Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdf
Fichamento analítico do livro cultura e democrácia de Marilena Chauí
1. FACULDADE DE CIÊNCIAS EDUCACIONAIS CAPIM GROSSO
MARCUS VINICIUS NOVAIS LEAL
CULTURA E DEMOCRACIA DE MARILENA CHAUÍ
MARCUS VINICIUS NOVAIS LEAL
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Capim Grosso/BA
ABRIL/2014
CULTURA E DEMOCRACIA DE MARILENA CHAUÍ
Trabalho apresentado ao Curso de Administração, da
Faculdade de Ciências Educacionais Capim Grosso, como
avaliação da disciplina ANTROPOLOGIA, sob a orientação da
Prof.ª PAULA ODILON..
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Capim Grosso/BA
ABRIL/2014
Cultura e Democracia
CHAUÍ, Marilena. Cultura e Democracia.2 ed. Salvador: Secretaria de Cultura,
Fundação Pedro Calmon, 2009.
Em suas primeiras palavras, Marilena trata de buscar a origem, cuidadosamente
demonstrando o surgimento do termo cultura. “Como cultivo, a cultura era concebida
como uma ação que conduz à plena realização das potencialidades de alguma coisa
ou de alguém [...]” (CHAUÍ, 2009. P.24). Caminha ao longo da história retratando os
estágios, os conceitos e os valores atribuídos ao termo. Segundo Chauí, cultura se
torna, ao longo do tempo, critério de avaliação de grau de civilização dentro do
contexto social. É através deste conceito que se hierarquiza o valor de regimes
políticos, no âmbito evolutivo.
CHAUÍ destaca a concepção da Antropologia constituída a partir do XIX, onde os
antropólogos tomam como base inicial o conceito de progresso ou evolução
estabelecendo um padrão para medir a evolução ou progresso de uma cultura,
tomando como base a cultura Europeia capitalista. A presença ou ausência era a
forma de avaliar a falta de cultura ou a evolução da mesma.
A autora destaca que a partir da segunda metade do século XX,
[...] o termo cultura passa a ter uma abrangência que não
possuía antes, sendo agora entendido como produção e
criação da linguagem, da religião, da sexualidade, dos
instrumentos e das formas do trabalho, dos modos de
habitação, do vestuário e da culinária, das expressões de lazer,
da música, da dança, dos sistemas de relações sociais –
particularmente os sistemas de parentesco o a estrutura da
família – das relações de poder, da guerra e da paz, da noção
de vida e morte. (CHAUÍ, 2009. P.28).
Surge dai em diante a compreensão da cultura pelo homem e passa a ser objeto da
criação de regras, práticas, costumes, definições, ética, sendo todos pertinentes ao
sentido da vida até a morte.
Marilena aborda com clareza a diferença entre sociedade e comunidade, onde um
tem características individualistas, capitalistas, cujos interesses estão separados a
cada indivíduo. E o outro estabelece uma unidade, destino comum, é percebido de
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forma natural por seus membros.“O fato de haver divisão de classe institui a divisão
cultural”. (CHAUÍ, 2009. P. 31).Tendo como base as críticas da ideologia e os
estudos, Chauí defende a criação da cultura popular pela classe trabalhadora, pelo
povo humilde.
A autora faz uma reflexão pondo em vista a cultura como não sendo entretenimento.
Esse é um trabalho de experimentação do novo para criação do sentido onde
captura a experiência do mundo interpretando e criticando. É a ação de pensar, ver
e imaginar situações vividas que se transformam em obras que se tornam
conhecidas, profundas e densas, tudo dentro de um contexto social onde a cultura é
um direito do cidadão, que deve ter acesso e fazer as obras culturais.
Seguindo adiante, Marilena Chauí insere uma problemática a cerca da cultura do
ponto de vista da democracia. Este problema é construído em cima de três duplas
inquietações, sendo elas, cultura e estado; cultura e mercado; cultura e criadores.
Chauí associa o fato da cultura, no Brasil, ser antidemocrática por responsabilidade
do Estado. “[...] tradicionalmente, sempre procurou capturar toda a criação social da
cultura sob o pretexto de ampliar o campo cultural público, transformando a criação
social em cultura oficial [...]” (CHAUÍ, 2009. P. 43). Assim o Estado se apresenta
como produtor cultural, e retira das classes sociais o lugar onde a cultura, de fato, é
realizada.
É possível observar a forma que o mercado trata a cultura, como objeto de
consumo, entretenimento e passatempo, levando ao lado oposto do significado
criador e crítico das obras culturais. Neste contexto, o extremismo não pode ser
adotado com rigor, pois existe sim o lado lúdico, o lazer extraído da cultura. O que
deve ser observado é a forma com que direcionam e reduzem a cultura a tais
finalidades. A cultura não pode ser tratada como um direito, desta forma, se
transforma em objeto de venda e serviços para o mercado, privilegiando e
fragmentando em classes.
Do ponto de vista da autora, a democracia se caracteriza como ideal indentitário de
um regime político. Isso envolve questões sociopolíticas, como a igualdade de todos
determinado por lei; depende da forma política, onde o trabalho é feito em cima de
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conflitos considerados necessários; criação dos direitos, onde o novo faz constituir o
seu modo de ser. Desta forma, Chauí completa,
Dizemos, então que uma sociedade - e não um simples regime
de governo – é democrática quando, além de eleições, partidos
políticos, divisão dos três poderes da República, respeito à
vontade da maioria e das minorias, institui algo mais profundo
que é condição do próprio regime político, ou seja quando
institui direito e essa instituição é uma criação social , de tal
maneira que a atividade democrática social se realiza como um
contra poder social que determina, dirige, controla e modifica a
ação material e o poder dos governantes. (CHAUÍ, 2009. P.56)
A respeito da sociedade brasileira, Marilena faz uma análise quanto ao poder
autoritário. Em suma, a autora evidencia diversos pontos relacionados à hierarquia e
também as desigualdades. Ela enfatiza a sociedade que utiliza das leis como armas
para preservar privilégios como instrumento para a repressão e a opressão e jamais
definindo direitos e deveres concretos e compreensíveis para todos (CHAUÍ, 2009.
P. 60). Em outras palavras, quer dizer que as leis estão, para as classes situadas no
pico da pirâmide hierárquica, como privilégio, enquanto para a sociedade, uma
forma de opressão, menosprezo.
Contudo, ao final é possível perceber a clareza e transparência que, tanto a cultura
quanto a democracia, desviam, no Brasil, do contexto natural de seu surgimento
e/ou nascimento, tornando-se ferramentas de utilização do poder publico para
criação de um falso contexto social e democrático em meio a conflitos e privilégios
causando desequilíbrio e divisão de classes sociais.