O PROJETO LITERÁRIO DO ARCADISMO
ILUMINISMO França S XVII------Apogeu: s. XVIII/  Século das luzes Domínio da razão sobre a visão teoc ê ntrica. + iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade . +  as crenças religiosas e o misticismo bloqueavam a evolução do homem.Deus estava na  natureza + John Locke: conhecimento através de empirismo. + Voltaire: liberdade do pensamento + Jacques Rousseau: estado democrático/igualdade. .(Contrato Social) + Montesquieu:Divisão do poder em Ex./Leg./ Jud. + Diderot: “A Enciclopédia”
ARCADISMO Literatura do séc. XVIII ––Setecentismo ou  Neoclassicismo Domínio histórico no Brasil:   1768 :  “Obras”, de Cláudio Manuel da Costa 1836 :  “Suspiros poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães
Havia, na Grécia Antiga, uma parte central do Peloponeso denominada Arcádia.  De relevo montanhoso, essa região era habitada por pastores e vista como um lugar especial, quase mítico, em que os habitantes associavam o trabalho à poesia, cantando o paraíso rústico em que viviam. No século XVIII, o termo Arcádia  passou a identificar as academias ou agremiações de poetas que se reuniam para restaurar o estilo dos poetas clássico-renascentistas, com o objetivo declarado de combater o rebuscamento barroco.  Ordem e convencionalismo
Nicolau Poussin (1594-1665):  Et in Arcadia ego
A idealização da vida no campo A estética desenvolvida nessas academias de poetas passou a ser chamada  Arcadismo.  Tinha como característica principal a idealização da vida no campo. O desejo de seguir as regras da poesia clássica fez com que essa estética também fosse conhecida como  Neoclassicismo.
O pastoralismo Um dos aspectos mais artificiais da estética árcade  é o fato de os poetas e de suas musas serem identificados como pastores  e pastoras . Sou pastor, não te nego; os meus  montados São esses, que aí vês; vivo contente Ao trazer entre a selva florescente A doce companhia dos meus gados; ( Soneto IV -  Cláudio Manuel da Costa)
O bucolismo O adjetivo  bucólico  faz referência a tudo aquilo que é relativo a pastores e seus rebanhos, à vida e aos costumes do campo. Marília de Dirceu:  Lira XIII Num sítio ameno, Cheio de rosas De Brancos lírios, Murtas viçosas, Dos seus amores Na companhia,  Dirceu passava  Alegre o dia. (Tomás Antônio Gonzaga)
Linguagem: simplicidade acima de tudo O Arcadismo adota como missão combater a artificialidade verbal dos poetas barrocos. Por isso, elege a simplicidade como norma para a criação literária . Enquanto pasta alegre o manso gado, Minha bela Marília, nos sentemos À sombra deste cedro levantado. Um pouco meditemos Na regular beleza, Que em tudo quanto vive nos descobre A sábia Natureza (Tomás Antônio Gonzaga)
•  fugere urbem:  fuga da cidade; afirmação das qualidades da vida no campo . •  locus amoenus:  valorização das coisas  cotidianas, simples, focalizadas pela razão e pelo  bom senso •  aurea  mediocritas: caracterização de um  lugar ameno, onde os amantes se encontram para desfrutar dos prazeres da natureza.  •  carpe diem:  cantar o dia; trata da  passagem do tempo como algo que traz a velhice, a fragilidade e a morte, tornando imperativo aproveitar o momento presente de modo intenso.   •  inutilia truncat:  eliminação dos excessos, evitando qualquer uso mais elaborado da linguagem .   Retomada dos lemas latinos:
A OBRA POÉTICA   LÍRICA SATÍRICA ÉPICA Silvio Alvarenga,  Claudio da Costa Reproduzem as formas e  temas do Neoclassicismo  europeu “  As cartas chilenas” Tomás Antônio Gonzaga Refletem a insatisfação dos habitantes da colônia em relação à administração portuguesa e aos seus agentes Basílio da Gama e  Santa Rita Durão   Introdução ao  indianismo como tema literário, ganhando o índio o papel de guerreiro em  ação, tomado como  Personagem . “ Uraguai” e “Caramuru”
