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Prof. Teixeira




Intertextualidade
“Todo texto se constrói como um mosaico de
citações, todo texto é absorção e transformação
                              de um outro texto”

                                  Julia Kristeva
Dicionário Houaiss

INTERTEXTUALIDADE

n substantivo feminino
Rubrica: literatura.

              superposição de um texto literário a outro

1. influência de um texto sobre outro que o toma como modelo ou
ponto de partida, e que gera a atualização do texto citado
2. utilização de uma multiplicidade de textos ou de partes de textos
preexistentes de um ou mais autores, de que resulta a elaboração
de um novo texto literário
3. em determinado texto de um autor, utilização de referências ou
partes de obras anteriores deste mesmo autor
Meus oito anos - Casimiro de Abreu

Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
(...)
Meus oito anos - Oswald de Andrade

Oh! Que saudades que eu tenho
Da aurora de minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra
Da Rua de santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais (...)
Inocêncio X (1649)

Diego Velázquez
Óleo sobre lienzo 140x120 cm
Estudo baseado
no retrato do
Papa Inocêncio
X feito por
Velázques.

Francis Bacon,
1953
Mona Lisa –
Leonardo da Vinci
O Grito –
Edvard Munch
Tipos de intertextualidade

 Epígrafe
 Citação
 Paráfrase
 Paródia
 Pastiche
 Referência ou alusão
 Intratextualidade
Referência ou alusão



 Procedimento mais pontual, a alusão ou
  referência nada mais é do que a leve menção
  ao título de outro texto, a um autor, a um
  personagem etc.; e não uma transcrição de
  uma passagem do texto em si.
— Vós sois a Penélope da nossa república,
disse ele ao terminar; tendes a mesma
castidade, paciência e talentos. Refazei o saco,
amigas minhas, refazei o saco, até que Ulisses,
cansado de dar às pernas, venha tomar entre
nós o lugar que lhe cabe. Ulisses é a
Sapiência.

(fragmento do conto “A sereníssima república”,
de Machado de Assis)
O romance que marca o início do Realismo se
chama Madame Bovary, de Gustave Flaubert, e foi
publicado em 1857. O Naturalismo, por sua vez,
ganhou expressão maior com a publicação das
obras de Émile Zola, dentre as quais se destacam
Thérèse Raquin (1867), O romance experimental
(1880) e Germinal (1885). Já o Parnasianismo está
ligado à publicação de antologias surgidas a partir
de 1866 com o título de Le Parnasse Contemporain,
que traziam poemas de Lecomte de Lisle, Banville e
Gautier.

                                     autor: Teixeira
Citação
 Citação: trata-se da retomada explícita de
  um fragmento de texto no corpo de outro
  texto. Embora na literatura a citação possa
  aparecer sem a utilização de marcadores
  gráficos; em textos dissertativos ou ensaios,
  nos quais ela é comum, o uso de aspas é
  necessário, para que fique claro o “pedido de
  licença” para a inserção de palavras de outro
  autor, e assim evite-se o “plágio” (roubo
  textual).
Exemplo de citação



 Roland Barthes certa vez disse que “todo
 texto é um intertexto; outros textos estão
 presentes nele, em diversos níveis, sob
 formas mais ou menos reconhecíveis”.
O pesquisador M. Cavalcanti Proença registra uma frase
que virá reproduzida em quase todos os trabalhos
posteriores sobre o escritor Aníbal Machado:

               A narrativa de Aníbal Machado se
            desenvolve em terreno fronteiriço, ora pisando
            chão de realidade, ora pairando nas nuvens do
            imaginário, entre sonho e vigília, entre espírito e
            matéria, verdade e mentira, relatório e ficção.

    Outro crítico que merece citação é Raul Antelo que, em
Literatura em Revista (1984), afirma: “...o duplo de Aníbal
Machado está diretamente relacionado à exploração
surrealista do inconsciente, à cultura e à modernidade”.
Epígrafe

 Epígrafe: do grego ‘epi’ (em posição
  superior) e ‘graphé’ (escrita), epígrafe é uma
  espécie de citação que aparece antes de um
  texto, introduzindo-o e antecipando o que
  nele será apresentado.

