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Antropologia – ISCTE 2008
Ritual e Performance
A Força de Um lenço
Tema: Ritual Político
Docente: Prof. Dr. Paulo Raposo
Discente: Rui Assis
Aluno Nº 25416
Lic. Antropologia
Introdução e objectivos
Rui Assis 1
Antropologia – ISCTE 2008
Antes de entrar no tema de Ritual e Performance, há algo que gostaria de dizer 1.
De todos os trabalhos académicos que eu já realizei este será o mais exige a minha
isenção. Acredito que o meu Benfiquismo fez parte do meu processo de aculturação e
pode ser comparado com o sistema de crenças de algumas sociedades ditas de
pensamento “pré-lógico” ou primitivo. Tentarei analisar por dentro, de acordo com o
meu contexto (insight), atendendo aos pormenores resultantes da minha observação
participante – Etnografia – mas, “neste mundo” tudo gira à volta de emoções, pelo que
tentarei sentir os seus ritmos e constrangimentos analisando factos e movimentos sociais
com racionalidade ou mente aberta, Gellner usou o termo “charitable” (Gellner 1979,
29).
Tentarei reflectir o objectivo da disciplina, por um lado, procura revisitar alguns dos
mais significativos modelos analíticos e abordagens teóricas sobre a temática do ritual
e da performance. Por outro lado, tentar interpretar e produzir conhecimento
etnográfico, através da forma narrativa de base empírica, sobre a diversidade das
manifestações rituais e performativas existentes num estádio de futebol, equacionando
os movimentos e relações sociais dos grupos existentes neste espaço particular.
Analisarei também os automatismos que me levam a afirmar que o acenar dos lenços
brancos, nas bancadas, constitui parte integrante de um processo de uma performance de
um ritual político.
Estrutura das crenças e rituais – o alheamento da realidade
A diferença entre “comportamento primitivo” e “civilizado” não se baseia numa
pretensa diferença de tipo mental do indivíduo, mas na variedade das matrizes sociais
em que o mesmo indivíduo cresceu. Lévy-Bruhl reconheceu a oposição entre o lógico-
racional-experimentalmente válido e o ilógico-irracional-cientificamente falso como
representação de uma simplificação imperfeita das alternativas possíveis, a propósito da
coerência, ou não, do pensamento primitivo, pois são premissas ditadas pelas crenças
(Leach 1961, 22).
As relações sociais podem ser vistas como interacções simbólicas, mas as trocas
linguísticas, "são também relações de poder simbólico onde se actualizam as relações
de força entre os locutores e seus respectivos grupos”. A tentativa de compreensão das
implicações e efeitos simbólicos da linguagem deve, à priori, considerá-la como "o
primeiro mecanismo formal cujas capacidades geradoras são ilimitadas". Deste modo,
Rui Assis 2
Antropologia – ISCTE 2008
a integração dos indivíduos numa mesma "comunidade linguística" torna-se a condição
primordial para que se estabeleçam as relações de dominação simbólica. Estas estruturas
simbólicas têm um papel decisivo na análise da sociedade, e na maneira de se produzir
conhecimento científico e obriga a um diálogo entre as diferentes áreas do saber, tais
como a Sociologia, Antropologia, Filosofia, Epistemologia e a História. Modos de
conhecimento que se auto-legitimam nos seus próprios termos (Gomes da Silva 2003 –
15).
1 Referência ao início do livro O Discurso contra si próprio – Onde aborda o tema da mensagem para além das palavras e as
inflexões de discurso resultantes dos à priori, provocando discursos circulares – (Gomes da Silva 2003)
Para os Nuer gémeos são pássaros e os Leopardos são cristãos. São verdades
igualmente falsas (Filipe Verde 1997). Dois seres humanos gémeos, são pássaros.
Pritchard chamou-lhe “mentalidade primitiva” ou pré-lógica. Devemos aceitar
moderadamente que existem acções, que por razões históricas, ou de contexto
(conceitos e crenças) são absurdas. Mas não temos que as ridicularizar, com o objectivo
etnocêntrico de valorização da nossa cultura Ocidental.
Estamos perante dois mundos do pensamento e da teoria da explicação do mundo. Nem
todas as coisas são lógicas. O uso de uma palavra para descrever uma pessoa, torna
aquela pessoa com aquela característica. Deram-lhe um título. Existe, ou não, um certo
endeusamento da Rainha de Inglaterra?
Existem, de facto, diferenças entre as crenças das pessoas e a lógica. Levy-Bruhl viu
que o pensamento primitivo é coerente e que os “selvagens” fazem deduções a partir
de premissas, mesmo que essas premissas não estejam de acordo com a experiência e
sejam ditadas pela cultura e contidas em crenças que são evidentemente falsas, de um
ponto de vista lógico-experimental (Leach 1961). Lévy-Bruhl estudou o contexto e
reparou que tudo representa Deus. Todos os factores Naturais representam Deus (a
chuva, as pedras, as árvores, os animais). Gémeos são pássaros. Não faz sentido. É
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Antropologia – ISCTE 2008
necessário descobrir qual foi o contexto em que esta afirmação fez sentido. Então,
temos que estar preparados para perceber que para os Nuer, gémeos são pássaros. Não é
lógico, mas que mal tem. Não devemos dizer que os Nuer acreditam que os gémeos são
pássaros, pois eles não o fazem, assim como não o fazem com as pedras ou com a
chuva. Se os próprios Nuer não o fazem, porque é que nós o devemos fazer? São apenas
palavras. É um título concedido. Os ingleses usam o termo gentleman. Para alguns é um
elogio, para outros aplica-se porque de facto lhe concederam aquele título. Só
interpretaremos bem a palavra se entendermos os contextos, sem sermos
demasiadamente generosos ou rígidos na sua compreensão. Ambos os extremos estão
errados.
Assim, que mal tem endeusar uma águia, um leão ou até um dragão, ou o que eles
simbolizam dentro do sistema de crenças dos adeptos?
De facto é possível ter uma visão paralela do mundo a partir de uma nova construção de
identidade, individual e colectiva, num estádio de futebol. É um problema metateórico
(Castells: pp 83). O que vejo a partir do nº 4 da fila U do mítico sector 25 é um
movimento que tenta criar uma nova ordem global. As pessoas vivem numa sociedade
de direitos e privilégios, no entanto ressentem-se da perda de controlo da sua própria
vida e destino. Os mecanismos de controlo social e representação política têm vindo a
desintegrar-se (Casttels: pp 84). Dentro do estádio os adeptos esquecem-se que são
Globo-Politanos 2 e começam a reconstruir a sua identidade, sem à prioris. É uma
forma de restabelecer o equilíbrio. É neste contexto que os rituais dos adeptos começam
a transformar as coisas más em coisas boas (Gellner 1979, 31).
Há uma "concentração do costume", o local onde os valores, normas, e o conhecimento
mais profundo de uma sociedade é reafirmado, e por vezes criado. O ritual tem o poder
de “transformar” (Turner 1967).
2 Globo-Politanos - meio seres humanos, meio fluxos sociais - (Casttels: pp: 84)
Duas horas antes do inicio dos jogos já existem grupos a cumprir o “ritual da bifana”,
junto às roullotes. Mas este não é o único propósito. É por aquela porta que entram as
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Antropologia – ISCTE 2008
equipas. Então, se é importante saudar os jogadores da casa (mitos vivos), ainda mais
importante é desmoralizar os jogadores adversários logo à chegada.
Entretanto surgem noticias daquele grupo de adeptos de Famalicão que marcam
presença em todos os jogos. Todos? O que os motiva? Conheço um deles e
aparentemente é um jovem normal, que acompanha o Benfica para todos os sítios do
Globo. É uma filosofia de vida. Será que encontrou desta forma o equilíbrio do seu
mundo?
Dirijo-me à porta de acesso aos cativos do mítico sector 25 e vejo adeptos a queimar
bandeiras de outros clubes, entre aparatos policiais dignos das maiores revoluções da
história. Uma vez dentro do estádio, reparo que atrás de mim já lá está o grupo,
composto por pai e filho, de Castelo Branco. Também assistem a todos os jogos. Uma
vez sentado começo a observar o estádio a encher. O comportamento mais assistido é o
de depreciação da claque da equipa adversária. Primeiro acenam à outra claque e só
depois cumprimentam os seus vizinhos de bancada. Á minha frente está uma senhora de
cerca de sessenta anos sempre enrolada a uma bandeira do Benfica, com um cachecol
em cada pulso e uma santinha. Já teve dois desmaios, desde que a conheço, em pleno
jogo. Continua lá. É a matriarca daquela bancada. Á sua frente outro grupo (pai, filho e
nora) a cumprir o seu ritual, sempre com o lanche pronto e até já me valeram (num
daqueles dias em que não temos tempo para comer, mas chegamos à bola a horas).
Começa a chegar a nação Benfiquista. A educação e o civismo ficou à porta. O povo
saiu à rua e manifesta-se como sabe, ou como quer. Em cada três palavras, duas são
palavrões. Nesta aglomeração de adeptos há indivíduos de todas as classes, sexo e
idade. Homens de meia idade que demonstram que estar ali é a sua prioridade, pois
carecem de outros cuidados de higiene e de saúde (por exemplo dentária). Para arranjar
os dentes, não pode pagar o bilhete da bola. Senhoras que se manifestam mais
intensivamente que os maridos. Jovens que aliam o espectáculo, as emoções e o amor ao
clube com o consumo de substancias psico-activas, antes e durante o jogo. Velhos que
não pertencem àquela “família” e passam o jogo a arranjar problemas, seja com o fumo
do vizinho ou com os gritos da vizinha. Chega outra personagem deste enredo.Com o
seu casaco de fato de treino e auscultadores num dos ouvidos é já uma figura mítica e
respeitada naquelas andanças. No ar paira uma mistura de cheiros de vários humanos.
