SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 1
Baixar para ler offline
Objeções ao fundacionalismo
empirista de Hume
O contraexemplo do matiz
de azul desconhecido
A primeira objeção que iremos conside-
rar é um contraexemplo ao Princípio da
Cópia apresentado pelo próprio Hume, após
ter formulado o argumento do cego de nas-
cença. Presta atenção à experiência que se
segue:
Assim, embora Hume acreditasse que a
maioria de nós estaria tentada a afirmar que,
nestas circunstâncias, a pessoa seria ca-
paz de imaginar o matiz de azul em falta,
mesmo na ausência da impressão cor-
respondente, desvaloriza o contraexemplo
por considerá-lo uma situação demasiado
invulgar para que realmente possa por em
causa o Princípio da Cópia.
Objeção à imagem da mente como
tábua rasa
No século XX, o filósofo americano Jerry
Fodor propôs um argumento que põe em
causa a crença partilhada pelos empiristas
de que, à nascença, a nossa mente é como
uma tábua rasa (ou folha em branco). Fodor
considera que:
Assim, a minha pergunta é se lhe seria possível,
a partir da sua própria imaginação, suprir essa
deficiência e trazer à sua mente a ideia daquele
matiz em particular, apesar de este nunca lhe
ter sido transmitido pelos sentidos. Acredito
que poucos serão de opinião de que tal não
lhe seja possível, o que pode servir como prova
de que as ideias simples nem sempre são, em
todos os casos, derivadas das impressões cor-
respondentes, embora este exemplo seja tão
singular que quase não vale a pena assinalá-lo,
e tampouco merece que, apenas por sua causa,
devamos modificar a nossa tese geral.
Suponhamos (…) que uma pessoa foi dotada
de visão durante trinta anos e se familiarizou
perfeitamente com cores de todos os tipos,
com exceção, digamos, de um determinado
matiz de azul, com o qual nunca calhou se
deparar. Suponhamos que todos os diferentes
matizes dessa cor, com exceção daquele único,
sejam colocados perante essa pessoa, descen-
do gradualmente do mais escuro para o mais
claro. É óbvio que ela perceberá um vazio no
lugar onde falta aquele matiz, e perceberá que
nesse lugar há uma distância entre as cores
contíguas maior do que em qualquer outro.
Será que Hume tem razão quando afirma que o contraexemplo do matiz de azul desco-
nhecido é tão invulgar que não afeta o Princípio da Cópia? Porquê?
O matiz de azul desconhecido
David Hume (1748), Investigação sobre o Entendimento Humano.
Trad. João Paulo Monteiro. Lisboa: INCM, 2002, pp. 36-37
Vídeo
Experiência de
Pensamento: Tom de
Azul Desconhecido
174 IV. 1 . DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ATIVIDADE COGNOSCITIVA
Assim, uma vez que à nascença somos
capazes de aprender uma Língua e qualquer
processo de aprendizagem de uma Língua
pressupõe algum conhecimento linguístico,
Fodor acredita ter demonstrado a existência
de conhecimento linguístico inato.
Explicitamente formulado, o argumento
diz-nos o seguinte:
Se encararmos este conhecimento inato
do funcionamento da língua como genuíno
conhecimento acerca do mundo, teremos de
abandonar a ideia de que, à nascença, a mente
é uma tábua rasa (ou folha em branco).
Objeção do homúnculo
Através do Argumento da Mesa, Hume
demonstrou que aquilo que está presente
na nossa mente não são os objetos reais do
mundo exterior, mas sim uma imagem ou
representação mental dos mesmos. Esta
imagem do funcionamento da mente parece
implicar que somos homúnculos (pessoas
minúsculas) fechados numa espécie de ci-
nema privado no interior das nossas men-
tes, onde nos são apresentadas imagens
ou representações dos objetos do mun-
do exterior aos quais não temos qualquer
tipo de acesso direto.
Mas esta imagem do funcionamento da
mente levanta os mesmos problemas que
os colocados a propósito da nossa relação
com o mundo exterior. Se a natureza da ex-
plicação se mantiver inalterada, acabaremos
por supor a existência de outro homúnculo
dentro da mente do primeiro e assim suces-
sivamente, caindo numa regressão infinita
de homúnculos, que aparentemente deixa
por explicar o processo de interação entre a
mente e o mundo.
Aprender uma Língua (incluindo, é claro, uma primeira Língua) implica
aprender o que os predicados dessa linguagem significam. Aprender o que os
predicados de uma linguagem significam implica uma determinação da sua
extensão. Aprender a determinação da extensão de predicados implica aprender que determinadas
regras se lhes aplicam (…).Mas não podemos aprender que R se aplica a P a menos que tenhamos
uma Língua em que P e R possam ser representados. Portanto, não podemos aprender uma Lín-
gua a menos que já tenhamos uma Língua.
Jerry Fodor (1976), The Language of Thought. Trad. Luís Veríssimo. Hassocks, Sussex: Harvester Press, pp. 63-64
“
”
(1) Para aprender uma Língua temos de
aprender regras.
(2) Para aprender regras temos de ser
capazes de as representar.
(3) Para aprender uma Língua temos de ser
capazes de representar regras. (De 1 e 2)
(4) Para poder representar regras temos de
ter algum conhecimento linguístico.
(5) Para aprender uma Língua temos de ter
algum conhecimento linguístico. (De 3 e 4)
(6) Quando nascemos temos a capacidade
de aprender uma Língua.
(7) Se quando nascemos temos a
capacidade de aprender uma Língua e para
aprender uma Língua temos de ter algum
conhecimento linguístico, então existe
conhecimento linguístico inato.
(8) Logo, existe conhecimento linguístico
inato. (De 5 a 7)
Explicar a interação mente-mundo através da imagem de um homúnculo
fechado numa espécie de cinema mental, onde nos são apresentadas
imagens ou representações dos objetos do mundo exterior, conduz a uma
regressão infinita de homúnculos que deixa o problema por resolver.
Jerry Fodor
(1935),	EUA
Conceituado
filósofo da mente
americano. Leciona
na	Universidade	de	
Rutgers	e	é	conhecido	
pela sua defesa de
uma posição realista
quanto	à	natureza	
do funcionamento
da mente. Para
este autor, o
pensamento deve ser
entendido como um
processo	análogo	à	
computação.
175IV. 1 . DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ATIVIDADE COGNOSCITIVA

