O documento discute diferentes aspectos da literatura realista e romântica do século XIX. Há um debate entre Ega, Alencar e Craft sobre os méritos de cada estilo literário, com Ega defendendo o naturalismo, Alencar o romantismo e Craft uma versão idealizada da arte. No fim, Alencar critica o fato de livros considerados imorais venderem mais.
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 35-36
O Amor além da Morte
1.
2.
3. «Que se precipitara para ele» (l. 2) é uma
oração subordinada
a) substantiva completiva.
b) adjetiva relativa restritiva.
c) adjetiva relativa explicativa.
d) substantiva completiva não finita.
5. Nas linhas 5-6 há
a) discurso direto.
b) discurso indireto.
c) discurso indireto livre.
d) discurso direto livre.
6. — O marquês não pôde vir, menino,
e o pobre Steinbroken, coitado, está com
a sua gota, a gota de diplomata, de lorde
e de banqueiro... A gota que tu hás de
ter, velhaco!
7. O marquês e «Steinbroken» a que alude
Ega (ll. 5-6) são, respetivamente,
a) Afonso da Maia e um diplomata
alemão em Lisboa.
b) Eusebiozinho e um diplomata inglês
em Lisboa.
c) Cruges e um diplomata.
d) Souselas e um diplomata finlandês em
Lisboa.
8. Ao colocar Cohen à sua direita e ao
oferecer-lhe uma flor (ll. 11-13), Ega
estava a
a) troçar dele.
b) procurar humilhá-lo.
c) procurar homenageá-lo.
d) troçar de Carlos.
9. Nas linhas 18-24 há
a) discurso direto.
b) discurso indireto.
c) discurso indireto livre.
d) discurso direto livre.
10. Dâmaso teve a satisfação de poder dar
detalhes; conhecera a rapariga, a que dera as
facadas, quando ela era amante do visconde da
Ermidinha... Se era bonita? Muito bonita. Umas
mãos de duquesa... E como aquilo cantava o
fado! O pior era que mesmo no tempo do
visconde, quando ela era chique, já se
empiteirava... E o visconde, honra lhe seja,
nunca lhe perdera a amizade; respeitava-a,
mesmo depois de casado ia vê-la, e tinha-lhe
prometido que se ela quisesse deixar o fado lhe
punha uma confeitaria para os lados da Sé. Mas
ela não queria. Gostava daquilo, do Bairro Alto,
dos cafés de lepes, dos chulos...
11. No parágrafo das linhas 25-29, o
«excremento» que refere Alencar é
a) um livro de Émile Zola, L’Assommoir.
b) um cocó de cão.
c) a literatura naturalista.
d) o mundo dos fadistas e da
malandragem.
12. Isto levou logo a falar-se do «Assommoir»,
de Zola e do realismo: e o Alencar
imediatamente, limpando os bigodes dos
pingos de sopa, suplicou que se não
discutisse, à hora asseada do jantar, essa
literatura «latrinária». Ali todos eram
homens de asseio, de sala, hem? Então,
que se não mencionasse o «excremento»!
13. No longo parágrafo 30-57, faz-se um
relance biográfico a Alencar. Nas linhas
30-37, resumem-se as características da
literatura realista, naturalista. Essa nova
escola
a) escangalhara uma catedral romântica.
b) mobilizara Alencar durante a mais
produtiva fase da sua vida.
c) era o enlevo de Alencar.
d) tomara como assuntos temas até aí
arredados da literatura.
14. Nas linhas 36-55, mostra-se-nos como Alencar
passou a reagir à escola literária que
considerava adversária. Passou a defender
a) a moralidade e o recato, o que contrastava
com as suas práticas de décadas.
b) o amor ilegítimo, o que contradizia as suas
práticas de tantos anos.
c) a moralidade e o recato, o que era coerente
com a sua vida de décadas.
d) o amor ilegítimo, como ele próprio praticara
durante anos.
15. Numa fase derradeira (ll. 55-60), Tomás de
Alencar percebeu que
a) o autor de «Elvira» encavacara.
b) as suas críticas à literatura realista
tinham resultados contrários dos que
pretendia.
c) as suas críticas à literatura romântica
tinham resultados diferentes dos que
esperava.
d) não valia a pena mencionar o
«excremento».
16. Um dia, porém, Alencar teve uma destas
revelações que prostram os mais fortes;
quanto mais ele denunciava um livro
como imoral, mais o livro se vendia
como agradável! O Universo pareceu-lhe
coisa torpe, e o autor de «Elvira»
encavacou...
17. Já a partir da l. 61, Craft parece não ser adepto
da literatura
a) romântica, já que a arte era uma idealização.
b) realista, na medida em que, para ele, a arte
não se devia ocupar do que não fosse belo.
c) naturalista, já que considerava que a arte
devia mostrar a vida real, não apenas a
natureza.
d) romântica, porque, para ele, a arte devia
ocupar-se apenas do que fosse superior.
18. Os «dois fogos» (69) entre que se
encontrou Ega eram as posições de
a) Alencar versus Craft.
b) Craft/Alencar versus Carlos.
c) Craft/Carlos versus Alencar.
d) Alencar/Carlos versus Craft.
