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Especialização UNIAFRO – política de promoção da igualdade racial na escola Universidade
Federal do Espírito Santo – UFES - Centro de Educação - Núcleo de Estudos Afro-
Brasileiros – NEAB/UFES
Disciplina: Dimensões afro-brasileiras no currículo
Professora: Patrícia Rufino
Manuela Santos Dias
VALOR: 100,00
FICHAMENTO
Abordagens gerais sobre multiculturalismo e diversidade cultural In.: Africanidades
brasileiras e educação [livro eletrônico] : Salto para o Futuro / organização Azoilda Loretto
Trindade. Rio de Janeiro: ACERP; Brasília: TV Escola, 2013. 1,58 Mb ; PDF
O primeiro capítulo visa apresentar as indagações propostas pela organizadora, visto que:
“[...] uma educação multicultural, criativa e inclusiva, no sentido de incluir na pauta as
diferenças, o contato, o diálogo e a interação com as diferenças, coloca a própria escola num
lugar de questionamento quanto ao seu papel, seu sentido e seu significado.” Fica clara, pois,
a necessidade de se questionar o lugar da escola, bem como estabelecer sua real função e
papel para os sujeitos nela inseridos.
As indagações propostas, além de induzir a reflexão acerca do assunto, denota a relevância de
se trabalhar multiculturalismo na escola numa perspectiva que ultrapassa o senso comum e
ideário folclórico, que visa comemorar datas aleatórias sem se posicionar criticamente sobre
os fatos, como se evidencia em:
Ao formular essas questões buscamos evidenciar que trabalhar o multiculturalismo na
escola não é apenas colocar imagens de todas as etnias que compõem nossa escola nos
murais ou, simplesmente, festejar o Dia do Índio e o Dia Nacional da Consciência
Negra. (p. 18)
Dentre as indagações cabe ressaltar: “Qual deve ser o papel da escola num contexto
multicultural que se sabe político, e que não se supõe racista, nem elitista, nem machista, nem
etnocêntrico?” e “Como levar em consideração todos os segmentos da escola? Como
enfrentar que nossas mais belas intenções e ações são ainda incipientes, que são muito poucas,
embora necessárias?” No intuito de enfatizar a relevância de se questionar sobre os conceitos,
bem como direcionar atividades de enfrentamento ao racismo e pensar a escola como um
espaço multicultural, diverso e multiplicador de práticas.
Justifica a escolha dos textos que ajudarão responder às questões e darão suporte para um bom
trabalho, especialmente em sala de aula. Dentre as seleções é possível destacar:
V. Identidade e diferença no cotidiano escolar: práticas de formação e de fabricação
de identidades docentes, de Elizeu Clementino de Souza. Este texto, nesta coletânea,
coloca os e as docentes no centro da roda como produtores e produtoras de histórias
de vida (s), no fio de prumo da Identidade e da Diferença. (p.19)
Uma vez que ao enxergar o professor como principal ator ao longo do processo de afirmação
da identidade, viabiliza e traz mais autenticidade ao trabalho em sala de aula. Há de se
destacar ainda: “VI. Diversidade e Currículo, de Nilma Lino Gomes e Reinventando a roda:
experiências multiculturais de uma educação para todos, de Azoilda Loretto da Trindade”
(p.20) Com textos que discutem diversidade no currículo e convidam para repensar a sala de
aula como espaço autêntico de diversidade e inclusão.
I. Multiculturalismo ou de como viver junto - Mary Del Priore
A autora elucida o conceito de multiculturalismo na perspectiva da coletividade, ou seja, o
“viver junto” é posto em cheque no intuito de se esclarecer a ideia de pluriculturalismo dentro
dos agrupamentos sociais:
O termo “multiculturalismo” designa tanto um fato (sociedades são compostas de
grupos culturalmente distintos) quanto uma política (colocada em funcionamento em
níveis diferentes) visando à coexistência pacífica entre grupos étnica e culturalmente
diferentes. Em todas as épocas, sociedades pluriculturais coexistiram e, hoje, menos
de 10% dos países do planeta podem ser considerados como culturalmente
homogêneos. ( p. 21)
Alerta, entretanto, que “o tratamento político da diversidade cultural é um fenômeno
relativamente recente” (p.21) uma vez que teve início nos Estados Unidos e Canadá e a partir
da década de 90 difundiu-se na Europa e América do Sul. Ressalta ainda que: “A doutrina
multiculturalista avança essencialmente na ideia de que as culturas minoritárias são
discriminadas e devem merecer reconhecimento público” (p.21)
Entre universalismo e multiculturalismo
Amplia o debate sobre multiculturalismo, no intuito de ultrapassar o senso comum que
restringe o tema às questões étnicas ou religiosas e esclarece que a discussão vai além, uma
vez que o conceito de multiculturalismo se contrapõe aos padrões preestabelecidos, como se
nota em:
O multiculturalismo combate o que ele considera como uma forma de etnocentrismo,
ou seja, combate à visão de mundo da sociedade branca dominante que se toma –
desde que a ideia de raça nasceu no processo de expansão europeia – por mais
importante do que as demais. A política multiculturalista visa, com efeito, resistir à
homogeneidade cultural, sobretudo quando esta homogeneidade afirma-se como única
e legítima, reduzindo outras culturas a particularismos e dependência. (p.22)
Cabe destacar a relevância do indivíduo e suas particularidades dentro das relações humanas,
no sentido de se garantir o multiculturalismo de fato. A fim de ilustrar a questão, a autora usa
uma metáfora interessante:
Vejamos, num exemplo, como procede esta vertente: a sopa passada no liquidificador
transforma tudo num todo homogêneo, no qual não se distinguem mais os elementos
que a compõem. Apenas um paladar avisado poderá adivinhar, no sabor, cada um dos
ingredientes. Na salada composta, por outro lado, cada ingrediente se distingue dos
outros, conservando sua aparência, seu gosto e sua textura. (p.23)
Fica evidente que o multiculturalismo seria a salada, uma vez que cada ingrediente se
distingue do outro e mesmo se misturando não perde sua particularidade, tal qual o mosaico,
que se integra e cada fragmento compõe a unidade por meio da diversidade.
