1) O documento discute a educação como objeto de estudo e o processo de socialização. Apresenta os conceitos de socialização primária e secundária.
2) Aborda os temas da cultura e da socialização organizacional. A cultura é entendida como um sistema simbólico compartilhado que é transmitido entre gerações.
3) Discutem-se as abordagens evolucionista, funcionalista e interpretativa da cultura, assim como a noção de cultura organizacional.
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Educação e socialização na formação cultural
1. Sociedade Cultura e Educação.
Profa. Dra. Rosângela Maria Pereira
A EDUCAÇÃO COMO OBJETO
DE ESTUDO
2. A educação – tema central
Importância da educação: OS HOMENS VÊM AO
MUNDO INACABADOS.
O que torna possível a educação?
PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO
3. 1. SOCIALIZAÇÃO
A socialização é o processo pelo qual o ser humano é
integrado à sociedade, aprendendo a viver de acordo com
os costumes de determinada cultura.
Durkheim: as gerações mais novas não estão
preparadas para a vida social, sendo necessário que as
gerações adultas as eduquem. Reprodução do modelo
de sociedade estabelecida
Luckmann e Berger: socialização primária (família e
escola) e socialização secundária (mundo do trabalho).
Os padrões e as crenças dos grupos da socialização
primária ao se relacionarem com as instituições de
socialização secundária podem gerar conflitos
4. SOCIALIZAÇÃO FAMILIAR OU PRIMÁRIA
CRIANÇA VÊ, CRIANÇA FAZ
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=6X60OD0DKUK
6. 1. SOCIALIZAÇÃO
Papel da ressocialização: opção (mudança
radical na vida) ou imposição (família,
Estado):a transição do indivíduo de um grupo
para outro, reforçando e destacando a
necessidade de lealdade para com o novo
grupo. Envolvem três etapas:
1. negação do antigo status e identidade da pessoa;
2. degradação e desorientação (morte ritual);
3. e aceitação do status e da cultura do novo grupo
(renascimento ritual).
7. 1. SOCIALIZAÇÃO
A experiência social do indivíduo contemporâneo é
inacabada: ao longo de toda a vida.
Ganham destaque os grupos de referência, os
meios de comunicação de massa, os mitos e
heróis da época.
8. 1. SOCIALIZAÇÃO
Merece destaque a internet.
Na medida em que as referências sociais e
identitárias compartilhadas se ampliam e
diversificam, criam-se alternativas de
escolhas possíveis aos indivíduos,
multiplicando as possibilidades de
participação em grupos e espaços de
construção de identidades.
9.
10. 1. SOCIALIZAÇÃO
A nova configuração cultural também aponta para o
surgimento de outras modalidades educativas,
circunstanciando a particularidade do processo de
socialização na contemporaneidade.
As novas tecnologias favoreceram a circulação e a
intensidade da expansão de novas maneiras de
pensar e agir, possibilitando que uma mesma
sociedade tenha acesso a novos modos de
conceber e interpretar o mundo.
11. 1. SOCIALIZAÇÃO
O papel da esfera laboral sempre foi
marcante no processo de socialização,
sendo uma dos principais esferas de relações
sociais e espaço importante na formação da
identidade dos indivíduos.
É relevante compreender como ocorre a
socialização dentro das organizações e em
que medida as empresas e instituições
podem organizar ou gerenciar este
processo.
12. 2. A SOCIALIZAÇÃO ORGANIZACIONAL
Ao ingressar numa organização cada
indivíduo precisa conhecer e aprender as
normas, os valores, os modos de posicionar-se
e executar suas atividades de acordo com as
expectativas e a postura da organização.
Ainda, em momentos em que haja mudança
no status (casamento, situação econômica) e
papéis (comportamento esperado de um
indivíduo que detém um certo status) do
indivíduo junto à organização.
13. 2. A SOCIALIZAÇÃO ORGANIZACIONAL
Ingresso, promoções: nesses momentos de
transição podem ocorrer conflitos de papéis.
Estratégias de socialização podem ser
escolhidas tanto consciente (ensina-se ao novato
como deve agir) quanto inconscientemente (a
pessoa deve aprender por ensaio e erro).
Muitas vezes o objetivo dessas estratégias de
socialização é domesticar o funcionário
despindo-o de sua identidade particular e
incorporando a da organização.
14. 2. A SOCIALIZAÇÃO ORGANIZACIONAL
A socialização vivida na esfera laboral também pode
ser incorporada à vida do indivíduo fora das
organizações.