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Sermão aos peixes cap. i
Sermão aos peixes   cap. iSermão aos peixes   cap. i
Sermão aos peixes cap. iameliapadrao
 
O hábito e a ideia de conexão necessária
O hábito e a ideia de conexão necessáriaO hábito e a ideia de conexão necessária
O hábito e a ideia de conexão necessáriaLuis De Sousa Rodrigues
 
Sermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesSermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesvermar2010
 
Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva
Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade CognoscitivaFilosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva
Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade CognoscitivaRafael Cristino
 
Teorias Explicativas do Conhecimento - Descartes
Teorias Explicativas do Conhecimento - DescartesTeorias Explicativas do Conhecimento - Descartes
Teorias Explicativas do Conhecimento - DescartesJorge Barbosa
 
Provas da existência de Deus segundo Descartes
Provas da existência de Deus segundo DescartesProvas da existência de Deus segundo Descartes
Provas da existência de Deus segundo DescartesJoana Filipa Rodrigues
 
Capítulo II Sermão de Santo António aos Peixes Padre António Vieira
Capítulo II Sermão de Santo António aos Peixes Padre António VieiraCapítulo II Sermão de Santo António aos Peixes Padre António Vieira
Capítulo II Sermão de Santo António aos Peixes Padre António VieiraAlexandra Madail
 
Contributo de Descartes
Contributo de DescartesContributo de Descartes
Contributo de DescartesJorge Barbosa
 
Karl popper - Filosofia 11º ano
Karl popper - Filosofia 11º anoKarl popper - Filosofia 11º ano
Karl popper - Filosofia 11º anoFilipaFonseca
 

Mais procurados (20)