CLÁUDIO MANUEL DA COSTA Influência de Petrarca e Camões (sonetos); Resíduos cultistas : (transição Barroco/Arcadismo); Fixação pelo cenário rochoso de Minas (“a imaginação da pedra”); Conflito interior:  provocado pelo contraste  entre o rústico mineiro e a vivência intelectual e  social na Europa ; Ambiguidade : “nativismo” X “colonialismo”; Platonismo amoroso : Nise é a musa freqüente; Temática:  o amante infeliz; o contraste rústico X civilizado; a tristeza da mudança das coisas em relação à permanência dos sentimentos
“ Destes penhascos fez a natureza” Destes penhascos fez a natureza O berço em que nasci: oh! quem cuidara Que entre penhas tão duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza! Amor, que vence os tigres, por empresa Tomou logo render-me; ele declara Contra meu coração guerra tão rara Que não me foi bastante a fortaleza. Por mais que eu mesmo conhecesse o dano A que dava ocasião minha brandura, Nunca pude fugir ao cego engano; Vós que ostentais a condição mais dura, Temei, penhas, temei: que Amor tirano Onde há mais resistência mais se apura. Cláudio  Manuel da Costa
TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA   Elementos não-convencionais: –  representação direta da natureza mineira, e não clássica; – lirismo pessoal (depressivo) decalcado da biografia, mas sem exageros  . Obra lírica: “MARÍLIA DE DIRCEU” Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado, De tosco trato, de expressões grosseiro, Dos frios gelos e dos sóis queimado. Tenho próprio casal e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que visto. Graças, Marília bela, Graças à minha estrela! • Eu vi o meu semblante numa fonte, Dos anos inda não está cortado; Os Pastores, que habitam este monte, Respeitam o poder do meu cajado. Com tal destreza toco a sanfoninha, Que inveja até me tem o próprio Alceste: Ao som dela concerto a voz celeste Nem canto letra que não seja minha. Graças, Marília bela, Graças à minha estrela! ...
“ MARÍLIA DE DIRCEU ” 1ª. Parte - Valorização da figura da mulher amada; - A natureza é o cenário perfeito para o idílio; - Declaração de Dirceu a Marília; - Dirceu assume-se como pastor; Sonhos de felicidade futura. 2ª parte - Escrita no cárcere pelo inconfidente; - Substitui-se o  locus amoenus  pelo locus horrendus ; - Pré-Romantismo: melancolia, saudade, depressão
Os teus olhos espalham luz divina, A quem a luz do Sol em vão se atreve: Papoula, ou rosa delicada, e fina, Te cobre as faces, que são cor de neve. Os teus cabelos são uns fios d’ouro; Teu lindo corpo bálsamos vapora. Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora, Para glória de Amor igual tesouro. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! (...) Os seus compridos cabelos, Que sobre as costas ondeiam, São que os de Apolo mais belos; Mas de loura cor não são. Têm a cor da negra noite; E com o branco do rosto Fazem, Marília, um composto Da mais formosa união.
Pastoralismo e bucolismo :   entendimento de que felicidade e beleza decorrem da vida no campo; Convencionalismo:  pseudônimos árcades (Tomás = Dirceu; Maria Dorotéia Joaquina = Marília) Texto monologal:  Marília é vocativo, pretexto para o autor falar de si mesmo Otimismo e narcisismo:  satisfação com o próprio destino,autovalorização, exaltação à sensibilidade artística e alusão à virilidade; Ideal burguês de vida :  afirmação da privilegiada situação econômica e da posse da terra; Simplicidade:  predomínio da ordem da frase, sem muitas figuras. Realismo descritivo:  captação da rusticidade da paisagem e da vida da Colônia. Amor serôdio:  valorização do “carpe diem” devido à consciência da fugacidade do tempo.