As políticas multiculturais
Cita que além do Canadá, é possível perceber que em países como Austrália, África do Sul,
Colômbia e Paraguai a constituição também abrange questões multiculturais, no entanto, foi
nos Estados Unidos que a luta contra a discriminação entrou no centro das lutas. Comenta
ainda que na Europa também há interesse em fomentar políticas multiculturais, no entanto,
ainda há muito que se conquistar:
Na Europa, as práticas multiculturalistas são ainda pouco desenvolvidas. O modelo do
Estado-Nação afirmou-se no século XIX, praticando uma política de redução de
diferenças culturais e de assimilação de populações imigradas. Nos países europeus,
apesar das importantes diferenças nacionais (na Inglaterra, por exemplo, está bem
avançada a luta contra discriminações étnicas), o particularismo é percebido como
uma divisão e uma regressão culturais. O multiculturalismo, por sua vez, é um desafio
fundamental para a consolidação da União Europeia (p.23)
Dentre os países da Europa, destaca a França como modelo de respeito à diversidade, haja
vista que tem se observado algumas políticas de inclusão dentre os povos.
Os limites do multiculturalismo
Discute os limites para se defender o multiculturalismo e deixa claro que há prós e contras no
processo de luta e militância, uma vez que em algumas situações um mecanismo acaba
funcionando como meio de exclusão para algumas culturas e destaca:
A quem cabe a legitimidade de atribuir uma identidade? Não é o indivíduo o único
capaz 25 de escolher a sua, ou as suas identidades de pertença? Mais ainda, quando
pensamos que identidades individuais são construídas em oposição ao grupo de
pertença, os especialistas concordam sobre o princípio de que as diferenças culturais
não podem colocar em causa os direitos do homem e do cidadão. (p.24 e 25)
Observa-se que o respeito à individualidade e ao mesmo tempo, diversidade, funciona como
limiar do multiculturalismo, no sentido de se respeitar as particularidades do sujeito, bem
como, seu sentimento de pertença a determinado grupo.
Novas perspectivas
Deixa claro que muito tem sido feito no sentido de estabelecer respeito e tolerância à
diversidade. Evidencia ainda a potência dos movimentos sociais nesse contexto e cita ainda o
processo de afirmação da identidade do negro no Brasil como um movimento positivo nessa
perspectiva.
II. Por um multiculturalismo democrático - Sueli Carneiro
Inicia enfatizando: “Gênero, raça/etnia, orientação sexual, religião e classe social são algumas
das variáveis que se impõem contemporaneamente, conformando novos sujeitos políticos que
demandam ao Estado e à sociedade por reconhecimento e políticas inclusivas.” (p. 28)
Complementa afirmando que a emergência desses novos atores decorre da necessidade de se
discutir o universalismo identitário proposto à sociedade:
A imposição de um sujeito universal ao qual todos os seres humanos seriam redutíveis
obscureceu, ao longo dos tempos, as ideologias discricionárias que promovem as
desigualdades entre os sexos, as raças, as classes sociais, as religiões etc (p.28)
Há de se reconhecer que modelos como patriarcalismo é um dos mecanismos de controle e
violência dentro das relações sociais. É posto que os paradigmas buscam privilegiar hábitos e
comportamentos, a fim de se garantir domínio das ações humanas, uma vez que o dominador
exerce seu poder de escolha dentro da sociedade e determina o que é positivo ou negativo.
Nesse contexto surgem os movimentos de luta por igualdade de direitos e respeitos, como das
mulheres, homossexuais, negros e etc. Com relação ao racismo, muito tem sido conquistado:
“[...] as organizações negras vêm desenvolvendo um conjunto de “boas práticas”, ou de
experiências exemplares, em nível nacional, para a inclusão efetiva dos negros na sociedade
brasileira.” (p.31) Continua reforçando a ideia:
Essas experiências expressam a responsabilidade que os negros organizados têm em
relação à população negra, na busca de construção de uma rede de solidariedade
baseada na identidade racial e na consciência do pertencimento a uma comunidade de
destino fundada numa experiência histórica compartilhada. Essas práticas visam à
superação da discriminação racial e, sobretudo, visam oferecer ao Estado e aos
governos modelos para políticas públicas que, ao beneficiarem a comunidade negra,
promovam a realização da igualdade de direitos e oportunidades. (p. 31)
A luta por igualdade de direitos configura-se como uma necessidade atual, uma vez que a
diversidade precisa ser vista e compreendida como algo natural dentro da sociedade e conclui
a ideia:
Como indica uma propaganda, “é hora de mudar os nossos conceitos”. Isso implica,
por exemplo, desnaturalizar a heterossexualidade, a hegemonia masculina, a
supremacia branca. Nesse último caso, exige, sobretudo, no rompimento com o
“conforto” do mito da democracia racial, em prol do reconhecimento de que é
imperiosa a correção das injustiças sociais motivadas pela exclusão dos negros, em
especial das mulheres negras em nossa sociedade. (p.31)
Fica claro que é preciso desconstruir os paradigmas e lutar contra as imposições sociais que
privilegiam o homem braço e suas concepções limitadas. Finaliza o texto destacando a
necessidade de buscar equidade nas relações sociais, a fim de negros, brancos, indígenas,
homossexuais e mulheres ocupem os espaços que almejem no mercado de trabalho ou em
qualquer outro lugar. Enfatiza que é preciso interromper esse processo de marginalização e
extermínio da população negra e indígena e reforça ainda a necessidade que o Brasil tem de se
afirmar como nação diversa e não como país branco.
III. Pluralidade e diversidade - Carla Ramos
A cidade como espaço a ser permanentemente conquistado
Apresenta a cidade como espaço de diversidade onde as questões sociais ocorrem: “A cidade
é o lugar onde estes embates se dão, ela é moldada, ela está organizada, ela reflete e é refletida
nestes encontros promovidos sob a égide da diversidade e da pluralidade.” (p. 37) Por este
prisma, o indivíduo ocupa a cidade e carrega consigo todas as suas características históricas e
memórias físicas e empíricas da sua vida e familiares. Dessa forma, a cidade é o espaço físico
da diversidade e pluralidade, posto que esta é a bagagem que seus ocupantes carregam ao
longo da existência. Deixa claro que: “A cidade precisa ser constantemente capturada por seus
cidadãos, afinal de contas, são eles que lhe imprimem sentido” (p.37) O lugar físico torna-se
espaço de memória e acumula histórias e precisa ser reconquistado a cada instante na
perspectiva de valorização e respeito à diversidade.
IV. Saberes culturais e educação do futuro - Edgard de Assis Carvalho
Inicia elucidando o conceito de saberes culturais: “São o acervo de conhecimentos,
entendimentos, realizações, progressos, regressões, utopias, desencantamentos, produto de
uma aventura que nós construímos no planeta Terra, datada de pelo menos 130 mil anos.”
(p.39) O conhecimento acumulado ao longo do tempo torna-se matéria prima para o
desenvolvimento sociocultural. Apresenta a articulação do saber dentro das sociedades e
discute a evolução cognitiva, bem como seus aspectos positivos e negativos. Destaca que a
concepção de cultura passou por alterações ao longo da história e concluiu que há distinção
entre comportamento natural e cultural.
