O documento discute as estratégias de controle vetorial de arboviroses no Brasil, apontando:
1) O foco no controle do mosquito tem gerado custos desnecessários e colocado a saúde humana em risco devido ao uso intensivo de larvicidas e inseticidas;
2) As abordagens verticalizadas ignoram as causas estruturais da proliferação do mosquito e a passividade da população;
3) É necessário adotar uma abordagem ecossistêmica, com ênfase no saneamento ambiental e no
Controle vetorial das arboviroses: incertezas e controvérsias
1. Incertezas?
Controvérsias?
O que fazer?
Controle vetorial das arboviroses
Lia Giraldo da Silva Augusto, MD, PhD
FCM/ UPE e NESC / CPqAM / FIOCRUZ
ASSEMBLÉIA DO CONASS – BRASÍLIA 30 DE MARÇO DE 2016
2. Sergio Arouca revela que epidemia de dengue no Rio
poderia ter sido evitada
Dr. Sérgio Arouca
"Já havia a previsão de uma epidemia e nada foi feito. Nunca se
chegou a um verão com tanto despreparo para conter a dengue,
como agora",
... "A saúde pública exige um trabalho permanente. Os governantes
não acreditam quando falamos em medicina preventiva. Esse tipo
de ação não dá status e muito menos atrai negócios. As ações só
surgem quando a epidemia já está implantada e fazendo várias
vítimas.” ....
Sérgio Arouca, 2002 – última epidemia de dengue no RJ
www.hospitalgeral.com.br/.../imagens/arouca.jpg
4. O jogo da ciência positivista ou do
pragmatismo político
Fatores isolados da problemática, sem
mostrar sua relação com os processos
estruturais que os geram e com os
correspondentes sistemas ecossociais com
que entram em uma dinâmica de causação.
5. 2015 CONTEXTO: CIRCULANDO EM ÁREAS URBANAS
02 VíRUS NOVOS (Zika e Chikungunya) epidêmicos, no
contexto de outra arbovirose sem controle: Dengue ( 04
sorotipos) endêmico / epidêmico.
O que deveria ser feito em termos de vigilância?
1. acompanhar o quadro epidemiológico, e não =
“dengue branda”. ESPANTO GT SA DA ABRASCO /
definida 5a. PARTE DO DOSSIÊ
2. identificar os padrões de transmissão, inclui
estudos de competência vetorial.
3. avaliar o impacto da doenca ̧- acompanhamento
clínico / documentação dos casos, PROSPECTIVO.
4. fazer o enfrentamento com medidas adequadas, e
não repetir o que não funciona.
6. ZIKA:CONFIRMADAtransmissãoautóctonenopaísa
partirdeabrilde2015. TratadocomoDengueBranda
->Poucosesabe sobreopadrãodetransmissão.
Até aSE5de2016,22UnidadesdaFederaçãoconfirmaram
laboratorialmenteautoctoniadadoença.
ADQUIRIUIMPORTÂNCIASANITÁRIA–AVALIAÇÃO
RETROSPECTIVA
Microcefalia (sem considerar outras máformações):
Associado ao ZIKA = 907 casos de microcefalia confirmados e mais de
4.200 em investigação. A OMS calcula que o número de casos
confirmados deve chegar a 2.500 ainda este ano.
Síndrome de Guillain-Barré: no Brasil cresceu 19% entre
janeiro e novembro de 2015. O número total de pacientes registrados
com a doença autoimune no período foi de 1.708 (até fevereiro 2016).
A OMS estima que 5% das pessoas que sofrem de Guillain-Barré
morrem e 25% apresentam paralisias dos músculos respiratórios.
7. Chincungunya
AtransmissãoautóctonenasAméricasenoCaribe
em2013
• Em 2015, até a SE 52, Notificados 26.952 casos
autóctones suspeitos de febre de chikungunya.
14 Unidades da Federação.
Recomendação do MS: Uma vez caracterizada a
transmissão sustentada de febre de chikungunya
em uma determinada área, após a confirmação
laboratorial dos primeiros casos, o Ministério da
Saúde recomenda que os demais casos sejam
confirmados por critério clínico-epidemiológico.
