: Irapuã é proibido de entrar no bosque sagrado.
• Iracema explica a Martin por que não pode se casar.
“ Iracema soltou-se dos braços do mancebo, e olhou-o com
tristeza:
- Guerreiro branco, Iracema é filha do Pajé, e guarda o
segredo da jurema. O guerreiro que possuísse a virgem de
Tupã morreria.”
• Caubi e Martin viajam
• Iracema os segue durante um tempo.
• Irapuã quer matar Martin
• Som das trombetas Pitiguaras
• Volta.
18. • Martin é protegido do Pajé contra a vontade de Itapuã.
• Preparação para guerra: Iracema e Martin escondem-se em
uma gruta
• Encontro com Poti, que vai embora sozinho.
• De volta à cabana, ocorre o defloramento de Iracema
“Agora podia viver com Iracema e colher em seus lábios o beijo,
que ali viçava como o fruto na corola da flor. Podia amá-la e
sugar deste amor o mel e o perfume, sem deixar veneno no
seio da virgem.”
19. • Iracema se entrega a Martin, sabendo que se entregava à
morte.
• Transgressão da lei tabajara: deveria partir.
“ A filha de Araquém escondeu no coração a sua ventura.
Ficou tímida e inquieta como a ave que pressente a borrasca
no horizonte. Afastou-se rápida e partiu.
As águas do rio banharam o corpo casto da recente
esposa.
Tupã já não tinha sua virgem na terra dos tabajaras.”
• Ritual tabajara
• Poti volta para levar Martin, que é acompanhado por Iracema.
• Os homens não querem que ela continue, mas ela declara
não ser possível o retorno.
20. • Combate entre Pitiguaras e Tabajaras (Derrota destes).
• Depois de três dias entre os pitiguaras, Martin resolve partir
com Iracema, para diminuir o sofrimento dela.
• Aos pés de Mocoripe, Martin reflete sobre a conveniência de
instalar uma cidadela.
• Depois de algum tempo, Martin demonstra cansaço da vida
mansa e da monotonia conjugal e resolve partir com Poti para
caças e batalhas.
21. • Martin deixa uma flecha espetada em um caranguejo e um
ramo partido.
“ - Ele manda que Iracema ande para trás, como o goiamum,
e guarde sua lembrança, como o maracujá guarda sua flor
todo o tempo até morrer.”
• Nasce o filho do casal na ausência do pai.
“Nossa hora em que o canto guerreiro dos pitiguaras
celebrava a derrota dos guaraciabas, o primeiro filho que o
sangue da raça branca gerou nesta terra da liberdade, via a
luz nos campos da porangaba.”
22. Grande acontecimento do romance: nascimento do
primeiro filho da terra do Ceára, o resultado de um pacto:
da raça autóctone e raça invasora.
• Solitária e saudosa Iracema tem dificuldade para amamentar
o filho.
• Martin fica longe oito luas (oito meses).
• Encontra Iracema na beira da morte / Entrega do filho.
• Enterro no coqueiro, à beira do rio.
23. • Alguns anos depois, acompanhado de outros brancos,
inclusive um sacerdote “para plantar a cruz na terra
selvagem”.
“ Poti foi o primeiro que ajoelhou aos pés do sagrado lenho;
não sofria ele que nada mais o separasse do seu irmão
branco. Deviam ter ambos um só deus, como tinham um só
coração.”
• Começa a colonização e narrativa termina.
“Tudo passa sobre a terra”
24. VIII – A Questão da Intenção e da Realização
•
•
•
Uma questão que se coloca na leitura do texto de Iracema é a da
valorização do indígena.
Há por certo a intenção do autor de cantar as glórias dos índios,
exaltar a exuberância natural da terra brasilis, bem como a beleza
física – que não se vê, embora saiba que existe – e moral de
Iracema.
Reside ainda em sua intenção dar valor ao índio como espírito da
civilização nacional, como elemento heróico e poético de nossas
origens, de nossa nacionalidade.
Aí é que se evidencia o paradoxo: por que então Iracema, seu povo
e seu Deus morrem, demonstrando uma fragilidade incompatível
com sua presumida grandeza?
Por que Poti se acultura, renunciando a sua religião, atirando-se à
cruz sem hesitar?
25. •
Há momentos em que o narrador, vigiado pelo autor, denuncia sua
postura pró-brancos.
• Um é aquele em que Martim começa a enjoar do mel de Iracema e
da fidelidade de Poti, quando o narrador descreve seus
sentimentos:
“Como o imbu na várzea, era o coração do guerreiro branco na guerra
selvagem, a amizade e o amor o acompanharam e fortaleceram
durante um tempo, mas agora, longe de sua casa e se deus irmãos,
sentia-se no ermo. O amigo e a esposa não bastavam mais à sua
existência cheia de grandes desejos e nobres ambições.”
