3. O romance A Moreninha conta a história de amor entre Augusto e D. Carolina (a moreninha). Tudo
começa quando Augusto, Leopoldo e Fabrício são convidados por Filipe para passar o feriado de
Sant’Ana na casa de sua avó. Os quatro amigos estudantes de medicina vão para a Ilha passar o feriado
e lá encontram D. Ana, a anfitriã, duas amigas, a irmã de Filipe, D. Carolina e suas primas Joana e
Joaquina. Antes de partirem Filipe havia feito uma aposta com Augusto: se este voltasse da Ilha sem
ter se apaixonado verdadeiramente por uma das meninas, Filipe escreveria um romance por ter
perdido a aposta. Caso se apaixonasse, Augusto é quem deveria escrevê-lo.
Augusto era um jovem namorador e inconstante no amor. Fabrício revela a personalidade do amigo a
todos num jantar, o que faz Augusto ser desprezado pelas moças, menos por Carolina. Sentindo-se
sozinho, Augusto revela a D. Ana, em uma conversa pela Ilha, que sua inconstância no amor tem a ver
com as desilusões amorosas que já viveu e conta um episódio que lhe aconteceu na infância. Em uma
viagem com a família, Augusto apaixonou-se por uma menina com quem brincara na praia. Ele e a
menina ajudaram um homem moribundo e, como forma de agradecimento, o homem deu a Augusto
um botão de esmeralda envolvido numa fita branca e deu a menina o camafeu de Augusto envolvido
numa fita verde. Essa era a única lembrança que tinha da menina, pois não havia lhe perguntado nem
o nome.
O fim de semana termina e os jovens retornam para os estudos, mas Augusto se vê com saudades de
Carolina e retorna a Ilha para encontra-la. O pai de Augusto, achando que isso estava atrapalhando
seus estudos, proíbe o filho de visitar Carolina. Depois de um tempo distantes, Augusto volta a Ilha
para se declarar a Carolina. Mas ela o repreende por estar quebrando a promessa feita a uma garotinha
há anos atrás. Augusto fica confuso e preocupado, até que Carolina mostra o seu camafeu. O mistério
é desfeito, e, para pagar a aposta, Augusto escreve o livro A Moreninha.
4. O romance A Moreninha é um clássico da nossa literatura e representa a narrativa romântica
com características nacionais. O Romantismo, como grande parte dos movimentos literários,
tinha força na Europa. A obra de Joaquim Manuel de Macedo dá os primeiros passos para o
Romantismo tipicamente brasileiro.
A obra mostra os costumes e a organização da sociedade que se formava no século XIX no Rio
de Janeiro: os estudantes de medicina, os bailes, a tradição da festa de Sant’Ana , o flerte das
moças etc. Também está presente a cultura nacional, através da lenda da gruta, em que o choro
de uma moça que se apaixonou por um índio e não foi correspondida se transforma na fonte
que corre na gruta.
A idealização do amor puro, que nasce na infância e permanece apesar do tempo, é uma das
principais características que enquadram a obra como romântica. Além disso, a menção à
tradição religiosa (festa de Sant’Ana), o sentimentalismo e caracterização da natureza através
da ilha, da gruta e do mar contribuem para montar o cenário do amor romântico entre Augusto
e Carolina.
A linguagem da obra é simples, com a presença do popular. O narrador é onisciente, em terceira
pessoa. O romance se desenrola em três semanas e meia, em tempo cronológico. A leitura leve,
o suspense presente no decorrer do romance e o final feliz fizeram da obra uma referência, que
teve repercussão não só na época de sua escrita, como também é lida até hoje.
5.
6. Iracema acolheu o jovem branco e o levou para sua tribo, onde ele foi recebido como hóspede e amigo.
Ao inteirar-se da celebração que os tabajaras faziam a seu grande chefe Irapuã, que vai comandá-los
num combate aos pitiguaras, Martim resolveu fugir, naquela mesma noite. Iracema o impediu,
pedindo-lhe que aguardasse a volta de seu irmão Caubi, que poderia guiá-lo pelas matas.
