O documento discute a importância da nutrição no processo de cicatrização de feridas. Apresenta evidências sobre como diferentes nutrientes como proteínas, hidratos de carbono, vitaminas e minerais apoiam as diferentes fases de cicatrização e recomenda as quantidades adequadas destes nutrientes para promover a cicatrização. Também discute fatores de risco que podem atrasar a cicatrização e a importância de avaliar e tratar a desnutrição nos pacientes.
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Nutrição e as feridas – uma estreita relação
1. Abílio Cardoso Teixeira
Mestre Ciências da Enfermagem | Vogal de Enfermagem da APNEP | Enfermeiro no SCI1 do CHP-HSA
Coordenador do Grupo de Trabalho de Enfermagem da APNEP | Coordenador do Grupo de Trabalho “Prática Baseada na Evidência” do SCI1
9. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
34,9% com registos do peso no processo clinico mas sem evidencia de
diferenças entre os doentes com e sem DAD.
43% dos registos do peso foi efectuado no serviço de anestesia
70% dos utentes com menções nos processos clínicos relacionados com a
alimentação e estado nutricional, mas sem tratamento consistente
(Matos, 2007 )
15. Pressupostos…
… subjacentes à problemática
Evidência…
…sobre o papel dos nutrientes
Equipa…
…assente nas recomendações de instituições de referência
Protocolos
Conclusão/ Reflexões
Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
do que vamos falar?
25. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
pensar, levanta questões…
Qual o melhor produto para o tratamento Daquela ferida?
Qual o mais indicado suporte nutricional para
aquele doente?
Deve-se iniciar suporte nutricional por via entérica?
Administrar ou não administrar suplementos?
43. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
MacKay & Miller (2003)
Ferida
Hemóstase
Fase Inflamatória
Fase Proliferativa
Fase Maturação
Drogas, plantas, vitaminas, AA ou minerais que afetem os mecanismos da coagulação devem ser evitados
antes das cirurgias
Vit. A: deficiência – aumento do risco de infeção
Vit. C: aumenta a migração de neutrófilos e transformação linfócitos
Zinco: deficiência - suscetibilidade aumentada a organismos patogénicos
Vit. C: necessária para a síntese de colagénio
Glucosamina: aumenta a produçao de ácdo hialurónico
Vit. A: promove a diferenciação epitelial
Zinco: necessáio para a síntese de DNA, divisão celular e sintese proteica
Aloe Vera: suporta a formação de tecido de granulação
MacKay & Miller (2003)
Cox & Rasmussen (2014)
Deficiência proteica: inibe a remodelação
Zinco: deficiência – diminuição da proliferação de fibroblastos, síntese colagéneo e epitelização
evidência
44. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.comCox & Rasmussen (2014); Woodward et al. (2011)
Proteínas
Função Componente estrutural, de crescimento e manutenção de células e enzimas
Manutenção e reparação tecidual e desenvolvimento do colagéneo
Exsudado contém proteínas (incluindo albumina)
Recomendações Recomendada ingestão diária de 1,25-1,5g/kg/dia (com risco de UP)
Categoria I/II: 1-1.4 g/kg; Categoria III/IV: 1.5-2.0 g/kg
Considerações Atenção: função hepática e função renal
Excesso: pode aumentar o risco de desidratação
evidência
45. Abílio Cardoso Teixeira
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Hidratos de Carbono
Função Fontes de energia celular
Glucose: combustível para os leucócitos, fibroblastos, macrófagos
Promove o anabolismo, síntese de colagéneo e nitrogénio
Adequada ingestão: evita o uso de proteína como fonte de energia
Recomendações Cal.: 30-35 kcal/kg/dia, podendo variar com a idade, atividade e estado de
saúde (EPUAP)
Considerações Se o cliente tiver excesso de peso, não se deve ponderar a perda de peso até
à ferida estar cicatrizada
HC: não está clarificada se a sua deficiência atrasa a cicatrização, mas está
comprovada que a sua ingestão promove a cicatrização
evidência
Cox & Rasmussen (2014); Woodward et al. (2011)
46. Abílio Cardoso Teixeira
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Água
Função Hidratação: impacto no processo de cicatrização e turgor da pele
Contribui para adequado fluxo sanguíneo e oxigenação dos tecidos
Recomendações Recomendada administração de 30-35 mL/Kg/dia, com um mínimo de 1500
mL
Providenciar fluidoterapia adicional a indivíduos desidratados, com febre/
hipertermia, com vómitos, sudação intensa, diarreia e feridas altamente
exsudativas.