Cita grandes nomes como Fernando Diniz, Claude LéviStrauss, Humberto Maturana e
Francisco Varela, dentre outros a fim de fundamentar sua discussão. O autor amarra bem as
ideias, uma vez que cita grandes eventos como a evolução humana e os passos vivenciados
para se chegar ao ponto que a sociedade hoje se encontra. Há de se destacar, no entanto, que o
autor se perde ao longo do texto, uma vez que deixa um pouco vaga sua conclusão.
V. Redes de convivência e de enfrenta mento das Desigualdades - Elizeu Clementino de
Souza
Discute o lugar e papel da escola no contexto de enfrentamento das desigualdades sociais e
enfatiza a necessidade de se refletir sempre acerca da função docente em sala de aula:
Vivemos numa sociedade marcada pela pluralidade de imagens e diferenças sociais e
culturais. A escola, por sua vez, buscará desenvolver seu projeto pedagógico com
ênfase nas diferenças e nas relações que os indivíduos estabelecem consigo mesmos e
com os outros. Convém questionar se nós, professores, desenvolvemos nossas práticas
tendo em vista a assunção das identidades e o respeito às diferenças. (p.47)
A reflexão da prática docente conduz a um trabalho mais incisivo, a medida que se aprimora
os métodos de trabalho em sala de aula, melhores resultados são atingidos, uma vez que a
educação funciona como:
[...] um processo de autotransformação do sujeito, que envolve e provoca
aprendizagens em diferentes domínios da existência, evidenciando o processo que
acontece em cada indivíduo, traduzindo-se na dinâmica que estrutura ou é estruturada
por cada um no seu modo de ser, estar, sentir, refletir e agir. (p. 48)
Essas ideias elucidam a real função da educação que não se limita em transferir conhecimento
e sim, visa garantir que o sujeito seja intelectualmente autônomo, capaz de produzir saberes e
julgar suas escolhas de acordo com sua maneira de perceber e ver o mundo. Como espaço de
convivência, a escola funciona como lugar de propagação do saber e meio de diálogo e
preparação para a vida, como fica claro em:
A vivência escolar se entrecruza, no seu cotidiano, com valores produzidos no
coletivo e no âmbito social, na medida em que esses valores se modificam de acordo
com os condicionantes econômicos, políticos, institucionais, culturais, físico-
ambientais e ético-estéticos. (p.48)
Reforça que em função desse fato é inviável pensar a identidade como algo cristalizado e
imutável, uma vez que os sujeitos estão sempre se modificando ao longo do tempo. Há de se
valorizar e respeitar a subjetividade dos indivíduos, a fim de que a diversidade seja vista e
respeitada. Destaca ainda que a identidade dos professores, bem como o caráter do trabalho
pedagógico muitas vezes é controlado, como fica claro em: “Estruturas e políticas tácitas são
pensadas pelo Estado como forma de regulação das identidades dos professores, seja para a
manutenção das identidades oficiais ou para o policiamento das fronteiras identitárias.” (p.50)
Cabe, portanto, ao educador, buscar alternativas conscientes de se contrapor aos modelos de
trabalhos impostos e preestabelecidos, no intuito de exercer sua autonomia intelectual e
profissional.
Apresenta ainda a ideia de identidade e controle, uma vez que esta vem sendo associada ao
poder, ou seja: “Identidade e diferença são produções históricas, resultantes de processos de
produção simbólica e discursiva que envolvem poder, saber, disciplinamento, inclusão,
exclusão e que se caracterizam em representações”. (p.52) Destaca ainda que os fazeres da
profissão docente se misturam às histórias de vida do profissional que constitui sua identidade
por meio desses pilares.
VI. Diversidade e currículo - Nilma Lino Gomes
Defende que: “A diversidade, do ponto de vista cultural, pode ser entendida como a
construção histórica, cultural e social das diferenças. Ela é construída no processo histórico-
cultural, na adaptação do homem e da mulher ao meio social e no contexto das relações de
poder.” (p. 55) O conceito de que os seres humanos são diferentes e que é relevante enxergar
pelo viés positivo a questão, torna-se ainda eixo de sua discussão. Continua o raciocínio e
enfatiza a importância da diferença nas relações humanas e deixa claro que não há nada de
errado nisso e que a humanidade precisa aprender a conviver com a situação, ao invés de criar
situações de hierarquias, domínios e controles, como elucida:
O grande desafio está em desenvolver uma postura ética de não hierarquizar as
diferenças e entender que nenhum grupo humano e social é melhor do que outro. Na
realidade, todos são diferentes. Tal constatação e senso político podem contribuir para
se avançar na construção dos direitos sociais. (p.55)
Cabe ressaltar que os direitos sociais tornam-se uma necessidade de cada cidadão, uma vez
que a diversidade passa a ser compreendida como algo natural que precisa ser respeitada e
valorizada, ao invés de rejeitada.
Há de se pensar que o currículo sempre foi elaborado numa perspectiva patriarcal,
eurocêntrica, carregada de ideais de dominação e controle, entretanto, é preciso visualizar as
propostas pedagógicas como algo além da sala de aula que prima por questões capazes de
compreender a importância da diversidade nas relações humanas. Como se nota:
Compreender a relação entre diversidade e currículo implica delimitar um princípio
radical da educação pública e democrática: a escola pública se tornará cada vez mais
pública na medida em que compreender o direito à diversidade e o respeito às
diferenças como um dos eixos norteadores da sua ação e das práticas pedagógicas.
Para tal, faz-se necessário o rompimento com a postura de neutralidade diante da
diversidade que ainda se encontra nos currículos e em várias iniciativas de políticas
educacionais, as quais tendem a se omitir, negar e silenciar diante da diversidade.
(p.56)
Nota-se que são necessárias políticas públicas incisivas, capazes de combater realmente todas
as formas de discriminação impostas pelo sistema dominante. A autora continua justificando a
questão:
A inserção da diversidade nas políticas educacionais, nos currículos, nas práticas
pedagógicas e na formação docente implica compreender as causas políticas,
econômicas e sociais de fenômenos como: desigualdade, discriminação,
etnocentrismo, racismo, sexismo, homofobia e xenofobia. (p.56)
Vale ainda destacar o papel dos movimentos sociais de militância que se antecipam na luta
por direito à igualdade e respeito à diversidade.
