2. Níveis de desempenho
• Compreender as atitudes e quadros mentais da sociedade dos séc. XIV/XVI.
• Desenvolver a sensibilidade estética através da apreciação e identificação de
obras artísticas do período medieval.
• Valorizar formas de organização coletiva da vida em sociedade.
• Analisar o papel da cidade no florescimento económico e cultural do Ocidente.
• Relacionar a organização do espaço urbano com as instituições e funções
citadinas.
• Demonstrar a importância das ordens mendicantes na renovação religiosa e
cultural do mundo urbano.
5. O Românico: enquadramento histórico
• A partir do início do séc. XI, a Europa cobriu-se de Igrejas.
• Nos lugares de peregrinação e ao longo das suas rotas, em cidades ou aldeias,
edificaram-se enormes construções de pedra.
• Além das influências bizantinas ou muçulmanas, estas construções são
claramente inspiradas na tradição das grandes construções romanas: o granito
aparelhado, os arcos redondos, as abóbadas e os grandes volumes.
• Por isso a sua designação de Arte Românica. Esta arte é característica
fundamentalmente da Arquitetura, uma vez que a escultura e a pintura lhe
estão subordinadas.
6. • As igrejas românicas são o reflexo da época em que foram construídas:
• a fragmentação política contribuiu para a diversidade do estilo que, apesar
da sua unidade, apresenta variações regionais;
• o clima de guerras fez com que a igreja se tornasse um lugar de defesa: as
construções românicas são autênticas fortalezas de grossas paredes e
janelas em forma de seteiras;
• a obscuridade interior do templo adequava-se ao ideal de espiritualidade
medieval;
• o analfabetismo das populações era compensado com a abundante
ornamentação didática e simbólica nas fachadas e no interior da igreja: a
Bíblia estava “explicada” nas figuras de pedra.
7. Elementos construtivos/ características
• Apesar da forte influência romana, este
estilo adota soluções arquitetónicas e
elementos decorativos próprios como
sendo:
• os edifícios em cruz latina (com uma ou
mais naves, cortadas por um transepto);
• coberturas em abóbodas de berço pleno ou
quebrado;
• paredes grossas e uso de contrafortes
exteriores;
8. • Uso de tímpanos, arquivoltas, colunelos e capitéis decorados com motivos
figurados ou geométricos)…
• Decoração muito simples:
• Uso dos arcos redondos
- algumas rosáceas,
na separação das naves e
frescos a decorar as
na abertura dos claustros
paredes e abóbadas e
para o pátio;
algumas esculturas;
• Utilização de
• Os materiais de
contrafortes externos (para
construção utilizados eram
sustentar o peso dos tetos
os que cada região possuía,
e paredes);
o que contribuiu para a
• Janelas estreitas, em
diversidade do estilo.
forma de seteira.
9. Em Portugal
• Das campanhas a Sul vinham as riquezas dos saques, que financiavam as
construções, não faltando pedreiros nem mão-de-obra.
• Os primeiros mestres arquitetos vieram de outras regiões da Europa. A arte
portuguesa não podia, assim, deixar de se inspirar nos modelos europeus.
• Apesar disso, são claros os traços de individualidade:
• O Românico português é sóbrio e severo.
Os monumentos mais originais são as pequenas
igrejas rurais que se espalham pelo Norte do país
como S. Pedro de Rates ou S. Cristóvão de Rio Mau.
10. • Modestas, as igrejas românicas portuguesas
destacam-se pelas suas formas simples e
equilíbrio de proporções.
• No Sul, onde são mais raras, denotam bem
a influência moçárabe.
• A escultura românica é pouco variada: além
dos motivos geométricos e florais, destacam-se
alguns capiteis figurados e tímpanos com
imagens singelas.
11. O Gótico: enquadramento histórico
• Contrastando com a fase negra que se vivera na Europa românica, a arte gótica
desenvolve-se num período de reabertura das rotas comerciais e de triunfo do
movimento das cruzadas.
