O documento discute as filosofias de Descartes e Kant. Resume que Descartes desenvolveu o método da dúvida para encontrar certezas, concluindo que pode duvidar de tudo exceto de sua própria existência. Kant acreditava que tanto os racionalistas quanto os empiristas estavam parcialmente certos e errados, defendendo que o conhecimento vem tanto da razão quanto da experiência.
1. FILOSOFIA – Descartes e Kant
Metodologia a seguir:
1. Ler atentamente os texto que a seguir se transcrevem.
2. Responder ao questionário apresentado na folha (pode haver entreajuda).
Após a realização de todas as questões deve verificar as suas respostas
consultando os tópicos de correcção.
“ Immanuel Kant nasceu em 1724 em Konigsberg, uma cidade da Prússia ocidental, e era
filho de um seleiro. Passou aí quase toda a sua vida até morrer com a idade de 80 anos.
(…) Kant foi também o primeiro dos filósofos que tratámos que leccionava filosofia
numa universidade. Era professor de filosofia.
- Professor?
- A palavra «filósofo» é usada hoje em dois sentidos diferentes. Por filósofo entendemos
(…) uma pessoa que procura encontrar as suas próprias respostas para as questões
filosóficas. Mas um filósofo pode (…) ser um conhecedor da história da filosofia, sem
desenvolver necessariamente uma filosofia própria.
- E Kant era um conhecedor?
- Em ambas as coisas. (…)
(…) sabemos que os racionalistas consideravam que o fundamento de todo o
conhecimento humano residia na razão. E sabemos ainda que os empiristas achavam
que todo o conhecimento sobre o mundo provinha da experiência sensível. (…)
- E com quem é que Kant estava de acordo?
- Ele achava que todos tinham de certa forma razão, mas também que todos estavam
parcialmente errados.”
J. Gaarder
1.Mostre a importância da dúvida na filosofia cartesiana.
2.Como prova Descartes a existência de Deus?
3.Explicite a função da sensibilidade e entendimento na teoria do conhecimento
kantiana.
4.Explique a distinção kantiana entre fenómeno e númeno.
“ Tal como o adulto, a criança não executa acto algum, exterior ou até completamente
interior, senão movida por um móbil, e esse móbil traduz-se sempre sob a forma de
uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse, uma pergunta, etc.).
Ora, (…) uma necessidade é sempre a manifestação de um equilíbrio: há uma
necessidade quando alguma coisa, fora ou dentro de nós (no nosso organismo físico ou
mental) se modificou, sendo preciso reajustar a conduta em função dessa alteração”
Jean Piaget
5.Tempo por base o texto, explicite o sentido da afirmação: «a acção humana é um
mecanismo de contínuo e perpétuo reajustamento ou de equilibração».
TÓPICOS DE CORRECÇÃO
devem servir como orientadores da sua resposta;
2. alguns tópicos devem ser desenvolvidos.
1.Descartes parece querer exagerar na desconfiança para verificar se é mesmo evidente
e indubitável o que pensamos conhecer – dúvida metódica; ela é um método para
chegar à verdade, por isso é importante.
O seu cepticismo inicial é metódico, é visto como uma estratégia para por à prova a
validade de todo o conhecimento, na tentativa de encontrar uma certeza. Descartes
não é um filósofo céptico e acabará por admitir que o mundo existe e que podemos
conhecê-lo, se soubermos usar a forma de conhecimento que entende como
adequada – o conhecimento racional.
EXISTIRÁ ALGUMA COISA DA QUAL POSSAMOS TER A CERTEZA?
Se acreditar que tudo o que penso conhecer não é senão um sonho ou ficção
produzida por um Deus maligno, restará alguma coisa segura que nem o sonho nem
esse deus possam transformar em falso?
Pode ser que não exista nenhuma das coisas que os meus sentidos me mostram,
pode ser que o meu corpo não exista; porém, mesmo que toda a minha experiência e
conhecimento sejam resultado da acção de um deus maligno que me engana, o
próprio facto de estar a ser enganado demonstra que existo, pois se não existisse não
poderia ser enganado. Se duvido, se sonho, se estou a ser enganado, devo existir para
poder duvidar, sonhar e ser enganado.
PENSO, LOGO EXISTO (COGITO, ERGO SUM).
2.Entre as ideias nele existentes, Descartes descobre a ideia clara e nítida de um ser
perfeito. Qual a origem desta ideia? Só pode vir de um ser perfeito o qual não pode ser
apenas uma ideia, mas deve existir como ser autónomo.
• Este ser não pode ter vindo dos sentidos, pois um tal ser não é visível;
• Não pode ter origem em nós mesmos, pois somos imperfeitos;
• Tem de ser uma ideia inata que foi posta em nós por esse tal ser perfeito;
• Implica a sua existência por não ser possível ter uma ideia de um ser com tão
grande perfeição e tal ser não existir. Um ser perfeito não seria perfeito se não
existisse; é que uma das qualidades fundamentais da perfeição é, segundo Descartes, a
existência.
Descartes chega, assim, a duas verdades:
1)existe o eu pensante (o cogito);
2)existe Deus, um ser perfeito.
E o mundo existe? Como podemos ter a certeza de que não se trata de um sonho ou
de uma
simulação produzida por um deus maligno? O mundo existe, pois Deus, ao contrário de
um génio maligno, não nos engana quando avaliamos a realidade material a partir de
relações matemáticas quantificáveis. Deus torna-se a garantia de que tudo aquilo que
conhecemos.
3.O nosso conhecimento provém de 2 fontes: a sensibilidade = capacidade de receber
representações (receptividade); por seu intermédio os objectos são-nos dados; só ela
fornece intuições, mas é entendimento que pensa esses objectos e é dele que provêm
os conceitos. Explicar a quais as formas a priori da sensibilidade e a suas funções).
Pela 1ª o objecto é-nos dado, pela 2ª ele é pensado. Intuições e conceitos constituem
os elementos de todo o nosso conhecimento. “Pensamentos sem conteúdo são vazios;
intuições sem conceitos são cegas”, as 2 faculdades atrás referidas não podem trocar
de lugar, só pela sua reunião se obtém o conhecimento.
3. 4.Há coisas que podemos conhecer outras que podemos pensar (convém referir alguns
exemplos). Apenas podemos conhecer o fenómeno, isto é, a representação imagética
construída pelo sujeito após o trabalho desenvolvido pela sensibilidade e
entendimento. O númeno = coisa em si = incognoscível.
5.Quando estamos perante um objectoe estese apresenta para ser conhecido “alguma
coisa, fora ou dentro de nós" há um desequilíbrio que tem que ser reposto. As acções e
operações que realizamos são integradas em nós, sob a forma de imagens e esquemas
mentais temos que explicar os processos de construção da inteligência e do
conhecimento (assimilação, acomodação, equilibração); e porque ” uma necessidade é
sempre a manifestação de um equilíbrio: há uma necessidade quando alguma coisa (…)
se modificou, sendo preciso reajustar a conduta em função dessa alteração”, então é
necessário repor o equilíbrio pois para haver conhecimento há uma construção
gradual por parte do sujeito que, sucessivamente realiza um “contínuo e perpétuo
reajustamento”.