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Os Maias
Espaço Físico
Exteriores
A maior parte da narrativa passa-se em Portugal, mais concretamente em Lisboa e
arredores.
Em Santa Olávia decorre a infância de Carlos e é também para lá que este foge quando
descobre a sua relação incestuosa com a irmã.
Em Coimbra - os estudos de Carlos e as suas primeiras aventuras amorosas.
É em Lisboa que se dão os acontecimentos que levam Afonso da Maia ao exílio; é em Lisboa
que sucedem os acontecimentos capitais da vida de Pedro da Maia; e é também lá que
decorre a vida de Carlos que justifica o romance - a sua relação incestuosa com a irmã.
O estrangeiro surge como um recurso para resolver problemas. Afonso exila-se em
Inglaterra para fugir à intolerância Miguelista; Pedro e Maria vivem em Itália e em Paris
devido à recusa deste casamento pelo pai de Pedro. Maria Eduarda segue para Paris quando
descobre a sua relação incestuosa com Carlos. O próprio resolve a sua vida falhada com a
fixação definitiva em Paris.
Deve referir-se como importante espaço exterior Sintra, palco de vários encontros, quer
relativos à crónica de costumes, quer à relação amorosa dos protagonistas.
Interiores
Vários são os espaços interiores referidos n' Os Maias, destacam-se os mais importantes.
No Ramalhete podemos encontrar: o salão de convívio e de lazer, o escritório de Afonso,
que tem o aspeto de uma "severa câmara de prelado", o quarto de Carlos, "como um ar de
quarto de bailarina", e os jardins.
A ação desenrola-se também na vila Balzac, que reflete a sensualidade de João da Ega. É
referido também na obra, o luxuoso consultório de Carlos que revela o seu diletantismo e a
predisposição para a sensualidade.
A Toca é também um espaço interior carregado de simbolismo, que revela amores ilícitos.
São ainda referidos outros espaços interiores de menor importância como o apartamento de
Maria Eduarda, o Teatro da Trindade, a casa dos Condes de Gouvarinho, o Grémio, o Hotel
Central os hotéis de Sintra, a redação d' A Tarde e d' A Corneta do Diabo, etc.
Espaço Social
O espaço social comporta os ambientes (jantares, chás, soirés, bailes, espetáculos), onde
atuam as personagens que o narrador julgou melhor representarem a sociedade por ele
criticada - as classes dirigentes, a alta aristocracia e a burguesia.
Destacam-se o jantar do Hotel Central, os jantares em casa dos Gouvarinho, Santa Olávia, a
Toca, as corridas do Hipódromo, as reuniões na redação de A Tarde, o Sarau Literário no
Teatro da Trindade - ambientes fechados de preferência, por razões de elitismo.
O espaço social cumpre um papel puramente crítico.
Espaço Psicológico
O espaço psicológico é constituído pela consciência das personagens e manifesta-se em
momentos de maior densidade dramática. É sobretudo Carlos, que desvenda os meandros
da sua consciência, ocupando Ega, também, um lugar de relevo.
Destacam-se, como espaço psicológico, o sonho de Carlos no qual evoca a figura de Maria
Eduarda; nova evocação dela em Sintra; reflexões de Carlos sobre o parentesco que o liga a
Maria Eduarda; visão do Ramalhete e do avô, após o incesto; contemplação de Afonso
morto, no jardim.
Quanto a Ega, reflexões e inquietações após a descoberta da identidade de Maria Eduarda.
O espaço psicológico permite definir estas personagens como personagens modeladas.
O Tempo
Tempo Histórico
Entende-se por tempo histórico aquele que se desdobra em dias, meses e anos vividos pelas
personagens, refletindo até acontecimentos cronológicos históricos do país.
N'Os Maias, o tempo histórico é dominado pelo encadeamento de três gerações de uma
família, cujo último membro (Carlos), se destaca relativamente aos outros.
A fronteira cronológica situa-se entre 1820 e 1887, aproximadamente.
Assim, o tempo concreto da intriga compreende cerca de 70 anos.
Tempo do Discurso
Por tempo do discurso entende-se aquele que se deteta no próprio texto organizado pelo
narrador, ordenado ou alterado logicamente, alargado ou resumido.
Na obra, o discurso inicia-se no outono de 1875, data em que Carlos, concluída a sua viagem
de um ano pela Europa, após a formatura, veio, com o avô, instalar-se definitivamente em
Lisboa.