Triângulo amoroso
Aos poucos, surge afeto entre Iracema e Martim, que logo se transforma em paixão. A situação se
complica, pois Irapuã também estava apaixonado pela índia e tentou matar Martim quando este já
deixava a aldeia, após descobrir que Iracema, por ser filha do pajé e guardiã do segredo da jurema,
deve permanecer solteira.
No entanto, a união dos dois se consuma numa noite em que Martim, em sonho, imaginou possuir
Iracema, sendo que esta de fato se entregou a ele. Desse modo, quando Martim decide partir para
escapar a Irapuã e aos tabajaras, Iracema lhe revelou a verdade e se dispôs a segui-lo. Os dois partiram
ao encontro de Poti, chefe dos pitiguaras, que considerava Martim seu irmão. Foram seguidos por
Irapuã e os tabajaras, o que resulta no conflito entre as duas tribos adversárias.
Mesmo sofrendo pela derrota de seu povo e pela morte de muitos dos seus, Iracema segue Martim e
passa a viver com ele na tribo de Poti. Com o passar do tempo, porém, Martim se mostra
desinteressado pela esposa, parece sentir saudades da civilização de onde veio, mas sabe que não pode
ir para lá e levar Iracema com ele. Nesse ínterim, o guerreiro branco - que adotou o nome indígena de
Coatiabo - enfrenta diversos combates, enquanto Iracema engravida de um filho seu. Ainda assim, a
índia sofre as constantes ausências do marido e definha de tristeza.
.
7. O filho do sofrimento
Ao voltar de uma batalha, Martim encontra Iracema com seu filho - a quem ela chamou
Moacir, que significa "o filho do sofrimento". A índia está extremamente debilitada. Só
teve forças para entregar o filho ao pai e pedir-lhe que a enterrasse aos pés de um
coqueiro de que ela tanto gostava. O lugar onde Iracema foi enterrada passou a se chamar
Ceará - segundo a tradição, Ceará significa canto da jandaia, a ave de estimação de
Iracema.
Sofrendo a perda de Iracema, Martim retorna a sua pátria com o filho. Quatro anos
depois, volta novamente ao Brasil, onde ajuda a implantar a fé cristã, convertendo Poti,
que recebeu o nome de Felipe Camarão. Os dois ajudaram o comandante Jerônimo de
Albuquerque na luta contra os holandeses. Quando podia, Martim ia ao local onde
Iracema estava enterrada e se deixava consumir pela saudade.
O simbolismo da narrativa de Alencar é evidente: do cruzamento das duas raças - o
europeu e o índio - nasce o brasileiro. Nesse sentido, a obra é uma expressão do
Indianismo que caracterizou a primeira fase do Romantismo no Brasil. O país - cuja
independência completava 43 anos à publicação de Iracema (1865) - precisava valorizar
suas raízes e sua história, para afirmar-se como nação livre e soberana
8. Em Iracema (1865) José de Alencar, ou por ter atingido a maturidade nos temas
indianistas, ou porque nessa obra não há a rigor nenhum compromisso com
uma afirmação nacional pela literatura, atinge seu romance mais bem
estruturado, sob o ponto de vista estético. Iracema é o exemplar mais perfeito
de prosa poética de nossa ficção romântica, belíssimo exemplo do
nacionalismo ufanista e indianista, com o qual Alencar contribuiu com a
construção da literatura e da cultura brasileira.
No romance há um argumento histórico: a colonização do Ceará, que se deu em
1606. Nele há a presença de personagens históricos: Martim Soares Moreno, o
colonizador português que se aliou aos índios Pitiguaras e Poti, Antônio Felipe
Camarão. Através do romance entre Iracema e Martim, José de Alencar
romantizou o processo de colonização do Ceará, simbolicamente
representativo do processo de colonização do Brasil. Iracema apresenta uma
espécie de conciliação entre o branco e o índio, na medida em que romantiza a
dominação de um povo pelo outro. Desta forma insere nos códigos artísticos do
Romantismo europeu a temática do processo de colonização do país. Com a
obra se inaugura o mito heróico da pátria, de natureza indianista.