Frei Luís de Sousa, síntese
Frei Luís de Sousa, sínteseFrei Luís de Sousa, síntese
Frei Luís de Sousa, síntese
 
Popper – o problema da demarcação
Popper – o problema da demarcaçãoPopper – o problema da demarcação
Popper – o problema da demarcação
 
Hume
HumeHume
Hume
 
DESCARTES 11ANO
DESCARTES 11ANODESCARTES 11ANO
DESCARTES 11ANO
 
O indutivismo
O indutivismoO indutivismo
O indutivismo
 
Descartes críticas
Descartes críticasDescartes críticas
Descartes críticas
 
Cógito cartesiano de Descartes
Cógito cartesiano de DescartesCógito cartesiano de Descartes
Cógito cartesiano de Descartes
 
Sermão aos peixes cap. i
Sermão aos peixes   cap. iSermão aos peixes   cap. i
Sermão aos peixes cap. i
 
O hábito e a ideia de conexão necessária
O hábito e a ideia de conexão necessáriaO hábito e a ideia de conexão necessária
O hábito e a ideia de conexão necessária
 
Sermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesSermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixes
 
Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva
Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade CognoscitivaFilosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva
Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva
 
Teorias Explicativas do Conhecimento - Descartes
Teorias Explicativas do Conhecimento - DescartesTeorias Explicativas do Conhecimento - Descartes
Teorias Explicativas do Conhecimento - Descartes
 
Provas da existência de Deus segundo Descartes
Provas da existência de Deus segundo DescartesProvas da existência de Deus segundo Descartes
Provas da existência de Deus segundo Descartes
 
As relações de ideias
As relações de ideiasAs relações de ideias
As relações de ideias
 
Capítulo II Sermão de Santo António aos Peixes Padre António Vieira
Capítulo II Sermão de Santo António aos Peixes Padre António VieiraCapítulo II Sermão de Santo António aos Peixes Padre António Vieira
Capítulo II Sermão de Santo António aos Peixes Padre António Vieira
 
Contributo de Descartes
Contributo de DescartesContributo de Descartes
Contributo de Descartes
 
David hume e o Empirismo
David hume e o EmpirismoDavid hume e o Empirismo
David hume e o Empirismo
 
Karl popper - Filosofia 11º ano
Karl popper - Filosofia 11º anoKarl popper - Filosofia 11º ano
Karl popper - Filosofia 11º ano
 
Frei Luís de Sousa
Frei Luís de Sousa  Frei Luís de Sousa
Frei Luís de Sousa
 
Descartes
DescartesDescartes
Descartes
 

Semelhante a Objeções_Hume

Filósofos modernos e seus pensamentos 2º va
Filósofos modernos e seus pensamentos   2º vaFilósofos modernos e seus pensamentos   2º va
Filósofos modernos e seus pensamentos 2º vaProfMario De Mori
 
O problema da causalidade.docx
O problema da causalidade.docxO problema da causalidade.docx
O problema da causalidade.docxrmagaspar
 
Iscp1401 iscp1401 305-022159
Iscp1401 iscp1401 305-022159Iscp1401 iscp1401 305-022159
Iscp1401 iscp1401 305-022159Diogo Bautista
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãoAlvaro Morais
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotaçãocepmaio
 
Intertextualidade by koch-bentes-cavalcante
Intertextualidade by  koch-bentes-cavalcanteIntertextualidade by  koch-bentes-cavalcante
Intertextualidade by koch-bentes-cavalcanteJ Carlos Rodrigues
 
Hume_ficha_impressões vs ideias
Hume_ficha_impressões vs ideiasHume_ficha_impressões vs ideias
Hume_ficha_impressões vs ideiasIsabel Moura
 
Sócrates e Platão
Sócrates e PlatãoSócrates e Platão
Sócrates e PlatãoErica Frau
 
a-arte-de-argumentar-antonio-suarez-abreu.pdf
a-arte-de-argumentar-antonio-suarez-abreu.pdfa-arte-de-argumentar-antonio-suarez-abreu.pdf
a-arte-de-argumentar-antonio-suarez-abreu.pdfDrikaSato
 