A vida exterior interfere no modo como o indivíduo
incorpora as normas e valores da organização.
“Quando realizou, em 2011, o concurso público para ser professor de geografia pela
rede municipal de ensino na cidade do Rio de Janeiro, Breno Mendes, 31, ficou em
terceiro lugar entre 1.900 candidatos. Na prova prática de aula, tirou nota 100, nota
máxima. Mas três anos após começar a lecionar, ele acabou demitido do cargo. O
motivo apontado pela Secretaria Municipal de Educação (SME) foi o comportamento
do professor em redes sociais.” (Disponível em:
http://educacao.uol.com.br/noticias/2015/05/05/professor-demitido-por-criticar-
educacao-do-rio-diz-que-foi-censurado.htm).
15. 3. CULTURA
No final do século XVIII e no princípio do seguinte,
o termo germânico Kultur era utilizado para
simbolizar todos os aspectos espirituais de uma
comunidade, enquanto a palavra francesa
Civilization referia-se principalmente às
realizações materiais de um povo.
Ambos os termos foram sintetizados por Edward
Tylor (1832-1917) no vocábulo inglês Culture.
Cultura como “todo complexo que inclui
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis,
costumes ou qualquer outra capacidade ou
hábitos adquiridos pelo homem como membro de
uma sociedade”. (Tylor).
16. 3. CULTURA
John Locke (1632-1704) que, em 1690, ao escrever “Ensaio
acerca do entendimento humano”, procurou demonstrar que a
mente humana não é mais do que uma caixa vazia por
ocasião do nascimento, dotada apenas da capacidade
ilimitada de obter conhecimento.
Jean Jacques Rousseau (1712-1778), em seu “Discurso
sobre a origem e o estabelecimento da desigualdade entre os
homens”, em 1775, atribui um grande papel à educação.
17. 3. CULTURA
A cultura é uma manifestação presente em todos
os grupos sociais, é transmitida pela herança
social de uma geração a outra por meio do
processo de socialização.
Desde a Antiguidade, foram comuns as tentativas
de explicar as diferenças de comportamento
entre os homens, a partir das variações dos
ambientes físicos. (climas quentes tinham uma
natureza passional, climas frios mais frios)
18. 3. CULTURA
DETERMINISMO GEOGRÁFICO: As diferenças do
ambiente físico condicionam a diversidade cultural.
A partir de 1920, antropólogos como Boas, Wissler,
Kroeber, entre outros, refutaram este tipo de determinismo e
demonstraram que existe uma limitação na influência
geográfica sobre os fatores culturais.
Comum existir uma grande diversidade cultural localizada
em um mesmo tipo de ambiente físico.
Lapões e esquimós:
19. 3. CULTURA
EVOLUCIONISTA: As diferenças culturais são
compreendidas como resultado da evolução
das sociedades.
Tylor a seu modo preocupa-se com a igualdade
existente na humanidade. A diversidade é
explicada por ele como o resultado da
desigualdade de estágios existentes no
processo de evolução.
A Europa sofria o impacto da Origem das
espécies, de Charles Darwin.
20. 3. CULTURA
o As civilizações europeias no
século XX foram consideradas a
referência para o estágio final de
evolução das sociedades.
Etnocentrismo.
21. 3. CULTURA
A principal reação ao evolucionismo, então
denominado método comparativo, inicia-se com
Franz Boas (1858-1949), nascido em Westfália
(Alemanha) e inicialmente um estudante de física e
geografia em Heidelberg e Bonn.
Boas desenvolveu o particularismo histórico (ou a
chamada Escola Cultural Americana), segundo a
qual cada cultura segue os seus próprios
caminhos em função dos diferentes eventos
históricos que enfrentou.
Alfred Kroeber (1876-1960), antropólogo
americano, em seu artigo "O superorgânico"
mostrou como a cultura atua sobre o homem.
22. 3. CULTURA
Kroeber mostram que o homem criou o seu próprio
processo evolutivo. Procurou mostrar que, superando o
orgânico, o homem de certa forma libertou-se da
natureza.
Não basta a natureza criar indivíduos altamente
inteligentes, isto ela o faz com frequência, mas é necessário
que coloque ao alcance desses indivíduos o material que
lhes permita exercer a sua criatividade de uma maneira
revolucionária.
23.
24. 3. CULTURA
Uma nova abordagem se tornou possível em razão
da institucionalização do trabalho de campo como
método de pesquisa antropológica pelo polonês
Bronisław Malinowski, em 1922. Até então era
prática comum a existência dos “antropólogos de
gabinete”.