???????
8. Dengue– Endêmico/ Epidêmico(SEM
CONTROLE)
Em 2015 (recorde histórico),
• foram registrados 1.649.008 casos prováveis de dengue
• ocorreram 863 mortes por dengue.
• 23.976 amostras foram enviadas para realização do exame de
isolamento viral, havendo 9.429 resultados positivos (39,3%)
e prevalência do sorotipo viral DENV1 (94,1%), seguido de
DENV4 (4,8%), DENV2 (0,7%) e DENV3 (0,4%).
• Não há informações disponíveis (utilizando-se como fonte de
informações o Gerenciador de Ambiente Laboratorial – GAL )
sobre os sorotipos circulantes nas Unidades da Federação da
região Norte, no Rio de Janeiro, em Santa Catarina, no Rio
Grande do Sul e no Distrito Federal; na região Nordeste,
apenas Pernambuco dispõe de informações.
9. O Controle vetorial
GASTOS no controle vetorial do Aedes aegypti:
• de 2010 a 2015 cresceu 39%, passando para 1,2 bilhão de real
É NOSSA RESPONSABILIDADE PERGUNTAR: O que disto é GASTO
ÚTIL OU INÚTIL?
Quais são as externalidades sociais e ambiental não
contabilizadas desse modelo?
Em 2016, o montante deve chegar a 1,8 bilhão de reais.
[R$ 1,27 bilhão para o desenvolvimento de ações de vigilância em saúde,
incluindo o combate ao mosquito Aedes aegypti. A este montante serão
adicionados R$ 600 milhões destinados à Assistência Financeira
Complementar da União para os Agentes de Combate às Endemias].
Para intensificar as ações foram aprovados + R$ 500 milhões extras.
11. Observações PESQUISA
• Dado da literatura: desde 1968 – Uso de temefós na água de
beber para controle vetorial, especialmente no NE.
• 1994 - Adição do organofosforado (larvicida) Temefós (Abate)
em água de beber em concentração acima do estabelecido.
• 1994 - Erro de Diluição: cálculo com base no volume físico
do recipiente e não na quantidade de água no interior
• 1996 – 10 anos da epidemia de Dengue de 1986 / controle
vetorial ineficaz
• 1998-2000 – demonstrada a resistência do Aedes aegypti ao
Temefós no Nordeste
• 1998- Nordeste consome o dobro de agrotóxicos por domicílio
no controle vetorial do que o Sudeste
• 1998 - Publicação carta ao editor da Revista Cadernos de
Saúde Pública sobre esse contexto de ineficácia, de gasto
inútil de recursos e de perigo pelo uso de produto químico em
água de beber, tirando a potabilidade e que é ineficaz.
12. • 1997 – início dos estudos sobre a carcinogenicidade de produtos
utilizados no controle das larvas e dos adultos do Aedes aegypti :
UFPE (Leão & Pavão, Int. J. Quantum Chem. Vol 62: 323, 1997)
• 2002 – Prefeitura do Recife – Enfrenta a epidemia. Deixa de usar
inseticida químico. Agente de Saúde Ambiental / Projeto Recife
Saúdável. Dissertação de mestrado. Em 2006 volta para o modelo
clássico de controle vetorial.
• 2003 – Dissertação de Mestrado - Avaliação das Ações de Controle
da Dengue: aspectos críticos e percepção da população.
• 2004 – ANÁLISE DE DISCURSO DAS CAMPANHAS.
• 2004 – Seminário Internacional sobre experiências exitosas de
controle de dengue sem uso de produtos químicos.
• 2005 – Livro Abordagem Ecossistêmica em Saúde – ensaios para o
controle do dengue. Editora Universitária UFPE.
• 2009 – Tese Doutorado - ABORDAGEM ECOSSISTÊMICA APLICADA
AO CONTROLE DA DENGUE NO NÍVEL LOCAL.