A arte de argumentar
A arte de argumentarA arte de argumentar
A arte de argumentarIFMG e COLTEC
 

Semelhante a Objeções_Hume (20)

Hume.pptx
Hume.pptxHume.pptx
Hume.pptx
 
Filósofos modernos e seus pensamentos 2º va
Filósofos modernos e seus pensamentos   2º vaFilósofos modernos e seus pensamentos   2º va
Filósofos modernos e seus pensamentos 2º va
 
Aula 08 - O Empirismo
Aula 08 - O EmpirismoAula 08 - O Empirismo
Aula 08 - O Empirismo
 
Impressões e ideias
Impressões e ideiasImpressões e ideias
Impressões e ideias
 
O problema da causalidade.docx
O problema da causalidade.docxO problema da causalidade.docx
O problema da causalidade.docx
 
Iscp1401 iscp1401 305-022159
Iscp1401 iscp1401 305-022159Iscp1401 iscp1401 305-022159
Iscp1401 iscp1401 305-022159
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Conotação e denotação
Conotação e denotaçãoConotação e denotação
Conotação e denotação
 
Intertextualidade by koch-bentes-cavalcante
Intertextualidade by  koch-bentes-cavalcanteIntertextualidade by  koch-bentes-cavalcante
Intertextualidade by koch-bentes-cavalcante
 
Paul Rieucouer
Paul RieucouerPaul Rieucouer
Paul Rieucouer
 
Hume_ficha_impressões vs ideias
Hume_ficha_impressões vs ideiasHume_ficha_impressões vs ideias
Hume_ficha_impressões vs ideias
 
Sócrates e Platão
Sócrates e PlatãoSócrates e Platão
Sócrates e Platão
 
a-arte-de-argumentar-antonio-suarez-abreu.pdf
a-arte-de-argumentar-antonio-suarez-abreu.pdfa-arte-de-argumentar-antonio-suarez-abreu.pdf
a-arte-de-argumentar-antonio-suarez-abreu.pdf
 
A arte de argumentar
A arte de argumentarA arte de argumentar
A arte de argumentar
 

Mais de Isabel Moura

O POTENCIAL PEDAGÓGICO DAS FERRAMENTAS DA WEB.pdf
O POTENCIAL PEDAGÓGICO DAS FERRAMENTAS DA WEB.pdfO POTENCIAL PEDAGÓGICO DAS FERRAMENTAS DA WEB.pdf
O POTENCIAL PEDAGÓGICO DAS FERRAMENTAS DA WEB.pdfIsabel Moura
 
Plano de aula_31_05_2021_Isabel Duarte.docx
Plano de aula_31_05_2021_Isabel Duarte.docxPlano de aula_31_05_2021_Isabel Duarte.docx
Plano de aula_31_05_2021_Isabel Duarte.docxIsabel Moura
 
Plano de aula_11_01_2021_Isabel Duarte.docx
Plano de aula_11_01_2021_Isabel Duarte.docxPlano de aula_11_01_2021_Isabel Duarte.docx
Plano de aula_11_01_2021_Isabel Duarte.docxIsabel Moura
 
TeresaMorais_Guião_filosofiadaarte.docx.pdf
TeresaMorais_Guião_filosofiadaarte.docx.pdfTeresaMorais_Guião_filosofiadaarte.docx.pdf
TeresaMorais_Guião_filosofiadaarte.docx.pdfIsabel Moura
 
Grelha_planificacao_Aprender_com_a_BE__Grupo_E_final.pdf
Grelha_planificacao_Aprender_com_a_BE__Grupo_E_final.pdfGrelha_planificacao_Aprender_com_a_BE__Grupo_E_final.pdf
Grelha_planificacao_Aprender_com_a_BE__Grupo_E_final.pdfIsabel Moura
 
Doc4. super book of_web_tools_for_educators
Doc4. super book of_web_tools_for_educatorsDoc4. super book of_web_tools_for_educators
Doc4. super book of_web_tools_for_educatorsIsabel Moura
 
Matriz 4 teste 10 d
Matriz 4 teste 10 dMatriz 4 teste 10 d
Matriz 4 teste 10 dIsabel Moura
 