Bronisław Malinowski,
Trobriand Islands, 1918
25. 3. CULTURA
A partir do método do trabalho de campo como
prática imprescindível da antropologia, os
estudiosos passaram a ter que viver por um
período longo com as sociedades estudadas,
aprendendo sua língua, observando
diariamente seus costumes, suas regras
sociais. Tal condição permitiu ao antropólogo
compreender mais profundamente a sociedade
estudada e deixar de focar a Europa como foco
comparativo, a partir de onde a “sociedade
exótica” era pensada.
26. Método: Etnografia: Estudo descritivo das diversas
etnias. Método de observação participante.
Malinowiski: Análise funcionalista: Cultura é
definida como um todo integrado, material e
imaterial, uma síntese de instituições (jurídicas,
econômicas, religiosas, etc).
Instituições: função de manutenção da dinâmica
social.
Aproximação com a Biologia: organismos
biológicos, a harmonia dependeria da
interdependência funcional das partes.
3. CULTURA
27. 3. CULTURA
Claude Lévi-Strauss, logo percebeu-se que nada,
no estado atual da ciência, permite afirmar a
superioridade ou a inferioridade intelectual de
uma nação em relação a outra.
Segundo Lévi-Strauss que o evolucionismo
expressa nossa tendência de repudiar pura e
simplesmente as formas culturais, morais,
religiosas, sociais e estéticas mais afastadas
daquelas com que nos identificamos.
28. 3. CULTURA
Claude Lévi-Strauss (estruturalismo), o mais
destacado antropólogo francês, considera que a
cultura surgiu no momento em que o homem
convencionou a primeira regra, a primeira
norma.
Para Lévi-Strauss, esta seria a proibição do
incesto, padrão de comportamento comum a
todas as sociedades humanas.
Busca as estruturas (vacabulários, gramáticas)
que orientam as escolhas no interior de um
sistema cultural. Método etnologia: estudar fatos e
documentos levantados pela etnologia.
29. 3. CULTURA
Leslie White, antropólogo norte-americano
contemporâneo, considera que a passagem do
estado animal para o humano ocorreu quando o
cérebro do homem foi capaz de gerar símbolos.
30. 3. CULTURA
Antropologia Interpretativa: Cliford Geertz (1978, p.
24) apresenta a cultura como um sistema de signos
passível de interpretação. A cultura não é
homogênea ou coerente. Significados diferentes
para uma mesma conduta dentro de um mesmo
ambiente circunscrito. Antropólogo deve interpretar a
multiplicidade de estruturas conceituais complexas.
Cultura entendida como sistema simbólico;
comportamento humano sempre simbólico.
O significado que os membros de uma cultura dão
às suas práticas.
31. 4. CULTURA ORGANIZACIONAL
Uma organização, assim como uma comunidade, não é
apenas moldada por fatos concretos, mas também pelas
crenças e valores que são compartilhados por seus
membros, aspectos simbólicos que fazem cada
organização ser única.
O termo cultura organizacional surge em decorrência
da valorização do universo simbólico das
organizações por parte dos estudiosos, e houve
diferentes direcionamentos:
a) anos 1960:aprimorem seus resultados;
b) início da década de 1980: modelo japonês (toyotismo) e
a tentativa, em muitos casos fracassada, de sua
exportação para o ocidente;
c) década de 1990: como uma resposta ao movimento
anterior.
32. 4. CULTURA ORGANIZACIONAL
Estes três momentos levam a uma corrente
de estudos que entende a cultura como uma
manifestação concreta e gerenciável.
a) Schein (1985) considera que uma cultura organizacional pode ser
conhecida pelos símbolos, imagens, mitos, estórias, linguagem,
rituais, cerimônias, hábitos e valores, além dos artefatos
visíveis da organização, tais como a organização espacial,
arquitetura, móveis e espaço físico.
b) Thévenet (1991), a cultura não é passível de gerenciamento e
controle.
c) Cavedon (2003), em vez de ter uma cultura, uma organização é
uma cultura. Essa mudança de enfoque tem implicações
importantes, uma vez que no caso a cultura não pode ser
gerenciada e sim compreendida, pois é a expressão dos membros
da organização. A cultura organizacional se expressa com clareza
em alguns momentos específicos, tais como rituais (ritos de
passagem, ritos de degradação), assim como em estórias
repetidamente contadas ou nos mitos (“mito do fundador”).
33. 4. CULTURA ORGANIZACIONAL
Além da cultura nacional, a cultura regional,
a formação étnica ou religiosa pode
influenciar a cultura de determinada
organização.
