1) O documento discute fundos de investimento e avaliação de carteiras/fundos de investimentos.
2) É apresentado sobre tipos de fundos, riscos, custos, taxas e medidas para avaliar o desempenho de fundos, como o índice de Sharpe, índice de Treynor e alfa de Jensen.
3) Warren Buffett é citado como exemplo de investidor de sucesso que obteve alta rentabilidade ao escolher bem suas ações ao longo do tempo.
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
Avaliação de carteiras/fundos
de investimentos
grggggggggggggggggggg
ggggggggg
Luiz Felipe de Araújo Pontes Girão
Objetivo: aplicar as ferramentas vistas ao longo da disciplina com o objetivo
de avaliar carteiras
Conteúdo: Fundos de investimentos em geral. Avaliação de desempenho.
Gestão ativa versus passiva. Medidas de desempenho. Problema na
mensuração da carteira. APT e avaliação de desempenho. Como escolher
fundos.
2. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
O que são fundos de investimentos?
• Fundo de Investimento é uma comunhão de recursos, captados de
pessoas físicas ou jurídicas, com o objetivo de obter ganhos financeiros
a partir da aplicação em títulos e valores mobiliários. Esses recursos são
usados para comprar bens (títulos) que são de todos os investidores, na
proporção de seus investimentos. Seu objetivo, portanto, é promover a
aplicação coletiva dos recursos de seus participantes (CVM-TOP).
– Uma cota é a menor fração do capital do fundo (semelhante à uma ação para
uma empresa)
– O valor da cota é apurado diariamente, com base no valor de mercado dos
investimentos líquidos das despesas do fundo e quantidade de cotas existentes
3
3. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Fundos de investimento no Brasil
• Justificativa para a importância do tema da aula no Brasil:
1. Os fundos vêm apresentando crescimento rigoroso no Brasil desde a
implantação do Plano Real, em 1994;
2. A estabilidade econômica fez com que os investidores passassem a buscar
aplicações que não têm apenas o objetivo de se proteger da inflação
(CASACCIA et al, 2011);
3. Mas e agora, em 2016, por que é importante ficar de olho no desempenho dos
fundos e carteiras em geral?
4
4. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Quais são as vantagens de se investir em fundos?
1. Gestão profissional
2. Diversificação
3. Acesso a outros mercados
4. Custos de transação menores
5. Facilidade no resgate
6. Pode ser menos burocrático e
barato do que um Clube de
Investimentos
5
5. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Quais são as vantagens de se investir em fundos?
6
• No longo prazo, alguns fundos baseados em
determinados índices podem ser muito melhores do
que algumas rendas fixas, e com um nível de risco não
muito alto, como é o caso do índice de dividendos.
• Caso queira, é possível aplicar em um fundo que tenha
como foco aplicar em boas pagadoras de dividendos.
6. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Existem desvantagens?!
• Você delega as decisões sobre onde os seus recursos serão aplicados
para outra pessoa, além de ter que seguir as regras do fundo (por isso é
importante analisar a lâmina do fundo).
• Por exemplo, um investidor agressivo pode se chatear ao investir neste
fundo sem ler a lâmina:
7
7. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Tipos de fundos
• Não darei a definição deles, busquem no livro gratuito da CVM: TOP Mercado
de Capitais. Cada um tem suas restrições de tipos de ativos, quantidades,
prazos, forma de tributação etc.
8
– De curto prazo
– Referenciados (em um benchmark)
– De Renda fixa
– De ações
– Cambiais
– De dívida externa
– De dívida externa
– Multimercado (são os mais livres, para
investidores mais “sofisticados”)
– Direitos creditórios (FIDC)
– Imobiliário (FII)
– De índices (ETF)
– Em participações (FIP)
– Mútuo de privatizações (usa o FGTS de
Pessoas Físicas)
– De investimento em cotas de outros
fundos (FIC)
– Entre diversos outros para empresas
emergentes, cultura, cinema etc.
9. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Custos e taxas
• Os custos/despesas são descontados do valor da cota, assim é possível
comprar a rentabilidade de fundos com custos diferentes, pois já estão
todos líquidos. Cuidado também com a tributação!
• As taxas mais comuns são de administração e performance.
• Exemplo da demonstração das despesas e taxas de um fundo (lâmina
e demonstrações contábeis auditadas – mais informações):
10
11. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Avaliação de desempenho
• Por que avaliar o desempenho das carteiras de investimentos?
