2. Quem foi?
Ele apresentou Maria Monforte a Pedro;
Amigo de Carlos da Maia;
Representa
Posteriormente, na 3º geração,
o
Romantismo,
na
2º
surge como um o símbolo do
geração da família Maia;
ultrarromantismo;
É o Poeta das “Vozes de Aurora”, o
Estilista de “Elvira”, o Dramaturgo do
“Segredo do Comendador”;
Falso moralista
Incoerente.
3. Caracterização Psicológica
Era calvo, em toda a sua pessoa "havia alguma coisa de antiquado, de artificial e de
lúgubre". Simboliza o romantismo piegas.
Era camarada, inseparável e íntimo de Pedro da Maia
Eça serve-se desta personagem para construir discussões de escola, entre naturalistas
e românticos, numa versão caricatural da Questão Coimbrã.
Não tem defeitos e possui um coração grande e generoso. É um gentleman e um
patriota à moda antiga. É o poeta do ultrarromantismo.
4. 1º aparecimento
Surge no Cap. I quando Pedro vê pela 1ª vez Maria Monforte:
“… Mas um rapaz alto, macilento, de bigodes negros, vestido de
negro, que fumava encostado à outra ombreira, numa pose de tédio…”
“E o Alencar, depois de passar os dedos magros pelos anéis da
cabeleira e pelas pontas do bigode…”
5. Menções
É por uma carta dele que Afonso da Maia toma conhecimento de que Mª
Monforte se encontra em Paris
É também ele que informa que Mª Monforte tinha um retrato duma
criança que diz a Alencar ser da filha, que morreu em Londres.
Tanto Alencar como Afonso da Maia partem do princípio de que se trata
da filha mais velha. Afonso da Maia presume assim que a neta morreu.
6. Jantar no Hotel Central
« Ega exclamou: “Saúde ao poeta!”
E apareceu um indivíduo muito alto (…), com uma face
escaveirada, olhos encovados, e sob o nariz aquilino, longos
espessos, românticos bigodes grisalhos (…)
Era ele! O ilustre cantor das Vozes de Aurora, o estilista de Elvira, o
dramaturgo do Segredo do Comendador. »
7. Alencar diz a origem do nome de
Carlos
« - Teu pai – dizia ele – o meu Pedro, queria-te pôr o nome de Afonso (…) Mas tua mãe
(…) teimou em que havias de ser Carlos. E justamente por causa de um romance que eu
lhe emprestara. (…) Era um romance sobre o último Stuart, aquelo belo tipo do príncipe
Carlos Eduardo (…)Consultou-me, consultava-me sempre sempre, nesse tempo eu era
alguém (…). Enfim, voltei-me para tua mãe, e disse-lhe, palavras textuais: “Ponha-lhe o
nome de Carlos Eduardo (…) que é o verdadeiro nome para o frontispício de um
poema, para a fama de um heroísmo ou para o lábio de uma mulher!” »
8.
Segundo o ponto de vista de Alencar – que é o ponto de vista do
Romantismo -, as senhoras poderiam ler literatura romântica sem corar, o que
não acontecia com a literatura realista e naturalista que alimentava o gosto
por pintar ambientes sórdidos e analisar situações escabrosas.
Por isso refere que, nesses tempos, não havia “a pústula e o pus”, referindo-se
ao Realismo e ao Naturalismo.
9. Discussão entre Ega e Alencar
No final do jantar, Ega recita com entusiasmo poemas de um
poeta moderno, Simão Craveiro.
Alencar que detestava Craveiro, o homem da “Ideia Nova”, o
“Paladino
do
Realismo”,
condenou
esses
versos
e
ficou
visivelmente transtornado.
(Capitulo VI)
10. Excertos da discussão
« Alencar passou a mão pela testa lívida, e com o olho cavo fito no outro, a voz
rouca e lenta:
- Olha, João da Ega, (…) Todos esses epigramas, esses dichotes lorpas do raquítico, e
dos que o admiram, passam-me pelos pés como enxurro de cloaca… O que faço é
arregaçar as calças! (…) Mais nada, meu Ega (…)
E arregaçou-as realmente (…)
- Pois quando encontrares enxurros desses – gritou-lhe o Ega – agacha-te e bebe-os!
Dão-te sangue e força ao lirismo!
Mas Alencar, sem o ouvir, berrava para os outros (…) »
11. « (…) – Não se esborracham assim crânios – disse de lá o Ega num tom frio de
troça.
Alencar voltou para ele um face medonha (…) todo ele tremia:
- Esborrachava-lho, sim, esborrachava, João da Ega! (…) – Mas não
quero, rapazes! Dentro daquele crânio só há excremento, vómito, pus, matéria
verde, e se lhos esborrachasse, porque lho esborrachava, rapazes, todo o miolo
podre saía, empestava a cidade, tínhamos o cólera! Irra! Tínhamos a peste! »
12. « (…) – Com efeito, não vale a pena ninguém zangar-se por causa desse Craveirote
de Ideia Nova (…) que se não lembra que a porca da irmã é um meretriz de doze
vinténs em Marco de Canaveses!
- Não, isso agora é de mais, pulha! – gritou Ega, arremessando-se, de punhos
fechados.
(…) E, de entre os braços de Cohen, Ega berrava, já rouco:
- Esse pulha, esse covarde… Deixe-me, Cohen! Não, isso hei-de esbofeteá-lo!... A D.
Ana Craveiro, uma santa!... Esse caluniador… Não, isso hei-de esganá-lo. »
13. Reconciliação entre Ega e Alencar
« O autor de Elvira (…) exclamou que entre ele e o Ega não devia ficar uma
nuvem! Tinha-se excedido (…) E ali declarava bem alto que D. Ana Craveiro era
uma santa!
(…) Abraçaram-se. Alencar jurou que ainda na véspera, em casa de D. Joana
Coutinho, ele dissera que não conhecia ninguém mais cintilante que o Ega! Ega
afirmou logo que em poemas nenhuns corria, como nos do Alencar, uma tão bela
veia lírica. Apertaram-se outra vez, com palmadas pelos ombros. Trataram-se de
irmãos na arte, trataram-se de génios. »