Tomás Antônio Gonzaga –  satírico Obra:  “CARTAS CHILENAS” Forma e conteúdo : *  Treze cartas anônimas *  Decassílabos brancos *  Critilo  (Gonzaga) escreve a seu amigo  Doroteu  (Cláudio M. da Costa), criticando os atos do governador do“Chile”,  Fanfarrão Minésio , (o governador de Minas Gerais, Luís da Cunha Menezes)
O INDIANISMO DE BASÍLIO DA GAMA E SANTA RITA DURÃO BASÍLIO DA GAMA  SANTA RITA DURÃO INDIANISMO Glorificação do homem  natural que enfrenta  os representantes da civilização européia . Glorificação do índio que  se converte à religião do  dominador luso e o auxilia  na conquista da terra
BASÍLIO DA GAMA Poema épico:  “O URAGUAI” Tema central:  a história das tropas luso-espanholas enviadas à região das missões jesuíticas para desalojar os índios e jesuítas (após o Tratado de Madri ) e subseqüente destruição de São Miguel. O poema é a narração da luta pela posse da terra, travada em 1757 e foi dedicado ao irmão do Marquês de Pombal.
Personagens: -   General Gomes Freire de Andrade   (chefe português); -   Catâneo  (chefe das tropas espanholas); -   Cacambo   (chefe indígena); - Cepé   (guerreiro índio); - Balda   (jesuíta administrador de Sete Povos das  Missões); - Caitutu   (guerreiro indígena, irmão de Lindóia); - Lindóia   (esposa de cacambo); - Tanajura   (indígena feiticeira).
Este lugar delicioso e triste, Cansada de viver, tinha escolhido Para morrer a mísera Lindóia. Lá reclinada, como que dormia, Na branda relva e nas mimosas flores, Tinha a face na mão, e a mão no tronco De um fúnebre cipreste, que espalhava Melancólica sombra. Mais de perto Descobrem que se enrola no seu corpo Verde serpente, e lhe passeia, e cinge Pescoço e braços, e lhe lambe o seio. Fogem de a ver assim, sobressaltados, E param cheios de temor ao longe; E nem se atrevem a chamá-la, e temem Que desperte assustada, e irrite o monstro, E  fuja, e apresse no fugir a morte. Porém o destro Caitutu, que treme Do perigo da irmã, sem mais demora Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes Soltar o tiro, e vacilou três vezes Entre a ira e o temor. Enfim sacode O arco e faz voar a aguda seta, Que toca o peito de Lindóia, e fere A serpente na testa, e a boca e os dentes Deixou cravados no vizinho tronco. Açouta o campo co'a ligeira cauda O irado monstro, e em tortuosos giros Se enrosca no cipreste, e verte envolto Em negro sangue o lívido veneno. Leva nos braços a infeliz Lindóia O desgraçado irmão, que ao despertá-la Conhece, com que dor! no frio rosto Os sinais do veneno, e vê ferido Pelo dente sutil o brando peito. Os olhos, em que Amor reinava, um dia, Cheios de morte; e muda aquela língua Que ao surdo vento e aos ecos tantas vezes Contou a larga história de seus males. Nos olhos Caitutu não sofre o pranto, E rompe em profundíssimos suspiros, Lendo na testa da fronteira gruta De sua mão já trêmula gravado O alheio crime e a voluntária morte. E por todas as partes repetido O suspirado nome de Cacambo. Inda conserva o pálido semblante Um não sei quê de magoado e triste, Que os corações mais duros enternece Tanto era bela no seu rosto a morte!
SANTA RITA DURÃO CARAMURU –  A glorificação do colonizador branco. Personagens: - Diogo Álvares Correia - Paraguaçú - Moema
Características de “Caramuru”: Tradicionalismo épico:  duros trabalhos dum heróis, contato entre gentes diversas, visão duma seqüência histórica (uma “brasilíada”!); Referência:  a fatos históricos desde o Descobrimento até a época do autor; Destaque ao teor informativo e descritivo:  louvação da terra, dos costumes, dos ritos indígenas... Inspiração religiosa:  louva a colonização como empresa religiosa desinteressada ( objetivo :catequese!); Desprezo:  à visão laica e civil – a qual se observa em “ O Uraguai” e nos poemas satíricos
XXXVIII 'Bárbaro (a bela diz), tigre e não homem Porém o tigre, por cruel que brame, Acha forças amor que enfim o domem; Só a ti não domou, por mais que eu te ame. Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem, Como não consumis aquele infame? Mas pagar tanto amor com tédio e asco... Ah! que corisco és tu... raio... penhasco! XXXIX Bem puderes, cruel, ter sido esquivo, Quando eu a fé rendia ao teu engano; Nem me ofenderas a escutar-me altivo, Que é favor, dado a tempo, um desengano; Porém, deixando o coração cativo Com fazer-te a meus rogos sempre humano, Fugiste-me, traidor, e desta sorte Paga meu fino amor tão crua morte?