– Comparar carteiras e fundos de investimentos;
– Saber como e quão bem o fundo é diversificado;
– Qual é o mix entre ações e outros títulos e como eles variam;
– Com isso (e outras informações) o investidor pode entender o desempenho “por
dentro” para fazer possíveis ajustes.
• Geralmente os gestores e investidores utilizam um benchmark (Nikkei,
Ibov, S&P 500, CDI etc.) para comparação.
12
12. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Gestão Ativa versus Gestão Passiva
• O que é gestão ativa e passiva?
• No período clássico da Teoria de Finanças (até 1980 aproximadamente)
a conclusão das pesquisas é que os fundos ativos tinham pior
desempenho do que os passivos. Grande parte desse resultado é devido
aos custos de transação e taxas de administração (OLIVEIRA FILHO,
2011).
• A partir das primeiras evidências contrárias à HME, apareceram também
evidências de que gestores de alguns fundos têm habilidades superiores
de seletividade e market timing, superando o benchmark ao longo do
tempo de forma persistente.
13
Segundo Cuthbertson et al. (2006):
De 2% a 5% dos melhores fundos britânicos e americanos estão nessa categoria;
De 20% a 40% estão na categoria de resultados consistentemente ruins.
14. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
Retorno excessivo para medidas de variabilidade (Índice de Sharpe)
• Se existe uma Rf, então todo investidor preferirá uma carteira entre A e
D.
• Segundo Elton e Gruber (1995), a reta que estiver mais distante do eixo
do risco e mais próxima do eixo do retorno será a que tem a melhor
relação risco/retorno.
15
Qual é a melhor carteira, com
base na relação risco x retorno?
15. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
Retorno excessivo para medidas de variabilidade (Índice de Sharpe)
• Sharpe (1966) desenvolveu uma medida mais objetiva, baseada na
tangente dos ângulos formados pelas retas.
16
1. Quanto maior o
IS melhor é o
desempenho da
carteira.
2. Teoricamente, o
IS mede o retorno
excessivo para cada
unidade de risco. 𝐼𝑆 =
𝑅𝑝 − 𝑅𝑓
𝜎𝑝
16. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
• Analise os fundos abaixo e crie um ranking dos que tiveram o melhor
desempenho com base no IS, considerando que a Rf é de 7%.
17
Fundo Retorno Desvio-padrão
W 8% 3%
X 14% 8%
Y 20% 10%
Z 10% 3%
17. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
• Analise os fundos abaixo, com base em informações dos últimos 12
meses (LTM) (dados de 13/10/2016) e crie um ranking dos que tiveram
o melhor desempenho com base no IS, considerando que a Rf é de 7%.
• P.s.: o IS calculado aqui não baterá com o demonstrado pelo banco
porque a Rf foi diferente. Cuidado com isso, pois pode haver
manipulação para melhorar o índice!
18
Fundo Retorno Desvio-padrão
BB1 28,05% 18,36%
BB2 15,92% 4,98%
BB3 75,75% 63,65%
SAN1 13,52% 1,57%
18. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
• Calcule o IS para o fundo BB Ações Dividendos e para o IBOV com base
nos dados abaixo. Você investiria neste fundo? Por que sim ou não?
• Monte o seu argumento em até 10 linhas.
19
19. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
• Estime o peso de cada ativo em uma carteira composta pelos dois ativos
abaixo e, após isso, calcule o IS da carteira ótima. Considere uma Rf de
7%.
• Existe um fundo de investimento que você está pensando em investir
que tem um IS de 2. Seu investimento é melhor ou pior do que sua
outra alternativa?
20
Condição
do
mercado
Retorno
do ativo A
(%)
Retorno
do ativo B
(%)
Boa 25 10
Média 15 20
Ruim 5 20
20. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
• Cuidados que devem ser tomados ao usar o IS:
1. O IS não utiliza a correlação entre os ativos (perde importância quando
analisamos a inclusão de um novo ativo com risco em uma carteira com ativos
de risco);
2. O IS olha para decisão pelo “olho” do investidor que aplicou a maior parte do
seu investimento em um fundo, por isso utiliza o desvio-padrão (risco total);
3. O gestor do fundo deve utilizar uma medida que considere o mercado como
benchmark;
4. Para considerar a correlação entre os ativos, utilizar o Índice de Treynor.
21
21. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
Excesso de retorno em relação ao risco não diversificável (Índice de
Treynor)
• O IT (1965) é a contrapartida (na verdade veio antes) do IS.