• A produção agrícola melhora, a mortalidade diminui
e, consequentemente, a população aumenta. Há uma
grande estabilidade climática, associada à paz em
geral, uma vez que fora retirado o cerco à Europa. As
cidades ressurgem e com elas a Burguesia afirma o
seu poder. As igrejas tornam-se espaços alegres, onde
a população se reúne para conviver.
12. • A partir da segunda metade do séc. XII, as grandes cidades da Europa
começam a erguer imponentes catedrais.
• Cada cidade procurava construir o monumento mais belo e majestoso que o
da cidade sua rival.
• Designada assim pelos homens do Renascimento, que a consideravam uma
arte menor, própria de Godos, de bárbaros. Todavia, em poucas épocas se terá
atingido tal beleza e perfeição na arte como durante este período.
• O desejo de embelezar os templos levou os arquitetos a procurarem soluções
que resolvessem os dois grandes problemas da arte românica: o peso das
abóbadas e a fraca iluminação interior.
Pág. 119
13. Elementos construtivos/ características
• Em Paris descobre-se então a abóbada sobre cruzamento de ogivas e o
arcobotante.
• A primeira era fundamental, pois agora o peso já não incidia sobre as paredes,
mas sim sobre os quatro pilares em que se apoiam os arcos.
• Os arcobotantes, por seu turno, consolidam a resistência dos pilares, uma vez
que são levantados no exterior. São formados pelos arcos
e pelo estribo (espécie de contraforte).
• Estas suas inovações permitiram elevar as construções
e rasgar amplas aberturas, sem risco de desmoronamento.
Pág. 120
14. • O aspeto exterior e interior dos templos
altera-se significativamente. Os arcos em
ogiva substituem os arcos de volta perfeita,
contribuindo para o acentuar das linhas
verticais.
• Totalmente revestidos por janelas, os
edifícios inundam-se de uma luminosidade
no interior, que parece elevar os fiéis para
Deus.
• As igrejas têm agora paredes mais finas;
• As igrejas são construções em altura e
realizadas em cruz latina, por vezes com
cinco naves e capelas radiantes.
Pág. 121
15. A catedral
• Agora, a construção por excelência
já não é a Sé, típica do Românico.
São igrejas magníficas e grandiosas:
as catedrais:
• Paredes rasgadas em janelas e
rosáceas decoradas com vitrais;
• Verticalidade das linhas a
terminar num pináculo;
• Mantém-se os contrafortes das
construções românicas.
Pág. 121
16. A escultura
• As construções góticas possuem uma grande riqueza decorativa. Tanto por
dentro como por fora, uma verdadeira renda em pedra ornamenta os arcos, as
molduras das janelas e portais…
• Os edifícios góticos enriquecem-se ainda com altos-relevos e estátuas de
figuras bíblicas. O uso de vitrais nas janelas e nas enormes rosáceas das
fachadas filtram a luz, que penetra colorida no interior do templo.
• A escultura e a pintura começam-se a desligar da arquitetura, surgindo os
primeiros grandes pintores como Giotto. A arte da iluminura atinge uma
grande perfeição.
Pág. 124
17. Em Portugal
• A Portugal chega muito tardiamente (séc. XIII). O gótico aparece no Sul
ligado à arquitetura monástica. No séc. XIV o novo estilo foi-se generalizando,
embora os primeiros grandes monumentos do gótico português (O Convento
do Carmo e o Mosteiro da Batalha) só tenham sido construídos nos começos
do séc. XV.
• O estilo gótico expandiu-se no nosso país em resultado das encomendas feitas
pela Igreja, reis e senhores. À semelhança do que aconteceu nos outros países,
podemos distinguir entre nós diversas etapas do gótico: o cisterciense (de que
é testemunho o Mosteiro de Alcobaça), o mendicante (como o das igrejas de
S. Francisco de Santarém e de Estremoz) e o gótico clássico (de que é exemplo
o Mosteiro da Batalha).
