1. PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM LITERATURA,
MEMÓRIA E SOCIEDADE
A RETÓRICA EM DISCURSOS DA
ATUALIDADE
Hélia Coelho Mello Cunha
2013
1Hélia Coelho Mello Cunha
2. Retórica: sua importância
através dos tempos
CONCEITO
ORIGEM-século V a.C –GRÉCIA
SOFISTAS
PLATÃO–Diálogos:Górgias e
Protágoras
ARISTÓTELES – Arte Retórica, Tópicos,
Dos Argumentos Sofísticos
2Hélia Coelho Mello Cunha
3. Retórica, Aristóteles
“(...) sua finalidade não é tanto persuadir,
quanto descobrir o que há de persuasivo
em cada caso (...) sua tarefa não consiste
em persuadir, mas discernir os meios de
persuadir a propósito de cada questão,
como sucede com todas as demais artes
(...) o papel da Retórica se ocupa em
distinguir o que é verdadeiramente
suscetível de persuadir do que só é na
aparência”.
3Hélia Coelho Mello Cunha
4. MEIOS DE PROVA (RECURSOS
PERSUASIVOS)
Não-técnicos, os que existem
independentes do orador: leis, tratados,
testemunhos, documentos
Meios de prova artísticos que são os
argumentos inventados pelo orador:ethos/
pathos/ logos
O conhecimento do auditório é
fundamental para a escolha dos meios
persuasivos
4Hélia Coelho Mello Cunha
5. DECLINIO DA RETÓRICA
Finais do século XVI ao século XIX
Perde o seu objetivo pragmático
imediato – ensinar a persuadir
Limita-se ao tratamento das “figuras”
5Hélia Coelho Mello Cunha
6. REABILITAÇÃO DA RETÓRICA
Meados do século XX – Filosofia da
Linguagem privilegia seu aspecto de
instrumento de persuasão.
Na década de 60 - retórica literária .
Chaïm Perelman - Retórica enquanto
argumentação e convivência humana –
“Tratado da Argumentação – A Nova
Retórica”
6Hélia Coelho Mello Cunha
7. “NOVA RETÓRICA”
Demonstração X Argumentação.
Comunhão entre o emissor e o
receptor.
Orador deve criar presença.
Importância do auditório- adesão.
Perelman apresenta uma tipologia
de esquemas argumentativos,
reduzindo o espaço para as figuras.
7Hélia Coelho Mello Cunha
8. Reboul (1998:89-90)
“(...)Se o tratado descreve maravilhosa-
mente as estratégias da argumentação,
deixa de reconhecer os aspectos afetivos
da Retórica, o delectare e o movere , o
encanto e a emoção, essenciais contudo à
persuasão”.
“(...) é preciso negar-se à opção mortal
entre retórica da argumentação e retórica
do estilo. Uma não está sem a outra”.
8Hélia Coelho Mello Cunha
9. PERSUASÃO
Etimologicamente vem de
"persuadere", "per + suadere". O
prefixo "per" significa de modo
completo, "suadere" = aconselhar
(não impor), significa levar alguém a
acreditar ou aceitar uma idéia, uma
proposta, um parecer.
9Hélia Coelho Mello Cunha
10. OS TRÊS GÊNEROS DA
PERSUASÃO
Convencer vem de "cum” + “vincere" =
vencer o opositor com sua participação.
Comover vem de “cum” + “movere”
persuadir através do coração.
Agradar corresponde na terminologia
latina a "placere" = agradar. “Delectare”
(deleitar) é a persuasão no domínio
afetivo.
10Hélia Coelho Mello Cunha
11. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Segundo ARISTÓTELES :
Exórdio - serve para tornar o auditório
receptivo à atuação do orador e fornecer uma
introdução geral ao discurso, tornando claro seu
propósito. Os exórdios dão uma indicação do
assunto.
Enunciação da tese
Prova - meios ou recursos persuasivos de que
se vale o orador para convencer o auditório
Epílogo - tem por objetivo deixar no auditório
uma boa impressão do orador e recapitular
brevemente os pontos principais do discurso.
11Hélia Coelho Mello Cunha
12. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
LIVROS DIDÁTICOS:
INTRODUÇÃO: É a apresentação do
assunto a ser desenvolvido; É a tese, a
ideia inicial, sem muitas explicações.
DESENVOLVIMENTO: É a elaboração
discursiva da Introdução. É a justificativa
da ideia inicial, com a apresentação de
mais detalhes, exemplos, citações, etc.
CONCLUSÃO: Retomada da ideia inicial,
com a apresentação de um resumo do que
foi exposto ou argumentado no
Desenvolvimento. 12Hélia Coelho Mello Cunha
13. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
INTRODUÇÃO:
“Começo do começo”- pretexto.