Pelo processo de analepse, o narrador vai, até parte do capítulo IV, referir-se aos
antepassados do protagonista (juventude e exílio de Afonso da Maia (avô), educação,
casamento e suicídio de Pedro (pai), e à educação de Carlos da Maia e sua formatura em
Coimbra) para recuperar o presente da história que havia referido nas primeiras linhas do
livro. Esta primeira parte pode considerar-se uma novela introdutória que dura quase 60
anos. Esta analepse ocupa cerca de 90 páginas, apresentadas por meio de resumos e elipses
(omissões no texto).
Assim, o tempo histórico é muito mais longo do que o tempo do discurso.
Do outono de 1875 a janeiro de 1877 - data em que Carlos abandona o Ramalhete - existe
uma tentativa para que o tempo histórico (pouco mais de um ano da vida de Carlos) seja
idêntico ao tempo do discurso - cerca de 600 páginas - para tal Eça serve-se muitas vezes da
cena dialogada.
O último capítulo é uma elipse (salto no tempo) onde, passados 10 anos, Ega se encontra
com Carlos em Lisboa.
Tempo Psicológico
O tempo psicológico é o tempo que a personagem assume interiormente; é o tempo filtrado
pelas suas vivências subjetivas, muitas vezes carregado de densidade dramática. É o tempo
que se alarga ou se encurta conforme o estado de espírito em que se encontra.
No romance, embora não muito frequente, é possível evidenciar alguns momentos de
tempo psicológico nalgumas personagens:
Pedro da Maia, por exemplo, na noite em que se deu o desaparecimento de Maria Monforte
e o comunica a seu pai; Carlos, quando recorda o primeiro beijo que lhe deu a Condessa de
Gouvarinho, ou, na companhia de João da Ega, contempla, já no final de livro, após a sua
chegada de Paris, o velho Ramalhete abandonado e ambos recordam o passado com
nostalgia. Uma visão pessimista do Mundo e das coisas. É o caso de "agora o seu dia estava
findo: mas, passadas as longas horas, terminada a longa noite, ele penetrava outra vez
naquela sala de repes vermelhos...".
O tempo psicológico introduz a subjetividade, o que põe em causa as leis do naturalismo.
Os Maias - O Passeio de Carlos e João da
Ega (Crítica Social)
Este episódio é o epílogo do romance. dez anos depois, e quando Carlos visita Lisboa, vindo
de Paris. Este passeio é simbólico, por isso, os espaços percorridos são espaços históricos e
ideológicos, estes podem agrupar-se em três conjuntos.
No primeiro domina a estátua de Camões que, triste, representa o Portugal heroico, glorioso
mas perdido, e desperta um sentimento de nostalgia. A estátua está envolvida numa
atmosfera de estagnação, tal como o país.
No segundo conjunto, dominam aspetos ligados ao Portugal absolutista. É a zona antiga da
cidade, os bairros antigos representam a época anterior ao Liberalismo, o tempo
absolutista, recusado por Carlos por causa da sua intolerância e do seu clericalismo, que
levam a que toda a sua descrição seja depreciativa.
No terceiro conjunto, domina o presente, como é o caso do Chiado e dos Restauradores,
símbolos de uma tentativa falhada de reconstrução do país, e a prová-lo está o ambiente de
decadência e amolecimento que cerca o obelisco.
O Ramalhete integra-se neste conjunto, também ele atingido pela destruição e pelo
abandono. Pode funcionar como sinédoque da cidade e do país.
Os Maias - A Educação (Crítica Social)
A crítica à educação é feita através do paralelismo entre três personagens - Pedro da Maia,
recetor de uma educação à portuguesa, retrógrada e com uma imposição rígida de devoção
religiosa, aprendizagem do latim com práticas pedagógicas fossilizadas. Fuga ao contacto
direto com a natureza e o mundo prático.
Carlos da Maia, fruto de uma educação à inglesa, onde se privilegiava o contacto com a
natureza, o exercício físico, a aprendizagem de línguas vivas, o desprezo pelos valores
pessimistas e por um conhecimento meramente teórico.
Eusébiozinho, com uma educação retrógrada e ultrarromântica, muito religiosa, que o
tornou fisicamente débil, apático e corrupto.
De salientar que as três personagens falharam na vida.
Os Maias - Simbolismo
Os Maias estão incrivelmente repletos de símbolos.
Afonso da Maia é uma figura simbólica - o seu nome é simbólico, tal como o de Carlos - o
nome do último Stuart, escolhido pela mãe. Carlos irá ser o último Maia - note-se a ironia em
forma de presságio.