18. • A partir de inícios do século XV, os tempos de paz que se viviam em Portugal
permitiram a construção de grandes e belos edifícios, como as sés de Vila Real,
Guarda e Silves, os castelos de Vila da Feira e de Porto de Mós, o solar dos
Condes de Barcelos e o Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães.
• A escultura gótica utilizou, tal como a românica, os colunelos, os capitéis e os
tímpanos dos portais das igrejas. A figura humana adquire então mais
perfeição, tornando-se mais próxima da realidade; de igual modo, os temas
vegetais são representados com maior naturalidade.
19. • Os testemunhos mais interessantes da estatuária gótica nacional encontram-
se na escultura tumular: os túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro (em
Alcobaça) e o de D. João I e D. Filipa de Lencastre (na Batalha).
• Para além da arquitetura e da escultura, a arte gótica portuguesa está também
representada na pintura, na tapeçaria (realce para as tapeçarias de Pastrana
que comemoram a tomada de Arzila por D. Afonso V), na ourivesaria (cálices,
cofres, relicários) e na iluminura.
20. Em resumo:
Românico Gótico
• Predominantemente rural, • Predominantemente urbano,
• Planta de três naves, • Planta de três naves, com a central mais
• Trifório nas laterais, transepto, abside, elevada,
deambulatório e absidíolos, • Trifório nas laterais, transepto, abside,
• Aspeto forte e atarracado, deambulatório e absidíolos,
• Uso moderado de vitrais, • Grande uso de vitrais,
• Arcos de volta perfeita e abóbada de • Arcos em ogiva apoiados em colunas,
berço, • Torres altas (verticalidade),
• Torres e contrafortes grossos, • Estatuária liberta de simbolismo e
• Estatuária pesada e monolítica, rigidez,
• Poucas entradas de luz, • Grandiosas entradas de luz,
• Decoração didática e simbólica. • Decoração simbólica e que reflete o
quotidiano.
22. Novas solidariedades
• No século XIII, a cidade é um lugar de prosperidade.
• Atraídos pelo sonho de riqueza, muitos camponeses abandonam o campo e
instalam-se nos arrabaldes das cidades.
• Porém, muitos experimentam a miséria, ampliada pelo sentimento de solidão,
por falta das redes tradicionais de apoio (família, vizinhos, paróquia).
• Surgem novas estruturas de apoio e redes de solidariedade: as ordens
mendicantes e as confrarias.
• As ordens mendicantes eram movimentos de renovação surgidos dentro da
Igreja Católica, enquanto que as confrarias eram associações de entreajuda
que agrupavam os homens por ofícios assegurando-lhes apoio financeiro e
moral em todas as dificuldades.
23. O Clero Regular
• No século VI, S. Bento de Núrcia elabora, no Mosteiro de Monte Cassino, na
Campânia (Itália), a regra - regula - que os mosteiros viriam a adotar.
• Esta regra recomenda que os monges permaneçam num mesmo lugar, façam
voto de pobreza e de castidade, prestem obediência ao abade, pratiquem a
hospitalidade e a caridade para com os pobres, trabalhem manualmente de
forma a garantir a sua subsistência, rezem e, mais importante do que tudo, se
dediquem ao estudo e ao ensino.
• Os mosteiros beneditinos tornam-se assim centros culturais que vão
desempenhar um papel decisivo na história da civilização ocidental. Fechados
no seu scriptorium (a oficina de escrita e iluminura) e nas suas bibliotecas, os
monges copistas, contribuíram de forma decisiva para salvar do esquecimento
as obras literárias da Antiguidade.
24. Ordens Mendicantes
• As Ordens Mendicantes representam um
retorno aos ideais de caridade da Igreja
Católica, esquecidos pelo faustoso clero
medieval e remontam ao século XII, período
de grande agitação social e espiritual.
• Tinham como imposição a pobreza individual comum.
• Era-lhes permitido o direito de mendigar nos locais públicos, daí o seu nome.
• Responsáveis ainda por atividades caritativas e pastorais, dedicavam-se à
pregação itinerante, nos meios urbanos preferencialmente.