“Fim do começo”- apresentação do tema
e/ou tese.
DESENVOLVIMENTO- ARGUMENTAÇÃO
CONCLUSÃO:
“Começo do fim”- síntese da
argumentação/ explicitação da tese.
“Fim do fim”- retomada do pretexto.
COSTA, Wellington Borges. Concluindo a Introdução. Revista Discutindo
Língua Portuguesa. Ano 1, n 4, p.38-39
13Hélia Coelho Mello Cunha
15. INTRODUÇÃO
OBJETIVO: assegurar a comunhão do auditório;
estabelecer contato entre as mentes.
SUGESTÕES DE PARÁGRAFOS DE INTRODUÇÃO:
Apresentação de dados estatísticos.
Narração de fato real ou ficcional .
Uma interrogação a ser respondida no desenvolvimento
do texto.
Contestação de definições, citações ou opiniões.
Comparação social, geográfica ou histórica de nações,
ações, acontecimentos, circunstâncias, fatos, ações
humanas, ideologias.
Descrição de cena cotidiana ou literária.
Definição de palavra-chave do tema.
Citação de declaração de autoridade no assunto.
Alusão a filme, peça teatral, obra literária.
Omissão de dados.
15Hélia Coelho Mello Cunha
16. DESENVOLVIMENTO
Segundo Aristóteles (Arte Retórica) , os meios
de prova artísticos são os argumentos
inventados pelo orador, e podem ser de três
tipos:
ETHOS - derivados do caráter do próprio orador,
que empresta sua credibilidade à causa.
PATHOS - o orador procura lidar com as
emoções do auditório e, por isso, o discurso
causa paixão.
LOGOS - derivados da razão do discurso, do que
ele demonstra ou parece demonstrar (*).
*Aristóteles desejava que toda comunicação pudesse ser
realizada apenas por esse apelo, mas devido à fraqueza da
humanidade, ele lamenta a necessidade de se recorrer aos outros
dois apelos.
16Hélia Coelho Mello Cunha
17. DESENVOLVIMENTO
OBJETIVOS:
Assegurar a adesão do auditório à tese
através de argumentos*.
Convencer - conduzir a certezas.
Persuadir- levar alguém a acreditar ou
aceitar uma idéia, uma proposta, um
parecer.
*PERELMAN, Chaïm & OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da
Argumentação - A Nova Retórica. São Paulo: Martins Fontes,
1996.
17Hélia Coelho Mello Cunha
18. O QUE É ARGUMENTAR
Argumentar não é dar opiniões.
Argumentar não é explicar um fato.
Argumentar é defender uma alegação, uma
tese.
Em argumentações , questionam-se os
argumentos; nunca a tese.
18Hélia Coelho Mello Cunha
21. RELEVÂNCIA
O filme “O Sexto Sentido” teve
ótima direção.
Os atores atuaram de forma
brilhante.
Portanto, o filme trata de um caso
verídico.
21Hélia Coelho Mello Cunha
22. SUFICIÊNCIA
Comer comida com muito sal não é
saudável.
Governos devem zelar pela saúde
pública.
Portanto, governos devem controlar
venda de sal.
22Hélia Coelho Mello Cunha
23. REFUTABILIDADE
Motocicletas são inúteis. São veículos
perigosos, barulhentos, só conseguem
carregar no máximo duas pessoas e não
podem ser utilizadas com segurança em
tempo chuvoso. Além disso, a pessoa é
obrigada a usar um desconfortável capacete.
23Hélia Coelho Mello Cunha
24. TÉCNICAS ARGUMENTATIVAS
Argumentação por Exemplos
Argumentação por Ilustrações
Argumentação por Modelo
Argumentação por Analogia
Argumentação por Comparação
Argumentação por Estatística
O Argumento de Autoridade
O Argumento Contra o Homem
Demonstração pelo Absurdo
Argumentação por Causa e Consequência
Argumentação Condicional
24Hélia Coelho Mello Cunha
25. RECURSOS RETÓRICOS
Recursos de Retórica são opções de uso,
seletividade ou supressão e formas
construtivas que tornam o discurso eficaz.
1-FIGURAS RETÓRICAS
“A figura só é de retórica quando
desempenha papel persuasivo”, diz Reboul*
e, “se o argumento é o prego, a figura é o
modo de pregá-lo”.
*REBOUL, Olivier. Introdução à Retórica. São Paulo: Martins Fontes, 1998
25Hélia Coelho Mello Cunha
26. FIGURAS DE PALAVRAS
Dizem respeito à matéria sonora do
discurso e sua força persuasiva se dá devido
ao fato de facilitarem a atenção e a
lembrança.