No Ramalhete, esta designação e o emblema (o ramo de girassóis) mostram a importância
"da terra e da província" no passado da família Maia. A "gravidade clerical do edifício"
demonstra a influência que o clero teve no passado da família e em Portugal.
Por oposição, as obras de restauro, levadas a cabo por Carlos, introduziram o luxo e a
decoração cosmopolita, simbolizam uma nova oportunidade, uma reforma da casa (ou do
país) para uma nova etapa - é o reflexo do ideal reformista da Geração de Carlos. Carlos é
um símbolo da Geração de 70, tal como o é Ega.
No último capítulo, a imagem deixada pelo Ramalhete, abandonado e tristonho, cheio de
recordações de um passado de tragédia e frustrações, está muito relacionado com o modo
como Eça via o país, em plena crise do regime.
O quintal do Ramalhete, também sofre uma evolução. O fio de água da cascata é símbolo
da eterna melancolia do tempo que passa, dos sentimentos que leva e traz. A estátua de
Vénus que, enegrece com a fuga de Maria Monforte, no final a sua presença obscura na
quintal é uma vaga premonição da tragédia. Ela marca o início e o fim da ação principal.
No quarto de Maria Eduarda, na Toca, o quadro com a cabeça degolada é um símbolo e
presságio de desgraça. Os seus aposentos simbolizam o caráter trágico, a profanação das leis
humanas e cristãs.
Também o armário do salão nobre da Toca tem uma simbologia trágica. Os guerreiros
simbolizam a heroicidade, os evangelistas, a religião e os troféus agrícolas o trabalho:
qualidades que existiram um dia na família (e no Portugal da epopeia).
No final, a estátua de Camões é o símbolo da nostalgia do passado mais recuado.
Não é difícil ler-se o percurso da família Maia, nas alterações sofridas pelo Ramalhete. No
início o Ramalhete não tem vida, em seguida habitado, torna-se símbolo da esperança e da
vida, é como que um renascimento; finalmente, a tragédia abate-se sobre a família e eis a
cascata chorando, deitando as últimas gotas de água, a estátua coberta de ferrugem; tudo
tem um caráter fúnebre. O cedro e o cipreste, são árvores que pela sua longevidade,
significam a vida e a morte, foram testemunhas das várias gerações da família.
A morte instala-se nesta família. No Ramalhete todo o mobiliário degradado e disposto em
confusão, todos os aposentos melancólicos e frios, tudo deixa transparecer a realidade de
destruição e morte. E se os Maias representam Portugal, a morte instalou-se no país.
A Toca é o nome dado à habitação de certos animais, o que, desde logo, parece simbolizar o
caráter animalesco do relacionamento de Carlos e Maria Eduarda. Na primeira vez que lá
vão, Carlos introduz a chave no portão com todo o prazer, o que sugere o poder e o prazer
das relações incestuosas; da segunda vez ambos a experimentam - a chave torna-se,
portanto, o símbolo da mútua aceitação e entrega.
Os aposentos de Maria Eduarda simbolizam o caráter trágico, a profanação das leis
humanas e cristãs.
Os Maias estão também, povoados de símbolos cromáticos: a cor vermelha tem um caráter
duplo, Maria Monforte e Maria Eduarda são portadoras de um vermelho feminino,
despertam a sensibilidade à sua volta; espalham a morte. O vermelho é, portanto, o símbolo
da paixão excessiva e destruidora.
O vermelho da vila Balzac é muito intenso, indicando a dimensão essencialmente carnal e
efémera dos encontros de amor de Ega e Raquel Cohen
O tom dourado está também presente, indicando a paixão ardente; anunciando a velhice (o
outono), a proximidade da morte. Morte prefigurada pela cor negra, símbolo de uma paixão
possessiva e destruidora.
Mãe e filha conjugam em si estas três cores: elas são, portanto, vida e morte, o divino e o
humano, a aparência e a realidade, a força que se torna fraqueza.
Constatamos que a simbologia d'Os Maias possui uma função claramente pressagiadora da
tragédia.
Presságios
O desfecho trágico de Carlos parece atribuir-se a uma fatalidade cega e impiedosa. Os
acontecimentos funestos são, muitas vezes, anunciados por presságios, acontecimentos ou
objetos cuja carga negativa deixa adivinhar desgraças. São, por exemplo, observações banais
que adquirem, mais tarde, o estatuto de prenúncios.
