II Seminário da Planificação da Atenção à Saúde: “Desafios do SUS e a Planifi...
AEDES, ZIKA, SANEAMENTO E DETERMINAÇÃO SOCIAL: DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA À PROMOÇÃO DA SAÚDE
1. AEDES, ZIKA, SANEAMENTO E DETERMINAÇÃO SOCIAL:
DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA À PROMOÇÃO DA SAÚDE
Marcelo Firpo Porto – mfirpo2@gmail.com
Coordenador GT Saúde e Ambiente da ABRASCO
2. COMPONENTES DO GT SAÚDE E
AMBIENTE DA ABRASCO - 2016
• Anamaria Tambellini (RJ) UFRJ
• Ary Miranda (RJ) FIOCRUZ
• Cheila Bedor (PE) UNIVASF
• Fernando Carneiro (CE) FIOCRUZ
• Gabriel Schutz (RJ) UFRJ
• Guilherme Franco Netto (RJ) FIOCRUZ
• Hermano Castro (RJ) FIOCRUZ
• Karen Friedrich (RJ) FIOCRUZ
• Lia Giraldo (PE) FIOCRUZ e FCM/PE
• Marcelo Firpo Porto (RJ) FIOCRUZ
• Marcia Sarpa (RJ) INCA
• Marla Kuhn (RS) UNISINOS e SES-RS
• Nelson Gouveia (SP) USP
• Raquel Rigotto (CE) UFC
• Roberto Moraes (BA) UFBA
3. Zika vírus e Aedes : Polêmicas
Modelo Centrado no Combate
ao Mosquito e no Uso Intensivo de
Inseticidas
Versus
Modelo Centrado na Eliminação de Criadouros
Crítica ao Uso de Venenos
(Larvicidas e Inseticidas em Geral),
Resgate do Saneamento e Enfrentamento
das Desigualdade Sociais
5. Posionamentos da ABRASCO envolvendo o GT SA
• NOTA OFICIAL ABRASCO ‘Cidades sustentáveis e saudáveis:
microcefalia, perigos do controle químico e o desafio do
saneamento universal’ (Fevereiro 2016)
• NOTA Intergrupos temáticos da Abrasco ‘Microcefalia e doenças
vetoriais relacionadas ao Aedes aegypti: os perigos das
abordagens com larvicidas e nebulizações químicas – fumacê
Saúde e Ambiente, Saúde do Trabalhador, Vigilância Sanitária,
Educação Popular e Saúde, Promoção da Saúde, Alimentação e
Nutrição (Fevereiro 2016)
• NOTA dos Grupos Temáticos da Abrasco ‘Estudos científicos e
conflitos de interesse: por uma ciência a favor da vida’ - Saúde e
Ambiente, Saúde do Trabalhador, Vigilância Sanitária, Educação
Popular e Saúde, Promoção da Saúde (Março 2016)
6. Questões em Jogo:
Crise Ecológica e Socioambiental
Crise e Fronteiras Planetárias
* Extinção Espécies (Rachel Carson-
Silent Spring)
* Poluição Química
* Transfronteiriça e Mudanças
Climáticas
* Desastres Ambientais: Nuclear,
Mariana (Samarco-Vale-BHP)
* Ciclos do Nitrogênio e do Fósforo
Modelo de Desenvolvimento e
Comércio Internacional
Insustentável e Injusto:
agronegócio, mineração, petróleo,
consumismo exacerbado,
megacidades desiguais
Intensificação do Metabolismo
Social e dos Conflitos
Socioambientais e Territoriais
7. Princípio da Precaução
• Princípio moral, político , regulatório e epistemológico que determina que se
uma ação (por ex. tecnologia, processo produtivo ou substância) pode
originar um dano irreversível público ou ambiental, na ausência de consenso
cientifico irrefutável (incertezas), o ônus da prova (acerca da ausência ou
controle viável dos riscos) encontra-se do lado de quem pretende praticar o
ato ou ação que pode causar o dolo. Preferência por alternativas mais
seguras e sustentáveis.
• COMEST / UNESCO (2005): riscos evitáveis moralmente inaceitáveis diante
de incertezas e valores importantes em jogo.