 é uma citação entre o título e o texto.
MODERNISMO
                                      “Tupy, or not tupy, that is the question”
                                 Oswald de Andrade – Manifesto Antropófago

    As vanguardas europeias, como dissemos, tiveram grande importância
para o nosso Modernismo, que também se nutriu das artes negra e ameríndia.
É preciso lembrar que não há uma data precisa para o “fim” do Pré-Modernismo
e que algumas obras do Parnasianismo e do Simbolismo ainda aparecem até
meados de 1920. Quando a Semana de Arte Moderna ocorre, os leitores da
época ainda estavam afeitos à poesia parnasiana. No contexto histórico, no
entanto, fortes mudanças ocorriam. A Primeira Guerra Mundial findava em
1918. São Paulo, que em 1900 contava com quase 240 mil habitantes, contava
com quase 580 mil habitantes em 1920.

                                                              Marcos Teixeira
Epígrafe




Conheces o país onde florescem as laranjeiras?
Ardem na escura fronde os frutos de ouro...
Conhecê-lo? Para lá, para lá quisera eu ir
Paráfrase
 A paráfrase é a recuperação de um texto por
  outro, mantendo-se os efeitos de sentido do
  texto “modelo”, embora a expressão seja
  alterada. Ou seja, trata-se de dar
  continuidade às ideias de um texto através
  de outras palavras.
Cidadezinha qualquer

                      Carlos Drummond de Andrade

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.              texto 01
Texto 02 – paráfrase do anterior

   No poema “Cidadezinha qualquer”, de Carlos
Drummond de Andrade, encontramos a vida do
interior relatada em versos. Na primeira estrofe
há uma referência ao ambiente interiorano,
quase rural. Sabemos então que há casas
entre bananeiras e mulheres entre laranjeiras.
As palavras pomar, amor e cantar sugerem o
tipo de ocupação ou distração que as pessoas
ali possuem...
                                    texto 02
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!

                Carlos Drummond de Andrade
                    “Europa, França e Bahia”.
Paródia
 Paródia: ao contrário da paráfrase, em que
  há uma relação de continuidade, a paródia
  estabelece uma ruptura com o sentido do
  texto utilizado como “base”. Normalmente,
  esse procedimento acarreta um tom crítico e
  irônico.
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza. (...)
Eu morro sufocado em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas são mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!

                                     Murilo Mendes
Gaturamo: uma ave
Jogos Florais I

                  Antonio Carlos de Brito

Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.

Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.
Pastiche
 Pastiche: muito frequente na literatura
  contemporânea, o pastiche não é a
  apropriação das ideias ou palavras de outro
  texto, mas sim uma espécie de “imitação” do
  estilo de um autor, de uma época, de um
  gênero.
1. — Então Noé disse a seus filhos Jafé, Sem e Cam: —
"Vamos sair da arca, segundo a vontade do Senhor, nós, e
nossas mulheres, e todos os animais. A arca tem de parar no
cabeço de uma montanha; desceremos a ela.
2. — "Porque o Senhor cumpriu a sua promessa, quando me
disse: Resolvi dar cabo de toda a carne; o mal domina a terra,
quero fazer perecer os homens. Faze uma arca de madeira;
entra nela tu, tua mulher e teus filhos.
3. — "E as mulheres de teus filhos, e um casal de todos os
animais.
4. — "Agora, pois, se cumpriu a promessa do Senhor. e todos
os homens pereceram, e fecharam-se as cataratas dó céu;
tornaremos a descer à terra, e a viver no seio da paz e da
concórdia."
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ouvir as palavras de seu pai; e Noé os deixou sós, retirando-se
a uma das câmaras da arca.
                                              Machado de Assis
Intratextualidade
 A intratextualidade ocorre quando, numa
  obra, o escritor cita a si próprio fazendo
  menção a outra obra de sua autoria.
— Já leram Diva?
     Respondeu um silêncio cheio de surpresa. Ninguém
tinha notícia do livro, nem supunham que valesse a pena
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      — É um tipo fantástico, impossível! sentenciou o
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                            José de Alencar – Senhora.
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  • 2. “Todo texto se constrói como um mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto” Julia Kristeva
  • 3. Dicionário Houaiss INTERTEXTUALIDADE n substantivo feminino Rubrica: literatura. superposição de um texto literário a outro 1. influência de um texto sobre outro que o toma como modelo ou ponto de partida, e que gera a atualização do texto citado 2. utilização de uma multiplicidade de textos ou de partes de textos preexistentes de um ou mais autores, de que resulta a elaboração de um novo texto literário 3. em determinado texto de um autor, utilização de referências ou partes de obras anteriores deste mesmo autor
  • 4. Meus oito anos - Casimiro de Abreu Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! (...)
  • 5. Meus oito anos - Oswald de Andrade Oh! Que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida Das horas De minha infância Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra Da Rua de santo Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais (...)
  • 6. Inocêncio X (1649) Diego Velázquez Óleo sobre lienzo 140x120 cm
  • 7. Estudo baseado no retrato do Papa Inocêncio X feito por Velázques. Francis Bacon, 1953
  • 10. Tipos de intertextualidade  Epígrafe  Citação  Paráfrase  Paródia  Pastiche  Referência ou alusão  Intratextualidade
  • 11. Referência ou alusão  Procedimento mais pontual, a alusão ou referência nada mais é do que a leve menção ao título de outro texto, a um autor, a um personagem etc.; e não uma transcrição de uma passagem do texto em si.
  • 12. — Vós sois a Penélope da nossa república, disse ele ao terminar; tendes a mesma castidade, paciência e talentos. Refazei o saco, amigas minhas, refazei o saco, até que Ulisses, cansado de dar às pernas, venha tomar entre nós o lugar que lhe cabe. Ulisses é a Sapiência. (fragmento do conto “A sereníssima república”, de Machado de Assis)
  • 13. O romance que marca o início do Realismo se chama Madame Bovary, de Gustave Flaubert, e foi publicado em 1857. O Naturalismo, por sua vez, ganhou expressão maior com a publicação das obras de Émile Zola, dentre as quais se destacam Thérèse Raquin (1867), O romance experimental (1880) e Germinal (1885). Já o Parnasianismo está ligado à publicação de antologias surgidas a partir de 1866 com o título de Le Parnasse Contemporain, que traziam poemas de Lecomte de Lisle, Banville e Gautier. autor: Teixeira
  • 14. Citação  Citação: trata-se da retomada explícita de um fragmento de texto no corpo de outro texto. Embora na literatura a citação possa aparecer sem a utilização de marcadores gráficos; em textos dissertativos ou ensaios, nos quais ela é comum, o uso de aspas é necessário, para que fique claro o “pedido de licença” para a inserção de palavras de outro autor, e assim evite-se o “plágio” (roubo textual).
  • 15. Exemplo de citação  Roland Barthes certa vez disse que “todo texto é um intertexto; outros textos estão presentes nele, em diversos níveis, sob formas mais ou menos reconhecíveis”.