Aí está o que supomos ser um ato falho do narrador.
• Na ânsia de expressar os sentimentos do cristão, ele eleva ao
máximo seus desejos e ambições, esquecendo-se de que, assim o
fazendo, está automaticamente atribuindo ao elemento índio o
oposto, ou seja, pequenos desejos e ignóbeis ambições.
O grandioso está ao lado do homem branco.
26. •
Outro momento é aquele em que, numa das notas ao capítulo 11, o
autor desautoriza a magia indígena, a propósito de uma ação do
Pajé Araquém.
“- Ouve seu trovão e treme em teu seio, guerreiro, como a terra em
sua profundeza.
Araquém, proferindo essa palavra terrível, avançou até o meio
da cabana; ali ergueu a grande pedra e calcou o pé com força no
cão; súbito, abriu-se a terra. Do antro profundo saiu um medonho
gemido que parecia arrancado das entranhas do rochedo.”
•
A cena chega até nós como uma bela mágica perpetrada pelo
feiticeiro.
Em sua nota à passagem, entretanto, o autor arranca toda a beleza
de seu encanto.
27. “Todo esse episódio do ruído da terra é uma astúcia, como usavam os
pajés e os sacerdotes de toda a nação selvagem para fascinar a
imaginação do povo. A cabana estava assentada sobre um
rochedo, onde havia uma galeria subterrânea que comunicava com
a várzea por estreita abertura; Araquém tivera o cuidado de tapar
com grandes pedras as duas aberturas, para ocultar a gruta aos
guerreiros. Nessa ocasião, a fenda inferior estava aberta, e o Pajé o
sabia; abrindo a fenda superior, o ar encanou-se pelo antro espiral
com estridor medonho, e de que pode dar uma idéia o sussurro dos
caramujos.”
28. A explicação do autor é apontada por Silviano Santiago como
desnecessária e preconceituosa:
“Dentro de uma determinada atitude alencariana de ceticismo quanto
aos valores e mecanismo do sagrado entre os indígenas, percebe-se
aqui o desejo exagerado de querer, em nota fora do texto,
propriamente, desmistificar possíveis ações sobrenaturais que são
plenamente verossímeis ao nível da ficção. Intromissão pouco
pertinente e sobretudo demonstradora do preconceito
etnocêntrico do romancista. O que é manifestação de magia entre
os indígenas é compreendido e traduzido pelo escritor “civilizado”,
que no mito indígena apenas descobre um fenômeno que pode ser
explicado pela física. Assim é que a linguagem da terra, ou fala de
Tupã, descoberta e usada pelos pajés para acentuar seu poder
religioso entre os companheiros, é vista, na nota, como mera
“astúcia”, enquanto o fato sobrenatural (dentro da ótica indígena) é
apenas “natural” para Alencar. (...) Talvez esse seja um dos maiores
exemplos do conflito entre o texto e a nota, entro o filho-texto e o paiautor, mostrando como aquele se encontra tolhido em sua “verdade”
pela nota esclarecedora do pai que logo assinala como “falso”.”
29. Apesar de qualquer possível intenção de valorizar a cultura
indígena, fica evidente que o autor adota uma postura etnocêntrica
em favor do conquistador, e a ótica estruturadora do romance é
claramente a do civilizado e do cristão.
Eis aí o que chamamos de paradoxo entre a intenção e a
realização.
• O mito da harmonia das raças só funciona na intenção, e o
resultado é a dominação econômica e cultural da terra pelo
colonizador branco, tendo o indígena como aliado, após a
eliminação dos que resistiram.
• Essa dominação,emoldurada por um discurso lírico, se consuma no
amor entre Martim e Iracema, símbolo da terra que se recusa ao
próprio índio.
30. IX– Comentários Finais
Em Iracema, a relação amorosa entre a jovem índia e o
fidalgo português Martin domina toda a obra;
A Ação é reduzidíssima, o que dá ao livro o notável espaço
lírico de que se valeu Alencar para escrever sua obra mais
poética;
Temas mais comuns:
Felicidade primitiva dos selvagens, que começa a se
corromper diante da primeira aproximação do civilizado;
A idéia do bom selvagem;
O exótico da paisagem;
O conflito representado pela oposição de índole dos dois
mundos: o da velha civilização européia e o Novo Mundo da
América.
31.
Referências:
1. Iracema – José de Alencar – Editora Objetivo
2. Iracema – Análise da Obra – Prof. Fernando Teixeira de Andrade - Sistema
de Ensino Objetivo
3. O mito poético da origem dos cearenses – Uma análise crítica de Iracema –
Coleção Pitágoras. 2000.
4. As observações finais foram baseadas em uma análise de Antônio Soares
Amora.
Observação: as referências acima não seguem o padrão da ABNT por
opção do professor.