VII. Reinventando a roda: experiências multiculturais de uma educação para todos -
Azoilda Loretto da Trindade
Conclui o capítulo amarrando os pontos colocados nos textos anteriores e ressalta a
importância da diversidade para as relações humanas, além de citar a relevância da escola no
processo de inclusão:
Como prêmio, contingência ou como castigo, somos fadados à multiplicidade e a
história nos coloca diante do grande desafio de aceitar a diferença e aprendermos
ecologicamente, com respeito, sabedoria, humildade, quiçá com amor, a lidar com elas
em todos os espaços, sobretudo, o que é o nosso caso, na escola. Neste caso,
precisamos fortalecer nossa autonomia, nossa capacidade de ler e aprender no/com o
mundo, assumirmos a nossa responsabilidade em escrever no e para o mundo nossas
experiências na busca da invenção da nossa roda, a roda de trabalhos multiculturais
conscientes, críticos, criativos e, assim, contar essas experiências, esse exercício, sair
dos muros da escola no sentido de compartilhar nossas ações com outros coletivos e
fortalecer a complexa rede de produção de saberes da humanidade. (p.62)
Fica claro que a educação é um excelente espaço para se discutir diversidade e propor práticas
de valorização e respeito com relação à tolerância.
SACAVINO, Susana. Interculturalidade e educação: desafios para a reinvenção da
escola. XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP -
Campinas – 2012.
Trata-se de uma pesquisa realizada de março de 2009 a fevereiro de 2012, denominada
“Interculturalidade e Educação na América Latina e no Brasil: saberes, atores e buscas”, cujo
principal foco é a construção de uma perspectiva intercultural capaz de mobilizar práticas
educativas que visem uma educação crítica tendo como horizonte a reinvenção da escola:
O texto está estruturado em quatro partes. A primeira parte apresenta uma
aproximação do referencial teórico trabalhado centrado nas contribuições para o tema
do desenvolvimento da interculturalidade na América Latina e no pensamento de
Boaventura de Sousa Santos. A segunda parte apresenta o processo de construção do
mapa conceitual sobre educação intercultural construído pela equipe de pesquisa. A
terceira parte, visibiliza algumas tensões e desafios para o desenvolvimento de
práticas educativas interculturais no nosso contexto, particularmente no âmbito
escolar. Para finalizar, tecemos algumas considerações sobre a temática abordada com
a convicção de que a educação intercultural é uma tarefa complexa. (p.2)
Inicialmente discute-se o conceito de interculturalidade crítica e não crítica a partir da visão
de alguns pesquisadores que se interessam pelo tema. Enfatiza a fala de Santos com relação a
igualdade e diferença entre os homens: “[...]temos o direito a ser iguais, sempre que a
diferença nos inferioriza; temos o direito de ser diferentes sempre que a igualdade nos
descaracteriza” (SANTOS apud SACAVINO, p. 6) Elucida ainda: “A interculturalidade
fortalece a construção de identidades dinâmicas, abertas e plurais, assim como questiona uma
visão essencializada de sua constituição” (p.8) Vale ressaltar que as diferenças entre os
indivíduos fortalecem as relações sociais e solidificam a diversidade.
Conclui suas ponderações afirmando que o desenvolvimento da educação intercultural no
Brasil trata-se de “um processo complexo, plural e original” (p.11) e precisa ser mais
amplamente discutido e trabalhado, especialmente em sala de aula.
ANDRADE, Patrícia Gomes Rufino. Interfaces nas manifestações religiosas afro-
brasileiras e afro-caboverdianas. 1 Registro encontrado no Relatório Final das Atividades da
Comissão e do Grupo de Trabalho Patrimônio Imaterial.
A pesquisa propõe um diálogo entre as tradições preservadas pelos povos quilombolas e os
elementos dos negros que foram trazidos para o Brasil a fim de serem escravizados. Deixa-se
claro que:
Essas comunidades guardam expressões culturais religiosas, manifestações herdadas -
segundo seus atores, das populações africanas em relevância, que em muito se
assemelham aos cultos Afro- Religiosos e outras manifestações culturais presentes em
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola, entre outros países para onde se destinaram os
escravizados brasileiros. (p.1)
Evidencia ainda a relevância desses saberes que foram preservados e passados de maneira
ancestral para a educação e o modo de vida atual.
I- Processos organizativos: desafios da Etnografia nos estudos das culturas jongueiras
afroreligiosas e afro-brasileiras
Elucida a relevância dos saberes preservados pelas comunidades quilombolas e deixa claro
que os conceitos de educação, respeito e disciplina vão além do que propõe o currículo
tradicional hegemônico, focado no modelo eurocêntrico. Fica claro que por meio do estudo
etnográfico, há grande necessidade de perceber o outro e seus aspectos, a fim de se respeitar a
diversidade ao invés de rejeitá-la.
As tradições culturais estudadas desempenham funções importantes na vida dos envolvidos e
são capazes de trazer ensinamentos que extrapolam as manifestações expostas. Os sujeitos
ativos e participantes, bem como as tradições celebradas, denotam íntimo envolvimento com
o passado e deixa claro o quanto o elemento simbólico é imprescindível para essas
comunidades.
Há de se destacar que os indivíduos não se dissociam do aspecto cultural e religioso, uma vez
que as manifestações demonstram maneira de viver, ser e se colocar no mundo e não apenas
nas rodas de rituais e celebrações. Os cânticos e louvores preservam a memória ancestral e
introduz as novas gerações ao universo que apenas ouviram falar.
II- Patrimônio cultural imaterial – percursos e consolidação de políticas públicas de
apoio à cultura popular
Explica que o interesse em preservar esses patrimônios históricos e culturais começou em
1972 com iniciativa da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura) e destaca ainda:
Esse impulso pelo reconhecimento das expressões populares e do papel que
representam para a preservação das memórias culturais remonta internacionalmente à
década de 1930, e no Brasil, à década de 1970, através do Centro Nacional de
Referência Cultural e, em seguida, da Fundação Nacional Pró-Memória. Observamos,
então, que a preocupação com a documentação das manifestações tradicionais no
Brasil não se restringiu apenas ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural, mas a
várias entidades e instituições que se debruçaram, com destaque para o Centro
Nacional de Folclore e Cultura Popular. (p.11)
Evidente que é preciso desmistificar a ideia de menos valia e muitas vezes até estagnação
cultural atribuídas a essas comunidades a partir da visão hegemônica e eurocêntrica. O
estigma de negatividade impregnado ao longo do tempo, também contribui para que muitas
tradições afro-brasileiras sejam negadas ou até apagadas. No entanto, por meio da Lei
10,639/03, é possível observar que o currículo tem estado aberto à diversidade e as práticas
pedagógicas se preocupam em propor práticas de combate à discriminação e racismo.