O Arcadismo e a Inconfidência Mineira A descoberta do ouro nas Minas Gerais deslocou para o sudeste o desenvolvimento urbano brasileiro no século XVIII. A produção cultural, acontecia principalmente na Bahia e em Pernambuco, passa a se concentrar na cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto), a mais próspera da região. A opressão administrativa portuguesa,  o declínio da produção do ouro, a convivência com as idéias liberais de  Rousseau,  Montesquieu,  John Locke e  a revolução na América do Norte  principais fatores  movimento revolucionário em Vila Rica.
Vila Rica (atual Ouro Preto) 1  2
Libertas quae sera tamen proclamar  a República Objetivos dos inconfidentes  tornar o Brasil independente de Portugal.  A bandeira escolhida estamparia  o lema dos inconfidentes, extraído  de um verso de Virgílio: Libertas quae sera tamen   (liberdade ainda que tardia).
O fim dos inconfidentes Ouvidor em Vila Rica, Foi preso e deportado para  Moçambique, onde falece, em 1810.   Tomás Antônio Gonçaga Cláudio Manuel da Costa Foi denunciado e preso. Enforcou-se, em 1789, na celda da prisão em que aguardava julgamento, localizada na Casa dos Contos.

Arcadismo 2010

  • 1.
  • 2.
    ILUMINISMO França SXVII------Apogeu: s. XVIII/ Século das luzes Domínio da razão sobre a visão teoc ê ntrica. + iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade . + as crenças religiosas e o misticismo bloqueavam a evolução do homem.Deus estava na natureza + John Locke: conhecimento através de empirismo. + Voltaire: liberdade do pensamento + Jacques Rousseau: estado democrático/igualdade. .(Contrato Social) + Montesquieu:Divisão do poder em Ex./Leg./ Jud. + Diderot: “A Enciclopédia”
  • 3.
    ARCADISMO Literatura doséc. XVIII ––Setecentismo ou Neoclassicismo Domínio histórico no Brasil: 1768 : “Obras”, de Cláudio Manuel da Costa 1836 : “Suspiros poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães
  • 4.
    Havia, na GréciaAntiga, uma parte central do Peloponeso denominada Arcádia. De relevo montanhoso, essa região era habitada por pastores e vista como um lugar especial, quase mítico, em que os habitantes associavam o trabalho à poesia, cantando o paraíso rústico em que viviam. No século XVIII, o termo Arcádia passou a identificar as academias ou agremiações de poetas que se reuniam para restaurar o estilo dos poetas clássico-renascentistas, com o objetivo declarado de combater o rebuscamento barroco. Ordem e convencionalismo
  • 5.
    Nicolau Poussin (1594-1665): Et in Arcadia ego
  • 6.
    A idealização davida no campo A estética desenvolvida nessas academias de poetas passou a ser chamada Arcadismo. Tinha como característica principal a idealização da vida no campo. O desejo de seguir as regras da poesia clássica fez com que essa estética também fosse conhecida como Neoclassicismo.
  • 7.
    O pastoralismo Umdos aspectos mais artificiais da estética árcade é o fato de os poetas e de suas musas serem identificados como pastores e pastoras . Sou pastor, não te nego; os meus montados São esses, que aí vês; vivo contente Ao trazer entre a selva florescente A doce companhia dos meus gados; ( Soneto IV - Cláudio Manuel da Costa)
  • 8.