• Estas Ordens eram fortemente hierarquizadas e desde sempre gozaram do
privilégio da isenção, pelo qual o papa libertava uma comunidade religiosa da
jurisdição do bispo diocesano, colocando-as sob a alçada do Vaticano.
Pág. 127/129
25. Dominicanos
• Ordem criada por Domingos de Gusmão, (Espanha, séculos XII-XIII)
aproxima-se de S. Francisco nos ideais de pobreza e caridade que renovaram a
Igreja Cristã.
• S. Domingos fundou uma ordem religiosa confirmada pelo Papa Inocêncio III.
• Os dominicanos eram também chamados “frades
pregadores” pela importância que atribuíam à
pregação, estritamente ligada, por seu turno, ao
estudo da Teologia.
• Lutavam contra a heresia e procuravam expandir
o evangelho.
• Instalaram-se nas cidades onde fundaram grandes
colégios e se dedicaram ao ensino.
26. • Ordem criada por Francisco de Assis (Itália, séculos Franciscanos
XII-XIII).
• Este tornou-se um exemplo de humildade e um
santo da igreja católica ao renegar o seu passado de
luxo, passando a viver entre os mendigos e os
leprosos.
• Fundou a ordem dos frades menores que
mendigavam ou trabalhavam para comer.
• Apesar de a sua atitude contrastar radicalmente com
o clero da época, nunca se demarcou da hierarquia
• católica, pelo instalaram-se rapidamente em Portugal, nomeadamente nos
Os franciscanos que se distingue das heresias
medievais. de Alenquer, Lisboa, Coimbra e Leiria.
conventos
27. Confrarias e associações
• Confrarias eram associações de socorros
mútuos de carácter religioso, organizadas
sob um santo protector. Dedicavam-se à
caridade como meio de reduzir a pobreza
urbana. Cada confraria tinha os seus
estatutos, que os membros eram obrigavam
a cumprir. Existiam ainda as Irmandades,
que eram associações religiosas de leigos,
que se reuniam para promover o culto a um
santo normalmente se encontravam
associadas às confrarias religiosas.
Pág. 129
28. • Associação de cariz socioprofissional que Corporações
reunia, nas cidade, os trabalhadores de um
mesmo ofício ou mester.
• São marcadas pela hierarquia (mestres,
oficiais e aprendizes).
• Mais conhecidas por artes ou guildas ou, em
Portugal, mesteirais, as corporações
possuíam estatutos próprios que
regulamentavam os preços, os salários e a
qualidade da produção.
• Geralmente, a cada corporação associava-se
uma confraria religiosa que prestava
assistência aos seus membros.
29. Centros de sociabilidade
• O bairro, as ruas, em que os vizinhos se conheciam e auxiliavam.
• A igreja: dominou o ensino e contribuiu para a mudança de comportamentos
com a instituição das suas festividades e procissões.
• A taberna, o albergue, a estalagem…
• As cortes dos nobres (espaço fechado e particular).
• As salas de reunião burguesas e de acordo com a atividade exercida.
• A praça pública, lugar da cultura popular, onde se realizavam as festas, as
feiras, os teatros…
31. As primeiras escolas
• No quadro da cidade romana, cada comunidade cristã organiza-se tendo à sua
cabeça um bispo eleito pelos fiéis. Foi nestas cidades que surgiram as Escolas
Paroquiais.
• As primeiras remontam ao século II. Limitavam-se à formação de sacerdotes,
sendo o ensino fornecido por qualquer padre encarregado de uma paróquia,
que recebia em sua própria casa os jovens alunos.
• À medida que a nova religião se desenvolve, passa-se das casas privadas às
primeiras igrejas.
• O ensino reduz-se aos salmos, às lições das Escrituras, seguindo uma
educação estritamente cristã.
Pág. 131
32. Escolas Monásticas
• É nos mosteiros espalhados pela Europa, longe do rebuliço das novas cidades
emergentes na Europa, que surgem as Escolas Monásticas, em regime de
internato e, inicialmente, para a formação de futuros monges.
• Mais tarde abrem-se as escolas externas com o propósito da formação de
leigos cultos.