Percebe-se que as comunidades quilombolas, bem como os outros agrupamentos sociais
pesquisados têm muito a ensinar e compartilhar, no sentido de respeito à diversidade,
educação ambiental, alimentação, dentre outros aspectos. Aos educadores cabe a missão de se
abrir cada vez mais a estas práticas positivas e levar para sala de aula propostas capazes de
integrar os sujeitos de agrupamentos distintos, a fim de se compartilhar os saberes.

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Fichamento patrícia

  • 1. Especialização UNIAFRO – política de promoção da igualdade racial na escola Universidade Federal do Espírito Santo – UFES - Centro de Educação - Núcleo de Estudos Afro- Brasileiros – NEAB/UFES Disciplina: Dimensões afro-brasileiras no currículo Professora: Patrícia Rufino Manuela Santos Dias VALOR: 100,00 FICHAMENTO Abordagens gerais sobre multiculturalismo e diversidade cultural In.: Africanidades brasileiras e educação [livro eletrônico] : Salto para o Futuro / organização Azoilda Loretto Trindade. Rio de Janeiro: ACERP; Brasília: TV Escola, 2013. 1,58 Mb ; PDF O primeiro capítulo visa apresentar as indagações propostas pela organizadora, visto que: “[...] uma educação multicultural, criativa e inclusiva, no sentido de incluir na pauta as diferenças, o contato, o diálogo e a interação com as diferenças, coloca a própria escola num lugar de questionamento quanto ao seu papel, seu sentido e seu significado.” Fica clara, pois, a necessidade de se questionar o lugar da escola, bem como estabelecer sua real função e papel para os sujeitos nela inseridos. As indagações propostas, além de induzir a reflexão acerca do assunto, denota a relevância de se trabalhar multiculturalismo na escola numa perspectiva que ultrapassa o senso comum e ideário folclórico, que visa comemorar datas aleatórias sem se posicionar criticamente sobre os fatos, como se evidencia em: Ao formular essas questões buscamos evidenciar que trabalhar o multiculturalismo na escola não é apenas colocar imagens de todas as etnias que compõem nossa escola nos murais ou, simplesmente, festejar o Dia do Índio e o Dia Nacional da Consciência Negra. (p. 18) Dentre as indagações cabe ressaltar: “Qual deve ser o papel da escola num contexto multicultural que se sabe político, e que não se supõe racista, nem elitista, nem machista, nem etnocêntrico?” e “Como levar em consideração todos os segmentos da escola? Como enfrentar que nossas mais belas intenções e ações são ainda incipientes, que são muito poucas, embora necessárias?” No intuito de enfatizar a relevância de se questionar sobre os conceitos, bem como direcionar atividades de enfrentamento ao racismo e pensar a escola como um espaço multicultural, diverso e multiplicador de práticas.
  • 2. Justifica a escolha dos textos que ajudarão responder às questões e darão suporte para um bom trabalho, especialmente em sala de aula. Dentre as seleções é possível destacar: V. Identidade e diferença no cotidiano escolar: práticas de formação e de fabricação de identidades docentes, de Elizeu Clementino de Souza. Este texto, nesta coletânea, coloca os e as docentes no centro da roda como produtores e produtoras de histórias de vida (s), no fio de prumo da Identidade e da Diferença. (p.19) Uma vez que ao enxergar o professor como principal ator ao longo do processo de afirmação da identidade, viabiliza e traz mais autenticidade ao trabalho em sala de aula. Há de se destacar ainda: “VI. Diversidade e Currículo, de Nilma Lino Gomes e Reinventando a roda: experiências multiculturais de uma educação para todos, de Azoilda Loretto da Trindade” (p.20) Com textos que discutem diversidade no currículo e convidam para repensar a sala de aula como espaço autêntico de diversidade e inclusão. I. Multiculturalismo ou de como viver junto - Mary Del Priore A autora elucida o conceito de multiculturalismo na perspectiva da coletividade, ou seja, o “viver junto” é posto em cheque no intuito de se esclarecer a ideia de pluriculturalismo dentro dos agrupamentos sociais: O termo “multiculturalismo” designa tanto um fato (sociedades são compostas de grupos culturalmente distintos) quanto uma política (colocada em funcionamento em níveis diferentes) visando à coexistência pacífica entre grupos étnica e culturalmente diferentes. Em todas as épocas, sociedades pluriculturais coexistiram e, hoje, menos de 10% dos países do planeta podem ser considerados como culturalmente homogêneos. ( p. 21) Alerta, entretanto, que “o tratamento político da diversidade cultural é um fenômeno relativamente recente” (p.21) uma vez que teve início nos Estados Unidos e Canadá e a partir da década de 90 difundiu-se na Europa e América do Sul. Ressalta ainda que: “A doutrina multiculturalista avança essencialmente na ideia de que as culturas minoritárias são discriminadas e devem merecer reconhecimento público” (p.21) Entre universalismo e multiculturalismo Amplia o debate sobre multiculturalismo, no intuito de ultrapassar o senso comum que restringe o tema às questões étnicas ou religiosas e esclarece que a discussão vai além, uma vez que o conceito de multiculturalismo se contrapõe aos padrões preestabelecidos, como se nota em:
  • 3. O multiculturalismo combate o que ele considera como uma forma de etnocentrismo, ou seja, combate à visão de mundo da sociedade branca dominante que se toma – desde que a ideia de raça nasceu no processo de expansão europeia – por mais importante do que as demais. A política multiculturalista visa, com efeito, resistir à homogeneidade cultural, sobretudo quando esta homogeneidade afirma-se como única e legítima, reduzindo outras culturas a particularismos e dependência. (p.22) Cabe destacar a relevância do indivíduo e suas particularidades dentro das relações humanas, no sentido de se garantir o multiculturalismo de fato. A fim de ilustrar a questão, a autora usa uma metáfora interessante: Vejamos, num exemplo, como procede esta vertente: a sopa passada no liquidificador transforma tudo num todo homogêneo, no qual não se distinguem mais os elementos que a compõem. Apenas um paladar avisado poderá adivinhar, no sabor, cada um dos ingredientes. Na salada composta, por outro lado, cada ingrediente se distingue dos outros, conservando sua aparência, seu gosto e sua textura. (p.23) Fica evidente que o multiculturalismo seria a salada, uma vez que cada ingrediente se distingue do outro e mesmo se misturando não perde sua particularidade, tal qual o mosaico, que se integra e cada fragmento compõe a unidade por meio da diversidade. As políticas multiculturais Cita que além do Canadá, é possível perceber que em países como Austrália, África do Sul, Colômbia e Paraguai a constituição também abrange questões multiculturais, no entanto, foi nos Estados Unidos que a luta contra a discriminação entrou no centro das lutas. Comenta ainda que na Europa também há interesse em fomentar políticas multiculturais, no entanto, ainda há muito que se conquistar: Na Europa, as práticas multiculturalistas são ainda pouco desenvolvidas. O modelo do Estado-Nação afirmou-se no século XIX, praticando uma política de redução de diferenças culturais e de assimilação de populações imigradas. Nos países europeus, apesar das importantes diferenças nacionais (na Inglaterra, por exemplo, está bem avançada a luta contra discriminações étnicas), o particularismo é percebido como uma divisão e uma regressão culturais. O multiculturalismo, por sua vez, é um desafio fundamental para a consolidação da União Europeia (p.23) Dentre os países da Europa, destaca a França como modelo de respeito à diversidade, haja vista que tem se observado algumas políticas de inclusão dentre os povos. Os limites do multiculturalismo Discute os limites para se defender o multiculturalismo e deixa claro que há prós e contras no processo de luta e militância, uma vez que em algumas situações um mecanismo acaba funcionando como meio de exclusão para algumas culturas e destaca: A quem cabe a legitimidade de atribuir uma identidade? Não é o indivíduo o único capaz 25 de escolher a sua, ou as suas identidades de pertença? Mais ainda, quando
  • 4. pensamos que identidades individuais são construídas em oposição ao grupo de pertença, os especialistas concordam sobre o princípio de que as diferenças culturais não podem colocar em causa os direitos do homem e do cidadão. (p.24 e 25) Observa-se que o respeito à individualidade e ao mesmo tempo, diversidade, funciona como limiar do multiculturalismo, no sentido de se respeitar as particularidades do sujeito, bem como, seu sentimento de pertença a determinado grupo. Novas perspectivas Deixa claro que muito tem sido feito no sentido de estabelecer respeito e tolerância à diversidade. Evidencia ainda a potência dos movimentos sociais nesse contexto e cita ainda o processo de afirmação da identidade do negro no Brasil como um movimento positivo nessa perspectiva. II. Por um multiculturalismo democrático - Sueli Carneiro Inicia enfatizando: “Gênero, raça/etnia, orientação sexual, religião e classe social são algumas das variáveis que se impõem contemporaneamente, conformando novos sujeitos políticos que demandam ao Estado e à sociedade por reconhecimento e políticas inclusivas.” (p. 28) Complementa afirmando que a emergência desses novos atores decorre da necessidade de se discutir o universalismo identitário proposto à sociedade: A imposição de um sujeito universal ao qual todos os seres humanos seriam redutíveis obscureceu, ao longo dos tempos, as ideologias discricionárias que promovem as desigualdades entre os sexos, as raças, as classes sociais, as religiões etc (p.28) Há de se reconhecer que modelos como patriarcalismo é um dos mecanismos de controle e violência dentro das relações sociais. É posto que os paradigmas buscam privilegiar hábitos e comportamentos, a fim de se garantir domínio das ações humanas, uma vez que o dominador exerce seu poder de escolha dentro da sociedade e determina o que é positivo ou negativo. Nesse contexto surgem os movimentos de luta por igualdade de direitos e respeitos, como das mulheres, homossexuais, negros e etc. Com relação ao racismo, muito tem sido conquistado: “[...] as organizações negras vêm desenvolvendo um conjunto de “boas práticas”, ou de experiências exemplares, em nível nacional, para a inclusão efetiva dos negros na sociedade brasileira.” (p.31) Continua reforçando a ideia: Essas experiências expressam a responsabilidade que os negros organizados têm em relação à população negra, na busca de construção de uma rede de solidariedade baseada na identidade racial e na consciência do pertencimento a uma comunidade de destino fundada numa experiência histórica compartilhada. Essas práticas visam à superação da discriminação racial e, sobretudo, visam oferecer ao Estado e aos governos modelos para políticas públicas que, ao beneficiarem a comunidade negra, promovam a realização da igualdade de direitos e oportunidades. (p. 31)
  • 5. A luta por igualdade de direitos configura-se como uma necessidade atual, uma vez que a diversidade precisa ser vista e compreendida como algo natural dentro da sociedade e conclui a ideia: Como indica uma propaganda, “é hora de mudar os nossos conceitos”. Isso implica, por exemplo, desnaturalizar a heterossexualidade, a hegemonia masculina, a supremacia branca. Nesse último caso, exige, sobretudo, no rompimento com o “conforto” do mito da democracia racial, em prol do reconhecimento de que é imperiosa a correção das injustiças sociais motivadas pela exclusão dos negros, em especial das mulheres negras em nossa sociedade. (p.31) Fica claro que é preciso desconstruir os paradigmas e lutar contra as imposições sociais que privilegiam o homem braço e suas concepções limitadas. Finaliza o texto destacando a necessidade de buscar equidade nas relações sociais, a fim de negros, brancos, indígenas, homossexuais e mulheres ocupem os espaços que almejem no mercado de trabalho ou em qualquer outro lugar. Enfatiza que é preciso interromper esse processo de marginalização e extermínio da população negra e indígena e reforça ainda a necessidade que o Brasil tem de se afirmar como nação diversa e não como país branco. III. Pluralidade e diversidade - Carla Ramos A cidade como espaço a ser permanentemente conquistado Apresenta a cidade como espaço de diversidade onde as questões sociais ocorrem: “A cidade é o lugar onde estes embates se dão, ela é moldada, ela está organizada, ela reflete e é refletida nestes encontros promovidos sob a égide da diversidade e da pluralidade.” (p. 37) Por este prisma, o indivíduo ocupa a cidade e carrega consigo todas as suas características históricas e memórias físicas e empíricas da sua vida e familiares. Dessa forma, a cidade é o espaço físico da diversidade e pluralidade, posto que esta é a bagagem que seus ocupantes carregam ao longo da existência. Deixa claro que: “A cidade precisa ser constantemente capturada por seus cidadãos, afinal de contas, são eles que lhe imprimem sentido” (p.37) O lugar físico torna-se espaço de memória e acumula histórias e precisa ser reconquistado a cada instante na perspectiva de valorização e respeito à diversidade. IV. Saberes culturais e educação do futuro - Edgard de Assis Carvalho Inicia elucidando o conceito de saberes culturais: “São o acervo de conhecimentos, entendimentos, realizações, progressos, regressões, utopias, desencantamentos, produto de uma aventura que nós construímos no planeta Terra, datada de pelo menos 130 mil anos.” (p.39) O conhecimento acumulado ao longo do tempo torna-se matéria prima para o