• Treynor (1965) foi o primeiro a usar a ideia de risco sistemático para
medir a performance dos fundos de investimentos ou carteiras.
• A diferença entre o IT e o IS é que o IT usa o risco sistemático (b) (a
demonstração é a mesma, inclusive, com o tamanho do ângulo que
gráfico forma).
23
𝐼𝑇 =
𝑅𝑝 − 𝑅𝑓
𝛽𝑝
22. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
• Analise os fundos abaixo e crie um ranking dos que tiveram o melhor
desempenho com base no IT, considerando que a Rf é de 7%.
24
Fundo Retorno Beta
H 16% 1,3
I 14% 1,0
J 22% 1,6
K 14% 0,8
26. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Vamos desconsiderar o erro da regressão e colocar a equação em
função do 𝜶. Faça isso e pense na interpretação do resultado. O que o 𝜶
mede efetivamente? R é o retorno que aconteceu no período.
R𝑝 − 𝑅𝑓 = 𝜶𝑝 + 𝛽𝑝 𝑅𝑚 − 𝑅𝑓
• Outra forma de escrever: R𝑝 = 𝑅𝑓 + 𝛽𝑝 𝑅𝑚 − 𝑅𝑓 + 𝜶𝑝
• Nova equação: 𝜶𝑝 = 𝑅𝑝 − [𝑅𝑓 + 𝛽𝑝 𝑅𝑚 − 𝑅𝑓 ]
• Todavia, a melhor forma de se estimar é pela regressão.
Medidas de desempenho
28
Retorno esperado, com
base no CAPM
(compensação de risco)
27. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
• Calcule o Alfa de Jensen dos fundos abaixo e forme um ranking dos
melhores fundos. O ranking do alfa bateu com o ranking feito com base
no IT?
• Considere uma Rf de 7% e Rm de 15%.
29
Fundo Retorno Beta
H 16% 1,3
I 14% 1,0
J 22% 1,6
K 14% 0,8
𝜶𝑝 = 𝑅𝑝 − [𝑅𝑓 + 𝛽𝑝 𝑅𝑚 − 𝑅𝑓 ]
28. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
• Considerando as mesmas condições do slide anterior, qual foi o Alfa do
fundo abaixo? Calcule o Alfa pelo retorno médio aritmético (simples) e
pelo geométrico – há diferenças significativas?
30
31. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
• Considere que existe uma regra de bolso que diz que para df > 25, com
nível de significância de 5% (bilateral), o valor crítico é + - 2 (BROOKS,
2014).
• Quantos Alphas (JENSEN, 1968) foram significativos e o que isso quer
dizer?
33
32. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
• Faça a mesma análise para o gráfico abaixo. O que muda, por que muda
e quais cuidados temos que ter nas nossas pesquisas para não tirar
conclusões erradas?
34
33. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
• Segundo Bodie (2005), o Alfa de Jensen é uma medida melhor do que o
IS e o IT:
1. Agrega informação sobre a contribuição do gestor ao desempenho do fundo;
2. Gera classificações para os fundos; e
3. É apropriado a um cenário específico de investimento.
• O que acontece com o retorno de uma carteira que tem 𝛽 >1 em um
bull market? E o que acontece quando o 𝛽 <1 em um bear market?
• O 𝜶 desqualifica gestores que vão bem na alta(baixa) do mercado
apenas por terem um 𝛽 maior(menor) do que 1.
35
34. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Medidas de desempenho
• Exercício para fazer agora:
• Estimar os alfas das carteiras encontradas na planilha “fundos de
investimentos” (aba Ex Diversificação);
• Comparar os alfas dos fundos; e
• Escrever um pequeno relatório, explicando o desempenho dos 3 fundos
de investimentos analisados. Imagine que você é o gestor do fundo.
• Informações que poderão ajudar na hora de escrever o relatório: um
fundo é ativo (tenta bater o IBOV), outro é um fundo de empresas
pagadoras de dividendos (tenta bater o CDI) e o outro é um fundo
multimercado que aplica em diversos ativos e assume um risco maior do
que os outros dois, esperando retorno também maior.