Assim:
- A fatalidade familiar ligada ao Ramalhete: Vilaça menciona-a no relatório sobre a casa que
enviou a Afonso, mas este não desistiu de a habitar;
- A semelhança de nomes entre os irmãos (Carlos Eduardo e Maria Eduarda). Carlos diz
mesmo, falando dessa semelhança: "Quem sabe se não pressagiava a concordância dos seus
destinos!" - pressagiava, de facto, mas de forma trágica;
- O painel com a cabeça degolada dentro de um prato de cobre que, no quarto, vigiava o
ninho de amor em que os dois irmãos consagravam o incesto. Era a cabeça de João Batista
degolado por ter denunciado a relação incestuosa de Heródes. Maria Eduarda impressiona-
se com ela na primeira visita aos Olivais e Carlos tapa-a quando se deitam juntos pela
primeira vez;
- A trovoada que acompanha a primeira noite de amor dos dois irmãos. Esta acontece num
ambiente carregado de presságios como que prevendo um futuro onde tudo seria confuso e
escuro;
- A semelhança fisionómica que Maria Eduarda nota entre Carlos e a sua mãe;
- Os três lírios brancos que murchavam, símbolo dos elementos da família que ainda
restavam;
- A sorte de Carlos ganhando todas as apostas - nas Corridas de Cavalos, é indício de futura
desgraça.
Tudo presságios não entendidos pelo protagonista, como era próprio da tragédia clássica.
A Mensagem d'Os Maias
A mensagem que o autor pretende deixar com esta obra, tem uma intenção iminentemente
crítica.
É através do paralelo entre duas personagens - Pedro e Carlos da Maia -, que Eça concretiza
a sua intenção. Note-se que ambos, apesar de terem tido educações totalmente diferentes,
falharam na vida. Pedro falha com um casamento desastroso, que o leva ao suicídio; Carlos
falha com uma ligação incestuosa, da qual sai para se deixar afundar numa vida estéril e
apagada, sem qualquer projeto seriamente útil, em Paris.
Por outro lado, estas duas personagens, representam também épocas históricas e políticas
diferentes. Pedro, a época do Romantismo, e seu filho, a Geração de 70 e das Conferências
do Casino, geração potencialmente destinada ao sucesso. Mas não foi isso que sucedeu e é
este facto que o escritor pretende evidenciar com o episódio final - o fracasso da Geração
dos Vencidos da Vida.
Assim, estas personagens representam os males de Portugal e o fracasso sucessivo das
diferentes correntes estético-literárias. Fracasso este que parece dever-se, não às correntes
em si, mas às características do povo português - a predileção pela forma em detrimento do
conteúdo, o diletantismo que impede a fixação num trabalho sério e interessante, a atitude
"romântica" perante a vida, que consiste em desculpar sistematicamente, os próprios erros
e falhas, e dizer "Tudo culpa da sociedade".
Os Maias - Estética
Os Maias distinguem-se no quadro da literatura nacional, não só pela originalidade do tema,
mas também pela destreza e mestria com que o autor conta o romance. De facto, tanto a
crítica social, como a intriga amorosa são valorizadas pelo rigor e beleza dos vocábulos
utilizados.
Por exemplo, o impressionismo, bem patente, caracteriza-se pela frequência de construções
impessoais, uma vez que o efeito é percecionado independentemente da causa, ficando,
portanto, o sujeito para segundo plano; perceções de tipo diferente traduzindo ironia;
frequência da hipálage (transposição de um atributo de gente para a ação). Relativamente
aos substantivos e adjetivos, a obra de Eça contem muito mais adjetivos do que
substantivos.
É frequente o contraste nome concreto qualificado com um adjetivo abstrato ou vice-versa.
O advérbio toma, em Eça, funções de atributo e a sua ação alcança o sujeito ou o objeto.
Assim, Eça ampliou o número de advérbios de modo que a linguagem proporcionava,
derivando-os dos adjetivos.
O verbo oferece a alternância dos seus sentidos - próprio ou figurado, e o escritor tem de
escolher um ou outro. Estes podem invocar conceitos subjetivos múltiplos sem deixarem,
por isso, de descrever aspetos das coisas.
Eça utiliza o estilo indireto livre. Este tipo de discurso permitia-lhe: libertar a frase dos
verbos muito utilizados e da correspondente conjugação integrante (ex.: disse que);
permitia-lhe, também, aproximar a prosa literária da linguagem falada; conseguia
impersonalizar a prosa narrativa dissimulando-se por detrás das suas personagens.
N' Os Maias, existem em maior ou menor grau todos os níveis de linguagem. Da linguagem
familiar à linguagem infantil, popular e também neologismos (ex.: Gouvarinhar).