  • 6. desenvolvimento sociocultural. Apresenta a articulação do saber dentro das sociedades e discute a evolução cognitiva, bem como seus aspectos positivos e negativos. Destaca que a concepção de cultura passou por alterações ao longo da história e concluiu que há distinção entre comportamento natural e cultural. Cita grandes nomes como Fernando Diniz, Claude LéviStrauss, Humberto Maturana e Francisco Varela, dentre outros a fim de fundamentar sua discussão. O autor amarra bem as ideias, uma vez que cita grandes eventos como a evolução humana e os passos vivenciados para se chegar ao ponto que a sociedade hoje se encontra. Há de se destacar, no entanto, que o autor se perde ao longo do texto, uma vez que deixa um pouco vaga sua conclusão. V. Redes de convivência e de enfrenta mento das Desigualdades - Elizeu Clementino de Souza Discute o lugar e papel da escola no contexto de enfrentamento das desigualdades sociais e enfatiza a necessidade de se refletir sempre acerca da função docente em sala de aula: Vivemos numa sociedade marcada pela pluralidade de imagens e diferenças sociais e culturais. A escola, por sua vez, buscará desenvolver seu projeto pedagógico com ênfase nas diferenças e nas relações que os indivíduos estabelecem consigo mesmos e com os outros. Convém questionar se nós, professores, desenvolvemos nossas práticas tendo em vista a assunção das identidades e o respeito às diferenças. (p.47) A reflexão da prática docente conduz a um trabalho mais incisivo, a medida que se aprimora os métodos de trabalho em sala de aula, melhores resultados são atingidos, uma vez que a educação funciona como: [...] um processo de autotransformação do sujeito, que envolve e provoca aprendizagens em diferentes domínios da existência, evidenciando o processo que acontece em cada indivíduo, traduzindo-se na dinâmica que estrutura ou é estruturada por cada um no seu modo de ser, estar, sentir, refletir e agir. (p. 48) Essas ideias elucidam a real função da educação que não se limita em transferir conhecimento e sim, visa garantir que o sujeito seja intelectualmente autônomo, capaz de produzir saberes e julgar suas escolhas de acordo com sua maneira de perceber e ver o mundo. Como espaço de convivência, a escola funciona como lugar de propagação do saber e meio de diálogo e preparação para a vida, como fica claro em: A vivência escolar se entrecruza, no seu cotidiano, com valores produzidos no coletivo e no âmbito social, na medida em que esses valores se modificam de acordo
  • 7. com os condicionantes econômicos, políticos, institucionais, culturais, físico- ambientais e ético-estéticos. (p.48) Reforça que em função desse fato é inviável pensar a identidade como algo cristalizado e imutável, uma vez que os sujeitos estão sempre se modificando ao longo do tempo. Há de se valorizar e respeitar a subjetividade dos indivíduos, a fim de que a diversidade seja vista e respeitada. Destaca ainda que a identidade dos professores, bem como o caráter do trabalho pedagógico muitas vezes é controlado, como fica claro em: “Estruturas e políticas tácitas são pensadas pelo Estado como forma de regulação das identidades dos professores, seja para a manutenção das identidades oficiais ou para o policiamento das fronteiras identitárias.” (p.50) Cabe, portanto, ao educador, buscar alternativas conscientes de se contrapor aos modelos de trabalhos impostos e preestabelecidos, no intuito de exercer sua autonomia intelectual e profissional. Apresenta ainda a ideia de identidade e controle, uma vez que esta vem sendo associada ao poder, ou seja: “Identidade e diferença são produções históricas, resultantes de processos de produção simbólica e discursiva que envolvem poder, saber, disciplinamento, inclusão, exclusão e que se caracterizam em representações”. (p.52) Destaca ainda que os fazeres da profissão docente se misturam às histórias de vida do profissional que constitui sua identidade por meio desses pilares. VI. Diversidade e currículo - Nilma Lino Gomes Defende que: “A diversidade, do ponto de vista cultural, pode ser entendida como a construção histórica, cultural e social das diferenças. Ela é construída no processo histórico- cultural, na adaptação do homem e da mulher ao meio social e no contexto das relações de poder.” (p. 55) O conceito de que os seres humanos são diferentes e que é relevante enxergar pelo viés positivo a questão, torna-se ainda eixo de sua discussão. Continua o raciocínio e enfatiza a importância da diferença nas relações humanas e deixa claro que não há nada de errado nisso e que a humanidade precisa aprender a conviver com a situação, ao invés de criar situações de hierarquias, domínios e controles, como elucida: O grande desafio está em desenvolver uma postura ética de não hierarquizar as diferenças e entender que nenhum grupo humano e social é melhor do que outro. Na realidade, todos são diferentes. Tal constatação e senso político podem contribuir para se avançar na construção dos direitos sociais. (p.55)
  • 8. Cabe ressaltar que os direitos sociais tornam-se uma necessidade de cada cidadão, uma vez que a diversidade passa a ser compreendida como algo natural que precisa ser respeitada e valorizada, ao invés de rejeitada. Há de se pensar que o currículo sempre foi elaborado numa perspectiva patriarcal, eurocêntrica, carregada de ideais de dominação e controle, entretanto, é preciso visualizar as propostas pedagógicas como algo além da sala de aula que prima por questões capazes de compreender a importância da diversidade nas relações humanas. Como se nota: Compreender a relação entre diversidade e currículo implica delimitar um princípio radical da educação pública e democrática: a escola pública se tornará cada vez mais pública na medida em que compreender o direito à diversidade e o respeito às diferenças como um dos eixos norteadores da sua ação e das práticas pedagógicas. Para tal, faz-se necessário o rompimento com a postura de neutralidade diante da diversidade que ainda se encontra nos currículos e em várias iniciativas de políticas educacionais, as quais tendem a se omitir, negar e silenciar diante da diversidade. (p.56) Nota-se que são necessárias políticas públicas incisivas, capazes de combater realmente todas as formas de discriminação impostas pelo sistema dominante. A autora continua justificando a questão: A inserção da diversidade nas políticas educacionais, nos currículos, nas práticas pedagógicas e na formação docente implica compreender as causas políticas, econômicas e sociais de fenômenos como: desigualdade, discriminação, etnocentrismo, racismo, sexismo, homofobia e xenofobia. (p.56) Vale ainda destacar o papel dos movimentos sociais de militância que se antecipam na luta por direito à igualdade e respeito à diversidade. VII. Reinventando a roda: experiências multiculturais de uma educação para todos - Azoilda Loretto da Trindade Conclui o capítulo amarrando os pontos colocados nos textos anteriores e ressalta a importância da diversidade para as relações humanas, além de citar a relevância da escola no processo de inclusão: Como prêmio, contingência ou como castigo, somos fadados à multiplicidade e a história nos coloca diante do grande desafio de aceitar a diferença e aprendermos ecologicamente, com respeito, sabedoria, humildade, quiçá com amor, a lidar com elas em todos os espaços, sobretudo, o que é o nosso caso, na escola. Neste caso, precisamos fortalecer nossa autonomia, nossa capacidade de ler e aprender no/com o mundo, assumirmos a nossa responsabilidade em escrever no e para o mundo nossas experiências na busca da invenção da nossa roda, a roda de trabalhos multiculturais conscientes, críticos, criativos e, assim, contar essas experiências, esse exercício, sair