13. • 2.012 – Abrasco: Dossiê de Alerta sobre uso de agrotóxicos e saúde
• 2014 – Abrasco: Crítica à CTNBio pela liberação comercial do Aedes
aegypti OGM
• 2015 – Abrasco: denuncia banalização das arboviroses. Zika tratada
como dengue branda. E crítica o uso do Malathion em UBV.
• 2015 – GTs Abrasco define fazer análise do uso de agrotóxicos no
controle vetorial.
• 2016 – GTs Abrasco: Nota Técnica: Microcefalia e doenças
vetoriais relacionadas ao Aedes aegypti: os perigos das abordagens
com larvicidas e nebulizações químicas – fumacê
• 2016 – Potencial de carcinogênes para o Pyriproxifeno (UFPE)
• 2016 – O Culex está envolvido na transmissão do Zika
• 2016 – Publicação no The Lancet - controle vetorial do dengue no
Brasil.
• 2016- GTs Abrasco: Nota Técnica: Estudos científicos e conflitos de
interesse: por uma ciência a favor da vida.
• 2016 – Está sendo preparado um dossiê sobre experiências
exitosas sem uso de agrotóxicos, iniciativa da Fiocruz do CE.
14. Pontos de Análise
• Contexto do surgimento das epidemias (Microcefalia
e Zika em 2014 – 2015)
• As estratégias adotadas pelo MS (Análise dos
documentos do MS).
- O foco no mosquito e as consequências para a saúde
humana.
- A dengue e o sistema de vigilância epidemiológica.
- O envenenamento da população pobre.
- Mais venenos, mais resistência, mais venenos.
• Onde fica o saneamento ambiental?
15. O foco no mosquito e as
consequências para a
saúde humana
CUSTOS INÚTEIS
17. Dengue Incidência 1990- 2015
Augusto et al, The Lancet, fev. 2016
0.0
100.0
200.0
300.0
400.0
500.0
600.0
700.0
800.0
900.0
19901991199219931994199519961997199819992000200120022003200420052006200720082009201020112012201320142015
Incidence (/100.000 inhabitants)
18. 0
10
20
30
40
50
60
70
80
1997 1998 1999 2000
ANO
QUANTIDADEDETEMEFÓS
APLICADAPORDOMICÍLIO
TRATADO(g)
0
20
40
60
80
100
120
140
NÚMERODECASOSDEDENGUE
CONSUMO DETERMEFÓS POR
DOMICÍLIO TRATADO NO ANO
NÚMERO DECASOS DEDENGUE
Fonte: SANTOS, SL, 2003 appud SMS/GLÓRIA DO GOITÁ/PE, 2002.
Análise da efetividade do uso de larvicida para o controle da transmissão da
dengue
19. Incidence
Cases of dengue
fever with
complications
(DFC) and dengue
haemorrhagic
fever (DHF
Dengue
hospitalizations
(DFC+DHF) and
deaths due to
DFC and DHF
Number of Ae.
aegypti-
infested
municipalities
Average incidence
of dengue disease
per 100,000
population, by
region
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC
3871634/figure/pntd-0002520-g002/
20. A epidemiologia da dengue no Brasil durante o
período de 2000-2010 (Teixeira et al, 2013) PLoS Negl Trop
Disv.7(12); 2013 Dec)
• Aumenta a incidência das formas severas da
dengue, com situações complicadas epidemias
nacionais
2002, 2008 and 2010.
• Aumento das taxas de hospitalização
• Larga distribuição do Ae. aegypti nacionalmente.
• Na maioria das cidades a incidência de dengue
segue a tendência nacional.
23. UBV - use of Malathion 30%
Monografia da Iarc– Malathion é classificado
como 2A para risco de câncer humano.
SEM ANÁLISE DE RISCO
PARA CÂNCER, DOENÇAS
NEUROLÓGICAS E IMUNES
EM POP. EXPOSTAS AOS
PRODUTOS QUÍMICOS
USADOS NO CONTROLE
VETORIAL.