Esta obra é muito rica em figuras de estilo, o que lhe concede um cunho particularmente
queirosiano. Aliterações, adjetivações, comparações, personificações, enchem Os Maias do
início ao final da obra.

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Os Maias - análise

  • 1. Os Maias Espaço Físico Exteriores A maior parte da narrativa passa-se em Portugal, mais concretamente em Lisboa e arredores. Em Santa Olávia decorre a infância de Carlos e é também para lá que este foge quando descobre a sua relação incestuosa com a irmã. Em Coimbra - os estudos de Carlos e as suas primeiras aventuras amorosas. É em Lisboa que se dão os acontecimentos que levam Afonso da Maia ao exílio; é em Lisboa que sucedem os acontecimentos capitais da vida de Pedro da Maia; e é também lá que decorre a vida de Carlos que justifica o romance - a sua relação incestuosa com a irmã. O estrangeiro surge como um recurso para resolver problemas. Afonso exila-se em Inglaterra para fugir à intolerância Miguelista; Pedro e Maria vivem em Itália e em Paris devido à recusa deste casamento pelo pai de Pedro. Maria Eduarda segue para Paris quando descobre a sua relação incestuosa com Carlos. O próprio resolve a sua vida falhada com a fixação definitiva em Paris. Deve referir-se como importante espaço exterior Sintra, palco de vários encontros, quer relativos à crónica de costumes, quer à relação amorosa dos protagonistas. Interiores Vários são os espaços interiores referidos n' Os Maias, destacam-se os mais importantes. No Ramalhete podemos encontrar: o salão de convívio e de lazer, o escritório de Afonso, que tem o aspeto de uma "severa câmara de prelado", o quarto de Carlos, "como um ar de quarto de bailarina", e os jardins. A ação desenrola-se também na vila Balzac, que reflete a sensualidade de João da Ega. É referido também na obra, o luxuoso consultório de Carlos que revela o seu diletantismo e a predisposição para a sensualidade. A Toca é também um espaço interior carregado de simbolismo, que revela amores ilícitos. São ainda referidos outros espaços interiores de menor importância como o apartamento de Maria Eduarda, o Teatro da Trindade, a casa dos Condes de Gouvarinho, o Grémio, o Hotel Central os hotéis de Sintra, a redação d' A Tarde e d' A Corneta do Diabo, etc.
  • 2. Espaço Social O espaço social comporta os ambientes (jantares, chás, soirés, bailes, espetáculos), onde atuam as personagens que o narrador julgou melhor representarem a sociedade por ele criticada - as classes dirigentes, a alta aristocracia e a burguesia. Destacam-se o jantar do Hotel Central, os jantares em casa dos Gouvarinho, Santa Olávia, a Toca, as corridas do Hipódromo, as reuniões na redação de A Tarde, o Sarau Literário no Teatro da Trindade - ambientes fechados de preferência, por razões de elitismo. O espaço social cumpre um papel puramente crítico. Espaço Psicológico O espaço psicológico é constituído pela consciência das personagens e manifesta-se em momentos de maior densidade dramática. É sobretudo Carlos, que desvenda os meandros da sua consciência, ocupando Ega, também, um lugar de relevo. Destacam-se, como espaço psicológico, o sonho de Carlos no qual evoca a figura de Maria Eduarda; nova evocação dela em Sintra; reflexões de Carlos sobre o parentesco que o liga a Maria Eduarda; visão do Ramalhete e do avô, após o incesto; contemplação de Afonso morto, no jardim. Quanto a Ega, reflexões e inquietações após a descoberta da identidade de Maria Eduarda. O espaço psicológico permite definir estas personagens como personagens modeladas.