    O bucolismo Oadjetivo bucólico faz referência a tudo aquilo que é relativo a pastores e seus rebanhos, à vida e aos costumes do campo. Marília de Dirceu: Lira XIII Num sítio ameno, Cheio de rosas De Brancos lírios, Murtas viçosas, Dos seus amores Na companhia, Dirceu passava Alegre o dia. (Tomás Antônio Gonzaga)
  • 9.
    Linguagem: simplicidade acimade tudo O Arcadismo adota como missão combater a artificialidade verbal dos poetas barrocos. Por isso, elege a simplicidade como norma para a criação literária . Enquanto pasta alegre o manso gado, Minha bela Marília, nos sentemos À sombra deste cedro levantado. Um pouco meditemos Na regular beleza, Que em tudo quanto vive nos descobre A sábia Natureza (Tomás Antônio Gonzaga)
  • 10.
    • fugereurbem: fuga da cidade; afirmação das qualidades da vida no campo . • locus amoenus: valorização das coisas cotidianas, simples, focalizadas pela razão e pelo bom senso • aurea mediocritas: caracterização de um lugar ameno, onde os amantes se encontram para desfrutar dos prazeres da natureza. • carpe diem: cantar o dia; trata da passagem do tempo como algo que traz a velhice, a fragilidade e a morte, tornando imperativo aproveitar o momento presente de modo intenso. • inutilia truncat: eliminação dos excessos, evitando qualquer uso mais elaborado da linguagem . Retomada dos lemas latinos:
  • 11.
    A OBRA POÉTICA LÍRICA SATÍRICA ÉPICA Silvio Alvarenga, Claudio da Costa Reproduzem as formas e temas do Neoclassicismo europeu “ As cartas chilenas” Tomás Antônio Gonzaga Refletem a insatisfação dos habitantes da colônia em relação à administração portuguesa e aos seus agentes Basílio da Gama e Santa Rita Durão Introdução ao indianismo como tema literário, ganhando o índio o papel de guerreiro em ação, tomado como Personagem . “ Uraguai” e “Caramuru”
  • 12.
    CLÁUDIO MANUEL DACOSTA Influência de Petrarca e Camões (sonetos); Resíduos cultistas : (transição Barroco/Arcadismo); Fixação pelo cenário rochoso de Minas (“a imaginação da pedra”); Conflito interior: provocado pelo contraste entre o rústico mineiro e a vivência intelectual e social na Europa ; Ambiguidade : “nativismo” X “colonialismo”; Platonismo amoroso : Nise é a musa freqüente; Temática: o amante infeliz; o contraste rústico X civilizado; a tristeza da mudança das coisas em relação à permanência dos sentimentos
  • 13.
    “ Destes penhascosfez a natureza” Destes penhascos fez a natureza O berço em que nasci: oh! quem cuidara Que entre penhas tão duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza! Amor, que vence os tigres, por empresa Tomou logo render-me; ele declara Contra meu coração guerra tão rara Que não me foi bastante a fortaleza. Por mais que eu mesmo conhecesse o dano A que dava ocasião minha brandura, Nunca pude fugir ao cego engano; Vós que ostentais a condição mais dura, Temei, penhas, temei: que Amor tirano Onde há mais resistência mais se apura. Cláudio Manuel da Costa
  • 14.
    TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA Elementos não-convencionais: – representação direta da natureza mineira, e não clássica; – lirismo pessoal (depressivo) decalcado da biografia, mas sem exageros . Obra lírica: “MARÍLIA DE DIRCEU” Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado, De tosco trato, de expressões grosseiro, Dos frios gelos e dos sóis queimado. Tenho próprio casal e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que visto. Graças, Marília bela, Graças à minha estrela! • Eu vi o meu semblante numa fonte, Dos anos inda não está cortado; Os Pastores, que habitam este monte, Respeitam o poder do meu cajado. Com tal destreza toco a sanfoninha, Que inveja até me tem o próprio Alceste: Ao som dela concerto a voz celeste Nem canto letra que não seja minha. Graças, Marília bela, Graças à minha estrela! ...