BANALIZAÇÃO DO RISCO
25. ANÁLISE DE DISCURSO
ENFOQUE MOSQUITOCÊNTRICO
• POUCO SE FALA SOBRE AS
CONDIÇÕES QUE PROPICIAM A
EXISTÊNCIA DOS CRIADOUROS
• MOSQUITO COMO SINÔNIMO DA
DOENÇA E NÃO DA EXISTÊNCIA
DE CRIADOUROS DEVIDO FALTA
DE SANEAMENTO E DE CUIDADOS
26.
27. Folha de São Paulo, 2008
MODELO VERTICALIZADO
PASSIVIDADE DA POPULAÇÃO
28. VELHOS E NOVOS DISCURSOS
“Um país não pode ser derrotado por um
mosquito”, Brasil, 1996.
“Um mosquito não é mais forte que um país
inteiro”, Brasil, 2016.
29. Ministro da Saúde, José Gomes Temporão,
“devido às condições climáticas favoráveis à
proliferação de mosquitos, a situação deve
permanecer crítica no Rio pelo menos até o fim de
abril”. O mosquito venceu ... O mosquito pensa o
território e nós não...
Governador do RJ – Sérgio Cabral: “ Nós,
autoridades, somos os principais culpados, por isso
acho que não é hora de olhar para trás. Todos nós
erramos.”
Discursos atuais:
Se o mosquito mata, então não pode nascer
(Presidente Dilma)
Ministro Marcelo Castro, “Há cerca de 30 anos o
mosquito vem transmitindo doenças para nossa
população e desde então nós o combatemos, mas
estamos perdendo a guerra contra Aedes aegypti.
Globo Online 25/03/2008
Foto: Reprodução / José Cruz
– Agência Brasil
30. DR. FREDERICOSIMÕESBARBOSA
1970-1972 – OMS: RESPONSÁVEL POR TODOS OS PROGRAMAS
DE PESQUISA E CONTROLE DA ESQUISTOSOMOSE
“UMA DIFICULDADE FOI DE FATO CONSEGUIR TRABALHAR COM
O PROPÓSITO DE CONDENAR OS MOLUSCICIDAS, PORQUE A
MENTALIDADE ERA DA EFICÁCIA DESTES”…
...”NAS MINHAS CONSULTORIAS NÃO INDICAVA OS
MOLUSCICIDAS. TODOS OS MEUS RELATÓRIOS FEITOS NA OMS
FORAM CARIMBADOS COMO RESERVADOS”...ERA UMA
PLUTOCRACIA. INTERESSES INDUSTRIAIS, COMERCIAIS MUITO
GRANDES EM JOGO”. ...”OS PAÍSES TODOS JÁ ESTAVAM COM
ALGUMA CONSCIÊNCIA VOLTADA PARA OS MALEFÍCIOS
PRODUZIDOS PELOS MOLUSCICIDAS”...
32. 1) Imediata revisão do modelo de controle vetorial. O foco deve
ser a ELIMINAÇÃO DO CRIADOURO e não o mosquito como
centro da ação; com a suspensão do uso de produtos químicos e
adoção de métodos mecânicos de limpeza e de saneamento
ambiental. Nos reservatórios de água de beber utilizar medidas
de limpeza e proteção da qualidade da água e garantia de sua
potabilidade;
2) Nas campanhas de Saúde Pública para controle de Aedes
aegypti, imediata suspensão do uso de Malathion ou qualquer
outro organofosforado, carbamato, piretróide ou
organopersistente, seja em nebulização aérea ou em cortinados
tratados com veneno (mosquiteiros impregnados). Substituir o
uso desses produtos por barreiras mecânicas, limpeza, aspiração,
telagem de janelas, portas entre outras medidas;
33. 3) Nas medidas adotadas pelo MS para controle de Aedes
aegypti em suas formas larva e adulto, imediata suspensão
do Pyriproxyfen (0,5 G) e de todos os inibidores de
crescimento como o Diflubenzuron e o Novaluron, ou
qualquer outro produto químico ou biológico em água
potável. O conceito de potabilidade da água não pode ser
perdido, ele é a chave para as medidas participativas de
eliminação de vetores.