  • 3. O Tempo Tempo Histórico Entende-se por tempo histórico aquele que se desdobra em dias, meses e anos vividos pelas personagens, refletindo até acontecimentos cronológicos históricos do país. N'Os Maias, o tempo histórico é dominado pelo encadeamento de três gerações de uma família, cujo último membro (Carlos), se destaca relativamente aos outros. A fronteira cronológica situa-se entre 1820 e 1887, aproximadamente. Assim, o tempo concreto da intriga compreende cerca de 70 anos. Tempo do Discurso Por tempo do discurso entende-se aquele que se deteta no próprio texto organizado pelo narrador, ordenado ou alterado logicamente, alargado ou resumido. Na obra, o discurso inicia-se no outono de 1875, data em que Carlos, concluída a sua viagem de um ano pela Europa, após a formatura, veio, com o avô, instalar-se definitivamente em Lisboa. Pelo processo de analepse, o narrador vai, até parte do capítulo IV, referir-se aos antepassados do protagonista (juventude e exílio de Afonso da Maia (avô), educação, casamento e suicídio de Pedro (pai), e à educação de Carlos da Maia e sua formatura em Coimbra) para recuperar o presente da história que havia referido nas primeiras linhas do livro. Esta primeira parte pode considerar-se uma novela introdutória que dura quase 60 anos. Esta analepse ocupa cerca de 90 páginas, apresentadas por meio de resumos e elipses (omissões no texto). Assim, o tempo histórico é muito mais longo do que o tempo do discurso. Do outono de 1875 a janeiro de 1877 - data em que Carlos abandona o Ramalhete - existe uma tentativa para que o tempo histórico (pouco mais de um ano da vida de Carlos) seja idêntico ao tempo do discurso - cerca de 600 páginas - para tal Eça serve-se muitas vezes da cena dialogada. O último capítulo é uma elipse (salto no tempo) onde, passados 10 anos, Ega se encontra com Carlos em Lisboa.
  • 4. Tempo Psicológico O tempo psicológico é o tempo que a personagem assume interiormente; é o tempo filtrado pelas suas vivências subjetivas, muitas vezes carregado de densidade dramática. É o tempo que se alarga ou se encurta conforme o estado de espírito em que se encontra. No romance, embora não muito frequente, é possível evidenciar alguns momentos de tempo psicológico nalgumas personagens: Pedro da Maia, por exemplo, na noite em que se deu o desaparecimento de Maria Monforte e o comunica a seu pai; Carlos, quando recorda o primeiro beijo que lhe deu a Condessa de Gouvarinho, ou, na companhia de João da Ega, contempla, já no final de livro, após a sua chegada de Paris, o velho Ramalhete abandonado e ambos recordam o passado com nostalgia. Uma visão pessimista do Mundo e das coisas. É o caso de "agora o seu dia estava findo: mas, passadas as longas horas, terminada a longa noite, ele penetrava outra vez naquela sala de repes vermelhos...". O tempo psicológico introduz a subjetividade, o que põe em causa as leis do naturalismo.
  • 5. Os Maias - O Passeio de Carlos e João da Ega (Crítica Social) Este episódio é o epílogo do romance. dez anos depois, e quando Carlos visita Lisboa, vindo de Paris. Este passeio é simbólico, por isso, os espaços percorridos são espaços históricos e ideológicos, estes podem agrupar-se em três conjuntos. No primeiro domina a estátua de Camões que, triste, representa o Portugal heroico, glorioso mas perdido, e desperta um sentimento de nostalgia. A estátua está envolvida numa atmosfera de estagnação, tal como o país. No segundo conjunto, dominam aspetos ligados ao Portugal absolutista. É a zona antiga da cidade, os bairros antigos representam a época anterior ao Liberalismo, o tempo absolutista, recusado por Carlos por causa da sua intolerância e do seu clericalismo, que levam a que toda a sua descrição seja depreciativa. No terceiro conjunto, domina o presente, como é o caso do Chiado e dos Restauradores, símbolos de uma tentativa falhada de reconstrução do país, e a prová-lo está o ambiente de decadência e amolecimento que cerca o obelisco. O Ramalhete integra-se neste conjunto, também ele atingido pela destruição e pelo abandono. Pode funcionar como sinédoque da cidade e do país. Os Maias - A Educação (Crítica Social) A crítica à educação é feita através do paralelismo entre três personagens - Pedro da Maia, recetor de uma educação à portuguesa, retrógrada e com uma imposição rígida de devoção religiosa, aprendizagem do latim com práticas pedagógicas fossilizadas. Fuga ao contacto direto com a natureza e o mundo prático. Carlos da Maia, fruto de uma educação à inglesa, onde se privilegiava o contacto com a natureza, o exercício físico, a aprendizagem de línguas vivas, o desprezo pelos valores pessimistas e por um conhecimento meramente teórico. Eusébiozinho, com uma educação retrógrada e ultrarromântica, muito religiosa, que o tornou fisicamente débil, apático e corrupto. De salientar que as três personagens falharam na vida.