Programa psicologia cursos profissionais
Programa psicologia cursos profissionaisPrograma psicologia cursos profissionais
Programa psicologia cursos profissionaisIsabel Moura
 
Ex fil714-f2-2017-cc-vt
Ex fil714-f2-2017-cc-vtEx fil714-f2-2017-cc-vt
Ex fil714-f2-2017-cc-vtIsabel Moura
 
Ex fil714-f2-2017-v2
Ex fil714-f2-2017-v2Ex fil714-f2-2017-v2
Ex fil714-f2-2017-v2Isabel Moura
 
Ex fil714-f2-2017-v1
Ex fil714-f2-2017-v1Ex fil714-f2-2017-v1
Ex fil714-f2-2017-v1Isabel Moura
 
Estudo de um caso concreto truman
Estudo de um caso concreto trumanEstudo de um caso concreto truman
Estudo de um caso concreto trumanIsabel Moura
 
Ética deontológica vs ética teleológica
Ética deontológica vs ética teleológicaÉtica deontológica vs ética teleológica
Ética deontológica vs ética teleológicaIsabel Moura
 
Correção da ficha de revisões 2 teste 11
Correção da ficha de revisões 2 teste 11Correção da ficha de revisões 2 teste 11
Correção da ficha de revisões 2 teste 11Isabel Moura
 
Ficha de revisões 2 teste 11
Ficha de revisões 2 teste 11Ficha de revisões 2 teste 11
Ficha de revisões 2 teste 11Isabel Moura
 
Argumentos não dedutivos
Argumentos não dedutivosArgumentos não dedutivos
Argumentos não dedutivosIsabel Moura
 
Matriz do 2 teste de filosofia 11º ano
Matriz do 2 teste de filosofia 11º anoMatriz do 2 teste de filosofia 11º ano
Matriz do 2 teste de filosofia 11º anoIsabel Moura
 

Mais de Isabel Moura (20)

O POTENCIAL PEDAGÓGICO DAS FERRAMENTAS DA WEB.pdf
O POTENCIAL PEDAGÓGICO DAS FERRAMENTAS DA WEB.pdfO POTENCIAL PEDAGÓGICO DAS FERRAMENTAS DA WEB.pdf
O POTENCIAL PEDAGÓGICO DAS FERRAMENTAS DA WEB.pdf
 
Plano de aula_31_05_2021_Isabel Duarte.docx
Plano de aula_31_05_2021_Isabel Duarte.docxPlano de aula_31_05_2021_Isabel Duarte.docx
Plano de aula_31_05_2021_Isabel Duarte.docx
 
Plano de aula_11_01_2021_Isabel Duarte.docx
Plano de aula_11_01_2021_Isabel Duarte.docxPlano de aula_11_01_2021_Isabel Duarte.docx
Plano de aula_11_01_2021_Isabel Duarte.docx
 
TeresaMorais_Guião_filosofiadaarte.docx.pdf
TeresaMorais_Guião_filosofiadaarte.docx.pdfTeresaMorais_Guião_filosofiadaarte.docx.pdf
TeresaMorais_Guião_filosofiadaarte.docx.pdf
 
Grelha_planificacao_Aprender_com_a_BE__Grupo_E_final.pdf
Grelha_planificacao_Aprender_com_a_BE__Grupo_E_final.pdfGrelha_planificacao_Aprender_com_a_BE__Grupo_E_final.pdf
Grelha_planificacao_Aprender_com_a_BE__Grupo_E_final.pdf
 
Doc4. super book of_web_tools_for_educators
Doc4. super book of_web_tools_for_educatorsDoc4. super book of_web_tools_for_educators
Doc4. super book of_web_tools_for_educators
 
Matriz 4 teste 10 d
Matriz 4 teste 10 dMatriz 4 teste 10 d
Matriz 4 teste 10 d
 
Quiz descartes
Quiz descartesQuiz descartes
Quiz descartes
 
Ae sec filosofia
Ae sec filosofiaAe sec filosofia
Ae sec filosofia
 
Programa psicologia cursos profissionais
Programa psicologia cursos profissionaisPrograma psicologia cursos profissionais
Programa psicologia cursos profissionais
 