  • 9. dos muros da escola no sentido de compartilhar nossas ações com outros coletivos e fortalecer a complexa rede de produção de saberes da humanidade. (p.62) Fica claro que a educação é um excelente espaço para se discutir diversidade e propor práticas de valorização e respeito com relação à tolerância. SACAVINO, Susana. Interculturalidade e educação: desafios para a reinvenção da escola. XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas – 2012. Trata-se de uma pesquisa realizada de março de 2009 a fevereiro de 2012, denominada “Interculturalidade e Educação na América Latina e no Brasil: saberes, atores e buscas”, cujo principal foco é a construção de uma perspectiva intercultural capaz de mobilizar práticas educativas que visem uma educação crítica tendo como horizonte a reinvenção da escola: O texto está estruturado em quatro partes. A primeira parte apresenta uma aproximação do referencial teórico trabalhado centrado nas contribuições para o tema do desenvolvimento da interculturalidade na América Latina e no pensamento de Boaventura de Sousa Santos. A segunda parte apresenta o processo de construção do mapa conceitual sobre educação intercultural construído pela equipe de pesquisa. A terceira parte, visibiliza algumas tensões e desafios para o desenvolvimento de práticas educativas interculturais no nosso contexto, particularmente no âmbito escolar. Para finalizar, tecemos algumas considerações sobre a temática abordada com a convicção de que a educação intercultural é uma tarefa complexa. (p.2) Inicialmente discute-se o conceito de interculturalidade crítica e não crítica a partir da visão de alguns pesquisadores que se interessam pelo tema. Enfatiza a fala de Santos com relação a igualdade e diferença entre os homens: “[...]temos o direito a ser iguais, sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito de ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza” (SANTOS apud SACAVINO, p. 6) Elucida ainda: “A interculturalidade fortalece a construção de identidades dinâmicas, abertas e plurais, assim como questiona uma visão essencializada de sua constituição” (p.8) Vale ressaltar que as diferenças entre os indivíduos fortalecem as relações sociais e solidificam a diversidade. Conclui suas ponderações afirmando que o desenvolvimento da educação intercultural no Brasil trata-se de “um processo complexo, plural e original” (p.11) e precisa ser mais amplamente discutido e trabalhado, especialmente em sala de aula.
  • 10. ANDRADE, Patrícia Gomes Rufino. Interfaces nas manifestações religiosas afro- brasileiras e afro-caboverdianas. 1 Registro encontrado no Relatório Final das Atividades da Comissão e do Grupo de Trabalho Patrimônio Imaterial. A pesquisa propõe um diálogo entre as tradições preservadas pelos povos quilombolas e os elementos dos negros que foram trazidos para o Brasil a fim de serem escravizados. Deixa-se claro que: Essas comunidades guardam expressões culturais religiosas, manifestações herdadas - segundo seus atores, das populações africanas em relevância, que em muito se assemelham aos cultos Afro- Religiosos e outras manifestações culturais presentes em Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola, entre outros países para onde se destinaram os escravizados brasileiros. (p.1) Evidencia ainda a relevância desses saberes que foram preservados e passados de maneira ancestral para a educação e o modo de vida atual. I- Processos organizativos: desafios da Etnografia nos estudos das culturas jongueiras afroreligiosas e afro-brasileiras Elucida a relevância dos saberes preservados pelas comunidades quilombolas e deixa claro que os conceitos de educação, respeito e disciplina vão além do que propõe o currículo tradicional hegemônico, focado no modelo eurocêntrico. Fica claro que por meio do estudo etnográfico, há grande necessidade de perceber o outro e seus aspectos, a fim de se respeitar a diversidade ao invés de rejeitá-la. As tradições culturais estudadas desempenham funções importantes na vida dos envolvidos e são capazes de trazer ensinamentos que extrapolam as manifestações expostas. Os sujeitos ativos e participantes, bem como as tradições celebradas, denotam íntimo envolvimento com o passado e deixa claro o quanto o elemento simbólico é imprescindível para essas comunidades. Há de se destacar que os indivíduos não se dissociam do aspecto cultural e religioso, uma vez que as manifestações demonstram maneira de viver, ser e se colocar no mundo e não apenas nas rodas de rituais e celebrações. Os cânticos e louvores preservam a memória ancestral e introduz as novas gerações ao universo que apenas ouviram falar.
  • 11. II- Patrimônio cultural imaterial – percursos e consolidação de políticas públicas de apoio à cultura popular Explica que o interesse em preservar esses patrimônios históricos e culturais começou em 1972 com iniciativa da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e destaca ainda: Esse impulso pelo reconhecimento das expressões populares e do papel que representam para a preservação das memórias culturais remonta internacionalmente à década de 1930, e no Brasil, à década de 1970, através do Centro Nacional de Referência Cultural e, em seguida, da Fundação Nacional Pró-Memória. Observamos, então, que a preocupação com a documentação das manifestações tradicionais no Brasil não se restringiu apenas ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural, mas a várias entidades e instituições que se debruçaram, com destaque para o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular. (p.11) Evidente que é preciso desmistificar a ideia de menos valia e muitas vezes até estagnação cultural atribuídas a essas comunidades a partir da visão hegemônica e eurocêntrica. O estigma de negatividade impregnado ao longo do tempo, também contribui para que muitas tradições afro-brasileiras sejam negadas ou até apagadas. No entanto, por meio da Lei 10,639/03, é possível observar que o currículo tem estado aberto à diversidade e as práticas pedagógicas se preocupam em propor práticas de combate à discriminação e racismo. Percebe-se que as comunidades quilombolas, bem como os outros agrupamentos sociais pesquisados têm muito a ensinar e compartilhar, no sentido de respeito à diversidade, educação ambiental, alimentação, dentre outros aspectos. Aos educadores cabe a missão de se abrir cada vez mais a estas práticas positivas e levar para sala de aula propostas capazes de integrar os sujeitos de agrupamentos distintos, a fim de se compartilhar os saberes.