  • 6. Os Maias - Simbolismo Os Maias estão incrivelmente repletos de símbolos. Afonso da Maia é uma figura simbólica - o seu nome é simbólico, tal como o de Carlos - o nome do último Stuart, escolhido pela mãe. Carlos irá ser o último Maia - note-se a ironia em forma de presságio. No Ramalhete, esta designação e o emblema (o ramo de girassóis) mostram a importância "da terra e da província" no passado da família Maia. A "gravidade clerical do edifício" demonstra a influência que o clero teve no passado da família e em Portugal. Por oposição, as obras de restauro, levadas a cabo por Carlos, introduziram o luxo e a decoração cosmopolita, simbolizam uma nova oportunidade, uma reforma da casa (ou do país) para uma nova etapa - é o reflexo do ideal reformista da Geração de Carlos. Carlos é um símbolo da Geração de 70, tal como o é Ega. No último capítulo, a imagem deixada pelo Ramalhete, abandonado e tristonho, cheio de recordações de um passado de tragédia e frustrações, está muito relacionado com o modo como Eça via o país, em plena crise do regime. O quintal do Ramalhete, também sofre uma evolução. O fio de água da cascata é símbolo da eterna melancolia do tempo que passa, dos sentimentos que leva e traz. A estátua de Vénus que, enegrece com a fuga de Maria Monforte, no final a sua presença obscura na quintal é uma vaga premonição da tragédia. Ela marca o início e o fim da ação principal. No quarto de Maria Eduarda, na Toca, o quadro com a cabeça degolada é um símbolo e presságio de desgraça. Os seus aposentos simbolizam o caráter trágico, a profanação das leis humanas e cristãs. Também o armário do salão nobre da Toca tem uma simbologia trágica. Os guerreiros simbolizam a heroicidade, os evangelistas, a religião e os troféus agrícolas o trabalho: qualidades que existiram um dia na família (e no Portugal da epopeia). No final, a estátua de Camões é o símbolo da nostalgia do passado mais recuado. Não é difícil ler-se o percurso da família Maia, nas alterações sofridas pelo Ramalhete. No início o Ramalhete não tem vida, em seguida habitado, torna-se símbolo da esperança e da vida, é como que um renascimento; finalmente, a tragédia abate-se sobre a família e eis a cascata chorando, deitando as últimas gotas de água, a estátua coberta de ferrugem; tudo tem um caráter fúnebre. O cedro e o cipreste, são árvores que pela sua longevidade, significam a vida e a morte, foram testemunhas das várias gerações da família. A morte instala-se nesta família. No Ramalhete todo o mobiliário degradado e disposto em confusão, todos os aposentos melancólicos e frios, tudo deixa transparecer a realidade de destruição e morte. E se os Maias representam Portugal, a morte instalou-se no país.
  • 7. A Toca é o nome dado à habitação de certos animais, o que, desde logo, parece simbolizar o caráter animalesco do relacionamento de Carlos e Maria Eduarda. Na primeira vez que lá vão, Carlos introduz a chave no portão com todo o prazer, o que sugere o poder e o prazer das relações incestuosas; da segunda vez ambos a experimentam - a chave torna-se, portanto, o símbolo da mútua aceitação e entrega. Os aposentos de Maria Eduarda simbolizam o caráter trágico, a profanação das leis humanas e cristãs. Os Maias estão também, povoados de símbolos cromáticos: a cor vermelha tem um caráter duplo, Maria Monforte e Maria Eduarda são portadoras de um vermelho feminino, despertam a sensibilidade à sua volta; espalham a morte. O vermelho é, portanto, o símbolo da paixão excessiva e destruidora. O vermelho da vila Balzac é muito intenso, indicando a dimensão essencialmente carnal e efémera dos encontros de amor de Ega e Raquel Cohen O tom dourado está também presente, indicando a paixão ardente; anunciando a velhice (o outono), a proximidade da morte. Morte prefigurada pela cor negra, símbolo de uma paixão possessiva e destruidora. Mãe e filha conjugam em si estas três cores: elas são, portanto, vida e morte, o divino e o humano, a aparência e a realidade, a força que se torna fraqueza. Constatamos que a simbologia d'Os Maias possui uma função claramente pressagiadora da tragédia. Presságios O desfecho trágico de Carlos parece atribuir-se a uma fatalidade cega e impiedosa. Os acontecimentos funestos são, muitas vezes, anunciados por presságios, acontecimentos ou objetos cuja carga negativa deixa adivinhar desgraças. São, por exemplo, observações banais que adquirem, mais tarde, o estatuto de prenúncios. Assim: - A fatalidade familiar ligada ao Ramalhete: Vilaça menciona-a no relatório sobre a casa que enviou a Afonso, mas este não desistiu de a habitar; - A semelhança de nomes entre os irmãos (Carlos Eduardo e Maria Eduarda). Carlos diz mesmo, falando dessa semelhança: "Quem sabe se não pressagiava a concordância dos seus destinos!" - pressagiava, de facto, mas de forma trágica; - O painel com a cabeça degolada dentro de um prato de cobre que, no quarto, vigiava o ninho de amor em que os dois irmãos consagravam o incesto. Era a cabeça de João Batista