Ex fil714-f2-2017-cc-vt
Ex fil714-f2-2017-cc-vtEx fil714-f2-2017-cc-vt
Ex fil714-f2-2017-cc-vt
 
Ex fil714-f2-2017-v2
Ex fil714-f2-2017-v2Ex fil714-f2-2017-v2
Ex fil714-f2-2017-v2
 
Ex fil714-f2-2017-v1
Ex fil714-f2-2017-v1Ex fil714-f2-2017-v1
Ex fil714-f2-2017-v1
 
Estudo de um caso concreto truman
Estudo de um caso concreto trumanEstudo de um caso concreto truman
Estudo de um caso concreto truman
 
Ética deontológica vs ética teleológica
Ética deontológica vs ética teleológicaÉtica deontológica vs ética teleológica
Ética deontológica vs ética teleológica
 
Correção da ficha de revisões 2 teste 11
Correção da ficha de revisões 2 teste 11Correção da ficha de revisões 2 teste 11
Correção da ficha de revisões 2 teste 11
 
Ficha de revisões 2 teste 11
Ficha de revisões 2 teste 11Ficha de revisões 2 teste 11
Ficha de revisões 2 teste 11
 
Argumentos não dedutivos
Argumentos não dedutivosArgumentos não dedutivos
Argumentos não dedutivos
 
Matriz do 2 teste de filosofia 11º ano
Matriz do 2 teste de filosofia 11º anoMatriz do 2 teste de filosofia 11º ano
Matriz do 2 teste de filosofia 11º ano
 
A retórica
A retóricaA retórica
A retórica
 

Último

Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.Vitor Mineiro
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassAugusto Costa
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxLaurindo6
 
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdfÁcidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdfJonathasAureliano1
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppthistoria Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.pptErnandesLinhares1
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficasprofcamilamanz
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxSamiraMiresVieiradeM
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 

Último (20)

Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e Característicass
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
 
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdfÁcidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppthistoria Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 

