O documento descreve as crises económicas e demográficas na Europa do século XVII, incluindo guerras, fomes, revoltas populares e quebras de preços e produtividade agrícola. Também aborda o crescimento do mercantilismo neste período, com os estados a promoverem o comércio externo e as indústrias nacionais para aumentar a riqueza e o poderio económico. Finalmente, refere os conflitos entre potências como Inglaterra, França e Holanda no domínio do
2. As crises económicas
Tal como no séc. XIV, a Europa conhece novamente uma crise que,
embora não se possa afirmar geral, atinge diversas regiões ao longo
do séc. XVII:
• As guerras europeias marcam pela desolação, miséria, fome e
epidemias de que são responsáveis;
3. • inúmeras revoltas populares lançam na vagabundagem e
banditismo muitos camponeses;
• nos domínios coloniais algumas tribos indígenas revoltam-se,
enquanto alastra a fuga de escravos.
4. O séc. XVII foi um século de estagnação ou baixa generalizada no
movimento dos preços. Esta situação justifica-se pela ação
coordenada de:
• maus anos agrícolas que provocam a sucessão de más colheitas e
baixa da produtividade;
• a quebra demográfica e os movimentos migratórios da população.
Quando os preços estavam em alta, os beneficiados eram os
cobradores de dízimas, os grandes proprietários e os grandes
rendeiros. Os prejudicados eram sempre os serventes, camponeses,
os artífices e os pequenos camponeses.
5. Estas crises ou períodos de estagnação manifestam-se de diversas
formas, dando origem a um quadro económico-social distinto (ou
inverso) do que se apresentava no século anterior:
• Fomes, epidemias e altas taxas de mortalidade;
• baixa generalizada dos preços;
• diminuição do crédito e dos investimentos;
• guerras de religião e outras;
• aumento das cargas fiscais sobre a população;
• quebra demográfica generalizada;
• revoltas populares…
6. As crises demográficas
A maioria dos países conhece uma paragem ou estagnação e,
nalguns casos, um refluxo do crescimento demográfico. Apesar de
tudo, é neste século que se acelera a evolução para um regime
demográfico novo que irá marcar o séc. XVIII: casamentos tardios,
diminuição do número de filhos e, mais tarde, a quebra da
mortalidade.
7. Decrescem as taxas de natalidade e aumentam as taxas de
mortalidade:
• A França, Espanha e Itália são os países mais afetados;
• As Províncias Unidas e a Inglaterra são a exceção à tendência
geral.
• Na América Latina, a descoberta do ouro intensifica os fluxos
migratórios e o consequente aumento populacional;
• O continente Norte-Americano mantém uma fraca densidade
populacional;
• A China e a Índia continuam a acusar um progressivo aumento da
população.
8. O processo de centralização do poder real, bem como o advento
do estado moderno, acarretaram um considerável aumento das
despesas públicas. Era necessário dinheiro para custear:
• a vasta máquina administrativa;
• a vida luxuosa que levavam os membros da corte (e os seus
servidores mais próximos);
• as diversas guerras e as despesas de manutenção do exército.
As despesas suplantam as receitas: dificuldades em manter o
orçamento estatal. O Estado tenta equilibrar a situação:
• aumento da carga fiscal sobre a população;
• endividamento do Rei junto da Burguesia.
9. Esta necessidade de dinheiro e a ideia de uma unificação da
sociedade e do estado desenvolve a vontade de crescimento e
dinamização do mercado nacional e do enriquecimento dos estados,
conduzindo ao que se chamará de sistema Mercantilista.
10. MERCANTILISMO
“A riqueza de um país é proporcional ao montante de metais preciosos
entesourados que este possui”.
Defende:
- O intervencionismo e dirigismo do estado;
- O protecionismo da economia;
- A obtenção de uma balança comercial favorável.
11.
12. Justificação:
• Aumento das despesas (guerras e funcionários);
• Gastos da corte (Absolutismo e fausto);
• Redução do afluxo de prata americana;
• Incremento do comércio externo;
• Redução das receitas provenientes dos impostos;
• Decadência do Senhorialismo e crescente afirmação do Capitalismo.