  • 8. degolado por ter denunciado a relação incestuosa de Heródes. Maria Eduarda impressiona- se com ela na primeira visita aos Olivais e Carlos tapa-a quando se deitam juntos pela primeira vez; - A trovoada que acompanha a primeira noite de amor dos dois irmãos. Esta acontece num ambiente carregado de presságios como que prevendo um futuro onde tudo seria confuso e escuro; - A semelhança fisionómica que Maria Eduarda nota entre Carlos e a sua mãe; - Os três lírios brancos que murchavam, símbolo dos elementos da família que ainda restavam; - A sorte de Carlos ganhando todas as apostas - nas Corridas de Cavalos, é indício de futura desgraça. Tudo presságios não entendidos pelo protagonista, como era próprio da tragédia clássica. A Mensagem d'Os Maias A mensagem que o autor pretende deixar com esta obra, tem uma intenção iminentemente crítica. É através do paralelo entre duas personagens - Pedro e Carlos da Maia -, que Eça concretiza a sua intenção. Note-se que ambos, apesar de terem tido educações totalmente diferentes, falharam na vida. Pedro falha com um casamento desastroso, que o leva ao suicídio; Carlos falha com uma ligação incestuosa, da qual sai para se deixar afundar numa vida estéril e apagada, sem qualquer projeto seriamente útil, em Paris. Por outro lado, estas duas personagens, representam também épocas históricas e políticas diferentes. Pedro, a época do Romantismo, e seu filho, a Geração de 70 e das Conferências do Casino, geração potencialmente destinada ao sucesso. Mas não foi isso que sucedeu e é este facto que o escritor pretende evidenciar com o episódio final - o fracasso da Geração dos Vencidos da Vida. Assim, estas personagens representam os males de Portugal e o fracasso sucessivo das diferentes correntes estético-literárias. Fracasso este que parece dever-se, não às correntes em si, mas às características do povo português - a predileção pela forma em detrimento do conteúdo, o diletantismo que impede a fixação num trabalho sério e interessante, a atitude "romântica" perante a vida, que consiste em desculpar sistematicamente, os próprios erros e falhas, e dizer "Tudo culpa da sociedade".
  • 9. Os Maias - Estética Os Maias distinguem-se no quadro da literatura nacional, não só pela originalidade do tema, mas também pela destreza e mestria com que o autor conta o romance. De facto, tanto a crítica social, como a intriga amorosa são valorizadas pelo rigor e beleza dos vocábulos utilizados. Por exemplo, o impressionismo, bem patente, caracteriza-se pela frequência de construções impessoais, uma vez que o efeito é percecionado independentemente da causa, ficando, portanto, o sujeito para segundo plano; perceções de tipo diferente traduzindo ironia; frequência da hipálage (transposição de um atributo de gente para a ação). Relativamente aos substantivos e adjetivos, a obra de Eça contem muito mais adjetivos do que substantivos. É frequente o contraste nome concreto qualificado com um adjetivo abstrato ou vice-versa. O advérbio toma, em Eça, funções de atributo e a sua ação alcança o sujeito ou o objeto. Assim, Eça ampliou o número de advérbios de modo que a linguagem proporcionava, derivando-os dos adjetivos. O verbo oferece a alternância dos seus sentidos - próprio ou figurado, e o escritor tem de escolher um ou outro. Estes podem invocar conceitos subjetivos múltiplos sem deixarem, por isso, de descrever aspetos das coisas. Eça utiliza o estilo indireto livre. Este tipo de discurso permitia-lhe: libertar a frase dos verbos muito utilizados e da correspondente conjugação integrante (ex.: disse que); permitia-lhe, também, aproximar a prosa literária da linguagem falada; conseguia impersonalizar a prosa narrativa dissimulando-se por detrás das suas personagens. N' Os Maias, existem em maior ou menor grau todos os níveis de linguagem. Da linguagem familiar à linguagem infantil, popular e também neologismos (ex.: Gouvarinhar). Esta obra é muito rica em figuras de estilo, o que lhe concede um cunho particularmente queirosiano. Aliterações, adjetivações, comparações, personificações, enchem Os Maias do início ao final da obra.