• O programa de ensino, de início, muito elementar: aprender a ler, escrever,
conhecer a bíblia (se possível de cor), canto e um pouco de aritmética.
• Com o tempo, vai-se enriquecendo de forma
a incluir o ensino do latim, gramática, retórica e
dialéctica.
33. Escolas Urbanas
• Nas cidades, começam a surgir escolas que
funcionam numa dependência da habitação
do bispo.
• Estas visavam, em especial, a formação do
clero secular e também de leigos instruídos
que eram preparados para defender a
doutrina da Igreja na vida civil.
• As Escolas Catedrais (escolas urbanas), saídas das antigas escolas episcopais,
tornaram-se mais prestigiadas que as escolas dos mosteiros.
• Instituídas no século XI por determinação do Concilio de Roma (1079), passam,
a partir do século XII (Concilio de Latrão, 1179), a ser mantidas através da
criação de benefícios para a remuneração dos mestres. Pág. 132
34. Estudos Gerais
• Provavelmente, a primeira universidade europeia terá
surgido na cidade italiana de Salerno, cujo centro de
estudos remonta ao século XI.
• Além desta, antes de 1250, formaram-se no Ocidente a primeira geração de
universidades medievais. São habitualmente chamadas espontâneas porque
nascem do desenvolvimento de escolas preexistentes.
• Originalmente, estas instituições eram chamadas de studium generale,
(Estudos gerais) juntando mestres e discípulos dedicados ao ensino superior.
Porém, com a agitação cultural e urbana da Baixa Idade Média, logo se passou a
fazer referência ao estudo universal do saber, ao conjunto das ciências, sendo o
nome studium generale substituído por universitas.
Pág. 133
35. Universidades
• As universidades eram estabelecimentos do
ensino superior que agregavam várias
faculdades e que se organizavam numa
estrutura mais rígida e complexa.
• Ao longo dos séculos XIII e XIV, as
universidades expandiram-se pela Europa
Ocidental, especializando-se em diferentes
saberes: Teologia, Direito, Medicina.
• As universidades de Bolonha e de Paris estão
entre as mais antigas. Outros exemplos são a
Universidade de Oxford e a de Montpellier.
36. • Mais tarde, é a vez da constituição de universidades por iniciativa papal ou
real. Exemplo desta última é a Universidade de Coimbra, fundada em 1290.
• No século XIII, a universidade é o centro de formação dos quadros do
funcionalismo público, necessários à centralização do poder pelos monarcas.
Pág. 134
37. • As universidades foram responsáveis pela transformação das cidades em ativos
focos de inovação: estudantes de toda a parte deslocavam-se às cidades
universitárias no intuito de aprender a gramática, a oratória, a matemática...
Em consequência da presença da universidades, a cidade tornou-se o local por
excelência da liberdade de ação, pois os estatutos das universidades protegiam
os seus alunos, concedendo-lhes alguma autonomia nos regulamentos e
defendendo-os, por exemplo, da prisão por dívidas.
40. A cultura medieval
Na Idade Média, a cultura era transmitida por todos os veículos
disponíveis, resultando em aspetos diferentes, se estivéssemos junto a uma
cidade, na corte real ou mesmo numa universidade. Subdividia-se assim em
cultura:
• MONÁSTICA: Os principais centros de cultura eram os Mosteiros, onde se
aprendia o latim e o ensino estava voltado para a vida religiosa. Em algumas
cidades surgiram associações de estudantes e professores que procuravam um
ensino mais laico: surgiram as Universidades ou Estudos Gerais (em Portugal
criada em 1290, com D. Dinis). Após frequentarem a Faculdade das Artes, os
alunos optavam por uma das especializadas, como Direito ou Medicina.
41. A cultura medieval
• POPULAR: Conhecimentos transmitidos oralmente nos locais de convívio
como as feiras. Era, no fundo, a tradição oral. Acabou por ser fortemente
influenciada pela Igreja e pelas novas Ordens Mendicantes, tais como os
Franciscanos e os Dominicanos (que acabaram mesmo por controlar a
Inquisição).