• Regulação de Riscos: Modelo Preventivista (no caso da dúvida libera-se
tecnologia ou produto até prova em contrário) versus Modelo
Precaucionário (defesa da vida e do meio ambiente diante da crise ecológica
planetária)
• Falta de evidência científica deveria proteger o direito à vida, à saúde e ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado
8. Princípio da Precaução, Incertezas e Ciência
• Ciência especializada (ciência normal):
tendência à fragmentação e não
explicitação de incertezas e valores
• Incertezas: técnicas, metodológicas e
epistemológicas (ignorâncias)
• Despreza abordagens integradas,
holísticas, “cada macaco no seu galho”...
• Facilmente capturada por interesses
econômicos e valores não explicitados
• Conflitos de interesse e “Mercadores de
dúvidas”:
tabaco, agrotóxicos, petróleo, mudanças
climáticas
9. Questões em Jogo: Agrotóxicos
• Agrotóxicos: Brasil é o maior
consumidor do mundo desde 2008
• Origem: monocultivos destroem
biodiversidade e são químico
dependentes
• Efeitos à saúde e ao meio ambiente:
câncer, neurotoxicidade, intoxicações
agudas
• Dossiê Agrotóxicos da Abrasco
• Campanha Permanente Contra
Agrotóxicos e Pela Vida
• Fórum Nacional de Combate aos
Impactos dos Agrotóxicos
10. Quem paga os prejuízos?
• Sociedade, famílias, SUS....
• Externalidades negativas
Estudo PR e cultura milho (Soares e Porto 2009 e 2012)
para cada dólar de agrotóxicos 1,3 são gastos com
externalidades, principalmente com SUS e tempo
perdido de trabalho
somente custos associados a intoxicações agudas, não
inclui doenças crônicas como o câncer
11. Existem Alternativas aos Agrotóxicos ?
SIM !!!
• Promoção da saúde: sociedades mais justas e saudáveis
• SUS e Saúde Coletiva: desafio de superar o modelo
biomédico e hospitalocêntrico centrado na assistência e
avançar em políticas intersetoriais e saudáveis
• Defesa da agricultura familiar, produção orgânica e
agroecologia
• Alimentos saudáveis com biodiversidade e justiça social
12. De Volta ao Aedes e ao Zika:
O Que Está em Jogo ?
• Problema é complexo e abordagens restritas isoladas
(clínicas, epidemiológicas...) não compreendem nem
solucionam problema
• Oportunidade para recolocar em pauta SANEAMENTO
BÁSICO, DESIGUALDADES SOCIAIS, REFORMA URBANA,
LIXO, ACESSO À ÁGUA DE QUALIDADE
• 30 anos de Modelo de Combate ao Aedes : ineficaz,
centrado no uso de venenos para eliminação do mosquito,
e não nas origens sociais e ambientais dos criadouros.
• Mais venenos => mais resistência => mais venenos ...
13. De Volta ao Aedes e ao Zika:
O Que Está em Jogo ?
• Interesse da indústria de agrotóxicos em apoiar uso de
venenos
• Disputa de argumentos na imprensa para reforçar modelo
químico dependente
• Revista Veja: “Contra a ciência: como a dramática epidemia
de zika foi usada por defender uma causa oportunista e
ideias retrógradas”
• Esse enfoque despreza determinação social,
enfrentamento das desigualdades e questão do
saneamento,
14. CONTRASENSOS SANITÁRIOS
(1) Uso de malathion, substância provavelmente
cancerígena (IARC/OMS), em fumacê.
(2) Uso de inseticidas / larvicidas como o
piriproxifen (mesmo que em baixas doses)
em recipientes de água potável.
(3) Propostas de pulverização aérea em áreas
com foco de Aedes.
(4) Exposição de trabalhadores da saúde pública
(controle de vetores) a substâncias químicas
perigosas.
15. EXISTEM ALTERNATIVAS ? SIM!!!!
Diversas experiências de sucesso que precisam ser
reconhecidas e disseminadas
Foco no saneamento ambiental, reforçar PLANSAB, acesso
à água com qualidade, sistemas de coleta e tratamento de
lixo etc.
Oportunidade para debater desigualdades sociais, combate
à pobreza e ao racismo, reforma urbana, urbanização digna
das favelas sem gentrificação...
No curto prazo: eliminação mecânica de criadouros, uso de
telas e tampas, limpeza em terrenos e ruas com focos,
monitoramento ambiental contínuo ...
Integração com atenção básica
Engajamento comunitário com educação e participação
popular, abordagens integradas e ecossistêmicas (Caso
Cuba e água espiritual)