4) Que sejam realizados esforços intersetoriais para a acabar
com a intermitência do abastecimento de água nas áreas de
urbanização precária. Água é um direito humano. As
populações mais vulneráveis devem, por equidade, serem as
mais protegidas;
34. 5) Que as ações de controle vetorial no ambiente seja
uma atribuição dos órgãos de saneamento e de controle
ambiental municipais, estaduais e nacional e não só do SUS, que
deve atuar na vigilância entomológica, sanitária, ambiental,
epidemiológica, virológica e da saúde do trabalhador, aferindo se as
medidas de saneamento ambiental estão resultando em melhoria
das condições de saúde;
6) Que as políticas urbanas e de saneamento ambiental
promovam programas integrados para a resolução dos problemas
de moradia, saneamento e urbanização;
7) Que a vigilância epidemiológica seja realizada por profissionais
experientes em clínica, fisiopatologia e epidemiologia, em
diversos níveis do SUS. Esta proposição se dá no fortalecimento da
integração e atuação articuladas das áreas de vigilância da saúde
com as áreas de produção de conhecimentos.
35. 8) Que sejam realizadas pesquisas clínicas e informadas outras
disfunções ou malformações relativas as viroses da Dengue,
da Zika e da Chincungunya e que sejam estudados os efeitos
da exposição a produtos químicos utilizados no controle
vetorial do Aedes aegypti;
9) Que o amparo às famílias acometidas pelo surto de
microcefalia se dê mediante uma política pública perene e
não transitória. Que esse apoio seja integral, incluindo neste
atenção a família pelo trauma psíquico decorrente desse
desfecho gestacional.
10) Que seja realizada uma auditoria nos modelos de controle
vetorial por uma comissão multidisciplinar de
especialistas independentes, incluindo avaliação do modos
operados do Fundo Rotatório da OPAS/OMS a ser solicitado
pelo governo brasileiro, quiçá em conjunto com outros países
latino-americanos que sofrem as mesmas imposições, à
Organização da Nações Unidas;
36. 12) Que seja ratificada a imediata elaboração pelo Ministério da
Saúde de orientações técnicas para a Atenção à Saúde dos
Trabalhadores da Saúde que NO PASSADO se expuseram aos
agrotóxicos utilizados no controle do Aedes aegypti, a serem
adotadas pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, em
acordo com a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e com
experiência exitosas;
13) Que seja criado, pelo MS, um Portal para acesso amplo da
população a todos processos e fatos associados ao controle vetorial,
às epidemias relacionadas à ação do Aedes aegypti e a epidemia de
microcefalia. Nele deve também ser informado quando utilizados, o
volume, os tipos de produtos químicos, o número de domicílios e
imóveis nebulizados, por Unidade da Federação e por município,
pois são do maior interesse dos profissionais de saúde e da
sociedade.
37. Por fim, chamamos atenção da sociedade civil, diante da atual
declaração de Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância
Nacional para epidemia de microcefalia e arboviroses, que: a) todas as
medidas de controle vetorial sejam realizadas com mobilização social no
sentido da proteção e respeito da cidadania pela Saúde Pública,
priorizando-se as medidas de saneamento ambiental, com garantia da
potabilidade da água de beber, como parte do respeito aos Direitos
Humanos e orientados pelos princípios da Política Nacional de Educação
Popular em Saúde; b) que o SUS deve rever as estratégias e conteúdos
da comunicação social à população, tirando o foco na responsabilidade
individual e das famílias, explicitando as responsabilidades dos diversos
setores estatais, com ênfase na importância das medidas de
saneamento, coleta de resíduos, cumprimentos das políticas de resíduos
sólidos, garantia de abastecimento de água; e c) melhoria da qualidade
da assistência às famílias e às crianças acometidas e da atenção pré-
natal, pois se agrava a fragilidade observada que já era conhecida – a
exemplo dos casos de sífilis congênita – e que se comprova com a
ocorrência de casos de microcefalia identificados após o parto.