• CORTESÃ: Cultura típica da corte, promovida pelos reis
e animadas por jograis e trovadores que compunham e
cantavam as cantigas de amor, de amigo, de gesta e de
escárnio e maldizer.
42. O ideal de cavalaria
• Enquanto nas cidades proliferavam as escolas catedrais e as universidades e
nos conventos nasciam as livrarias (bibliotecas), nas cortes do rei e dos
grandes senhores a cultura erudita (acessível apenas aos estratos dominantes
da sociedade) desenvolveu-se sob o espírito cavalheiresco, segundo o qual o
cavaleiro, sempre de estirpe nobre, almejava tornar-se perfeito.
• O cavaleiro ideal devia ter as seguintes qualidades:
-a honra;
-a coragem;
-a lealdade;
-a virtude;
-a piedade;
-o ideal de cuzada. Pág. 136
43. A educação cavaleiresca
• A formação de um cavaleiro era intensa e longa, estendendo-se por cerca de
catorze anos.
• Este processo iniciava-se com a saída de casa materna e alojamento no paço
de um grande senhor nobre. Aí, o rapaz passava por várias etapas, servindo,
sucessivamente, como pajem, durante sete anos, e escudeiro, durante sete
anos.
• O seu treino incluía a aprendizagem da equitação, a prática de desporto e o
domínio de armas: estas três aptidões eram postas à prova na caça, nos
torneios e nas justas.
• Finalmente, numa cerimónia complexa de contornos religiosos, o escudeiro
era armado, cavaleiro de uma Ordem de Cavalaria, recebendo as esporas e a
espada.
44. • Tal como existia um ideal de cavalaria,
também as relações entre nobres e damas, O amor cortês
nas cortes, obedeciam a um ideal de amor,
pautado pelo refinamento e pela
espiritualidade.
• Era um código de comportamento
amoroso em que os cavaleiros
demonstravam que o valor pessoal não se
fundamentava apenas no sangue ou nas
proezas militares, mas podia ser
identificado no comportamento social: a
• cortesia.
Para conquistar a sua amada, o cavaleiro nobre deveria ser virtuoso, paciente,
elegante no vestir, bem-humorado, respeitoso perante as mulheres, enquanto a
dama, bela e púdica, deveria alimentar o seu amor com gestos comedidos.
45. A literatura
• Na literatura, o ideal de cavalaria eram os
Romances e o ideal do amor cortês: a poesia
trovadoresca.
• Os senhores feudais contratavam recitadores,
cantores e músicos para divertir a corte.
• As cantigas eram compostas, quase sempre, por
nobres que se denominavam trovadores, porque
praticavam a arte de trovar.
• O trovador deveria expressar seus elogios a uma
mulher da nobreza, demonstrando subordinação às
damas da corte, que deveriam ser tratadas com
cortesia. Pág. 140
46. Cantiga de amor
• As cantigas de amor desenvolviam o tema
do sofrimento pelo amor não correspondido
e eram divulgados de forma oral.
• Neste tipo de cantiga, o trovador destaca
todas as qualidades da mulher amada,
colocando-se numa posição inferior (de
vassalo) a ela.
• O tema mais comum é o amor não
correspondido.
• As cantigas de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do
feudalismo, pois o trovador espera receber um benefício em troca de seus
“serviços” (as trovas, o amor dispensado, sofrimento pelo amor não
correspondido).
47. Atividades:
1. Depois de escutares as duas canções, como sabes qual delas é atual?
2. Reconhecem-se facilmente os sentimentos expressos para com a/o
mulher/homem amada/o?
3. Que relação podemos estabelecer entre a cantiga atual e a cantiga de amor da
Idade Média?
48. Cantiga de amigo
• Este tipo de cantiga teve as suas origens na Península Ibérica.
• Nela, o eu-lírico é uma mulher, mas o autor era masculino, devido à sociedade
feudal e o restrito acesso ao conhecimento da época.