Mas a cor predominante é a vermelha. É desta diversidade que são compostas as
bancadas do Estádio da Luz. Chega uma senhora de cerca de quarenta anos, casada mas
vem sempre só ao estádio e tem a particularidade de só se vestir com adereços SLB
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Antropologia – ISCTE 2008
(ténis, calças, relógio, mala, carteira, cabelo pintado em tons de vermelho, etc). Existe
ainda um grupo de amigos que se senta atrás de mim, onde “habita” um adepto que está
sempre a falar mal do Nuno Gomes. Fá-lo durante todo o jogo. Mas quando,
ocasionalmente, este marca um golo, passa automaticamente a ser idolatrado pelo
primeiro. Não há pensamento racional que o possa explicar. O pior de todos, ou, o alvo
da frustração daquele senhor transforma-se num instante num Deus.
Existe ainda, o pai que permite que o filho, ainda adolescente (que se senta duas filas à
minha frente), esteja sempre a insultar os adversários, a claque adversária e o árbitro,
com diversos palavrões. Será que permite esse tipo de linguagem em outras situações?
Depois há os que observam os acontecimentos sem expressar qualquer tipo de emoções,
por fora. No seu subconsciente existe um turbilhão de sentimentos e que de vez em
quando resulta numa qualquer explosão emocional.
A equipa da casa sai para o relvado e começa a fazer o aquecimento. Todos aqueles
indivíduos e grupos desordenados e ainda absorvidos pela realidade das suas vidas,
recebem o primeiro sinal, ou seja, começam a focar-se no que estão ali a fazer. Despem,
então o casaco dos preconceitos e das regras sociais (à priori) e assumem a farda
simbólica que trazem vestido e que os une e lhes dá a identidade com a maioria das
pessoas naquele estádio. Começam os slogans e cantares que exaltam a sua paixão. São
os mesmos rituais de sempre, em plena manifestação. O mediatismo está montado com
câmaras de televisão internas e externas e com um animador profissional a exaltar as
hostes. Cada bancada tem um nome, para além dos ganhos publicitários a vida do
animador está mais facilitada ( agora só precisa de dizer …Bancada Sapo, ao invés
Bancada Topo Norte…). O futebol tornou-se apetecível para as grandes marcas, por
arrastar multidões. É um desporto de massas. O desenrolar do rito revela
extraordinária sofisticação artística (Cavalcanti 2002). Há uma articulação entre a
componente simbólica da mente e o corpo sensorial, que se focaliza nos sentidos da
visão e da audição, através dos estímulos que emite e recebe.
É então que todos estes costumes são reafirmados. O símbolo do clube é chamado (ao
som de todo o estádio) por uma criança: Vitória vem ! É sabido que a águia responde ao
aceno de braço do tratador (que é Espanhol), mas o simbolismo do chamamento da
criança ainda torna aquele momento mais forte e intenso. A performance do voo da
águia Vitória tem um enorme simbolismo convencionado pela nação Benfiquista (nesta
altura já estão todos unidos). Há a expectativa da águia falhar o alvo. Os adeptos
adversários, conhecendo a forte emocionalidade que este ritual envolve para os
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Antropologia – ISCTE 2008
Benfiquistas, tudo fazem para “distrair” a águia e desencaminhá-la do seu voo. Os
símbolos associados a este ritual são um estímulo importante na definição das
qualidades emocionais que ocorrem durante o processo ritual, conferindo-lhe toda a
importância, ou seja, simboliza o sucesso do futuro imediato (se não for bem sucedido
na sua performance - voo da águia - o resultado do jogo também não será). Há ainda um
aspecto cognitivo nesta performance, o chamamento da águia funciona como um click
(um desligar da realidade). Tem o poder de “transformar” a realidade social. Como
qualquer outra ocasião especial pode fazer surgir conflitos ou precipitá-los (Turner
1967) na lógica inerente à nova ordem global (Casttels: pp 84) e social, ali estabelecida.
A sua eficácia depende desta representação – dramatização. Dela resulta uma inter-
acção entre milhares de indivíduos e grupos sociais, que forma um padrão de
pensamento comum. Trata-se de um estilo evocativo de apresentação ou encenação, que
é produzido para obter um certo estado de mente e de comunhão, manipulando e
estimulando símbolos sensoriais (Sally Moore 1977).
De seguida, a entrada em campo da equipa com a música (hino) de Luís Piçarra "Ser
Benfiquista", o “estádio levanta-se” e ergue os cachecóis e bandeiras. Agora não há
volta atrás. O “palco” está montado. O cenário é pleno de celebração. Ainda nada está
ganho ou perdido, mas já há lágrimas e sorrisos de contentamento e emoção. Os
“heróis” estão na “arena” e são venerados, como que se de Deuses se tratasse.
O futebol é a metáfora da vida. Durante um jogo vivem-se mini dramas. É uma mistura
de prazer e de sofrimento, ou drama com satisfação. O futebol acontece no rectângulo,
mas a acção (com os rituais) não pára nas bancadas. No estádio há a sensação que
podemos interferir no jogo. Todos são treinadores. É um mar de emoções. A alegria de
uns é sempre a tristeza de outros.
Um golo pode ser um poema. Como disse Sofia Mello Breyner sobre a poesia: esta não
se explica, implica. O futebol, na sua simplicidade, pode tornar-se um hino à beleza. É
feito por pessoas tão diferentes, mas que se encontram naquela paixão. O futebol é
acção. No jogo nada acontece por acaso. Cada peça é colocada no tabuleiro
estrategicamente. O acto de jogar é cognitivo e provoca motivação nos fãs. O futebol
tem um valor simbólico para a sociedade. O futebol pode ser comparado a espectáculo,
na sua manifestação performativa. Há cumplicidade dentro e fora do campo. Há uma
conjugação entre a emocionalidade e a racionalidade.
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Antropologia – ISCTE 2008
Assim que o jogo começa, e esta parte descritiva acaba, chega um individuo invisual,
acompanhado pelos seus filhos (um casal que vimos crescer). É mais um ritual que se
repete. O que o motiva? É o paradoxo da excepção.
Toda a regra tem excepção, excepto a regra que não tem excepção, que é a excepção à
regra. Penso e classifico assim o “pensamento selvagem” dos adeptos. Faço uma
analogia com os esquemas simbólicos resultantes da categorização dos Antropólogos ao
pensamento dos “primitivos”. São pautados por oposições "fundamentais" entre valores.
Afinal, a tensão entre os dois pólos fundamenta a organização e significação do "
mundo". Aqui existe uma relação de analogia e não de hierarquia. Constrói-se uma nova
matriz de representação colectiva visando um novo estado e coesão social. De um lado
estão os profanos e do outro os sagrados. o sagrado e o profano diferem…porque
diferem absolutamente (Gomes da Silva 2003 – 41). São os strange loop, quando
atingimos o ponto de chegada, reparamos que estamos no ponto de partida (Hofstadter
1979 in Gomes da Silva 2003-12). É o principio da oposição ou dicotomia do
pensamento dos adeptos. Em “casa” são sagrados, mas quando vão ao “território” do
adversário transformam-se em profanos. “Lá fora” os rituais mantêm-se e as suas
manifestações são igualmente uma reafirmação periódica dos termos em que os Homens
de uma determinada cultura devem interagir se for suposto existir alguma espécie de
coerência na vida social (Turner 1967). Sempre que acompanho o Benfica fora de
portas, sinto-me profano. Tenho que obedecer às mesmas regras que impomos no nosso
estádio (chegar mais cedo e sair mais tarde; assistir a todas as manifestações de força e
intimidação por parte dos que jogam no seu “Santuário” e se consideram sagrados).
Também neste caso, assisti a transformações, o adepto mais calmo em “casa” vive de
forma diferente esta realidade noutra zona do planeta. Um jovem casal de executivos
numa grande empresa Multinacional passou uma noite no Estádio da Luz para conseguir
arranjar bilhetes para um célebre Barcelona – Benfica. Apesar de eu ter beneficiado com
isso (cada um tinha direito a dois bilhetes), recusei-me a fazê-lo. Cedo compreendi que
o facto de o clube ter disponíveis apenas 500 bilhetes nas bilheteiras, tinha que ver com
a sobreposição de valores de índole económica aos valores simbólicos. Gerou-se um
conflito entre a resistência da política simbólica e a exploração económica ou
mercantil deste simbolismo (Mary Crain 1996). Sabíamos que em Barcelona estariam
três mil e quinhentos Benfiquistas. Os restantes bilhetes foram entregues pelo clube ao
lobby das empresas do Turismo. Não quis ir nas carreiras aéreas programadas, teve que
se sujeitar a dormir no estádio. Pessoas de todas as idades o fizeram. Provavelmente as
Rui Assis 8
Antropologia – ISCTE 2008
mesmas que, no seu mundo real, repudiam a mesma atitude nos filhos, se estes quiserem
ver um concerto dos U2.
O que as motiva?
- Há uma trilogia na estrutura dos valores 3 destes movimentos sociais: a identidade dos
adeptos, os seus adversários e os seus objectivos (Castells,pp: 93)
Talvez porque nestas viagens só se respira clubismo, ou seja, desde que saímos do
aeroporto (a maioria já vem trajada, ou paramentada, a rigor) até que entramos no
estádio adversário não se pensa noutra coisa: “temos que ganhar” aos Espanhóis,
Italianos, Ingleses, etc. É uma honra e orgulho ainda maior. Junta-se a clubite ao
bairrismo lusitano. O delicioso mundo simbólico é perfeito até chegar a realidade cruel
do resultado. Passa-nos a cegueira. Mas, imediatamente surgem rituais a exaltar a
3 a propósito dos Zapatistas
História do clube ou outro qualquer mecanismo performativo que nos faça voltar para o
mundo simbólico (nem que sejam rituais de dor com cânticos que exaltam as hostes e
voltamos a “ter na alma a chama imensa”). Há, neste capítulo, uma excepção. Os
adeptos do Celtic Glasgow. Sempre perderam em Lisboa e saudaram os “Tugas” pela
exibição. Mesmo estando em minoria fazem sempre uma festa digna nas bancadas,
saudando a sua equipa. São de facto os melhores adeptos do Mundo. Mas, internamente
têm a mesma lógica em relação aos adeptos do Glasgow Rangers, ou seja, os melhores
adeptos do mundo para os clubes estrangeiros têm um ódio de morte aos seus vizinhos
na mesma cidade (neste caso a questão não é apenas do foro simbólico, ma passa-se a
um nível de separatismo religioso e político).