Considerações Atenção: função renal/ hepática e função cardíaca
evidência
Cox & Rasmussen (2014); Woodward et al. (2011)
47. Abílio Cardoso Teixeira
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Vitamina A
Função Papel na síntese proteica; estimulação do sistema imunitário e da formação
de colagéneo; Promoção da epitelização
Recomendações Recomendada suplementação (naqueles com deficiência vitamínica) de 700-
3000 UI por dia; 10000-15000 UI/ dia (1a semana): naqueles sob
corticoterapia
Considerações Toxicidade em altas doses; Gravidez; IRC; Transplantados; Artrite reumatóide
sob corticoterapia
evidência
Cox & Rasmussen (2014); Woodward et al. (2011)
48. Abílio Cardoso Teixeira
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Vitamina B
Função Necessário para reconstrução dos tecidos; envolvido na produção de energia
e no metabolismo da prot. e aminoácidos; formação e divisão celular
Recomendações Não
Considerações Toxicidade em altas doses; Gravidez; IRC; Transplantados; Artrite reumatóide
sob corticoterapia
evidência
Cox & Rasmussen (2014); Woodward et al. (2011)
49. Abílio Cardoso Teixeira
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evidência
Vitamina C
Função Co-fator síntese colagéneo; estimulação da migração de leucócitos e
macrófagos; angiogénese; poderá prevenir infeção
Recomendações Recomendada suplementação (naqueles com deficiência vitamínica) de 60-
200 mg por dia
Considerações IRC
Cox & Rasmussen (2014); Woodward et al. (2011)
50. Abílio Cardoso Teixeira
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Zinco
Função Síntese de colagéneo e proteínas; Multiplicação celular/ crescimento
tecidular;
Recomendações Suplementação indicado apenas em casos de deficiência
Recomendada administração para feridas com dificuldades cicatrização de
15mg por dia
Em feridas maiores, a suplementação poderá ser 25-50mg por dia (limitada a
14 dias)
Considerações Transportado pela albumina
Perdas podem ocorrer por drenagem elevada
Desconforto GI
Suplementação não acelera a cicatrização naqueles que não tenham défice.
evidência
Cox & Rasmussen (2014); Woodward et al. (2011)
51. Abílio Cardoso Teixeira
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Arginina
Função Estimula a secreção de insulina; promove o transporte de aminoácidos e
suporte a formação de proteínas nas células
Recomendações Suplementação com 9g de L-Arginina demonstra promoção da cicatrização
Em média, é recomendada ingestão de 4g de L-Arginina por dia
Considerações Arginina é, condicionadamente, essencial: em individuos saudáveis a
arginina produzida é suficiente
evidência
Cox & Rasmussen (2014); Woodward et al. (2011)
53. Abílio Cardoso Teixeira
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Diabetes
Mau controlo glicémico: atraso no processo cicatrização; aumento do risco de infeção
Stresse metabólico: aumento da glicemia
Gestão terapêutica + dieta, atividade, estilos de vida: necessário para controlo glicémico
Obesidade
IMC > 30Kg/m2: atraso no processo de cicatrização
Hipoventilação: diminuição da oxigenação tecidular
Pregas cutâneas: aumento do risco de infeção e risco alteração da integrida cutânea
Lesões vértebro-medulares
Ajuste peso para compensar atrofia muscular
Ajuste calórico: Paraplegia: 25.9+/- 1.2kcal/kg; Tetraplegia: 24.3 +/- 1.1kcal/kg
evidência
Cox & Rasmussen (2014); Woodward et al. (2011)
70. Abílio Cardoso Teixeira
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quem faz o quê?
Idade; género
Diagnóstico
Condicionante para as necessidades
nutricionais:
Infeção
Má absorção
Doenças Crónicas – diabetes,
obesidade
Estadio da ferida
Peso (evolução)
Padrão alimentar
Evidencia de má nutrição; IMC
Medicação
Bioquímica
Albumina sérica, pre-albumina,
Proteína C Reativa, Proteínas
totais,Transerrina, Colesterol,
Hemoglobina, Vitamina B12, Folato,
Ferro
Avaliação das necessidades nutricionais
estimadas para promover a cicatrização
73. Abílio Cardoso Teixeira
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quem faz o quê?
Mallah, Z., Nassar, N., & Kurdahi, B. (2015). The
effectiveness of a pressure ulcer
intervention program on the
prevalence of hospital acquired
pressure ulcers: controlled before and
after study. Applied Nursing Research, 28(2): 106-13. doi:
10.1016/j.apnr.2014.07.001.
74. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
quem faz o quê?
Ferramentas para avaliação do risco nutricional:
baseado na evidência
de fácil uso e fácil compreensão
antes ou aquando da admissão
identificação de doente com risco: avaliação nutricional, plano de
tratamento, monitorização da ingestão alimentar e do peso e ajustes do plano de
tratamento
Resolution ResAP(2003)3 on food and nutritional care in hospitals
78. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
quem faz o quê?
Referenciar os indivíduos com risco nutricional e de UP à
nutricionista e, se se justificar, a uma equipa nutricional
multidisciplinar (que inclua nutricionista, enfermeiro especialista em nutrição,
médico, terapeuta da fala, terapeuta ocupacional e, quando necessário, um
dentista)
80. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
quem faz o quê?
Seguir as orientações (baseadas em evidência) sobre a nutrição e
hidratação para os indivíduos que apresentam risco nutricional e que
estão em risco de úlceras de pressão ou que tenham uma úlcera de pressão.
81. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
quem faz o quê?
Oferecer suplementos de alto teor proteico, em conjunto com a dieta
habitual, aos individuos com risco nutricional e de UP, devido a doenças
agudas ou crónicas ou após intervenção cirúrgica.
83. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
quem faz o quê?
Providenciar e encorajar a adequada ingestão de fluidos no individuo em
risco de úlcera de pressão. Deve ser consistente com as comorbilidades e
objetivos.
Monitorizar sinais e sintomas de desidratação: alterações no peso,
turgor cutâneo, débito urinário, hipernatrémia, cálculo de osmolalidade
sérica.
84. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
quem faz o quê?
Providenciar/ encorajar o individuo, em risco de desenvolvimento de úlcera de
pressão, a ingerir suplementos vitamínicos e minerais, quando a ingestão é pobre ou
existe deficiência suspeita ou confirmada.
Providenciar/ encorajar o individuo, com úlcera de pressão, a consumir uma dieta
equilibrada, que inclua fontes de vitaminas e minerais.
Providenciar/ encorajar o individuo, com úlcera de pressão, a ingerir suplementos
vitamínicos e minerais, quando a ingestão é pobre ou existe deficiência suspeita ou
confirmada.
88. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
Escolhas compartilhadas;
Fornecer suporte nutricional: as directrizes auxiliam na melhora da
entrega e redução das complicações;
Orientar as decisões práticas dentro da equipa;
Reduzir as variações na prática;
Melhorar a qualidade.
protocolos?
95. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
Do nutritional markers in wound fluid reflect pressure
ulcer status?
1 ano: incluidos aqueles que tinham, pelo menos, uma UP profunda (de
acordo com classificação DESIGN, com exsudado e > 60 anos
DESIGN: testado em poucos estudos; amostras reduzidas.
Estudo metodologicamente consistente, mas com uma amostra reduzida.
refletindo…
96. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
Evaluation of effects of nutrition intervention on healing of
pressure ulcers and nutritional states (randomized
controlled trial)
(…) control group (30 patients) (…) 12 weeks. (…) (length/width), (…) 29.1±4.9 and
37.9±6.5 kcal/ kg/day (…) nutrition intervention could directly enhance the
healing process in pressure ulcer patients.
refletindo…
97. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
Benefits of an oral nutritional supplement on pressure ulcer
healing in long-term care residents
(…) 245 patients with grade II-IV pressure ulcers were enrolled into this open study at 61 long-
term-care facilities. (…) age was 82.2 +/- 10.1 years. (…) The average intake of the 200 ml ONS
was 2.3 +/- 0.56 servings daily, which corresponds to 46 g protein, 6.9 g arginine, 575 mg vitamin
C, 87 mg vitamin E and 21 mg zinc. (…) 1580 +/- 3743 mm2 to 743 +/- 1809 mm2, (…) reduction of
53% (p<0.0001). Complete wound closure occurred after three and nine weeks in 7% and 20% of
the pressure ulcers respectively.
refletindo…
Heyman, Van De Liiverbosch, Meijer, & Schols (2008)
98. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
terminando:
Definir o papel de cada membro da equipa interdisciplinar
Rastrear todos os indivíduos para o risco nutricional
Encaminhar os indivíduos em risco nutricional para avaliação pela nutricionista
Plano de tratamento baseado na melhor evidência
Discutir intervenções nutricionais com o indivíduo antes da implementação
Comunicar as recomendações à equipa
Posthauer, M. E. (2011)
99. Abílio Cardoso Teixeira
abilio.cardosoteixeira@gmail.com
terminando:
Fornecer alimentos melhorados ou suplementos nutricionais orais entre
refeições (SOS)
Monitorizar a ingestão de alimentos / fluidos
Incentivar hidratação adequada e monitorizar os sinais e sintomas de
desidratação
Rever plano de tratamento caso não se estejam a atingir os objetivos
Rever restrições alimentares
Considerar suporte nutricional quando a ingestão oral é insuficiente
Posthauer, M. E. (2011)
Excesso interfere com a absorção de cobre, aumentando o tempo de cicatrização.
Toxicidade: risco com suplemetação > 2-3 semanas
Arginina: benefícios a pacientes cirúrgicos, com redução da taxa de infecção.
Sepsis e infecção grave: não há diferenças nas taxas de mortalidade e infecção com o uso de fórmulas enriquecidas com arginina. Aumento na taxa de mortalidade quando comparado ao uso de fórmula padrão.
( libertação de citocinas pró-inflamatórias + óxido nítrico= resposta inflamatória (hipotensão temporária, DC, Resistência vascular e pulmonar sistémica
Assim, intensifica a resposta inflamatória
Fornecer suporte nutricional aos individuos com risco nutricional e de UP, incluindo: avaliação nutricional, estimativa das demandas nutricionais, comparação entre o fornecido e o necessário, providenciar a adequada intervenção nutricional, monitorizar e avaliar os resultados.
Cumprir as recomendações baseadas em envidência no que à NE e hidratação concerne.