19. Mas nessa noite [Alencar] teve o regozijo de
encontrar aliados. Craft não admitia também o
naturalismo, a realidade feia das coisas e da
sociedade estatelada nua num livro. A arte era
uma idealização! Bem: então que mostrasse os
tipos superiores de uma humanidade
aperfeiçoada, as formas mais belas do viver e do
sentir... Ega, horrorizado, apertava as mãos na
cabeça — quando do outro lado Carlos declarou
que o mais intolerável no realismo eram os seus
grandes ares científicos, a sua pretensiosa
estética deduzida de uma filosofia alheia, e a
invocação de Claude Bernard, do
experimentalismo, do positivismo, de Stuart Mill e
de Darwin, a propósito de uma lavadeira que
dorme com um carpinteiro!
20. Segundo o parágrafo 69-73, o
naturalismo-realismo, para Ega,
a) deveria tornar-se mais fantasista.
b) deveria ainda ir mais longe no seu
programa.
c) tinha pouco pitoresco e carecia de
estilo.
d) deveria ser mais criativo.
21. Assim atacado, entre dois fogos, Ega
trovejou: justamente o fraco do realismo
estava em ser ainda pouco científico,
inventar enredos, criar dramas,
abandonar-se à fantasia literária! A forma
pura da arte naturalista devia ser a
monografia, o estudo seco de um tipo,
de um vício, de uma paixão, tal qual
como se se tratasse de um caso
patológico, sem pitoresco e sem estilo...
22. Na linha 77 há
a) discurso indireto livre.
b) discurso indireto.
c) livre indireto.
d) discurso direto.
23. Discurso indireto
Alencar interrompeu-os, exclamando que
não eram necessárias tantas filosofias.
Discurso direto
— Não são necessárias tantas reflexões!
— interrompeu Alencar.
Discurso indireto livre
Alencar interrompia. Que não eram
necessárias tantas reflexões!
24. A observação de Alencar «estão
gastando cera com ruins defuntos» (78)
significa que
a) adotava a sua mais recente estratégia
face ao naturalismo.
b) recuperara a sua primeira maneira de
combater o realismo.
c) mudara de posição e atacava agora o
romantismo.
d) considerava já do mesmo modo
realismo e romantismo.
25. Na penúltima linha (79), deveria haver
uma vírgula depois de «Eu», porque
a) se sucede uma oração adjetiva relativa
explicativa.
b) se sucede uma oração adjetiva relativa
restritiva.
c) se segue uma oração subordinada
adverbial, que convém ficar delimitada.
d) se trata de um vocativo.
26. subordinada adverbial temporal
Eu, quando vejo um desses livros,
enfrasco-me logo em água-de-colónia.
Não discutamos o «excremento».
*Eu à noite, enfrasco-me
*Eu hoje, enfrasco-me
Eu, à noite, enfrasco-me
27. A iniciativa deste jantar fora de
a) Ega, por causa de um flirt seu.
b) Carlos, por causa de um incesto seu.
c) Dâmaso, por causa de uma gabarolice.
d) Alencar, por causa de uma sua
recordação.
28. No mesmo jantar, mas em momento
posterior ao que se transcreve, dá-se
violenta discussão entre
a) Ivanović, sérvio, e Dâmaso Salcede, um
benfiquista.
b) Ega e Alencar, por causa de Ana
Craveiro.
c) Dâmaso e Carlos, por causa de
Eusebiozinho.
d) Carlos e Alencar, por causa de Raquel
Cohen.
29.
30. funéreo = fúnebre
sepulcro = túmulo, sepultura
campear = acampar
feral = funéreo, lúgubre
tumba = caixão | falaz = enganador
lousa = placa de pedra que cobre túmulos
olvido = esquecimento
airoso = esbelto | fronte = rosto
palor = palidez | alvor = brancura
cruzeiro = cruz grande de pedra
ignoto = desconhecido
31.
32.
33. Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar soou;
Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali baixou.
34. Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
D'entre os sepulcros a cabeça ergueu.
35. Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
Campeia a lua com sinistra luz;
O vento geme no feral cipreste,
O mocho pia na marmórea cruz.
36. Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio
espanto
Olhou em roda... não achou ninguém...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.
37. Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se e com a voz magoada
Os ecos tristes acordou assim:
38. "Mulher formosa, que adorei na vida,
"E que na tumba não cessei d’amar,
"Por que atraiçoas, desleal, mentida,
"O amor eterno que te ouvi jurar?
39. "Amor! engano que na campa finda,
"Que a morte despe da ilusão falaz:
"Quem d'entre os vivos se lembrara ainda
"Do pobre morto que na terra jaz?
40. "Abandonado neste chão repousa
"Há já três dias, e não vens aqui...
"Ai, quão pesada me tem sido a lousa
"Sobre este peito que bateu por ti!
41. "Ai, quão pesada me tem sido!" e em meio,
A fronte exausta lhe pendeu na mão,
E entre soluços arrancou do seio
Fundo suspiro de cruel paixão.