36
35. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Problema na mensuração da carteira
• O problema de sempre: a carteira de mercado
• Se um analista utiliza o IBRX100 como carteira de mercado, a análise
será divergente do analista que usa o IBOVESPA, provavelmente. Logo,
os betas serão divergentes.
• Mudando a definição de carteira de mercado pode-se mudar também o
beta e o ranking das carteiras.
• Uma possível solução (ELTON; GRUBER, 1995): utilização de modelos
multi-index.
• Cuidado também com a definição da Rf (mais uma vez o exemplo do
Anpcont).
38
36. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
APT e avaliação de desempenho
• Até o início da década de 1990 a maioria das técnicas utilizava um índice
único, mesmo os gestores gerenciando carteiras com base em diversos
títulos (renda fixa e variável) e de diversos países.
• Com base nisso, o benchmark não representará a carteira.
• Elton et al (1993) encontraram que quando um APT é utilizado, um Alfa
de Jensen que era positivo passa a ser negativo (isso pode variar de
amostra a amostra).
• Exemplo: Índice de Sharpe Generalizado (alfa dividido pelo desvio-
padrão dos resíduos):
39
37. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Como escolher o melhor fundo ativo?
• A escolha do índice depende da importância da carteira para o
investidor:
1. O Investidor que não tem investimento com risco e procura selecionar uma
carteira para ser seu único investimento com risco: a carteira com o maior IS;
2. O investidor possui a carteira de mercado e quer adicionar outro ativo com
risco: IVA (adaptado do Alfa de Jensen, dividindo ele pelo desvio padrão dos
resíduos);
3. O investidor tem diversos fundos e quer avaliar o desempenho deles para
poder realocar seus investimentos e aumentar o seu desempenho total: usar
o IT.
43
39. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Tracking Error
• Até aqui discutimos a avaliação de fundos ativos. Para os passivos
devemos usar o TE.
• O TE auxiliar a avaliar se o fundo passivo está acompanhando o
bechmark.
• Quando usamos dados históricos, o TE é chamado de ex-post, quando
projetamos, é chamado de ex-ante.
• TE ex-post:
• Onde Rp é o retorno da carteira e Rb é o retorno do benchmark.
• Quanto mais próximo de ZERO melhor.
45
𝑇𝐸 =
𝑖=1
𝑛
𝑅 𝑝 − 𝑅 𝑏
2
𝑛 − 1
40. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Como escolher o melhor fundo?
• Questões (diga nessas situações abaixo qual é o melhor indicador para
cada situação):
1. Eu sou um investidor procurando avaliar meus fundos de investimentos, de
modo a fazer algumas possíveis realocações de recursos.
2. Quero analisar se os meus fundos de investimentos estão próximos ao
desempenho da carteira de benchmark; e
3. Quero avaliar se a adição de mais um ativo risco agrega valor à minha carteira.
46
41. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Notícia
• A aposta de Warren Buffett e a distante realidade brasileira:
http://www.valor.com.br/financas/4883432/aposta-de-warren-buffett-e-distante-realidade-brasileira
• Investidores trocam fundos com gestão ativa por fundos com gestão passiva:
http://financasaplicadasbrasil.blogspot.com.br/2016/07/investidores-trocam-fundos-ativos-por.html
• Menos risco, mais retorno (aplicação do índice de sharpe):
http://www.valor.com.br/financas/3740254/menos-risco-mais-retorno
• Selecionar ações está virando profissão do passado:
http://www.valor.com.br/financas/4749009/selecionar-acoes-esta-virando-profissao-do-passado
• Maioria dos fundos ativos não atinge meta: http://www.valor.com.br/financas/4754475/maioria-dos-
fundos-ativos-nao-atinge-meta
47
44. Felipe Pontes
www.contabilidademq.blogspot.com
Para ter acesso a mais conteúdos, acesse:
– Blogs
www.contabilidademq.blogspot.com
www.financasaplicadasbrasil.blogspot.com
– Facebook:
www.facebook.com/contabilidademq
– Twitter:
www.twitter.com/contabilidademq
– YouTube:
www.youtube.com/felipepontes16
50
Notas do Editor
No Brasil, os fundos vêm apresentando um crescimento rigoroso desde a implantação do Plano Real, em 1994. O cenário de estabilidade econômica propiciou novas alternativas aos investidores, que passaram a direcionar seus recursos, de maneira mais objetiva, buscando aplicações adequadas às suas expectativas de retorno/risco e não apenas proteção contra perdas inflacionárias (CASACCIA et al, 2011). O que faz com que essas técnicas que serão apresentadas na próxima seção ganhem relevância também no cenário nacional.