Objeções_Hume

  • 1. Objeções ao fundacionalismo empirista de Hume O contraexemplo do matiz de azul desconhecido A primeira objeção que iremos conside- rar é um contraexemplo ao Princípio da Cópia apresentado pelo próprio Hume, após ter formulado o argumento do cego de nas- cença. Presta atenção à experiência que se segue: Assim, embora Hume acreditasse que a maioria de nós estaria tentada a afirmar que, nestas circunstâncias, a pessoa seria ca- paz de imaginar o matiz de azul em falta, mesmo na ausência da impressão cor- respondente, desvaloriza o contraexemplo por considerá-lo uma situação demasiado invulgar para que realmente possa por em causa o Princípio da Cópia. Objeção à imagem da mente como tábua rasa No século XX, o filósofo americano Jerry Fodor propôs um argumento que põe em causa a crença partilhada pelos empiristas de que, à nascença, a nossa mente é como uma tábua rasa (ou folha em branco). Fodor considera que: Assim, a minha pergunta é se lhe seria possível, a partir da sua própria imaginação, suprir essa deficiência e trazer à sua mente a ideia daquele matiz em particular, apesar de este nunca lhe ter sido transmitido pelos sentidos. Acredito que poucos serão de opinião de que tal não lhe seja possível, o que pode servir como prova de que as ideias simples nem sempre são, em todos os casos, derivadas das impressões cor- respondentes, embora este exemplo seja tão singular que quase não vale a pena assinalá-lo, e tampouco merece que, apenas por sua causa, devamos modificar a nossa tese geral. Suponhamos (…) que uma pessoa foi dotada de visão durante trinta anos e se familiarizou perfeitamente com cores de todos os tipos, com exceção, digamos, de um determinado matiz de azul, com o qual nunca calhou se deparar. Suponhamos que todos os diferentes matizes dessa cor, com exceção daquele único, sejam colocados perante essa pessoa, descen- do gradualmente do mais escuro para o mais claro. É óbvio que ela perceberá um vazio no lugar onde falta aquele matiz, e perceberá que nesse lugar há uma distância entre as cores contíguas maior do que em qualquer outro. Será que Hume tem razão quando afirma que o contraexemplo do matiz de azul desco- nhecido é tão invulgar que não afeta o Princípio da Cópia? Porquê? O matiz de azul desconhecido David Hume (1748), Investigação sobre o Entendimento Humano. Trad. João Paulo Monteiro. Lisboa: INCM, 2002, pp. 36-37 Vídeo Experiência de Pensamento: Tom de Azul Desconhecido 174 IV. 1 . DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ATIVIDADE COGNOSCITIVA Assim, uma vez que à nascença somos capazes de aprender uma Língua e qualquer processo de aprendizagem de uma Língua pressupõe algum conhecimento linguístico, Fodor acredita ter demonstrado a existência de conhecimento linguístico inato. Explicitamente formulado, o argumento diz-nos o seguinte: Se encararmos este conhecimento inato do funcionamento da língua como genuíno conhecimento acerca do mundo, teremos de abandonar a ideia de que, à nascença, a mente é uma tábua rasa (ou folha em branco). Objeção do homúnculo Através do Argumento da Mesa, Hume demonstrou que aquilo que está presente na nossa mente não são os objetos reais do mundo exterior, mas sim uma imagem ou representação mental dos mesmos. Esta imagem do funcionamento da mente parece implicar que somos homúnculos (pessoas minúsculas) fechados numa espécie de ci- nema privado no interior das nossas men- tes, onde nos são apresentadas imagens ou representações dos objetos do mun- do exterior aos quais não temos qualquer tipo de acesso direto. Mas esta imagem do funcionamento da mente levanta os mesmos problemas que os colocados a propósito da nossa relação com o mundo exterior. Se a natureza da ex- plicação se mantiver inalterada, acabaremos por supor a existência de outro homúnculo dentro da mente do primeiro e assim suces- sivamente, caindo numa regressão infinita de homúnculos, que aparentemente deixa por explicar o processo de interação entre a mente e o mundo. Aprender uma Língua (incluindo, é claro, uma primeira Língua) implica aprender o que os predicados dessa linguagem significam. Aprender o que os predicados de uma linguagem significam implica uma determinação da sua extensão. Aprender a determinação da extensão de predicados implica aprender que determinadas regras se lhes aplicam (…).Mas não podemos aprender que R se aplica a P a menos que tenhamos uma Língua em que P e R possam ser representados. Portanto, não podemos aprender uma Lín- gua a menos que já tenhamos uma Língua. Jerry Fodor (1976), The Language of Thought. Trad. Luís Veríssimo. Hassocks, Sussex: Harvester Press, pp. 63-64 “ ” (1) Para aprender uma Língua temos de aprender regras. (2) Para aprender regras temos de ser capazes de as representar. (3) Para aprender uma Língua temos de ser capazes de representar regras. (De 1 e 2) (4) Para poder representar regras temos de ter algum conhecimento linguístico. (5) Para aprender uma Língua temos de ter algum conhecimento linguístico. (De 3 e 4) (6) Quando nascemos temos a capacidade de aprender uma Língua. (7) Se quando nascemos temos a capacidade de aprender uma Língua e para aprender uma Língua temos de ter algum conhecimento linguístico, então existe conhecimento linguístico inato. (8) Logo, existe conhecimento linguístico inato. (De 5 a 7) Explicar a interação mente-mundo através da imagem de um homúnculo fechado numa espécie de cinema mental, onde nos são apresentadas imagens ou representações dos objetos do mundo exterior, conduz a uma regressão infinita de homúnculos que deixa o problema por resolver. Jerry Fodor (1935), EUA Conceituado filósofo da mente americano. Leciona na Universidade de Rutgers e é conhecido pela sua defesa de uma posição realista quanto à natureza do funcionamento da mente. Para este autor, o pensamento deve ser entendido como um processo análogo à computação. 175IV. 1 . DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ATIVIDADE COGNOSCITIVA