Este documento fornece uma introdução sobre o estudo e aprendizado da história. Aborda conceitos como períodos históricos, fontes históricas, níveis de desempenho, tempo histórico e a relatividade do conhecimento histórico. O objetivo é compreender a noção de período histórico e reconhecer a diversidade de documentos históricos de forma crítica.
2. Estudar/Aprender História
1. A História: tempos e espaços.
* Quadros espácio-temporais: períodos históricos e momentos de
rutura.
* Processos evolutivos: a multiplicidade de fatores.
* História nacional e História universal. Permutas culturais e
simultaneidade de culturas.
Nota: Este módulo inicial será retomado ao longo do tratamento dos módulos 1,2 e 3.
3. NÍVEIS DE DESEMPENHO
• Compreender a noção de período histórico como resultado
de uma reflexão sobre permanências e mutações nos
modos de vida das sociedades num dado espaço.
• Reconhecer a diversidade de documentos históricos e a
necessidade de uma leitura crítica.
• Analisar e produzir materiais: quadros ou frisos
cronológicos, esquemas, mapas, gráficos.
• Exercitar formas de comunicação escrita e oral.
• Desenvolver a noção de relativismo cultural.
5. “Uma das formas mais importantes de compreender o
mundo em que vivemos é a História. É bom conhecê-la para
que os homens de amanhã escolham o seu destino com
algum conhecimento de causa e, se possível, consigam
evitar os erros que no passado fizeram sofrer tantos milhões
de homens.”
José Mattoso
6. O QUE É A HISTÓRIA?
- Ciência social, humana e interdisciplinar.
-Uma sucessão de sucessos sucessivos que sucedem
sucessivamente sem cessar…
7. PARA QUE SERVE?
“A História dá aos factos humanos a sua dimensão no
tempo; fornece os antecedentes e os dados de um grande
número de problemas atuais; proporciona o sentido de
continuidade; desenvolve o espírito crítico e de reflexão;
permite conhecer melhor o Homem e ensina a relatividade
das coisas.”
Pierre Salmon
8. BREVE EVOLUÇÃO
Antiguidade clássica
• Grandes feitos políticos e militares que lhes tinham trazido
fama.
• Por um lado, era pragmática e educativa: o objectivo era
retirar uma lição, uma moral que pudesse ser aproveitada
pelos homens do futuro;
• Por outro lado, possuía um carácter nacionalista e
patriótico.
9. Para elaborar estas descrições, homens como Cícero ou
Heródoto (o “pai” da História) usavam como método:
• A relacionação, explicação e justificação dos factos ;
• A recolha da tradição oral e escrita, bem como de
testemunhos oculares;
• A crítica das fontes utilizadas (o que revela alguma
preocupação com o rigor histórico).
10. IDADE MÉDIA
• Visão Teocêntrica da História: a vida dos homens, a
História é, no fundo, a execução das vontades divinas.
Os pseudo-historiadores desta época não possuíam a
preocupação de criticar e estabelecer a autenticidade e
veracidade dos factos.
A História era entendida como:
-Universal;
-Providencialista;
-Apocalíptica (previa-se o fim do mundo e dos homens).
11. RENASCIMENTO
• Visão antropocêntrica (o Homem está no centro de todas
as preocupações, é o motor de todos os acontecimentos).
Os historiadores realizam, como método:
- A recolha de fontes, nem sempre com preocupações
criteriosas e isentas;
- A crítica das fontes, sob um ponto de vista filológico.
A História tem assim um papel educativo ou
explicativo.
Pela primeira vez, exalta-se o rigor.
12. RACIONALISMO
É a fase do Iluminismo (alarga-se assim o campo da
História). Há o aproveitamento de métodos das ciências
auxiliares da História. Mas a grande novidade será a
aplicação do método científico à História, que passa a
servir os poderosos e a nova classe dominante - a
Burguesia - bem como os seus ideais políticos e sociais. A
História torna-se uma forma de pensamento. Pretende-se
atingir o grande público e modelar a opinião.
13. POSITIVISMO
Teorizado por Compte, o Positivismo procura converter a
História numa ciência natural:
* A História é reduzida à história do acontecimento (história
episódica e quadro).
* Seleccionam-se os factos e criticam-se as fontes.
* Os factos são relatos em si (objectividade absoluta).