Conforme Oliveira Filho (2011) a maior parte dos estudos acadêmicos sobre performance de fundos, no chamado período clássico da teoria das finanças, que vai desde o desenvolvimento das teorias de portfólio e equilíbrio do mercado até o início dos anos 1980, concluiu que o desempenho dos fundos de investimento ativos (aqueles que têm por objetivo superar o benchmark), ajustados ao risco, é inferior ao benchmark passivo (aqueles que objetivam replicar o benchmark), e em grande medida isso se deve aos custos de transação e administração.
Em um fundo ativo, o custos de administração são mais altos, visto que eles prometem um retorno mais alto. Para conseguir esse retorno mais alto, o gestor do fundo deverá efetuar mais transações com o objetivo de rebalancear sua carteira. Essa alta frequência de operações aumenta os custos de transação. Com isso, mesmo que o fundo consiga um retorno mais alto que o benchmark, os custos de transação de administração corroem esse retorno.
A partir da década de 1980, à medida que a HME foi posta à prova, um número crescente de testes empíricos começou a evidenciar que muitos gestores de fundos apresentam habilidades superiores de seletividade de market timing, e conseguem superar os índices de mercado e os concorrentes passivos, de modo persistente no tempo. Segundo Cuthbertson et al (2006), cerca de 2 a 5% dos melhores fundos britânicos e americanos encontram-se nesta categoria, enquanto de 20 a 40% apresentam resultados consistentemente ruins.
Tendo determinado quais as carteiras ótimas, o investidor deve apenas selecionar aquela que proporciona a relação risco-retorno mais adequada às suas demandas pessoais.
Considerando a figura abaixo, se existe uma taxa livre de risco, então todo investidor preferirá a carteira A à D, porque as combinações de A com o ativo livre de risco darão maiores retornos com o mesmo nível de risco que a carteira D combinada com o ativo livre de risco.
Todas as combinações de carteiras com ativos de risco e a taxa livre de risco formarão uma reta no gráfico. A carteira preferível, aquela que traz o maior retorno com o menor/melhor nível de risco, é aquela que está, segundo Elton e Gruber (1995), mais distante no sentido anti-horário (basta ver que quanto mais distante do eixo de baixo e mais próximo do eixo de cima, mais retorno e menos risco ela terá). Na figura abaixo é a carteira A. Pode-se traçar também uma outra reta, paralela ao eixo do risco, considerando o mesmo retorno (taxa livre de risco), apenas para comparação por meio do ângulo formado. A reta que tiver o maior ângulo deverá ser a preferida.
TANGENTE
Tendo determinado quais as carteiras ótimas, o investidor deve apenas selecionar aquela que proporciona a relação risco-retorno mais adequada às suas
Todas as combinações de carteiras com ativos de risco e a taxa livre de risco formarão uma reta no gráfico. A carteira preferível, aquela que traz o maior retorno com o menor/melhor nível de risco, é aquela que está, segundo Elton e Gruber (1995), mais distante no sentido anti-horário (basta ver que quanto mais distante do eixo de baixo e mais próximo do eixo de cima, mais retorno e menos risco ela terá). Na figura abaixo é a carteira A. Pode-se traçar também uma outra reta, paralela ao eixo do risco, considerando o mesmo retorno (taxa livre de risco), apenas para comparação por meio do ângulo formado. A reta que tiver o maior ângulo deverá ser a preferida.
IS = Cateto oposto/ cateto adjacente = (Rp-Rf)/varp
Quanto maior o índice de sharpe, melhor é o desempenho da carteira.
Essa medida é chama de índice de Sharpe, ou recompensa pela variabilidade. Ela é muito mais eficiente do que avaliar apenas o retorno, visto que os ativos de maior risco, segundo a moderna teoria das carteiras, têm o maior retorno. Com isso, podemos ver quanto de retorno o ativo, ou carteira, trouxe por medida de risco risco total. Em seu trabalho, Sharpe (1966) identificou que a maioria dos fundos analisados perdiam para o Dow Jones, utilizando essa medida de desempenho.