• A mulher canta o seu amor pelo amigo (amigo =
namorado), muitas vezes em ambiente natural, e
muitas vezes, também em diálogo com a sua mãe ou
as suas amigas.
• O sujeito poético é, não apenas mulher, mas a
donzela, isto é, uma rapariga solteira, pertencente aos
estratos médios do povo.
• O poeta serve-se assim deste artifício para exprimir os seus sentimentos pela
boca da rapariga.
49. Cantiga de escárnio e maldizer
• Tipo de poesia satírica. Nas cantigas de escárnio
a crítica é feita de forma encoberta, sem que o
objecto de crítica seja claramente identificado.
Nas cantigas de maldizer a vítima da crítica é
claramente identificada.
• Estes poemas satíricos têm um grande valor documental, visto que nos
revelam qual a reacção das pessoas face a determinados acontecimentos e
situações.
• Estas cantigas permitem perceber melhor a sociedade da época e aceder a
informações que outros documentos, mais impessoais, não revelam.
50. Cantiga de escárnio e maldizer
• Na cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa.
• Essa sátira era indirecta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio (ou
"de escarnho", na grafia da época) definem-se como feitas pelos trovadores
para dizer mal de alguém, por meio de ambiguidades, trocadilhos e jogos
semânticos, num processo que os trovadores chamavam "equívoco", por vezes,
bastante mordaz.
• Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de
maldizer traz uma sátira directa e sem duplos
sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa
satirizada, e muitas vezes, são utilizados até
palavrões. O nome da pessoa satirizada pode ou não
ser revelado.
51. O culto da memória
• As famílias nobres relembravam e evocavam mortos e antepassados das suas
ascendências para trazer ao presente os feitos valorosos das suas linhagens.
• Contudo, não bastava a oralidade e o registo em túmulos para não se
perderem as lembranças. Os senhores fizeram, então, escrever as suas
memórias.
• Nasceu, portanto, uma literatura genealógica que se difundiu largamente
entre a nobreza europeia dos séculos XIII e XIV.
• Em Portugal, este género literário foi muito cultivado, dando origem aos livros
de linhagem ou nobiliários. A mais interessante das obras deste género é o 3º
Livro das Linhagens, de D. Pedro, mistura de lendas e narrativas fantásticas
com personagens reais, fortemente impregnado do espírito da cavalaria.
Pág. 143
52. A CULTURA
A DIFUSÃO DO
GOSTO E DA
PRÁTICA DAS
VIAGENS
53. Viagens de negócios
• O renascimento do gosto pelas viagens dá-se nos séc. XIII e XIV quando, sob
o impulso do comércio, as velhas barreiras geográficas começaram a ceder.
• O desenvolvimento do grande comércio criou laços entre os mercadores e os
governantes.
• Muitas viagens aliaram-se ao negócio e missões político-diplomáticas e muitos
comerciantes começaram a desempenhar o papel de embaixadores das cortes
da Europa.
• Os viajantes europeus nesta época eram,
fundamentalmente, os mercadores, os
diplomatas, os missionários e pessoas sem terra
e sem raízes.
• As expedições dos mercadores colocam em
contato as várias regiões e culturas europeias.
54. Romarias e Peregrinações
• As romarias e as peregrinações
constituem expressões típicas
da religiosidade medieval.
• As peregrinações eram
percursos de longa distância a
locais sagrados do cristianismo,
em especial Jerusalém, Roma e
Santiago de Compostela.
• Tinham objetivos religiosos de
purificar a alma ou cumprir
promessas.
Pág. 147
55. Romarias e Peregrinações
• As romarias eram celebrações em honra a um santo, numa época fixa do ano.
• Implicavam deslocações de curta duração (um ou vários dias).
• As romarias tinham também objetivos religiosos de purificar a alma ou
cumprir promessas.
• A componente não-religiosa expressava-se, nomeadamente, em festas, com
cantos e bailados tradicionais.
• À chegada ao local, os romeiros
pagavam as suas promessas,
participavam nas cerimónias
religiosas e nas procissões.
Pág. 148