  • 15.
    “ MARÍLIA DEDIRCEU ” 1ª. Parte - Valorização da figura da mulher amada; - A natureza é o cenário perfeito para o idílio; - Declaração de Dirceu a Marília; - Dirceu assume-se como pastor; Sonhos de felicidade futura. 2ª parte - Escrita no cárcere pelo inconfidente; - Substitui-se o locus amoenus pelo locus horrendus ; - Pré-Romantismo: melancolia, saudade, depressão
  • 16.
    Os teus olhosespalham luz divina, A quem a luz do Sol em vão se atreve: Papoula, ou rosa delicada, e fina, Te cobre as faces, que são cor de neve. Os teus cabelos são uns fios d’ouro; Teu lindo corpo bálsamos vapora. Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora, Para glória de Amor igual tesouro. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! (...) Os seus compridos cabelos, Que sobre as costas ondeiam, São que os de Apolo mais belos; Mas de loura cor não são. Têm a cor da negra noite; E com o branco do rosto Fazem, Marília, um composto Da mais formosa união.
  • 17.
    Pastoralismo e bucolismo: entendimento de que felicidade e beleza decorrem da vida no campo; Convencionalismo: pseudônimos árcades (Tomás = Dirceu; Maria Dorotéia Joaquina = Marília) Texto monologal: Marília é vocativo, pretexto para o autor falar de si mesmo Otimismo e narcisismo: satisfação com o próprio destino,autovalorização, exaltação à sensibilidade artística e alusão à virilidade; Ideal burguês de vida : afirmação da privilegiada situação econômica e da posse da terra; Simplicidade: predomínio da ordem da frase, sem muitas figuras. Realismo descritivo: captação da rusticidade da paisagem e da vida da Colônia. Amor serôdio: valorização do “carpe diem” devido à consciência da fugacidade do tempo.
  • 18.
    Tomás Antônio Gonzaga– satírico Obra: “CARTAS CHILENAS” Forma e conteúdo : * Treze cartas anônimas * Decassílabos brancos * Critilo (Gonzaga) escreve a seu amigo Doroteu (Cláudio M. da Costa), criticando os atos do governador do“Chile”, Fanfarrão Minésio , (o governador de Minas Gerais, Luís da Cunha Menezes)
  • 19.
    O INDIANISMO DEBASÍLIO DA GAMA E SANTA RITA DURÃO BASÍLIO DA GAMA SANTA RITA DURÃO INDIANISMO Glorificação do homem natural que enfrenta os representantes da civilização européia . Glorificação do índio que se converte à religião do dominador luso e o auxilia na conquista da terra
  • 20.
    BASÍLIO DA GAMAPoema épico: “O URAGUAI” Tema central: a história das tropas luso-espanholas enviadas à região das missões jesuíticas para desalojar os índios e jesuítas (após o Tratado de Madri ) e subseqüente destruição de São Miguel. O poema é a narração da luta pela posse da terra, travada em 1757 e foi dedicado ao irmão do Marquês de Pombal.
  • 21.
    Personagens: - General Gomes Freire de Andrade (chefe português); - Catâneo (chefe das tropas espanholas); - Cacambo (chefe indígena); - Cepé (guerreiro índio); - Balda (jesuíta administrador de Sete Povos das Missões); - Caitutu (guerreiro indígena, irmão de Lindóia); - Lindóia (esposa de cacambo); - Tanajura (indígena feiticeira).
  • 22.