IS fundo = (21,53 – 7)/4,82 = 3,02
IS Bovespa = (29,52 – 7)/7,67 = 2,94
Diversos cuidados devem ser tomados ao se aplicar o IS na seleção ou classificação de investimentos. O primeiro deles vem do fato de o cálculo do IS não incorporar informação sobre a correlação entre os ativos; portanto, o IS perde importância quando se quer adicionar um ativo (ou carteira) com risco a uma carteira que já tenha ativos arriscados.
Primeiro tem-se que avaliar a correlação entre os ativos, após isso avaliar o índice de Sharpe da carteira final (ou usar o índice de treynor que será visto em breve). Quanto maior a correlação entre o ativo que está sendo avaliado e a carteira corrente, maior a importância do IS como indicador para a seleção de um investimento. Se a correlação é muito baixa ou negativa, um ativo com pequeno IS pode tornar ainda maior o IS final de toda a carteira.
O índice de Sharpe olha para a decisão pelo ponto de vista do investidor que escolhe o fundo mútuo para representar a maior parte do seu investimento. Um investidor escolhe um fundo mútuo para representar a maior parte da sua riqueza deverá se preocupar com o risco total do fundo, visto que a sua riqueza toda nele, e o desvio padrão é uma medida desse risco. Utilizando-se o beta, Sharpe acredita que poderão os investidores serem penalizados por uma diversificação ineficiente e ineficaz. A definição relevante de desempenho pode ser alterada se o problema for examinado pelo ponto de vista do gestor do fundo. Isso nos leva diretamente para segunda medida de desempenho, apresentada na próxima seção.
Deixe-nos assumir por um momento que nós estamos avaliando o gestor de um fundo onde o nível de risco é determinado pelo cliente e que o gestor é apenas o gerente do capital sendo então o risco total importante. Essa situação não é atípica, pois em fundos de pensão, por exemplo, frequentemente escolhem gestores diferentes para porções diferentes do capital: uma parte para renda variável e outro para fixa, dando meta de risco para cada uma.
O que deve ser avaliado, nesse caso, é a habilidade do gestor de escolher ações e combiná-las em uma carteira, dado o nível de risco que ele está restrito a operar.
Se o gestor seguir a ‘naive strategy’ de investir em um ativo livre de risco e na carteira de mercado para obter o mesmo risco como A, uma carteira com risco e retorno de A’ poderá resultar. O retorno diferencial pela escolha de risco do gestor (a distância entre A e A’) é uma medida de quão bom ou ruim o gestor foi na sua ‘naive strategy’.”
Diversificação ingênua é quando o investidor utiliza regras de bolso para diversificação da carteira. Por exemplo a regra 1/N. ele tem um montante para investir e tem duas opções, a regra de bolso utilizada diz para investir 50% em cada.
Índice de treynor (1965) é a contrapartida (na verdade ele veio antes) do índice de Sharpe (1966). A diferença é que ele utiliza o beta (risco não diversificável) como medida de risco. Treynor (1965) foi o primeiro a utilizar o conceito de risco sistemático para medir a performance de fundos de investimentos ou carteiras.
O índice de Treynor, ou recompensa pela volatilidade, é medido da seguinte maneira:
O modelo de um fator representado pela Equação acima, do CAPM, permite obter indicadores de desempenho importantes que vão (1) agregar informação sobre a contribuição de um gestor para a desempenho do seu fundo; (2) gerar classificações diferentes para os fundos disponíveis; e (3) ser apropriado para um cenário específico de investimento.
O alfa mede quanto de retorno o fundo teve acima do que deveria ter tido pelo CAPM. Retorno anormal.
Verde é a Berkshire de fato. Azul é alguém tentando replicar a Berkshire. Quem tentou replicar a estratégia de buffet se deu melhor que ele.
Segundo Elton e Gruber (1995), esse indicador desqualifica gestores que são bem-sucedidos na alta (baixa) do mercado apenas por terem um beta maior (menor) do que 1.
Beta maior do que 1 leva o gestor a ter um bom desempenho
Um gestor ativo bem-sucedido deve mostrar um alfa positivo. Mas, para conseguir superar o mercado, também deve adquirir uma carteira diferente da carteira do mercado (ou do índice que representa o mercado), e o preço por isso é uma menor diversificação, que estará contida no termo de erro da Equação do CAPM. Então, dividindo-se o alfa da carteira pelo seu risco não-sistemático, tem-se o índice de valor adicionado(IVA). Esse indicador mostra quanto determinado gestor pôde adicionar de valor a uma carteira com vários outros fundos, pelo fato de assumir um risco diferente do risco de mercado.