  • 16. O pesquisador M. Cavalcanti Proença registra uma frase que virá reproduzida em quase todos os trabalhos posteriores sobre o escritor Aníbal Machado: A narrativa de Aníbal Machado se desenvolve em terreno fronteiriço, ora pisando chão de realidade, ora pairando nas nuvens do imaginário, entre sonho e vigília, entre espírito e matéria, verdade e mentira, relatório e ficção. Outro crítico que merece citação é Raul Antelo que, em Literatura em Revista (1984), afirma: “...o duplo de Aníbal Machado está diretamente relacionado à exploração surrealista do inconsciente, à cultura e à modernidade”.
  • 17. Epígrafe  Epígrafe: do grego ‘epi’ (em posição superior) e ‘graphé’ (escrita), epígrafe é uma espécie de citação que aparece antes de um texto, introduzindo-o e antecipando o que nele será apresentado.  é uma citação entre o título e o texto.
  • 18. MODERNISMO “Tupy, or not tupy, that is the question” Oswald de Andrade – Manifesto Antropófago As vanguardas europeias, como dissemos, tiveram grande importância para o nosso Modernismo, que também se nutriu das artes negra e ameríndia. É preciso lembrar que não há uma data precisa para o “fim” do Pré-Modernismo e que algumas obras do Parnasianismo e do Simbolismo ainda aparecem até meados de 1920. Quando a Semana de Arte Moderna ocorre, os leitores da época ainda estavam afeitos à poesia parnasiana. No contexto histórico, no entanto, fortes mudanças ocorriam. A Primeira Guerra Mundial findava em 1918. São Paulo, que em 1900 contava com quase 240 mil habitantes, contava com quase 580 mil habitantes em 1920. Marcos Teixeira
  • 19. Epígrafe Conheces o país onde florescem as laranjeiras? Ardem na escura fronde os frutos de ouro... Conhecê-lo? Para lá, para lá quisera eu ir
  • 20. Paráfrase  A paráfrase é a recuperação de um texto por outro, mantendo-se os efeitos de sentido do texto “modelo”, embora a expressão seja alterada. Ou seja, trata-se de dar continuidade às ideias de um texto através de outras palavras.
  • 21. Cidadezinha qualquer Carlos Drummond de Andrade Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus. texto 01
  • 22. Texto 02 – paráfrase do anterior No poema “Cidadezinha qualquer”, de Carlos Drummond de Andrade, encontramos a vida do interior relatada em versos. Na primeira estrofe há uma referência ao ambiente interiorano, quase rural. Sabemos então que há casas entre bananeiras e mulheres entre laranjeiras. As palavras pomar, amor e cantar sugerem o tipo de ocupação ou distração que as pessoas ali possuem... texto 02
  • 23. Meus olhos brasileiros se fecham saudosos Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’. Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’? Eu tão esquecido de minha terra… Ai terra que tem palmeiras Onde canta o sabiá! Carlos Drummond de Andrade “Europa, França e Bahia”.
  • 24. Paródia  Paródia: ao contrário da paráfrase, em que há uma relação de continuidade, a paródia estabelece uma ruptura com o sentido do texto utilizado como “base”. Normalmente, esse procedimento acarreta um tom crítico e irônico.
  • 25. Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza. (...) Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas nossas frutas são mais gostosas mas custam cem mil réis a dúzia. Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade! Murilo Mendes Gaturamo: uma ave
  • 26. Jogos Florais I Antonio Carlos de Brito Minha terra tem palmeiras onde canta o tico-tico. Enquanto isso o sabiá vive comendo o meu fubá. Ficou moderno o Brasil ficou moderno o milagre: a água já não vira vinho, vira direto vinagre.
  • 27. Pastiche  Pastiche: muito frequente na literatura contemporânea, o pastiche não é a apropriação das ideias ou palavras de outro texto, mas sim uma espécie de “imitação” do estilo de um autor, de uma época, de um gênero.
  • 28. 1. — Então Noé disse a seus filhos Jafé, Sem e Cam: — "Vamos sair da arca, segundo a vontade do Senhor, nós, e nossas mulheres, e todos os animais. A arca tem de parar no cabeço de uma montanha; desceremos a ela. 2. — "Porque o Senhor cumpriu a sua promessa, quando me disse: Resolvi dar cabo de toda a carne; o mal domina a terra, quero fazer perecer os homens. Faze uma arca de madeira; entra nela tu, tua mulher e teus filhos. 3. — "E as mulheres de teus filhos, e um casal de todos os animais. 4. — "Agora, pois, se cumpriu a promessa do Senhor. e todos os homens pereceram, e fecharam-se as cataratas dó céu; tornaremos a descer à terra, e a viver no seio da paz e da concórdia." 5. — Isto disse Noé, e os filhos de Noé muito se alegraram de ouvir as palavras de seu pai; e Noé os deixou sós, retirando-se a uma das câmaras da arca. Machado de Assis
  • 29. Intratextualidade  A intratextualidade ocorre quando, numa obra, o escritor cita a si próprio fazendo menção a outra obra de sua autoria.
  • 30. — Já leram Diva? Respondeu um silêncio cheio de surpresa. Ninguém tinha notícia do livro, nem supunham que valesse a pena de gastar o tempo com essas cousas. — É um tipo fantástico, impossível! sentenciou o crítico. Acrescentou ele ainda algumas cousas acerca do romance, cujo estilo censurou de incorreto, cheio de galicismos, e crivado de erros de gramática. O desenlace especialmente provocou acres censuras. José de Alencar – Senhora.