    Este lugar deliciosoe triste, Cansada de viver, tinha escolhido Para morrer a mísera Lindóia. Lá reclinada, como que dormia, Na branda relva e nas mimosas flores, Tinha a face na mão, e a mão no tronco De um fúnebre cipreste, que espalhava Melancólica sombra. Mais de perto Descobrem que se enrola no seu corpo Verde serpente, e lhe passeia, e cinge Pescoço e braços, e lhe lambe o seio. Fogem de a ver assim, sobressaltados, E param cheios de temor ao longe; E nem se atrevem a chamá-la, e temem Que desperte assustada, e irrite o monstro, E fuja, e apresse no fugir a morte. Porém o destro Caitutu, que treme Do perigo da irmã, sem mais demora Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes Soltar o tiro, e vacilou três vezes Entre a ira e o temor. Enfim sacode O arco e faz voar a aguda seta, Que toca o peito de Lindóia, e fere A serpente na testa, e a boca e os dentes Deixou cravados no vizinho tronco. Açouta o campo co'a ligeira cauda O irado monstro, e em tortuosos giros Se enrosca no cipreste, e verte envolto Em negro sangue o lívido veneno. Leva nos braços a infeliz Lindóia O desgraçado irmão, que ao despertá-la Conhece, com que dor! no frio rosto Os sinais do veneno, e vê ferido Pelo dente sutil o brando peito. Os olhos, em que Amor reinava, um dia, Cheios de morte; e muda aquela língua Que ao surdo vento e aos ecos tantas vezes Contou a larga história de seus males. Nos olhos Caitutu não sofre o pranto, E rompe em profundíssimos suspiros, Lendo na testa da fronteira gruta De sua mão já trêmula gravado O alheio crime e a voluntária morte. E por todas as partes repetido O suspirado nome de Cacambo. Inda conserva o pálido semblante Um não sei quê de magoado e triste, Que os corações mais duros enternece Tanto era bela no seu rosto a morte!
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    SANTA RITA DURÃOCARAMURU – A glorificação do colonizador branco. Personagens: - Diogo Álvares Correia - Paraguaçú - Moema
  • 24.
    Características de “Caramuru”:Tradicionalismo épico: duros trabalhos dum heróis, contato entre gentes diversas, visão duma seqüência histórica (uma “brasilíada”!); Referência: a fatos históricos desde o Descobrimento até a época do autor; Destaque ao teor informativo e descritivo: louvação da terra, dos costumes, dos ritos indígenas... Inspiração religiosa: louva a colonização como empresa religiosa desinteressada ( objetivo :catequese!); Desprezo: à visão laica e civil – a qual se observa em “ O Uraguai” e nos poemas satíricos
  • 25.
    XXXVIII 'Bárbaro (abela diz), tigre e não homem Porém o tigre, por cruel que brame, Acha forças amor que enfim o domem; Só a ti não domou, por mais que eu te ame. Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem, Como não consumis aquele infame? Mas pagar tanto amor com tédio e asco... Ah! que corisco és tu... raio... penhasco! XXXIX Bem puderes, cruel, ter sido esquivo, Quando eu a fé rendia ao teu engano; Nem me ofenderas a escutar-me altivo, Que é favor, dado a tempo, um desengano; Porém, deixando o coração cativo Com fazer-te a meus rogos sempre humano, Fugiste-me, traidor, e desta sorte Paga meu fino amor tão crua morte?
  • 26.
    O Arcadismo ea Inconfidência Mineira A descoberta do ouro nas Minas Gerais deslocou para o sudeste o desenvolvimento urbano brasileiro no século XVIII. A produção cultural, acontecia principalmente na Bahia e em Pernambuco, passa a se concentrar na cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto), a mais próspera da região. A opressão administrativa portuguesa, o declínio da produção do ouro, a convivência com as idéias liberais de Rousseau, Montesquieu, John Locke e a revolução na América do Norte principais fatores movimento revolucionário em Vila Rica.
  • 27.
    Vila Rica (atualOuro Preto) 1 2
  • 28.
    Libertas quae seratamen proclamar a República Objetivos dos inconfidentes tornar o Brasil independente de Portugal. A bandeira escolhida estamparia o lema dos inconfidentes, extraído de um verso de Virgílio: Libertas quae sera tamen (liberdade ainda que tardia).
  • 29.
    O fim dosinconfidentes Ouvidor em Vila Rica, Foi preso e deportado para Moçambique, onde falece, em 1810. Tomás Antônio Gonçaga Cláudio Manuel da Costa Foi denunciado e preso. Enforcou-se, em 1789, na celda da prisão em que aguardava julgamento, localizada na Casa dos Contos.