A relação entre os adeptos é não contextualizada, pois os seus termos, que até podem
ser semelhantes e constituir uma classe, não são politéticos e nada têm a ver uns com os
outros. Não é uma realidade verdadeira, mas criada para explicar (Gellner 1979, 19).
As representações colectivas são fortemente emocionais, tal como a “mentalidade
primitiva”, mas atribui-se pouca importância à coerência lógica (Gomes da Silva 2003 –
51). Aqui não há inflexões de discurso, pois não há à priori. Logo não há hierarquia de
pensamento ou os constrangimentos daí resultantes . Não há o poder infinito da
linguagem de falar sobre as palavras, agindo na estrutura do inconsciente (que rege os
dispositivos simbólicos), provocando reflexo – reflexão (Gomes da Silva 2003 -19). Há
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Antropologia – ISCTE 2008
o Homem no seu estado puro. Durante noventa minutos (ou mais) constrói uma nova
verdade, fora da ciência. A verdade do senso comum (Doxa), enquanto campo de
infinita diversidade e subjectividade. O gosto é educado (Gadamer 1961). Tal como as
representações colectivas do Homem primitivo, estas, são vistas como um domínio
caótico, ininteligível (Gomes da Silva 2003 – 52 e 56). Há quem chame ao futebol arte.
De facto já Gadamer dizia, a propósito da Arte que, no fundo o que acontece é o
abandono dos quadros mentais em que estamos para entrar noutros (Gadamer 1961).
Há uma noção de equipa nas bancadas, cujo elo de ligação e dramatização nem sempre
são os ídolos que estão dentro do campo, mas os rituais fora dele. Por vezes invertem-se
os papeis. Não é a equipa que puxa pelos adeptos, mas são os adeptos com os seus
rituais que puxam pela equipa (o que constitui, por si só, outro paradoxo). Ou seja, o
adepto que altera as suas prioridades e paga para ali estar (por razões emocionais), ainda
tem que motivar os onze indivíduos que estão dentro do campo a pensar nas férias de
luxo que vão fazer. Assim, muitas vezes não é o adepto incógnito que marca os golos,
mas podemos dizer que no seu conjunto são os adeptos, com os seus cantares rituais em
uníssono: “força Sporting olé” ou” ninguém pára o Benfica”, que provocam motivação
às equipas que estão dentro do campo. Assim, podemos dizer que de certa forma os
adeptos também marcam golos. Até se diz que carregam com a equipa às costas. Esta
transmissão simbólica de força e ânimo é de tal forma importante que os craques que
têm mais empatia com os adeptos pedem-na frequentemente. Como é o caso de Rui
Costa que relatou o seu regresso (como adversário) ao estádio da Luz, demonstrando
este paradoxo entre sagrado e profano, e entre a tristeza e a alegria: “foi um drama para
mim saber que ia ao Estádio da Luz e não me ia equipar no balneário do Benfica.
Naquele estádio, nunca me tinha equipado noutra cabina que não na do Benfica. Eu
acho que nem reconheci a cabina visitante. Foi um drama pensar que ia entrar no
estádio como adversário, que ia entrar no túnel pelo outro lado … Recordo-me que
nas bancadas estavam duas faixas muito grandes dedicadas a mim. Uma dos No
Name Boys e outra dos Diabos Vermelhos. Uma tinha uma enorme camisola
vermelha com o número 10 e com a frase: Por muitas mais que vistas esta será
sempre a tua. Ainda hoje me arrepio quando penso naquela frase. A outra estava
escrita em italiano: Rui Costa no coração - o coração estava desenhado “ (Revista
Mística 2007). Este discurso está carregado de emoção, paixão e drama. Este amor
pelo clube é pleno de simbolismo. Tem os ingredientes necessários para provocar o
endeusamento deste ídolo. É a história de um profano (visitante) que não o era no
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seu coração e tinha que conviver com esta dicotomia. Sabia que tinha que entrar no
Inferno da Luz como visitante e receava-o.
De volta ao mítico sector 25, os adeptos vivem uma paixão e alimentam-na, recriando
um novo mundo no seu imaginário. Sentem-se donos de tudo o que ele implica e dele
deriva, ou seja, o clube. Desta forma, nascem mecanismos organizativos, que no estádio
parecem espontâneos, e que resultam numa verdadeira manifestação política da vontade
dos adeptos de mudar uma determinada situação. É o povo a demonstrar o seu poder. O
impacto é devastador. Não há Presidente de Direcção que aguente tal pressão. Os lenços
brancos são mais eficazes que os protestos em Assembleia Geral. Um lenço branco vale
por dezenas de votos. É uma situação a qual tenho assistido ao longo dos anos e que
assume uma característica organizada, racional e com reflexos políticos, ou seja, existe
um ciclo histórico, repetido mais ou menos de dois em dois anos, onde centenas de
sócios do SL Benfica se organizam e mobilizam e demonstram o seu descontentamento
acenando com lenços brancos no estádio, tendo como consequência política o
despedimento do treinador. Uma semana mais ou menos para a frente e o desfecho é
“fatal” para este. Se os rituais visam diminuir a ansiedade, restabelecendo a ordem, este
é já reconhecido como sendo o mais cruel, pois é mobilizado pelos mais antigos e com
maior poder de intervenção - provando, excepcionalmente, que no estádio também há
hierarquias simbólicas – e visa objectivamente um grupo de pessoas. Além de
demonstrar o descontentamento de quem acena os lenços, “diz” a um grupo de pessoas:
não vos queremos mais. Também aqui há uma acção concreta. Implica a mudança da
vida daquelas pessoas (porventura os mesmos que lhes deram muitas alegrias no
passado). A Direcção do clube sabe que este ritual político têm uma dimensão de
transformadora e rapidamente se pode transformar num ritual de rebelião. Há ritos que
podem ser observados Domingo a Domingo (repetem-se), outros, como o “rito dos
lenços brancos” só se repete quando a equipa que joga fora do rectângulo de jogo sente
necessidade de intervir. Este ritual é poderoso, pois conta com o apoio devastador dos
meios de comunicação social, que multiplicam cada lenço por cem.
Na sua dimensão mais performativa o ritual é, para muitas culturas, a matriz para
muitos outros géneros de "performance" cultural. Neste sentido, encontrará maiores
semelhanças com o trabalho artístico do que com simples "neuroses" (Turner, 1967).
Assim, o ritual é uma actividade, conforme sugere Catherine Bell (1977). Num estádio
de futebol podemos encontrar os vários géneros de ritual: ritos de passagem – presentes
na passagem de testemunho entre as várias gerações presentes; de dor – na derrota; de
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celebração - na vitória; de consumo – ao encarar o jogo como um espectáculo e com
tudo o que este envolve; festivais – fazem-se autênticas romarias em nome da crença;
ritos políticos – para além da capacidade organizativa, existe a vontade soberana do
povo (adeptos) que, quando entendem, mobilizam-se e mostram os seus lenços brancos.
Os média fazem o resto da pressão. É o Olho da Objectiva de Mary Crain, ou a política
da performance, ou seja, a relação entre a performance e o poder e o que dela resulta,
permite, sustenta, desafia ou muda (Conquergood 1991), como no caso dos treinadores.
No Brasil estudam-se ritos e mitos comparado as dimensões do Futebol com o
Candomblé. Estabelecem-se relações entre o sagrado e o profano. De facto há algo de
carnavalesco no Futebol. Os adeptos põe uma máscara quando entram no estádio.
Sacrificam-se os interesses pessoais a favor da causa colectiva (Hirsh Eric in Doug
McAdam, pp: 303. Há o reconhecimento de uma linguagem com conotação mitológica
(ex: “Diabos Vermelhos”, “Dragões”) e contradições no plano simbólico (os paradoxos
do adepto). Nesta Etnografia também pretendo mostrar o lado performático do trabalho
de campo colaborativo e participante (entre observador e observado), sem
desprendimento das implicações metodológicas. Este trabalho de campo não pretende
ser uma mera colecta de dados (Conquergood 1991). Mostra uma distinção absoluta
entre o mundo simbólico e a realidade. Aliás, a disposição do “tapete verde” pode fazer-
nos lembrar os antigos coliseus e as lutas entre feras e escravos. Quando a performance
dos escravos não se tornava interessante para a multidão, esta insurgia-se e ditava o
desfecho. No estádio, a multidão de adeptos também opina sobre os artistas, se
optarmos por tratar este desporto como arte e espectáculo. Os adeptos não admitem as
falhas dos “artistas”. Insurgem-se violentamente contra os seus deslizes. Para o adepto o
jogador não é um homem, mas um meio para que ele se sinta feliz. Podemos comparar
esta atitude esclavagista dos Romanos perante os escravos na arena. Se ganham, são
idolatrados. Se perdem, são vítimas de todas as frustrações pessoais de cada adepto.
Estes vão ao estádio para se sentir bem consigo e não para demonstrar qualquer tipo de
compaixão ou outro sentimento humano. Do lado de lá da barreira podem estar primos,
amigos, etc. Mas são do Sporting ou do Porto, logo são o inimigo. Fazem-se
procedimentos sacrificiais em conjunto. Estes “sacrifícios” são isolados do mundo
ordinário por intermédio de marcadores de fronteiras ou marcador de descontinuidade
(Leach 2000). Deste modo, um jogo de futebol pode tornar-se num episódio da festa
das cabeças de Penghulu. Da mesma maneira o Layout do estádio, chamado por alguns
de Catedral, pode ser comparado a um Santuário (com os seus coros e músicos, o adro,
Rui Assis 12
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a nave – onde o jogo acontece (congregação) – e o altar – local de culto das taças. Mais
uma vez temos a relação entre o sagrado e o profano. Até no processo do rito de
passagem de um adepto há algo de feudal, tal como na nomeação de um Cavaleiro
Britânico medieval: desde o procedimento de preparação das “paramentas” -
normalmente começa com a camisola do clube – passando pelo cartão de sócio (ritual
político), até ao festival da primeira “romaria” do trajecto que o leva ao “Santuário” –
estádio.
Pela minha própria observação, entre as crianças – antes do estado de consciência –
veneram-se os símbolos dos clubes, através de procedimentos mitológicos, para explicar
e dar coesão ao seu mundo. Assim, é usual voltar a assistir às batalhas entre Dragões e
Águias e Leões, enquanto se repetem as perguntas sobre ,quem é mais forte? Antes de
conhecer qualquer jogador ou até mesmo a história do clube, as crianças já conhecem os
símbolos que constam nos seus emblemas.
O que liga estes dois mundos?
Qual é o processo que faz com que um adepto não esteja “nem cá nem lá”?
- Os rituais ! As suas dinâmicas são um cenário de transmissão e criação de cultura
(Turner 1967).
No nosso rito político, normalmente, é o individualismo que nos conduz a este estado de
dinâmica social, ou seja, são os paradoxos ou ambiguidades dos adeptos que os fazem
viver no límen dos ritos (Da Mata). São associais. Pessoas sem identidade, que assim
criam uma identidade comum. Desta forma, se alguém der o primeiro passo na
organização do rito, os que vivem na margem entre a integração e a separação aderem
imediatamente e tornam-no num complexo sensorial de impressões simultâneas –
sensorium – isto é, numa manifestação performativa visível. Estas pessoas inseguras
juntam-se a estes movimentos sociais por causa da sua necessidade de ter uma direcção
social (Hirsh Eric in Doug McAdam, pp: 303).
O mundo real é contínuo. Mediante o uso de categorias, separamos o espaço físico e
social em áreas com diferentes potenciais de poder, criando a ilusão da descontinuidade.
Há uma zona de intercepção entre as duas categorias ou mundos. Mas esta zona não
pertence a nenhuma categoria e ao mesmo tempo pertence a ambas. É uma área
perigosa de poder manifesto (Leach 2000).
Dentro de um estádio (e na preparação de um jogo ao longo da semana) ,há vários
movimentos sociais que devem ser entendidos nos seus próprios termos, ou seja, as suas
práticas auto-definem-se. São processos aos quais estão associados, por exemplo, os
Rui Assis 13
Antropologia – ISCTE 2008
valores da Globalização e a predominância da política simbólica no espaço dos média
(Castells, pp:85). Nestes movimentos sociais internos há uma representação e
valorização do Eu, (Self), contra os Outros (Outsiders). Há uma tensão constante entre a
formação da identidade política do Eu e a constante negociação sobre a diferença entre
Organizações e a necessidade de projectos de identidade unitária, que normalmente
resultam em casos de abuso dos Direitos Humanos e movimentos sociais autónomos,
por exemplo: as claques (Stephen Lynn, in June Nash, pp:68).
Em termos sociais a Globalização provoca uma Cultura Híbrida. As populações são
empurradas para a periferia. O seu meio ambiente está contaminado pela migração
forçada em função do mercado de trabalho. Longe de perderem o seu compromisso com
a sua cultura, a sua identificação com o espaço onde agora vivem torna-se
fundamentalmente importante, neste circuito Global (June Nash,pp: 179). Assim,
assistimos, por um lado, aos rituais que mantêm a cultura original acesa e, por outro
lado, um vínculo à nova cultura, ou seja, sendo o Benfica um clube de massas, é normal
existirem, no estádio, adeptos (verdadeiros torcedores) originários da Índia, África,
Brasil, Países de Leste, etc. Estes fragmentos sociais devem ser estudados
Etnograficamente, pois não sabemos como foram os seus rituais de iniciação à nova
cultura (clube) e se existiram, ou se apenas aconteceram pela necessidade de
identificação. Nestes movimentos sociais há uma oportunidade estrutural percebida e
nada tem a ver com o objectivo usual das relações de poder (Kurzman Charles in Doug
McAdam, pp: 67).
Não pretendi tratar aqui de comportamentos obsessivos compulsivos. Também não fiz
uma descrição das claques organizadas e profissionalizadas - apesar de reconhecer a sua
importância na performance dos rituais que falamos - para as descrever teria que viver
no seu meio. Interesso-me pela vivência quotidiana. Pelas pessoas normais que se
transformam. Pelo processo ritual, que é antes de mais um lugar onde emergem as
imagens dos diferentes poderes (económico, político, social). A actividade performativa
reflecte uma certa ordem sócio-cultural e ao mesmo tempo permite reflectir sobre essa
mesma ordem.
Esta é a minha tentativa de interpretação, sabendo que a Antropologia, apesar do seu
pendor objectivista, não deixou de reconhecer o carácter interpretativo do
seu“método”, pelo menos no que à observação e descrição etnográfica diz respeito
(Filipe Verde 1997).
Rui Assis 14
Antropologia – ISCTE 2008
Se conseguimos pensar numa pessoa como selvagem ou bárbaro,
tal como Lévi-Strauss, então também somos selvagens.
(Gellner 1979, 31)
Rui Assis 15
Antropologia – ISCTE 2008
A Romaria, nos dias de jogo …
A chegada ao Estádio …
Os cânticos rituais começam …
A segurança (os adeptos da equipa adversária entram antes para sair depois)
Rui Assis 16
Antropologia – ISCTE 2008
O click. A Águia Real, Vitória, depois do seu voo e uma vez no seu “pódio”, contribui
para a transformação da visão do mundo dos adeptos ali presentes. A partir deste
momento só o SLB interessa, é como se nada mais existisse ou tivesse interesse .
É um momento de explosão igual ao de um golo. Trata-se de uma celebração de uma
existência. Exaltam-se os símbolos do clube. É como que uma manifestação de força
para a equipa adversária …
Rui Assis 17
Antropologia – ISCTE 2008
Movimentos sociais em acção: estratégia e tácticas são agora postas em prática. Por
vezes este momento culmina um imenso trabalho ao longo da semana (por parte das
claques).
Rui Assis 18
Antropologia – ISCTE 2008
Momentos de ansiedade …
Rui Assis 19
Antropologia – ISCTE 2008
É um sistema de crenças: “ILUMINEM A NOSSA FÉ !!!”.
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Rui Assis 20
Antropologia – ISCTE 2008
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Antropologia – ISCTE 2008
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Rui Assis 23
Antropologia – ISCTE 2008
Bibliografia
Conquergood Qwight 1991, Rethinking Ethnography: towards a critical cultural
politics, in Commmmnications Monographs 58, Junho, pp:179-194
Gadamer Hans-Georg 1961, Truth and Method, London. Sheed & Ward. 2ª Edição
Inglesa, revista e traduzida por Joel Weinsheimer e Donald G. Marshal 1989
Gellner Ernest 1979, Concepts and Society in Rationality, org. Bryan R. Wilson.
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Geertz Clifford 1988, Works and Lives: The Anthropologist as Author. Stanford:
Stanford University Press,
GEERTZ, C. [1973]1989 A INTERPRETAÇÃO DAS CULTURAS, Ed.Guanabara:
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Gomes da Silva José Carlos 2003, O Discurso Contra Si Próprio, Assírio e Alvim,
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Leach, Edmund. 1974 (1961). Repensando a Antropologia in Repensando a
Antropologia. São Paulo:Perspectiva; 13-51
Leach, Edmund 2000, Once Knight is Quite Enough:, Mana 6. PP: 31-56
Levi-Strauss Claude (1955) 1989,”Antropologia Estrutural”, 1º volume, cap. XI, 3ª edição,
Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro
Levi-Strauss Claude 1962, La Pensée Sauvage, Paris
PARKIN, D., CAPLAN, L. & FISHER, H. 1995 THE POLITICS OF CULTURAL
PERFORMANCE, Berghahn Books: Providence
Manuel Castels, O poder da Identidade Vol II, pp:83-87
McAdam Doug, David Snow, Social movements : readings on their emergence,
mobilization, and dynamics,Roxbury Publishin Company
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TURNER, V. W. 1967 THE FOREST OF SYMBOLS, Cornell Univ. Press: Ithaca
1982 FROM RITUAL TO THEATHER: THE HUMAN SERIOUSNESS OF PLAY,
Performing Arts Journal:New York
Rui Assis 24
Antropologia – ISCTE 2008
1987 ANTHROPOLOGY OF PERFORMANCE, Performing Arts Journal:New York
SCHECHNER, Richard [1977]1988 , PERFORMANCE THEORY, Routledge:
London/New York
Vasconcelos J. 1997, Tempos remotos: a presença do passado na objectificação
da cultura local, Etnográfica, vol. I(2), Oeiras, Celta
Outros textos consultados
http://www.slbenficaultras.blogspot.com/
http://terceiroanel.weblog.com.pt/arquivo/2006/04/06/deslocacao_a_barcelona_foto_rep
ortagem
http://esscpareaprojectoalfredogarcia.blogspot.com/2007/11/adepto-do-benfica.html
http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Manuel+Castels
%2C+O+poder+da+Identidade+Vol+II%2C+ver+p%C3%A1gina+83-
87&btnG=Pesquisa+do+Google&meta=
http://www.oi.acime.gov.pt/docs/Estudos%20OI/Estudo_OI_22.pdf
http://www.ime.usp.br/~cesar/projects/lowtech/poderdaidentidade/cap1.htm
http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/viewFile/305/228
http://www.etni-cidade.net/poder_identidade.htm
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  • 1. Antropologia – ISCTE 2008 Ritual e Performance A Força de Um lenço Tema: Ritual Político Docente: Prof. Dr. Paulo Raposo Discente: Rui Assis Aluno Nº 25416 Lic. Antropologia Introdução e objectivos Rui Assis 1
  • 2. Antropologia – ISCTE 2008 Antes de entrar no tema de Ritual e Performance, há algo que gostaria de dizer 1. De todos os trabalhos académicos que eu já realizei este será o mais exige a minha isenção. Acredito que o meu Benfiquismo fez parte do meu processo de aculturação e pode ser comparado com o sistema de crenças de algumas sociedades ditas de pensamento “pré-lógico” ou primitivo. Tentarei analisar por dentro, de acordo com o meu contexto (insight), atendendo aos pormenores resultantes da minha observação participante – Etnografia – mas, “neste mundo” tudo gira à volta de emoções, pelo que tentarei sentir os seus ritmos e constrangimentos analisando factos e movimentos sociais com racionalidade ou mente aberta, Gellner usou o termo “charitable” (Gellner 1979, 29). Tentarei reflectir o objectivo da disciplina, por um lado, procura revisitar alguns dos mais significativos modelos analíticos e abordagens teóricas sobre a temática do ritual e da performance. Por outro lado, tentar interpretar e produzir conhecimento etnográfico, através da forma narrativa de base empírica, sobre a diversidade das manifestações rituais e performativas existentes num estádio de futebol, equacionando os movimentos e relações sociais dos grupos existentes neste espaço particular. Analisarei também os automatismos que me levam a afirmar que o acenar dos lenços brancos, nas bancadas, constitui parte integrante de um processo de uma performance de um ritual político. Estrutura das crenças e rituais – o alheamento da realidade A diferença entre “comportamento primitivo” e “civilizado” não se baseia numa pretensa diferença de tipo mental do indivíduo, mas na variedade das matrizes sociais em que o mesmo indivíduo cresceu. Lévy-Bruhl reconheceu a oposição entre o lógico- racional-experimentalmente válido e o ilógico-irracional-cientificamente falso como representação de uma simplificação imperfeita das alternativas possíveis, a propósito da coerência, ou não, do pensamento primitivo, pois são premissas ditadas pelas crenças (Leach 1961, 22). As relações sociais podem ser vistas como interacções simbólicas, mas as trocas linguísticas, "são também relações de poder simbólico onde se actualizam as relações de força entre os locutores e seus respectivos grupos”. A tentativa de compreensão das implicações e efeitos simbólicos da linguagem deve, à priori, considerá-la como "o primeiro mecanismo formal cujas capacidades geradoras são ilimitadas". Deste modo, Rui Assis 2
  • 3. Antropologia – ISCTE 2008 a integração dos indivíduos numa mesma "comunidade linguística" torna-se a condição primordial para que se estabeleçam as relações de dominação simbólica. Estas estruturas simbólicas têm um papel decisivo na análise da sociedade, e na maneira de se produzir conhecimento científico e obriga a um diálogo entre as diferentes áreas do saber, tais como a Sociologia, Antropologia, Filosofia, Epistemologia e a História. Modos de conhecimento que se auto-legitimam nos seus próprios termos (Gomes da Silva 2003 – 15). 1 Referência ao início do livro O Discurso contra si próprio – Onde aborda o tema da mensagem para além das palavras e as inflexões de discurso resultantes dos à priori, provocando discursos circulares – (Gomes da Silva 2003) Para os Nuer gémeos são pássaros e os Leopardos são cristãos. São verdades igualmente falsas (Filipe Verde 1997). Dois seres humanos gémeos, são pássaros. Pritchard chamou-lhe “mentalidade primitiva” ou pré-lógica. Devemos aceitar moderadamente que existem acções, que por razões históricas, ou de contexto (conceitos e crenças) são absurdas. Mas não temos que as ridicularizar, com o objectivo etnocêntrico de valorização da nossa cultura Ocidental. Estamos perante dois mundos do pensamento e da teoria da explicação do mundo. Nem todas as coisas são lógicas. O uso de uma palavra para descrever uma pessoa, torna aquela pessoa com aquela característica. Deram-lhe um título. Existe, ou não, um certo endeusamento da Rainha de Inglaterra? Existem, de facto, diferenças entre as crenças das pessoas e a lógica. Levy-Bruhl viu que o pensamento primitivo é coerente e que os “selvagens” fazem deduções a partir de premissas, mesmo que essas premissas não estejam de acordo com a experiência e sejam ditadas pela cultura e contidas em crenças que são evidentemente falsas, de um ponto de vista lógico-experimental (Leach 1961). Lévy-Bruhl estudou o contexto e reparou que tudo representa Deus. Todos os factores Naturais representam Deus (a chuva, as pedras, as árvores, os animais). Gémeos são pássaros. Não faz sentido. É Rui Assis 3
  • 4. Antropologia – ISCTE 2008 necessário descobrir qual foi o contexto em que esta afirmação fez sentido. Então, temos que estar preparados para perceber que para os Nuer, gémeos são pássaros. Não é lógico, mas que mal tem. Não devemos dizer que os Nuer acreditam que os gémeos são pássaros, pois eles não o fazem, assim como não o fazem com as pedras ou com a chuva. Se os próprios Nuer não o fazem, porque é que nós o devemos fazer? São apenas palavras. É um título concedido. Os ingleses usam o termo gentleman. Para alguns é um elogio, para outros aplica-se porque de facto lhe concederam aquele título. Só interpretaremos bem a palavra se entendermos os contextos, sem sermos demasiadamente generosos ou rígidos na sua compreensão. Ambos os extremos estão errados. Assim, que mal tem endeusar uma águia, um leão ou até um dragão, ou o que eles simbolizam dentro do sistema de crenças dos adeptos? De facto é possível ter uma visão paralela do mundo a partir de uma nova construção de identidade, individual e colectiva, num estádio de futebol. É um problema metateórico (Castells: pp 83). O que vejo a partir do nº 4 da fila U do mítico sector 25 é um movimento que tenta criar uma nova ordem global. As pessoas vivem numa sociedade de direitos e privilégios, no entanto ressentem-se da perda de controlo da sua própria vida e destino. Os mecanismos de controlo social e representação política têm vindo a desintegrar-se (Casttels: pp 84). Dentro do estádio os adeptos esquecem-se que são Globo-Politanos 2 e começam a reconstruir a sua identidade, sem à prioris. É uma forma de restabelecer o equilíbrio. É neste contexto que os rituais dos adeptos começam a transformar as coisas más em coisas boas (Gellner 1979, 31). Há uma "concentração do costume", o local onde os valores, normas, e o conhecimento mais profundo de uma sociedade é reafirmado, e por vezes criado. O ritual tem o poder de “transformar” (Turner 1967). 2 Globo-Politanos - meio seres humanos, meio fluxos sociais - (Casttels: pp: 84) Duas horas antes do inicio dos jogos já existem grupos a cumprir o “ritual da bifana”, junto às roullotes. Mas este não é o único propósito. É por aquela porta que entram as Rui Assis 4
  • 5. Antropologia – ISCTE 2008 equipas. Então, se é importante saudar os jogadores da casa (mitos vivos), ainda mais importante é desmoralizar os jogadores adversários logo à chegada. Entretanto surgem noticias daquele grupo de adeptos de Famalicão que marcam presença em todos os jogos. Todos? O que os motiva? Conheço um deles e aparentemente é um jovem normal, que acompanha o Benfica para todos os sítios do Globo. É uma filosofia de vida. Será que encontrou desta forma o equilíbrio do seu mundo? Dirijo-me à porta de acesso aos cativos do mítico sector 25 e vejo adeptos a queimar bandeiras de outros clubes, entre aparatos policiais dignos das maiores revoluções da história. Uma vez dentro do estádio, reparo que atrás de mim já lá está o grupo, composto por pai e filho, de Castelo Branco. Também assistem a todos os jogos. Uma vez sentado começo a observar o estádio a encher. O comportamento mais assistido é o de depreciação da claque da equipa adversária. Primeiro acenam à outra claque e só depois cumprimentam os seus vizinhos de bancada. Á minha frente está uma senhora de cerca de sessenta anos sempre enrolada a uma bandeira do Benfica, com um cachecol em cada pulso e uma santinha. Já teve dois desmaios, desde que a conheço, em pleno jogo. Continua lá. É a matriarca daquela bancada. Á sua frente outro grupo (pai, filho e nora) a cumprir o seu ritual, sempre com o lanche pronto e até já me valeram (num daqueles dias em que não temos tempo para comer, mas chegamos à bola a horas). Começa a chegar a nação Benfiquista. A educação e o civismo ficou à porta. O povo saiu à rua e manifesta-se como sabe, ou como quer. Em cada três palavras, duas são palavrões. Nesta aglomeração de adeptos há indivíduos de todas as classes, sexo e idade. Homens de meia idade que demonstram que estar ali é a sua prioridade, pois carecem de outros cuidados de higiene e de saúde (por exemplo dentária). Para arranjar os dentes, não pode pagar o bilhete da bola. Senhoras que se manifestam mais intensivamente que os maridos. Jovens que aliam o espectáculo, as emoções e o amor ao clube com o consumo de substancias psico-activas, antes e durante o jogo. Velhos que não pertencem àquela “família” e passam o jogo a arranjar problemas, seja com o fumo do vizinho ou com os gritos da vizinha. Chega outra personagem deste enredo.Com o seu casaco de fato de treino e auscultadores num dos ouvidos é já uma figura mítica e respeitada naquelas andanças. No ar paira uma mistura de cheiros de vários humanos. Mas a cor predominante é a vermelha. É desta diversidade que são compostas as bancadas do Estádio da Luz. Chega uma senhora de cerca de quarenta anos, casada mas vem sempre só ao estádio e tem a particularidade de só se vestir com adereços SLB Rui Assis 5
  • 6. Antropologia – ISCTE 2008 (ténis, calças, relógio, mala, carteira, cabelo pintado em tons de vermelho, etc). Existe ainda um grupo de amigos que se senta atrás de mim, onde “habita” um adepto que está sempre a falar mal do Nuno Gomes. Fá-lo durante todo o jogo. Mas quando, ocasionalmente, este marca um golo, passa automaticamente a ser idolatrado pelo primeiro. Não há pensamento racional que o possa explicar. O pior de todos, ou, o alvo da frustração daquele senhor transforma-se num instante num Deus. Existe ainda, o pai que permite que o filho, ainda adolescente (que se senta duas filas à minha frente), esteja sempre a insultar os adversários, a claque adversária e o árbitro, com diversos palavrões. Será que permite esse tipo de linguagem em outras situações? Depois há os que observam os acontecimentos sem expressar qualquer tipo de emoções, por fora. No seu subconsciente existe um turbilhão de sentimentos e que de vez em quando resulta numa qualquer explosão emocional. A equipa da casa sai para o relvado e começa a fazer o aquecimento. Todos aqueles indivíduos e grupos desordenados e ainda absorvidos pela realidade das suas vidas, recebem o primeiro sinal, ou seja, começam a focar-se no que estão ali a fazer. Despem, então o casaco dos preconceitos e das regras sociais (à priori) e assumem a farda simbólica que trazem vestido e que os une e lhes dá a identidade com a maioria das pessoas naquele estádio. Começam os slogans e cantares que exaltam a sua paixão. São os mesmos rituais de sempre, em plena manifestação. O mediatismo está montado com câmaras de televisão internas e externas e com um animador profissional a exaltar as hostes. Cada bancada tem um nome, para além dos ganhos publicitários a vida do animador está mais facilitada ( agora só precisa de dizer …Bancada Sapo, ao invés Bancada Topo Norte…). O futebol tornou-se apetecível para as grandes marcas, por arrastar multidões. É um desporto de massas. O desenrolar do rito revela extraordinária sofisticação artística (Cavalcanti 2002). Há uma articulação entre a componente simbólica da mente e o corpo sensorial, que se focaliza nos sentidos da visão e da audição, através dos estímulos que emite e recebe. É então que todos estes costumes são reafirmados. O símbolo do clube é chamado (ao som de todo o estádio) por uma criança: Vitória vem ! É sabido que a águia responde ao aceno de braço do tratador (que é Espanhol), mas o simbolismo do chamamento da criança ainda torna aquele momento mais forte e intenso. A performance do voo da águia Vitória tem um enorme simbolismo convencionado pela nação Benfiquista (nesta altura já estão todos unidos). Há a expectativa da águia falhar o alvo. Os adeptos adversários, conhecendo a forte emocionalidade que este ritual envolve para os Rui Assis 6
  • 7. Antropologia – ISCTE 2008 Benfiquistas, tudo fazem para “distrair” a águia e desencaminhá-la do seu voo. Os símbolos associados a este ritual são um estímulo importante na definição das qualidades emocionais que ocorrem durante o processo ritual, conferindo-lhe toda a importância, ou seja, simboliza o sucesso do futuro imediato (se não for bem sucedido na sua performance - voo da águia - o resultado do jogo também não será). Há ainda um aspecto cognitivo nesta performance, o chamamento da águia funciona como um click (um desligar da realidade). Tem o poder de “transformar” a realidade social. Como qualquer outra ocasião especial pode fazer surgir conflitos ou precipitá-los (Turner 1967) na lógica inerente à nova ordem global (Casttels: pp 84) e social, ali estabelecida. A sua eficácia depende desta representação – dramatização. Dela resulta uma inter- acção entre milhares de indivíduos e grupos sociais, que forma um padrão de pensamento comum. Trata-se de um estilo evocativo de apresentação ou encenação, que é produzido para obter um certo estado de mente e de comunhão, manipulando e estimulando símbolos sensoriais (Sally Moore 1977). De seguida, a entrada em campo da equipa com a música (hino) de Luís Piçarra "Ser Benfiquista", o “estádio levanta-se” e ergue os cachecóis e bandeiras. Agora não há volta atrás. O “palco” está montado. O cenário é pleno de celebração. Ainda nada está ganho ou perdido, mas já há lágrimas e sorrisos de contentamento e emoção. Os “heróis” estão na “arena” e são venerados, como que se de Deuses se tratasse. O futebol é a metáfora da vida. Durante um jogo vivem-se mini dramas. É uma mistura de prazer e de sofrimento, ou drama com satisfação. O futebol acontece no rectângulo, mas a acção (com os rituais) não pára nas bancadas. No estádio há a sensação que podemos interferir no jogo. Todos são treinadores. É um mar de emoções. A alegria de uns é sempre a tristeza de outros. Um golo pode ser um poema. Como disse Sofia Mello Breyner sobre a poesia: esta não se explica, implica. O futebol, na sua simplicidade, pode tornar-se um hino à beleza. É feito por pessoas tão diferentes, mas que se encontram naquela paixão. O futebol é acção. No jogo nada acontece por acaso. Cada peça é colocada no tabuleiro estrategicamente. O acto de jogar é cognitivo e provoca motivação nos fãs. O futebol tem um valor simbólico para a sociedade. O futebol pode ser comparado a espectáculo, na sua manifestação performativa. Há cumplicidade dentro e fora do campo. Há uma conjugação entre a emocionalidade e a racionalidade. Rui Assis 7
  • 8. Antropologia – ISCTE 2008 Assim que o jogo começa, e esta parte descritiva acaba, chega um individuo invisual, acompanhado pelos seus filhos (um casal que vimos crescer). É mais um ritual que se repete. O que o motiva? É o paradoxo da excepção. Toda a regra tem excepção, excepto a regra que não tem excepção, que é a excepção à regra. Penso e classifico assim o “pensamento selvagem” dos adeptos. Faço uma analogia com os esquemas simbólicos resultantes da categorização dos Antropólogos ao pensamento dos “primitivos”. São pautados por oposições "fundamentais" entre valores. Afinal, a tensão entre os dois pólos fundamenta a organização e significação do " mundo". Aqui existe uma relação de analogia e não de hierarquia. Constrói-se uma nova matriz de representação colectiva visando um novo estado e coesão social. De um lado estão os profanos e do outro os sagrados. o sagrado e o profano diferem…porque diferem absolutamente (Gomes da Silva 2003 – 41). São os strange loop, quando atingimos o ponto de chegada, reparamos que estamos no ponto de partida (Hofstadter 1979 in Gomes da Silva 2003-12). É o principio da oposição ou dicotomia do pensamento dos adeptos. Em “casa” são sagrados, mas quando vão ao “território” do adversário transformam-se em profanos. “Lá fora” os rituais mantêm-se e as suas manifestações são igualmente uma reafirmação periódica dos termos em que os Homens de uma determinada cultura devem interagir se for suposto existir alguma espécie de coerência na vida social (Turner 1967). Sempre que acompanho o Benfica fora de portas, sinto-me profano. Tenho que obedecer às mesmas regras que impomos no nosso estádio (chegar mais cedo e sair mais tarde; assistir a todas as manifestações de força e intimidação por parte dos que jogam no seu “Santuário” e se consideram sagrados). Também neste caso, assisti a transformações, o adepto mais calmo em “casa” vive de forma diferente esta realidade noutra zona do planeta. Um jovem casal de executivos numa grande empresa Multinacional passou uma noite no Estádio da Luz para conseguir arranjar bilhetes para um célebre Barcelona – Benfica. Apesar de eu ter beneficiado com isso (cada um tinha direito a dois bilhetes), recusei-me a fazê-lo. Cedo compreendi que o facto de o clube ter disponíveis apenas 500 bilhetes nas bilheteiras, tinha que ver com a sobreposição de valores de índole económica aos valores simbólicos. Gerou-se um conflito entre a resistência da política simbólica e a exploração económica ou mercantil deste simbolismo (Mary Crain 1996). Sabíamos que em Barcelona estariam três mil e quinhentos Benfiquistas. Os restantes bilhetes foram entregues pelo clube ao lobby das empresas do Turismo. Não quis ir nas carreiras aéreas programadas, teve que se sujeitar a dormir no estádio. Pessoas de todas as idades o fizeram. Provavelmente as Rui Assis 8