Cláusula- E uma sequência rítmica que
termina um período.
Antanáclase- Repetição de uma palavra
com sentidos diferentes.
Derivação- Associação de uma palavra à
outra de igual radical.
26Hélia Coelho Mello Cunha
27. FIGURAS DE SENTIDO
Segundo Reboul* (1998:120), “a figura de
sentido desempenha papel lexical; não que
acrescente palavras ao léxico, mas enriquece
o sentido das palavras” .
Metonímia :
A caneta é o poder de um governante
Metáfora
A língua daquele di-famador é uma espada
Hipérbole
Paradoxo
*REBOUL, Olivier. Introdução à Retórica. São Paulo: Martins Fontes, 1998
27Hélia Coelho Mello Cunha
28. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
Dizem respeito à estrutura da frase, por
vezes do discurso. Algumas procedem por
subtração (elipse, reticência); outras por
permutação (quiasmo - oposição baseada
na inversão) e por repetição(antítese,
epanalepse - repetição da mesma palavra
no meio de frases seguidas - , epanástrofe -
repetição de palavras invertidas-, anáfora -
repetição com o objetivo de enfatizar uma
idéia - , pleonasmo, gradação).
28Hélia Coelho Mello Cunha
29. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
•Elipse- retirada de palavras necessárias à construção,
mas não ao sentido
•Antítese- apresenta duas coisas opostas, para que uma
prove a outra de modo resumido.
•Aposiopese (reticência)- interrupção da frase para que o
auditório a complete
•Quiasmo- oposição baseada na inversão
•Epanalepse - repetição da mesma palavra no meio de
frases seguidas
•Epanástrofe- repetição de palavras invertidas
•Anáfora- repetição com o objetivo de enfatizar uma idéia
•Pleonasmo- utilização de palavras redundantes para
reforçar uma idéia.
•Antanáclase-repetição de uma mesma palavra com
sentidos diferentes
•Gradação- disposição de palavras na ordem crescente
de extensão ou importância. 29Hélia Coelho Mello Cunha
30. Figuras de construção :
Elipse: Sobre a mesa, garrafas vazias.
Antítese: Fulminados hoje pela força
mecânica, poderemos vencer no futuro
com uma força mecânica superior
Anáfora: “Dizemos a François Mitterand;
não é mais hora de ironia e pequenas: a
hora é de discussão. A hora é de decisão.
A hora é de acordar”.
Gradação: Surpreso, admira o seu porte,
sentindo-se vivo, o maior, o invencível.
30Hélia Coelho Mello Cunha
32. FIGURAS DO PENSAMENTO
E DE ENUNCIAÇÃO
FIGURAS DE PENSAMENTO
Alegoria.
Ironia.
FIGURAS DE ENUNCIAÇÃO
Personificação
Apóstrofe – o orador dirige-se a algo ou
alguém, diferente do auditório real, ao que é
personificado, para persuadi-lo mais
facilmente
Contrafisão -sugestão do contrário do que
diz
Silepse- concordância ideológica
32Hélia Coelho Mello Cunha
33. Figuras de Pensamento
Alegoria : Fábulas e Parábolas/
Provérbios ou Máximas
Ironia : Ele é um ótimo pai como quer a
defesa. Abandonou os filhos por uma
mulher de vida fácil. Deixou-os sem
qualquer assistência financeira Melhor pai
não poderia ser.
33Hélia Coelho Mello Cunha
34. FIGURAS DE ARGUMENTO
Prolepse - antecipação de uma possível
refutação de seu argumento pelo adversário.
Pergunta retórica - apresentação do
argumento em forma de interrogação.
Hipotipose - quadro – pintura verbal.
Amplificação - desenvolvimento
pormenorizado de um assunto.
Expolição - ocorre quando há uma
reexposição mais animada antes do fecho
redacional para realçar a idéia central.
34Hélia Coelho Mello Cunha
36. RECURSOS RETÓRICOS
Operadores argumentativos
Tempos verbais
Indicadores modais
Implícitos
Uso de pressupostos
Segmentação
Seleção lexical
Ambiguidades
Formação de palavras novas e sentidos
novos na língua
Polissemia 36Hélia Coelho Mello Cunha
37. CONCLUSÃO
“(...) é preciso negar-se à opção mortal
entre retórica da argumentação e retórica
do estilo. Uma não está sem a outra”.
*REBOUL, Olivier. Introdução à Retórica. São Paulo: Martins Fontes, 1998,p 90.
37Hélia Coelho Mello Cunha