13. Aspetos positivos:
• Desenvolve sentimentos de unidade nacional;
• Emancipa as economias nacionais;
• Contribui para o fim do Senhorialismo;
• Possibilita o desenvolvimento do capitalismo…
14. Aspetos negativos:
• Desenvolve companhias comerciais estatais;
• Secundariza a agricultura (exceto a Inglaterra);
• Desenvolve um nacionalismo exacerbado;
• Conduz a antagonismos e guerras:
- anglo-holandesa;
- franco-holandesa;
- anglo-francesa…
15. Na agricultura:
• Taxas aduaneiras flexíveis (baixas ou elevadas consoante os anos de
abundância ou carência);
• Promoção das exportações;
• Elevados índices de produção (para
precaver contra as fomes)…
MERCANTILISMO INGLÊS
16. No comércio:
• Estimulou a marinha mercante (Atos de Navegação);
• Construiu navios;
• Desenvolveu as companhias comerciais;
• Autorizou a criação de companhias privadas (ex. Índias Orientais);
• Promoveu a colonização e o desenvolvimento das colónias...
17. Na indústria:
• Publicou os atos de navegação (promoção da indústria naval);
• Controlou a qualidade dos produtos;
• Concedeu às manufaturas benefícios vários (empréstimos; isenções
fiscais…);
• Regulamentou o trabalho;
• Aplicou taxas alfandegárias às importações...
18. Política colonial:
• Colónias como fontes de matéria-prima e mercado;
• Alargamento do seu território:
- Nova Amesterdão (NY) em 1664;
- expansão para as Antilhas;
- Golfo da Guiné;
- Índia.
• Pacto colonial (reforçado pelos atos de navegação).
19. MERCANTILISMO FRANCÊS
Desenvolve-se com Colbert, que:
• Incrementou a indústria manufatureira;
• Desenvolveu as culturas industriais (ex. linho);
• Concedeu às manufaturas diversos benefícios, como os empréstimos
sem juros, isenções fiscais…;
20. • Procurou garantir a qualidade da produção;
• Tabelou salários e preços (mais produção);
• Aplicou taxas alfandegárias às importações (guerra com a Holanda)...
É o chamado Mercantilismo Intervencionista ou Industrial.
21. • Formou grandes companhias de comércio:
- Índias Orientais (Pacífico e Índico);
- Índias Ocidentais (Europa- África-América);
- Companhia do Norte (Báltico);
- Companhia do Levante (império turco).
• Reclamou a posse de vários territórios coloniais (Canadá, Martinica,
São Domingos…);
• Impôs o exclusivo colonial.
22. Razões do insucesso colbertiano:
• Excessiva dependência do estado;
• Inibição do espírito negociante (debilidade da Burguesia e Nobreza –
não investem);
• Sistema financeiro contrário ao investimento particular;
• Aumento da miséria e da perda de poder de compra por parte dos
camponeses;
• Sistema bancário frágil.
23. CONCORRÊNCIAS E CONFLITOS
Anglo-Holandeses:
. 1651 – Ato de navegação contra a Holanda;
. Proibição de importação de matérias-primas de interesse para as
manufaturas inglesas;
. Aumento das taxas alfandegárias às importações;
. Ocupação de zonas de domínio holandês (ex. Nova Amesterdão)
. Contestação ao Mare Liberum holandês.
- 1652/54 a 1659 – 1ª guerra e derrota holandesa;
- 1665 – 2ª guerra (Tratado de Breda – NY);
- 1672 a 1674 – 3ª guerra (Tratado da União contra França).
24. CONCORRÊNCIAS E CONFLITOS
Anglo-Franceses:
- 1701 a 1714 – guerra de sucessão de Espanha. Para impedir a
formação de um grande império surge uma aliança contra a França
(Inglaterra, Portugal, Prússia, Alemanha…Termina com a divisão de
terras espanholas (Tratado de Utrecht – Antilhas, Gibraltar…);
- 1756 a 1763 – guerra dos 7 anos (emigração inglesa para o Canadá
(que obtém, após o Tratado de Paris). O império colonial francês é
arruinado e a hegemonia britânica é assegurada, apoiada numa
complexa rede de feitorias por todo o Atlântico, Índico e Pacífico.