42. "Talvez que rindo dos protestos nossos,
"Gozes com outro d'infernal prazer;
"E o olvido cobrirá meus ossos
"Na fria terra sem vingança ter!
43. — "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda
Responde um eco suspirando além...
— "Oh nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços tem.
44. Cobrem-lhe as formas divinas, airosas,
Longas roupagens de nevada cor;
Singela c'roa de virgínias rosas
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.
45. "Não, não perdeste meu amor jurado:
"Vês este peito? reina a morte aqui...
"É já sem forças, ai de mim, gelado,
"Mas inda pulsa com amor por ti.
46. "Feliz que pude acompanhar-te ao fundo
"Da sepultura, sucumbindo à dor:
"Deixei a vida... que importava o mundo,
"O mundo em trevas sem a luz do amor?
47. "Saudosa ao longe vês no céu a lua?
— "Oh vejo sim... recordação fatal!
— "Foi à luz dela que jurei ser tua
"Durante a vida, e na mansão final.
48. "Oh vem! se nunca te cingi ao peito,
"Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
"Quero o repouso de teu frio leito,
"Quero-te unido para sempre a mim!"
49. E ao som dos pios do cantor funéreo,
E à luz da lua de sinistro alvor,
Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério
Foi celebrado, d'infeliz amor.
50. Quando risonho despontava o dia,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota mão.
51. Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só.
53. A LUA DE LONDRES
(João de Lemos)
É noite. O astro saudoso
rompe a custo um plúmbeo céu,
tolda-lhe o rosto formoso
alvacento, húmido véu,
traz perdida a cor de prata,
nas águas não se retrata,
não beija no campo a flor,
não traz cortejo de estrelas,
não fala de amor às belas,
não fala aos homens de amor.
54.
55. Ave-Marias = cair da noite (18 horas)
Noite fechada = início da noite escura
Ao Gás = noite avança
Horas mortas = noite absoluta
56. soturnidade = qualidade de soturno
soturno = tristonho
extravasar = transbordar
turba = multidão, povo || cismar = pensar
singrar = navegar à vela
flamejar = lançar chamas, arder
arengar = discursar, fingir que trabalha
assomar = aparecer em lugar alto
pilastra = pilar de quatro faces
57. 1
b. O sujeito poético deambula pela
cidade, ao cair da tarde, dando a
conhecer as suas reações psicológicas
aos diversos estímulos sensoriais
provocados pelo ambiente que o
circunda e as figuras humanas com que
se cruza.
58. O sujeito poético deambula pela cidade
("Embrenho-me a cismar, por boqueirões,
por becos / Ou erro pelos cais..."),
ao cair da tarde
("Nas nossas ruas, ao anoitecer", "E o fim da
tarde inspira-me; e incomoda!", "Flamejam,
ao jantar, alguns hotéis da moda"),
59. dando a conhecer as suas reações
psicológicas
("Despertam-me um desejo absurdo de
sofrer", "O gás extravasado enjoa-me,
perturba"),
aos diversos estímulos sensoriais
provocados pelo ambiente que o circunda
(estímulos visuais, olfativos e auditivos)
60. e as figuras humanas com que se cruza
("os mestres carpinteiros", "os
calafates", "dois dentistas", "Um trôpego
arlequim", "Os querubins do lar", "os
lojistas", "as obreiras", "as varinas").
61. 4.
a. O uso do determinante possessivo no
primeiro verso contribui para criar no
leitor uma sensação de maior
afastamento [proximidade] relativamente
às situações apresentadas.
62. b. A construção paralelística do verso 2
suaviza [intensifica] as características
negativas da cidade.
63. c. A exclamação presente no décimo
verso denuncia a admiração do sujeito
poético por aqueles que, através da "via-
férrea", abandonam a cidade.
64. d. Com o recurso à comparação na
quarta estrofe, o narrador destaca o
carácter fechado, opressivo e escuro de
Lisboa.
65. e. A apresentação das varinas através do
coletivo "cardume" (v. 35) e os adjetivos
usados na sua caracterização
intensificam a sua fraqueza [força] como
grupo social.
66. f. A prolepse da penúltima estrofe
concorre para a intencionalidade crítica
do poema.
67. g. A cidade de Lisboa e a sua descrição
ao longo do poema podem ser
entendidas como sinédoque e metáfora
da metrópole ocidental.
68. Nas | nos|sas| ru|as,| ao| a|noi|te|cer|
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Há | tal | so|tur|ni|da|de, há | tal | me|lan|co|li|a
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1112
70. TPC — No início da próxima semana
faremos pequenos trabalhos sobre
gramática e sobre Os Maias. Termina a
leitura do romance (enfim, se ainda não o
fizeste). Vê os exercícios sobre
‘Coordenação e Subordinação’, nas pp.
29-33 do Caderno de Atividades.
Os que ainda estão em prova nas
Ligas Europa e dos Campeões devem
preparar os poemas «Cesário Verde» (p.
288) e «Lisboa com Cesário e
Melancolia» (p. 302).
71. Não entreguem trabalhos depois de
segunda-feira.
Sejam pontuais na aula de segunda (sei
que há teste de Matemática antes, não
é?).
Não faltem à(s) última(s) aula(s).