O documento discute estratégias de argumentação em discursos acadêmicos, incluindo a metáfora. Apresenta conceitos como máximas de Grice para qualidade, quantidade, relevância e modo de discurso. Também discute teorias sobre como a metáfora funciona na linguagem e pode ser usada strategicamente para persuadir.
1. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
Área de Filologia e Língua Portuguesa
Disciplina: FLC1261– Leitura e Produção de textos II
FFLCH-USP
AULA de 27/10/2013
Docente: Profa. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino
Monitora: Profa. Ms. Solange Ugo Luques
2. Programa da aula
• A persuasão no discurso acadêmico
• A Metáfora como estratégia argumentativa
3. ARGUMENTAÇÃO
O objetivo de toda argumentação é provocar ou aumentar a
adesão dos espíritos às teses que se apresentam a seu assentimento:
uma argumentação eficaz é a que consegue aumentar essa
intensidade da adesão de forma que se desencadeie nos ouvintes a
ação pretendida (ação positiva ou abstenção) ou, pelo menos, crie
neles uma disposição para a ação, que se manifestará no momento
oportuno
Perelman e Tyteca, 2002,[1958] p. 50.
4. Severino (2007)
A argumentação na linguagem utilizada para a produção do
artigo científico deve assumir “a forma lógica de uma demonstração de
uma tese proposta hipoteticamente para solucionar um problema.”
A operação com argumentos, apresentados com objetivo de
comprovar uma tese, funda-se na evidência racional e na evidência dos
fatos. A apresentação dos fatos é a principal fonte dos argumentos
científicos. Daí o papel das estatísticas e do levantamento experimental
dos fatos; no campo ou no laboratório, a caracterização dos fatos é
etapa imprescindível da dissertação científica.
5. Severino (2007)
Argumentar consiste, pois, em apresentar uma tese, caracterizá-
la devidamente, apresentar provas ou razões que estão a seu favor e
concluir, se for o caso, pela sua validade.
Esse processo é continuamente retomado e repetido no interior
do discurso dissertativo que se compõe, com efeito, de etapas de
levantamento de fatos, de caracterização de ideias e de fatos, mediante
processos de análise ou de síntese, de apresentação de argumentos
lógicos ou fatuais, de configuração de conclusões.
6. Máximas de Grice (1982)
1. Máxima da qualidade
• Não diga o que acredita ser falso;
• Não diga algo de que você não tem adequada evidência.
A máxima de qualidade expressa o seguinte princípio: tente que
a sua contribuição conversacional seja o mais verdadeira possível, para
isso, não afirme o que crê ser falso e não afirme aquilo de que não tem
provas suficientes para confirmar a sua veracidade.
7. Máximas de Grice (1982)
2. Máxima da quantidade:
• Faça sua contribuição tão informativa quanto necessária (para os propósitos reais
da troca de informações);
• Não faça sua contribuição mais informativa do que o necessário.
A máxima de quantidade expressa o seguinte princípio:
Tente que a sua contribuição conversacional seja tão informativa quanto
necessária, isto é, que seja nem mais nem menos informativa do que aquilo que é
fundamental para os objetivos de uma interação verbal.
Um discurso repetitivo constitui uma violação dessa máxima, pois, ao
sobrecarregar o enunciado de informação redundante e desnecessária, criar-se-
á ruído na comunicação.
8. Máximas de Grice (1982)
3. Máxima da relação ou relevância:
• Seja relevante.
A máxima da relevância expressa o seguinte princípio:
Tente que a sua contribuição conversacional revele-
se pertinente em relação ao objetivo da conversa, para
que se estabeleça uma relação de pertinência entre os
enunciados.
9. Máximas de Grice (1982)
4. Máxima de modo
• Evite a obscuridade de expressão;
• Evite a ambiguidade;
• Seja breve (evite prolixidade desnecessária);
• Seja ordenado.
Tente que a sua contribuição conversacional seja ordenada,
clara e breve.
10. Layoff & Johnson (2001 [1982])
A metáfora implica uma transposição de domínios, ou seja,
escolhe-se alguma coisa em um domínio de origem e transpõe-se para
outro domínio.
Teoria da metáfora com base cognitiva
A maior parte de nosso sistema conceptual ordinário é de natureza
metafórica. É possível identificar metáforas que estruturam nossa
maneira de perceber, de pensar e de agir (metáfora conceptual),
revelando a relação que temos com o mundo.
11. Layoff & Johnson (2001 [1982])
Metáfora como veículo de ideologia
O fato de um locutor escolher expressar-se através de
determinada metáfora e não outra significa que ele está construindo a
realidade de uma maneira e não de outra.
12. GIBBS (1994)
Hipóteses para explicar por que as pessoas falam
metaforicamente:
expressabilidade
compactividade
vivacidade.
13. Perelman e Tyteca (2002,[1958])
Metáfora como estratégia argumentativa
As figuras são consideradas argumentativas quando realizam a
comunhão entre orador e auditório, e que a razão nem sempre é
suficiente para persuadir, o orador também deve chamar a atenção e
conquistar a confiança do auditório através da emoção, utilizando
estratégias argumentativas que visem tanto ao entendimento quanto à
vontade. (p.52)
14. Bibliografia
GIBBS, R.W., Jr. The poetics of mind – Figurative thought, language and understanding. Cambridge:
Cambridge University Press, 1994.
GRICE, H. P. Lógica e conversação. In: DASCAL, Marcelo. (org.) Fundamentos metodológicos da
Linguística. Pragmática. V. 4. Campinas, 1982, p. 81-103.
LAKOFF, G., JOHNSON, M. Metáforas da Vida Cotidiana. Trad. Mara Sophia Zanotto. Campinas, SP:
Mercado de Letras; São Paulo: EDUC, 2002. (Original: LAKOFF, G. & JOHNSON, M. Metaphors we live
by. Chicago/London: The University of Chicago Press, 1980.)
PERELMAN, C., OLBRECHTS-TYTECA, L. Tratado da Argumentação: a Nova Retórica. 2ª ed. Trad.
Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2005. (Original: PERELMAN, C. & OLBRECHTS-
TYTECA, L. Traité de l’Argumentation. La nouvelle rhetórique. Bruxelles: Éditions de l’ Université de
Bruxelles, [1958] 1983.)
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo Cortez, 2007.