  • 9. Antropologia – ISCTE 2008 mesmas que, no seu mundo real, repudiam a mesma atitude nos filhos, se estes quiserem ver um concerto dos U2. O que as motiva? - Há uma trilogia na estrutura dos valores 3 destes movimentos sociais: a identidade dos adeptos, os seus adversários e os seus objectivos (Castells,pp: 93) Talvez porque nestas viagens só se respira clubismo, ou seja, desde que saímos do aeroporto (a maioria já vem trajada, ou paramentada, a rigor) até que entramos no estádio adversário não se pensa noutra coisa: “temos que ganhar” aos Espanhóis, Italianos, Ingleses, etc. É uma honra e orgulho ainda maior. Junta-se a clubite ao bairrismo lusitano. O delicioso mundo simbólico é perfeito até chegar a realidade cruel do resultado. Passa-nos a cegueira. Mas, imediatamente surgem rituais a exaltar a 3 a propósito dos Zapatistas História do clube ou outro qualquer mecanismo performativo que nos faça voltar para o mundo simbólico (nem que sejam rituais de dor com cânticos que exaltam as hostes e voltamos a “ter na alma a chama imensa”). Há, neste capítulo, uma excepção. Os adeptos do Celtic Glasgow. Sempre perderam em Lisboa e saudaram os “Tugas” pela exibição. Mesmo estando em minoria fazem sempre uma festa digna nas bancadas, saudando a sua equipa. São de facto os melhores adeptos do Mundo. Mas, internamente têm a mesma lógica em relação aos adeptos do Glasgow Rangers, ou seja, os melhores adeptos do mundo para os clubes estrangeiros têm um ódio de morte aos seus vizinhos na mesma cidade (neste caso a questão não é apenas do foro simbólico, ma passa-se a um nível de separatismo religioso e político). A relação entre os adeptos é não contextualizada, pois os seus termos, que até podem ser semelhantes e constituir uma classe, não são politéticos e nada têm a ver uns com os outros. Não é uma realidade verdadeira, mas criada para explicar (Gellner 1979, 19). As representações colectivas são fortemente emocionais, tal como a “mentalidade primitiva”, mas atribui-se pouca importância à coerência lógica (Gomes da Silva 2003 – 51). Aqui não há inflexões de discurso, pois não há à priori. Logo não há hierarquia de pensamento ou os constrangimentos daí resultantes . Não há o poder infinito da linguagem de falar sobre as palavras, agindo na estrutura do inconsciente (que rege os dispositivos simbólicos), provocando reflexo – reflexão (Gomes da Silva 2003 -19). Há Rui Assis 9
  • 10. Antropologia – ISCTE 2008 o Homem no seu estado puro. Durante noventa minutos (ou mais) constrói uma nova verdade, fora da ciência. A verdade do senso comum (Doxa), enquanto campo de infinita diversidade e subjectividade. O gosto é educado (Gadamer 1961). Tal como as representações colectivas do Homem primitivo, estas, são vistas como um domínio caótico, ininteligível (Gomes da Silva 2003 – 52 e 56). Há quem chame ao futebol arte. De facto já Gadamer dizia, a propósito da Arte que, no fundo o que acontece é o abandono dos quadros mentais em que estamos para entrar noutros (Gadamer 1961). Há uma noção de equipa nas bancadas, cujo elo de ligação e dramatização nem sempre são os ídolos que estão dentro do campo, mas os rituais fora dele. Por vezes invertem-se os papeis. Não é a equipa que puxa pelos adeptos, mas são os adeptos com os seus rituais que puxam pela equipa (o que constitui, por si só, outro paradoxo). Ou seja, o adepto que altera as suas prioridades e paga para ali estar (por razões emocionais), ainda tem que motivar os onze indivíduos que estão dentro do campo a pensar nas férias de luxo que vão fazer. Assim, muitas vezes não é o adepto incógnito que marca os golos, mas podemos dizer que no seu conjunto são os adeptos, com os seus cantares rituais em uníssono: “força Sporting olé” ou” ninguém pára o Benfica”, que provocam motivação às equipas que estão dentro do campo. Assim, podemos dizer que de certa forma os adeptos também marcam golos. Até se diz que carregam com a equipa às costas. Esta transmissão simbólica de força e ânimo é de tal forma importante que os craques que têm mais empatia com os adeptos pedem-na frequentemente. Como é o caso de Rui Costa que relatou o seu regresso (como adversário) ao estádio da Luz, demonstrando este paradoxo entre sagrado e profano, e entre a tristeza e a alegria: “foi um drama para mim saber que ia ao Estádio da Luz e não me ia equipar no balneário do Benfica. Naquele estádio, nunca me tinha equipado noutra cabina que não na do Benfica. Eu acho que nem reconheci a cabina visitante. Foi um drama pensar que ia entrar no estádio como adversário, que ia entrar no túnel pelo outro lado … Recordo-me que nas bancadas estavam duas faixas muito grandes dedicadas a mim. Uma dos No Name Boys e outra dos Diabos Vermelhos. Uma tinha uma enorme camisola vermelha com o número 10 e com a frase: Por muitas mais que vistas esta será sempre a tua. Ainda hoje me arrepio quando penso naquela frase. A outra estava escrita em italiano: Rui Costa no coração - o coração estava desenhado “ (Revista Mística 2007). Este discurso está carregado de emoção, paixão e drama. Este amor pelo clube é pleno de simbolismo. Tem os ingredientes necessários para provocar o endeusamento deste ídolo. É a história de um profano (visitante) que não o era no Rui Assis 10
  • 11. Antropologia – ISCTE 2008 seu coração e tinha que conviver com esta dicotomia. Sabia que tinha que entrar no Inferno da Luz como visitante e receava-o. De volta ao mítico sector 25, os adeptos vivem uma paixão e alimentam-na, recriando um novo mundo no seu imaginário. Sentem-se donos de tudo o que ele implica e dele deriva, ou seja, o clube. Desta forma, nascem mecanismos organizativos, que no estádio parecem espontâneos, e que resultam numa verdadeira manifestação política da vontade dos adeptos de mudar uma determinada situação. É o povo a demonstrar o seu poder. O impacto é devastador. Não há Presidente de Direcção que aguente tal pressão. Os lenços brancos são mais eficazes que os protestos em Assembleia Geral. Um lenço branco vale por dezenas de votos. É uma situação a qual tenho assistido ao longo dos anos e que assume uma característica organizada, racional e com reflexos políticos, ou seja, existe um ciclo histórico, repetido mais ou menos de dois em dois anos, onde centenas de sócios do SL Benfica se organizam e mobilizam e demonstram o seu descontentamento acenando com lenços brancos no estádio, tendo como consequência política o despedimento do treinador. Uma semana mais ou menos para a frente e o desfecho é “fatal” para este. Se os rituais visam diminuir a ansiedade, restabelecendo a ordem, este é já reconhecido como sendo o mais cruel, pois é mobilizado pelos mais antigos e com maior poder de intervenção - provando, excepcionalmente, que no estádio também há hierarquias simbólicas – e visa objectivamente um grupo de pessoas. Além de demonstrar o descontentamento de quem acena os lenços, “diz” a um grupo de pessoas: não vos queremos mais. Também aqui há uma acção concreta. Implica a mudança da vida daquelas pessoas (porventura os mesmos que lhes deram muitas alegrias no passado). A Direcção do clube sabe que este ritual político têm uma dimensão de transformadora e rapidamente se pode transformar num ritual de rebelião. Há ritos que podem ser observados Domingo a Domingo (repetem-se), outros, como o “rito dos lenços brancos” só se repete quando a equipa que joga fora do rectângulo de jogo sente necessidade de intervir. Este ritual é poderoso, pois conta com o apoio devastador dos meios de comunicação social, que multiplicam cada lenço por cem. Na sua dimensão mais performativa o ritual é, para muitas culturas, a matriz para muitos outros géneros de "performance" cultural. Neste sentido, encontrará maiores semelhanças com o trabalho artístico do que com simples "neuroses" (Turner, 1967). Assim, o ritual é uma actividade, conforme sugere Catherine Bell (1977). Num estádio de futebol podemos encontrar os vários géneros de ritual: ritos de passagem – presentes na passagem de testemunho entre as várias gerações presentes; de dor – na derrota; de Rui Assis 11
  • 12. Antropologia – ISCTE 2008 celebração - na vitória; de consumo – ao encarar o jogo como um espectáculo e com tudo o que este envolve; festivais – fazem-se autênticas romarias em nome da crença; ritos políticos – para além da capacidade organizativa, existe a vontade soberana do povo (adeptos) que, quando entendem, mobilizam-se e mostram os seus lenços brancos. Os média fazem o resto da pressão. É o Olho da Objectiva de Mary Crain, ou a política da performance, ou seja, a relação entre a performance e o poder e o que dela resulta, permite, sustenta, desafia ou muda (Conquergood 1991), como no caso dos treinadores. No Brasil estudam-se ritos e mitos comparado as dimensões do Futebol com o Candomblé. Estabelecem-se relações entre o sagrado e o profano. De facto há algo de carnavalesco no Futebol. Os adeptos põe uma máscara quando entram no estádio. Sacrificam-se os interesses pessoais a favor da causa colectiva (Hirsh Eric in Doug McAdam, pp: 303. Há o reconhecimento de uma linguagem com conotação mitológica (ex: “Diabos Vermelhos”, “Dragões”) e contradições no plano simbólico (os paradoxos do adepto). Nesta Etnografia também pretendo mostrar o lado performático do trabalho de campo colaborativo e participante (entre observador e observado), sem desprendimento das implicações metodológicas. Este trabalho de campo não pretende ser uma mera colecta de dados (Conquergood 1991). Mostra uma distinção absoluta entre o mundo simbólico e a realidade. Aliás, a disposição do “tapete verde” pode fazer- nos lembrar os antigos coliseus e as lutas entre feras e escravos. Quando a performance dos escravos não se tornava interessante para a multidão, esta insurgia-se e ditava o desfecho. No estádio, a multidão de adeptos também opina sobre os artistas, se optarmos por tratar este desporto como arte e espectáculo. Os adeptos não admitem as falhas dos “artistas”. Insurgem-se violentamente contra os seus deslizes. Para o adepto o jogador não é um homem, mas um meio para que ele se sinta feliz. Podemos comparar esta atitude esclavagista dos Romanos perante os escravos na arena. Se ganham, são idolatrados. Se perdem, são vítimas de todas as frustrações pessoais de cada adepto. Estes vão ao estádio para se sentir bem consigo e não para demonstrar qualquer tipo de compaixão ou outro sentimento humano. Do lado de lá da barreira podem estar primos, amigos, etc. Mas são do Sporting ou do Porto, logo são o inimigo. Fazem-se procedimentos sacrificiais em conjunto. Estes “sacrifícios” são isolados do mundo ordinário por intermédio de marcadores de fronteiras ou marcador de descontinuidade (Leach 2000). Deste modo, um jogo de futebol pode tornar-se num episódio da festa das cabeças de Penghulu. Da mesma maneira o Layout do estádio, chamado por alguns de Catedral, pode ser comparado a um Santuário (com os seus coros e músicos, o adro, Rui Assis 12
  • 13. Antropologia – ISCTE 2008 a nave – onde o jogo acontece (congregação) – e o altar – local de culto das taças. Mais uma vez temos a relação entre o sagrado e o profano. Até no processo do rito de passagem de um adepto há algo de feudal, tal como na nomeação de um Cavaleiro Britânico medieval: desde o procedimento de preparação das “paramentas” - normalmente começa com a camisola do clube – passando pelo cartão de sócio (ritual político), até ao festival da primeira “romaria” do trajecto que o leva ao “Santuário” – estádio. Pela minha própria observação, entre as crianças – antes do estado de consciência – veneram-se os símbolos dos clubes, através de procedimentos mitológicos, para explicar e dar coesão ao seu mundo. Assim, é usual voltar a assistir às batalhas entre Dragões e Águias e Leões, enquanto se repetem as perguntas sobre ,quem é mais forte? Antes de conhecer qualquer jogador ou até mesmo a história do clube, as crianças já conhecem os símbolos que constam nos seus emblemas. O que liga estes dois mundos? Qual é o processo que faz com que um adepto não esteja “nem cá nem lá”? - Os rituais ! As suas dinâmicas são um cenário de transmissão e criação de cultura (Turner 1967). No nosso rito político, normalmente, é o individualismo que nos conduz a este estado de dinâmica social, ou seja, são os paradoxos ou ambiguidades dos adeptos que os fazem viver no límen dos ritos (Da Mata). São associais. Pessoas sem identidade, que assim criam uma identidade comum. Desta forma, se alguém der o primeiro passo na organização do rito, os que vivem na margem entre a integração e a separação aderem imediatamente e tornam-no num complexo sensorial de impressões simultâneas – sensorium – isto é, numa manifestação performativa visível. Estas pessoas inseguras juntam-se a estes movimentos sociais por causa da sua necessidade de ter uma direcção social (Hirsh Eric in Doug McAdam, pp: 303). O mundo real é contínuo. Mediante o uso de categorias, separamos o espaço físico e social em áreas com diferentes potenciais de poder, criando a ilusão da descontinuidade. Há uma zona de intercepção entre as duas categorias ou mundos. Mas esta zona não pertence a nenhuma categoria e ao mesmo tempo pertence a ambas. É uma área perigosa de poder manifesto (Leach 2000). Dentro de um estádio (e na preparação de um jogo ao longo da semana) ,há vários movimentos sociais que devem ser entendidos nos seus próprios termos, ou seja, as suas práticas auto-definem-se. São processos aos quais estão associados, por exemplo, os Rui Assis 13
  • 14. Antropologia – ISCTE 2008 valores da Globalização e a predominância da política simbólica no espaço dos média (Castells, pp:85). Nestes movimentos sociais internos há uma representação e valorização do Eu, (Self), contra os Outros (Outsiders). Há uma tensão constante entre a formação da identidade política do Eu e a constante negociação sobre a diferença entre Organizações e a necessidade de projectos de identidade unitária, que normalmente resultam em casos de abuso dos Direitos Humanos e movimentos sociais autónomos, por exemplo: as claques (Stephen Lynn, in June Nash, pp:68). Em termos sociais a Globalização provoca uma Cultura Híbrida. As populações são empurradas para a periferia. O seu meio ambiente está contaminado pela migração forçada em função do mercado de trabalho. Longe de perderem o seu compromisso com a sua cultura, a sua identificação com o espaço onde agora vivem torna-se fundamentalmente importante, neste circuito Global (June Nash,pp: 179). Assim, assistimos, por um lado, aos rituais que mantêm a cultura original acesa e, por outro lado, um vínculo à nova cultura, ou seja, sendo o Benfica um clube de massas, é normal existirem, no estádio, adeptos (verdadeiros torcedores) originários da Índia, África, Brasil, Países de Leste, etc. Estes fragmentos sociais devem ser estudados Etnograficamente, pois não sabemos como foram os seus rituais de iniciação à nova cultura (clube) e se existiram, ou se apenas aconteceram pela necessidade de identificação. Nestes movimentos sociais há uma oportunidade estrutural percebida e nada tem a ver com o objectivo usual das relações de poder (Kurzman Charles in Doug McAdam, pp: 67). Não pretendi tratar aqui de comportamentos obsessivos compulsivos. Também não fiz uma descrição das claques organizadas e profissionalizadas - apesar de reconhecer a sua importância na performance dos rituais que falamos - para as descrever teria que viver no seu meio. Interesso-me pela vivência quotidiana. Pelas pessoas normais que se transformam. Pelo processo ritual, que é antes de mais um lugar onde emergem as imagens dos diferentes poderes (económico, político, social). A actividade performativa reflecte uma certa ordem sócio-cultural e ao mesmo tempo permite reflectir sobre essa mesma ordem. Esta é a minha tentativa de interpretação, sabendo que a Antropologia, apesar do seu pendor objectivista, não deixou de reconhecer o carácter interpretativo do seu“método”, pelo menos no que à observação e descrição etnográfica diz respeito (Filipe Verde 1997). Rui Assis 14
  • 15. Antropologia – ISCTE 2008 Se conseguimos pensar numa pessoa como selvagem ou bárbaro, tal como Lévi-Strauss, então também somos selvagens. (Gellner 1979, 31) Rui Assis 15
  • 16. Antropologia – ISCTE 2008 A Romaria, nos dias de jogo … A chegada ao Estádio … Os cânticos rituais começam … A segurança (os adeptos da equipa adversária entram antes para sair depois) Rui Assis 16
  • 17. Antropologia – ISCTE 2008 O click. A Águia Real, Vitória, depois do seu voo e uma vez no seu “pódio”, contribui para a transformação da visão do mundo dos adeptos ali presentes. A partir deste momento só o SLB interessa, é como se nada mais existisse ou tivesse interesse . É um momento de explosão igual ao de um golo. Trata-se de uma celebração de uma existência. Exaltam-se os símbolos do clube. É como que uma manifestação de força para a equipa adversária … Rui Assis 17
  • 18. Antropologia – ISCTE 2008 Movimentos sociais em acção: estratégia e tácticas são agora postas em prática. Por vezes este momento culmina um imenso trabalho ao longo da semana (por parte das claques). Rui Assis 18
  • 19. Antropologia – ISCTE 2008 Momentos de ansiedade … Rui Assis 19
  • 20. Antropologia – ISCTE 2008 É um sistema de crenças: “ILUMINEM A NOSSA FÉ !!!”. A crença ligada à religião … Rui Assis 20
  • 21. Antropologia – ISCTE 2008 O Marketing, para que as mensagens cheguem às massas… O espectáculo ao Intervalo: Danças, fogo de artifício, luzes que fazem lembrar o Inferno O ritual do vestuário que se usa nestas circunstancias e o seu simbolismo … Rui Assis 21
  • 22. Antropologia – ISCTE 2008 O culto sagrado da Catedral. Por si só a ida ao futebol já está associada a um ritual de celebração, mas implica outros géneros: passagem, festival e até de dor … O ritual da comemoração … Rui Assis 22
  • 23. Antropologia – ISCTE 2008 A importância da comunicação não verbal na Performance dos Rituais: Grupos diferentes, com rituais de celebração semelhantes … A linguagem corporal dos adeptos na manifestação performativa dos rituais. A importância da comunicação não verbal… Rui Assis 23
  • 24. Antropologia – ISCTE 2008 Bibliografia Conquergood Qwight 1991, Rethinking Ethnography: towards a critical cultural politics, in Commmmnications Monographs 58, Junho, pp:179-194 Gadamer Hans-Georg 1961, Truth and Method, London. Sheed & Ward. 2ª Edição Inglesa, revista e traduzida por Joel Weinsheimer e Donald G. Marshal 1989 Gellner Ernest 1979, Concepts and Society in Rationality, org. Bryan R. Wilson. Oxford. 18-49 Geertz Clifford 1988, Works and Lives: The Anthropologist as Author. Stanford: Stanford University Press, GEERTZ, C. [1973]1989 A INTERPRETAÇÃO DAS CULTURAS, Ed.Guanabara: Rio de Janeiro Gomes da Silva José Carlos 2003, O Discurso Contra Si Próprio, Assírio e Alvim, Lisboa Leach, Edmund. 1974 (1961). Repensando a Antropologia in Repensando a Antropologia. São Paulo:Perspectiva; 13-51 Leach, Edmund 2000, Once Knight is Quite Enough:, Mana 6. PP: 31-56 Levi-Strauss Claude (1955) 1989,”Antropologia Estrutural”, 1º volume, cap. XI, 3ª edição, Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro Levi-Strauss Claude 1962, La Pensée Sauvage, Paris PARKIN, D., CAPLAN, L. & FISHER, H. 1995 THE POLITICS OF CULTURAL PERFORMANCE, Berghahn Books: Providence Manuel Castels, O poder da Identidade Vol II, pp:83-87 McAdam Doug, David Snow, Social movements : readings on their emergence, mobilization, and dynamics,Roxbury Publishin Company Crain, Mary M. 1996, Transformación y representación visual en El Rocío. Demófilo, 19:63-84 Nash June, Social movements : an anthropological reader /,ed. by June Nash , Blackwell Publishing TURNER, Victor [1969]1974 O PROCESSO RITUAL, Ed.Vozes: Petrópolis TURNER, V. W. 1967 THE FOREST OF SYMBOLS, Cornell Univ. Press: Ithaca 1982 FROM RITUAL TO THEATHER: THE HUMAN SERIOUSNESS OF PLAY, Performing Arts Journal:New York Rui Assis 24
  • 25. Antropologia – ISCTE 2008 1987 ANTHROPOLOGY OF PERFORMANCE, Performing Arts Journal:New York SCHECHNER, Richard [1977]1988 , PERFORMANCE THEORY, Routledge: London/New York Vasconcelos J. 1997, Tempos remotos: a presença do passado na objectificação da cultura local, Etnográfica, vol. I(2), Oeiras, Celta Outros textos consultados http://www.slbenficaultras.blogspot.com/ http://terceiroanel.weblog.com.pt/arquivo/2006/04/06/deslocacao_a_barcelona_foto_rep ortagem http://esscpareaprojectoalfredogarcia.blogspot.com/2007/11/adepto-do-benfica.html http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Manuel+Castels %2C+O+poder+da+Identidade+Vol+II%2C+ver+p%C3%A1gina+83- 87&btnG=Pesquisa+do+Google&meta= http://www.oi.acime.gov.pt/docs/Estudos%20OI/Estudo_OI_22.pdf http://www.ime.usp.br/~cesar/projects/lowtech/poderdaidentidade/cap1.htm http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/viewFile/305/228 http://www.etni-cidade.net/poder_identidade.htm Rui Assis 25