* Os positivistas não explicam nem interpretam os factos,
apenas os descrevem. É, assim, uma História do tempo
curto, do acontecimento.
14. HISTORICISMO
A História transforma-se numa matéria para profissionais
e especialistas, subjectiva e relativa. Valoriza-se a intuição e
o papel do historiador como sujeito activo que conhece - é
uma ciência do espírito, logo depende do sujeito que a
elabora. Dá demasiada importância ao particular, o que
impede a história total e profunda.
Preconiza-se uma história crítica pelo recurso à
hermenêutica (análise dos documentos).
15. A NOVA HISTÓRIA – SÉC. XX
• A História Nova procura construir uma história total.
• Estimula o contributo de outras ciências humanas e mesmo
ciências exatas (como a matemática).
• Empenha-se na construção de uma história que permita
conhecer o passado, compreender o presente e prenunciar o
futuro.
• Preocupa-se com o contínuo, o permanente, a estrutura (o
tempo longo) e alarga os seus horizontes a todas as
manifestações do Homem.
16. O OBJETO DA HISTÓRIA
“A História é, antes de mais, o conhecimento do passado
(…). Outrora, factos históricos eram só as ações dos chefes
políticos, dos génios ou dos heróis. Desde que a história da
humanidade se alargou, tudo tem dimensão histórica. Desde
a forma de enterrar os mortos até à conceção do corpo,
desde a sexualidade até à paisagem, desde o clima até à
demografia.”
José Mattoso
17. AS FONTES DA HISTÓRIA
“A História faz-se com documentos escritos. (…) Com
tudo o que o engenho do historiador pode permitir-lhe utilizar
(…). Portanto, com palavras. Com signos. Com paisagens e
telhas. (…) Numa palavra, com tudo aquilo que, pertencendo
ao homem, depende do homem, serve o homem, exprime o
homem.”
Lucien Febvre
19. UM NOVO CONCEITO DE TEMPO
HISTÓRICO
Com Braudel, o tempo histórico tradicional é recusado. O
tempo histórico deverá desenrolar-se de acordo com os
fenómenos históricos (de ação humana).
*Tempo curto (ou do acontecimento) - normalmente
referente a acontecimentos políticos;
*Tempo médio (ou de conjuntura) - estudam-se as variações
cíclicas breves;
*Tempo longo (ou de estrutura) - estudam-se as grandes
permanências. Pág. 11
22. O TEMPO
Estrutura: Os observadores do social entendem por
estrutura uma organização, uma coerência, relações
suficientemente fixas entre realidades e massas sociais. Para
nós, historiadores, é “uma realidade que o tempo demora
imenso a desgastar e a transportar”. Certas estruturas são
dotadas de vidas tão longas que se convertem em elementos
estáveis de uma infinidade de gerações.
23. O TEMPO
Conjuntura: Conceito que se integra no tempo cíclico ou
tempo de média duração, entre o acontecimento e a
estrutura. Neste nível do tempo histórico inserem-se as
flutuações, que podem ser cíclicas e de extensão e
amplitude variáveis. Estas conjunturas podem ser de
diversa natureza, desde a cultural e a social à política e à
económica.
24. O TEMPO
DIACRONIA: Eixo coordenador do tempo que se
refere ao desenvolvimento ou sucessão de
acontecimentos.
SINCRONIA: Eixo coordenador do tempo que se
refere às simultaneidades de factos ou fenómenos
históricos.
25.
26. ESPAÇO
“Quanto mais o passado dos homens recua no tempo,
mais a História se molda na geografia”.
Jaime Cortesão
“O esforço dos historiadores deve dirigir-se para a
integração das civilizações num todo (…) marcando os
sincronismos, as interinfluências, as condições de isolamento
(…)”
V. Magalhães Godinho
27. A RELATIVIDADE DO
CONHECIMENTO HISTÓRICO
“Todo o conhecimento histórico é relativo e provisório. A
História é uma ciência em constante renovação. A variedade
de métodos e fontes ao seu dispor permite-lhe alargar o seu
conhecimento. Mas as limitações do próprio historiador e do
tempo não desaparecem. O historiador observa o passado
sempre com o seu espírito de presente, seleciona o
documento de acordo com as suas preferências… A história e
o conhecimento histórico são assim relativos e muito
subjetivos. No entanto, não deixa de ser uma ciência.”