Até o início da década de 1990, a maioria das técnicas de análise de desempenho focavam em um único benchmark e em um único índice. Contudo, os gestores gerenciam carteiras não só baseadas em um único tipo de ativo, ou de ativos de um único país. Os gestores administram fundos com uma mistura de ações, títulos da dívida pública, títulos de outros países etc. isso faz com que a análise tomando como base apenas um benchmark ou apenas um indicador não seja eficaz ao que se propõe, pois nem todos os ativos compõem o índice utilizado como benchmark.
Elton et al (1993), por exemplo, analisaram um trabalho de um outro autor que utilizou apenas um benchmark. Com isso, obteve-se um alfa de Jensen positivo. Porém o autor utilizou um conjunto de ativos que não compunham o S&P índex. Isso fez com que o resultado fosse distorcido. Utilizando um índice que representasse melhor a realidade daquelas empresas, Elton et al encontraram um alfa de Jensen negativo (sic). Por este motivo, é importante a escolha do índice que irá utilizar, ou se irá utilizar mais de um índice com benchmark.
Essa é a pergunta que se quer responder com os indicadores apresentados até aqui. E a resposta depende também do investidor e sua carteira corrente. Se as preferências dos investidores são representadas pela média e volatilidade, os indicadores apresentados permitem um critério bastante simples de seleção. O objetivo final do investidor é que sua carteira total, que é a soma da carteira corrente mais qualquer novo investimento, tenha o máximo índice (Sharpe, Treynor, Jensen etc). Então os indicadores permitirão avaliar o impacto de qualquer novo fundo sobre a carteira do investidor.
O indicador apropriado para a seleção de carteira depende da importância da carteira para o investidor e são três as possibilidades. A primeira trata do investidor que não tem investimento com risco e procura selecionar alguma carteira para ser seu único investimento com risco. Esse é o caso mais simples, e a carteira com maior IS é a mais adequada. Como o investidor não tem outro ativo que poderia ter correlação com a sua carteira, o simples IS é suficiente.
O segundo caso trata de quando o investidor já possui a carteira de mercado e quer adicionar outro investimento arriscado. Nesse caso, o indicador apropriado é o IVA, que mede, através do alfa, quanto retorno pode ser adicionado em troca da adição de um risco não-sistemático dado por desvio padrão do erro da carteira. O IVA entra como uma medida de custo-benefício da inclusão de um novo fundo.
O terceiro caso ocorre quando o investidor tem diversos fundos e quer avaliar o desempenho deles para poder realocar seus investimentos e aumentar o desempenho total. Intuitivamente, nota-se que o risco não-sistemático fica desprezível, já que vários fundos juntos geram uma diversificação suficiente para eliminar esse componente do risco. Assim, o componente do risco total mais importante é o do risco sistemático. Dessa forma, o índice de Treynor é o mais indicado.
O indicador IT é a medida apropriada para se avaliar a adição de um fundo a uma carteira com vários fundos, porque divide o excesso de retorno de cada fundo pelo seu risco sistemático apenas, e essa é a medida de risco relevante, pois o componente não-sistemático do risco irá desaparecer quando os fundos se combinarem.
Os fundos passivos têm o objetivo de seguir um benchmark, então não preciso me preocupar em bater nenhum índice.
Me preocupo apenas sele segue bem o índice. Isso pode ser visto pelo tracking error.
Até aqui, foi discutida a avaliação do desempenho de fundos ativos. No caso dos fundos passivos, a principal preocupação dos investidores é se o fundo está acompanhando bem o benchmark ou índice que ele se propõe a reproduzir. Um indicador de desempenho de fundos de investimentos passivos que mede como o fundo acompanha o índice é o Tracking Error.
Tracking error é uma medida de quão aproximadamente uma carteira replica o seu benchmark. O tracking error mede o desvio-padrão da diferença entre os retornos da carteira e os do benchmark. Para um fundo que visa replicar um índice, o tracking error deverá ser tão próximo quanto possível de zero.
O tracking error medido historicamente é chamado de realizado ou ex-post. Se utilizarmos um modelo para prevê-lo, será chamado de ex-ante.
O ex-post é calculado da seguinte maneira: