O documento apresenta as principais características da literatura do Quinhentismo no Brasil. A literatura dessa época tinha como tema central a conquista material e espiritual durante a expansão marítima portuguesa. Dividia-se entre a literatura de informação, escrita por viajantes com o objetivo de registrar recursos sobre o Brasil, e a literatura jesuítica, produzida por missionários como José de Anchieta com fins educacionais e de catequese. A Carta de Pero Vaz de Caminha foi o primeiro texto escrito no Bras
2. Momento Histórico
Corresponde à época do
descobrimento do Brasil. É um movimento
paralelo ao Classicismo português e possui
idéias relacionadas ao Renascimento.
A literatura do Quinhentismo tem
como tema central os próprios objetivos da
expansão marítima: a conquista material e a
conquista espiritual.
3. Tendências
Quinhentismo
Literatura de Literatura
Informação Jesuítica
Pero Vaz de Caminha José de Anchieta
Manoel da Nóbrega
Fernão Cardim
4. Literatura de Informação
“Não se pode falar em uma literatura propriamente
brasileira, pois no país não se produzia nada além de
registros informativos sobre o Brasil.
A missão dos viajantes era a produção de registros
detalhando os recursos minerais, os perigos existentes, os
habitantes que aqui viviam a sua fauna e flora.
As primeiras produções literárias do Brasil só irão existir
de fato no Barroco.”
(www.portalsão francisco.com.br)
5. a Carta
"Posto que o capitam moor, desta
vossa frota e asy os outros capitaães
screpuam a vossa alteza a noua do
achamento desta vossa terra noua
que se ora neesta nauegaçam achou,
nom leixarey tambem de dar disso
minha comta avossa alteza asy como
eu milhar poder aimda que pera o
bem contar e falar o saiba pior que
todos fazer.“
(texto original)
a El Rei D. Manuel, o Venturoso
6. A Carta de Pero Vaz de Caminha tem importância por 3 aspectos:
Literário Histórico Linguístico
pela carga de por ser a primeira, por se tratar do
elementos líricos portanto a mais primeiro texto em
que contém. importante Língua
referência, sobre a Portuguesa escrito
origem e em águas e terras
descobrimento do brasileiras.
Brasil e do povo
brasileiro.
Ficou inédita até 1817 e tem 27 páginas
7. Graças ao
lirismo e à
riqueza de
detalhes de
Caminha , foi
possível a
artistas
pintarem suas
impressões
sobre os
primeiros
contatos com
os nativos.
8. Pedro Álvares
Cabral
As 10 naus e 3
caravelas de
Pedro Álvares Cabral
zarparam de Belém
na manhã do dia 9
de março de 1500.
10. Nos 2 primeiros parágrafos de sua carta, Caminha explica seu objetivo com
ela: dar conta ao rei do ocorrido, sendo fiel aos fatos,
sem acrescentar ou tirar nada.
A carta faz um relato dos dias
passados na Terra de Vera Cruz
(nome antigo do Brasil) em Porto
Seguro, da primeira missa, dos índios
que subiram a bordo das naus, dos
costumes destes e da aparência deles
(com uma certa obsessão por suas
"vergonhas"), assim como fala do
potencial da terra, tanto para a
mineração (relata que não se achou
ouro ou prata, mas que os nativos
indicam sua existência), exploração
biológica (a fauna e a flora) e
humana, já que fala sempre em
"salvar" os nativos, convertendo-os.
11. Caminha relata brevemente o desenrolar da viagem...
Pretexto para o filme
“Caramuru”.
“E sábado, 14 do dito mês, entre as 8 e 9 horas, nos achamos entre as Canárias, mais
perto da grande Canária. E ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, cerca
de 3 ou 4 léguas. E domingo, 22 do dito mês, às 10 horas pouco mais ou menos,
houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de São Nicolau, segundo o
dito de Pero Escolar, piloto.
Na noite seguinte, à segunda-feira, quando amanheceu, se perdeu da frota Vasco de
Ataíde com sua nau, sem haver tempo forte ou contrário para isso poder acontecer.
Fez o Capitão suas diligências para o achar, em umas e outras partes, mas ele não
apareceu mais.”
12. a seguir, trata dos primeiros sinais de terra e da primeira vista de
terra que tiveram: o Monte Pascoal.
“E assim seguimos nosso caminho por
este mar de longo, até que, terça-feira
das Oitavas de Páscoa que foram 21 dias
de abril(...)
E na quarta-feira seguinte, 22 de abril
de 1500 (...) houvemos vista de terra.”
“(...) A saber, primeiramente, de um grande
monte, muito alto e redondo e de outras serras
mais baixas ao sul dele e de terra chã, com
grandes arvoredos; ao qual monte alto o
Capitão pôs o nome de Monte Pascoal e, à
terra, Terra de Vera Cruz.”
13. “E o Capitão mandou no batel em terra a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E
assim que ele começou a ir para lá, acudiram pela praia homens, aos dois ou aos
três, de maneira que quando o batel chegou à boca do rio,
já havia ali 18 ou 20 homens.”
14. Caminha fala sobre o comportamento
dos nativos quando do contato com os
brancos...
“Depois de alguns dias de trocas e
amabilidades, em que índios subiam
a bordo das caravelas e os
portugueses se misturavam com
eles, cantando juntos e trocando
presentes, cria-se um clima de
amistoso convívio. No final, os
índios estavam de tal forma
acostumados com os portugueses,
que Caminha afirma:
“E estavam já mais mansos e
seguros entre nós do que nós
estávamos entre eles”.
15. Caminha faz uma conclusão bem otimista da carta
"... dar-se-á nela tudo, ..."
[...]"Nela, até agora, não podemos saber que haja ouro, nem
prata, nem nenhuma coisa de metal, nem ferro lho vimos. Mas
a terra em si é de muitos bons ares, frios e temperados.[...] E
em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar, dar-se-á
nela tudo, por bem das águas que tem .”
16. "E o melhor
fruto que dela
se poderá tirar
será salvar
essa gente"
final
18. Oswald de Andrade
Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
19. G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro-2004
“A cana que aqui se planta tudo dá, até energia...
Álcool, o combustível do futuro”
(6º lugar na classificação deste ano)
O Salgueiro faz uma exaltação ao
país apresentando o percurso histórico
do álcool como fonte de energia a
partir da literatura informativa no
Brasil-Colônia, tendo como ponto de
partida a Carta de Pero Vaz de
Caminha.
“- De onde vem o álcool?
A acertada opção por enredo de - Da cana.
cunho histórico-didático resultou em - De onde vem da cana?
um samba bastante poético, repleto de - Da Índia.
- Por que ela floresceu no
belíssimas imagens, conseqüência da Brasil?
inspiração de compositores letrados - Porque, como já diria Pero
que souberam textualizar o enredo em Vaz de Caminha, aqui em se
plantando, tudo dá... Se a
versos com perfeição. gente jogar nesse chão uma
(http://www.academiadosamba.com.br/memoriasamba) semente ou uma muda
qualquer, vai nascer!
- Taí o nosso enredo! “
20. Filmografia Indicada
Caramuru - A Invenção do Brasil
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 88 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2001
Estúdio: Globo Filmes
Distribuição: Columbia TriStar
22. Literatura Jesuítica
Em 1549 chegaram ao Brasil os
primeiros jesuítas, vieram com a missão
de divulgar a fé entre os colonos, oferecer
catequese aos índios e dar educação (ler,
escrever, contar).
O destaque principal foi a de um
grupo chamado Companhia de Jesus, que
temendo que a contra reforma chegasse
antes por aqui instalaram no Brasil seu
desenvolvimento missionário.
Manuel da Nóbrega
Fernão Cardim
José de Anchieta.
23. 1. Manoel da Nóbrega
Nóbrega, com a carta noticiando sua
chegada ao território brasileiro,
inaugura, em 1549, a literatura
informativa dos jesuítas.
Além da vasta correspondência
em que relata o andamento da
catequese e da obra pedagógica a
outros membros da Companhia de
Jesus, escreve o Diálogo Sobre a
Conversão do Gentio (1557), única
obra planejada e com valor literário
reconhecível.
Nela, sua intenção é convencer
os próprios jesuítas do significado
humano e cristão da catequese.
24. 2. José de Anchieta
Quanto à valorização literária, José
de Anchieta destaca-se como o único
autor desta época cuja produção
extrapola o caráter meramente histórico.
Escreveu:
poemas líricos e épicos
autos,
cartas,
sermões
e uma pequena gramática da língua tupi.
Além do caráter informativo e
educacional, algumas de suas criações
literárias visavam, apenas, satisfazer sua
vida espiritual.
25. Abarebebê= padre santo voador
Anchieta pesquisou a língua tupi-
guarani chegando a criar a Gramática
Tupi-Guaranie.
Anchieta misturava três línguas - o
tupi, o português e o espanhol, além
de citações em latim.
Na poesia, expressa a profunda
devoção à virgem Maria e ao
Teocentrismo do universo; pregava o
distanciamento do pecado
encontrando o consolo do divino e
como recompensa a felicidade e o
amor de Deus ; utilizava-se de
“Medida Velha” empregando os
redondilhos maiores (7 sílabas) e
Anchieta foi beatificado em 1980,
redondilhos menores (5 sílabas).
pelo Papa João Paulo II
26. Em Deus Meu Criador
Não há causa segura.
Tudo quanto se vê
se vai passando.
A vida não tem dura.
O bem se vai gastando.
Toda criatura
passa voando.
Contente assim minh’alma.
do doce amor de Deus
toda ferida,
o mundo deixa calma,
buscando a outra vida,
na qual se deseja ser
absorvida.
José de Anchieta
27. O início do teatro brasileiro
Há notícia de 25 obras
teatrais, todas de tradição
medieval com forte influência
do teatro de Gil Vicente em
sua forma e conteúdo,
produzidas nos últimos 50
anos do século XVI. O gênero
predominante é o auto e
alguns deles não têm autoria
comprovada; muitos outros,
como se sabe, são atribuídos
ao Pe. Anchieta (por vezes
contando com a colaboração
do Pe. Manuel da Nóbrega).
De algumas dessas obras
têm-se apenas o título.
28. Auto de
São Lourenço
Considerado "o texto mais
complexo e digno de interesse" de
toda a obra do missionário, o Auto
de São Lourenço ou Na Festa de S.
Lourenço é uma peça trilíngüe que
teve sua primeira representação na
cidade de Niterói em 1583. O texto
é rico em personagens e situações
dramáticas, envolvendo canto, luta
e dança para narrar o martírio do
santo.
Há muitos aspectos que denotam a
inteligência do missionário ao
abordar a trama.Anchieta aproxima
os demônios da igreja católica dos
demônios familiares aos índios.
(disponível em
http://pavimentocraquelado.blogspot.com.br/2008/12/panorama
-do-teatro-brasileiro-1.html )
30. 3. Fernão Cardim
A obra de Fernão Cardim compreende três livros:
• Do Princípio e Origem dos Índios do Brasil;
• Narrativa Epistolar de uma Viagem e Missão Jesuítica
• Do Clima e Terra do Brasil.
Suas descrições e sua narrativa demonstram o
espírito de alguém que se encantou pela exuberância
da natureza e demonstra também simpatia por
aspectos da simplicidade e da ingenuidade da vida
indígena.
Sua visão das coisas é primeiramente estética:um
jesuíta com um pensamento mais aberto e
humanista.
31. Ipupiara - Um dos mais antigos mitos de nossa terra
Inimigo dos pescadores, dos
garimpeiros e de todos os que tiram
proveito das águas, mesmo as lavadeiras.
O mais completo relato é de Fernão
Cardim, que diz:
"parecem-se com homens propriamente, de
boa estatura, mas têm os olhos muito
encovados. As fêmeas parecem mulheres,
têm cabelos compridos, e são formosas".
"O modo que têm para matar é: abraçam-se
com a pessoa, tão fortemente, beijando-a e
apertando-a consigo, que a deixam feita toda
em pedaços (...)".
O Ipupiara era, segundo os cronistas
Ser que reside nas fontes ou "bestial, faminto, repugnante, de
no fundo das águas, meio ferocidade primitiva e brutal".
homem, meio peixe.
32. Filmografia Indicada
Título Original: The Mission
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 125 min
Ano de Lançamento: 1986
Estúdio: Enigma Productions
Distribuição: Warner Bros.
33. Filmografia Indicada
Transcrição fílmica da Carta de Achamento
do Brasil, escrita pelo escrivão da frota,
Pero Vaz de Caminha.
Ficha Técnica
Título Original: Descobrimento do Brasil
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 90 min.
Ano de Lançamento (Brasil): 1937
Estúdio: Cinédia
Distribuição: D.F.B. (Distribuidora de
Filmes Brasileiros)
Direção: Humberto Mauro
Roteiro: Humberto Mauro
Música: Heitor Villa-Lobos
34. Fontes de pesquisa
•ABREU, João Capistrano de. Capítulos de História Colonial (1550-1800). 4. ed. revista, anotada e
prefaciada por José Honório Rodrigues. Rio de Janeiro: Briguiet, 1954. A primeira edição é de 1928.
•AMORA, Antonio Soares.História da Literatura Brasileira. 8ª Edição. São Paulo: Saraiva, 1974.
•www.guesaerrante.com.br
•ANCHIETA, José de, S.J. 1534-1597,
Cartas, informações, fragmentos historicos e sermões / Padre Joseph de Anchieta. - Rio de Janeiro :
Civilização Brasileira, 1933.
•www.quadrinhosdehistoria.com/Galeria.html
•www.portalsaofrancisco.com.br
Pesquisa e Organização
Profa. Cláudia Heloísa Cunha Andria
Graduada em Letras- Unisantos
Contato: clauheloisa@yahoo.com.br