O estudo da cultura organizacional permite
outra dimensão para análise das relações que
se estabelecem no mundo corporativo, seja no
interior das empresas ou desta com a
sociedade em que está inserida.
34. 5. CULTURA
A partir de uma perspectiva relativista, as
sociedades estudadas se tornaram o seu
próprio centro.
O relativismo se torna, portanto, um fundamento
antropológico na medida em que reconhece que
cada ser humano vê o mundo sob a perspectiva
em que nasceu.
35. 5. CULTURA
A) Etnocentrismo:
No seu primeiro sentido, etnocentrismo é uma cegueira
para diferenças culturais, a tendência de pensar e agir
como se elas não existissem. No segundo sentido,
refere-se aos julgamentos negativos que membros de
uma cultura tendem a fazer sobre todas as demais. Na
prática, constitui o ato de um indivíduo achar que
sua cultura é superior às outras (caso dos bolivianos
em São Paulo, haitianos pelo Brasil todo, etc.).
36.
37.
38. 5. CULTURA
B) Multiculturalismo:
Movimento que visa à reconhecer as diferenças entre
etnias e grupos sociais de maneira à celebrá-las e
reforçá-las (Atenção para a questão da manutenção
das especificidades culturais de países componentes de
blocos econômicos, como UE).
39.
40. 5. CULTURA
C) Alteridade:
Alteridade (ou outridade) é a concepção que
parte do pressuposto básico de que todo o
homem social interage e é interdepende de
outros indivíduos. Assim, como muitos
antropólogos e cientistas sociais afirmam, a
existência do "eu-individual" só é permitida
mediante um contato com o outro (que em uma
visão expandida se torna o Outro - a própria
sociedade diferente do indivíduo).
41.
42. 5. CULTURA
D) Relativismo cultural:
Conceito que refere-se ao simples fato de que aquilo
que é considerado como verdadeiro, valorizado ou
esperado em um sistema social talvez não o seja em
outro.
O conceito aponta também para o fato de que as
diferenças culturais entre os povos não constituem
níveis diferenciados de evolução cultural ou social.
43.
44. 5. CULTURA
São velhas e persistentes as teorias que atribuem
capacidades específicas inatas a "raças”.
46. 5. CULTURA
Os antropólogos estão totalmente convencidos de que as
diferenças genéticas não são determinantes das
diferenças culturais.
A antropologia tem demonstrado que muitas atividades
atribuídas às mulheres em uma cultura podem ser atribuídas
aos homens em outra. (Divisão sexual do trabalho é
cultural).
47. 6. CULTURA, EDUCAÇÃO E CONHECIMENTO
Antropólogos: as categorias do pensamento não
devem ser impostas.
A cognição está relacionada com o contexto
cultural.
As pessoas sabem fazer bem o que é importante
para elas.
O déficit cultural das camadas mais pobres
circulam livremente para explicar o fracasso
escolar. ( Ver “A reprodução” - Bourdieu e
Passeron, 1970).
48. 6. PAPEL DAS INSTITUIÇÕES
Os indivíduos se organizam na sociedade
formando instituições.
Estado, família, escola, religião, empresa, etc.
As instituições foram criadas pelos homens.
Instituições sofrem profundas mudanças.
Particularmente na atualidade.
49. 6. SABER E PODER
Saber = poder de alguns sobre muitos.
Na sociedade capitalista poder é também uma
condição para o saber.
Sociedades complexas – desigualdade.
O trabalhador cada vez mais perde a visão do
conjunto da produção e de seus problemas.
50. 6. EDUCAÇÃO ESCOLAR E FORA DA ESCOLA
ESCOLAR = institucionalizada
Função da escola – transmissão, criação e
organização do conhecimento produzido
socialmente.
Escola perde parte dessa função ao transforma-
se mera reprodutora de conhecimento, muitas
vezes distorcido.
Ciências – cortes na realidade para Estudo.
FORA DA ESCOLA = conhecimento a partir das
necessidade imediatas.
51. REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Marilis Lemos de; PICCININI, Valmiria
Carolina e OLIVEIRA, Sidnei. Sociologia e
Administração: Relações Sociais nas
Organizações. Rio de Janeiro : ELSEVIER
EDITORA LTDA, 2011.
KRUPPA, Sonia M. Portella. Sociologia da
educação. 10.reimp. São Paulo: Cortez, 2005.
LARAIA, R. Cultura: um conceito antropológico.
23 ed. Rio de Janeiro, ZAHAR, 2009.