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Resposta - Questão de Exame
1. O génio maligno, ser extremamente poderoso e astuto, é uma espécie
de deus; é génio, porque os seus poderes são, supostamente, superiores
aos poderes humanos; mas é maligno. Este génio maligno tem uma
obsessão: enganar-me. É ele que me induz a acreditar que tenho duas
mãos, que tenho um corpo, que há uma realidade exterior a mim, ou que 2
+ 3 são 5. Mas tudo isto pode ser falso. Todos os meus pensamentos
podem ser mero produto da ação maligna deste génio, pois nem as
verdades de razão, em particular os conhecimentos da matemática, são
imunes à dúvida.
2. Existe pelo menos uma coisa de que podemos estar certos: o
cogito. Segundo Descartes o cogito ("Eu sou (penso), eu existo)" é
uma crença básica: uma crença que não se infere de coisa alguma.
As crenças básicas ou fundacionais são de tal modo evidentes que
não precisam de ser justificadas por outras crenças, justificam-se
por si mesmas, são autoevidentes. Ora o cogito é uma intuição
racional, uma evidência. Se não é possível duvidar dele, então é o
tipo de conhecimento que procuramos: resistente à dúvida. Afinal,
contrariamente ao que pensavam os céticos nem todas as nossas
crenças são justificadas com outras crenças; isto porque
encontrámos uma que não tem necessidade de qualquer outra que
a justifique.
Contrariamente à dúvida cética, a dúvida cartesiana não é um ponto de chegada,
mas sim um ponto de partida. não é uma suspensão permanente do juízo, mas sim
uma decisão de considerar provisoriamente falsas as crenças. Como o cético,
Descartes parte da dúvida, mas, ao contrário do cético, não permanece nela.
Descartes não duvida por duvidar: ele duvida porque procura um conhecimento que
resista à dúvida, um conhecimento do qual não haja razões para duvidar.Por isso
se diz que a dúvida cartesiana é metódica: é um método para encontrar o
conhecimento absolutamente seguro que Descartes procura.
A dúvida cética tem por objetivo mostrar que o conhecimento não é possível. A
dúvida cartesiana tem o objetivo oposto, mostrar que há conhecimento, isto é,
verdades indubitáveis.
Descartes procura responder ao argumento cético da regressão infinita mostrando
que a sua primeira premissa é falsa; isto é, mostrando que não é verdade que todas
as nossas crenças são justificadas com outras crenças. O cogito representa o
triunfo sobre o ceticismo na medida em que é uma crença básica, que não precisa
de ser justificada com base noutras crenças; constitui-se como primeira evidência,
fornecendo os alicerces seguros que Descartes procurava para edificar o
conhecimento.
Por conseguinte Descartes afirma que os céticos não conseguem demonstrar que
não há conhecimento. Porquê? Porque há pelo menos uma verdade, «penso, logo,
existo»,que resiste a todas as dúvidas, mesmo as mais radicais. Essa verdade é
justificada pela própria dúvida. Quando duvidamos, estamos a pensar e, se
pensamos, somos necessariamente alguma coisa. Este é um conhecimento que
nenhum cético consegue abalar.
Argumento cético da regressão infinita
Todas as nossas crenças são justificadas com outras
crenças. (FALSO)
Se todas as nossas crenças são justificadas com outras
crenças, então há uma regressão infinita; se há uma
regressão infinita, então as nossas crenças não estão
justificadas. Se as nossas crenças não estão justificadas,
então não há conhecimento.
Logo, não há conhecimento.
3.

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Cogito Ergo Sum - Resposta a Ceticismo

  • 1. Resposta - Questão de Exame 1. O génio maligno, ser extremamente poderoso e astuto, é uma espécie de deus; é génio, porque os seus poderes são, supostamente, superiores aos poderes humanos; mas é maligno. Este génio maligno tem uma obsessão: enganar-me. É ele que me induz a acreditar que tenho duas mãos, que tenho um corpo, que há uma realidade exterior a mim, ou que 2 + 3 são 5. Mas tudo isto pode ser falso. Todos os meus pensamentos podem ser mero produto da ação maligna deste génio, pois nem as verdades de razão, em particular os conhecimentos da matemática, são imunes à dúvida. 2. Existe pelo menos uma coisa de que podemos estar certos: o cogito. Segundo Descartes o cogito ("Eu sou (penso), eu existo)" é uma crença básica: uma crença que não se infere de coisa alguma. As crenças básicas ou fundacionais são de tal modo evidentes que não precisam de ser justificadas por outras crenças, justificam-se por si mesmas, são autoevidentes. Ora o cogito é uma intuição racional, uma evidência. Se não é possível duvidar dele, então é o tipo de conhecimento que procuramos: resistente à dúvida. Afinal, contrariamente ao que pensavam os céticos nem todas as nossas crenças são justificadas com outras crenças; isto porque encontrámos uma que não tem necessidade de qualquer outra que a justifique. Contrariamente à dúvida cética, a dúvida cartesiana não é um ponto de chegada, mas sim um ponto de partida. não é uma suspensão permanente do juízo, mas sim uma decisão de considerar provisoriamente falsas as crenças. Como o cético, Descartes parte da dúvida, mas, ao contrário do cético, não permanece nela. Descartes não duvida por duvidar: ele duvida porque procura um conhecimento que resista à dúvida, um conhecimento do qual não haja razões para duvidar.Por isso se diz que a dúvida cartesiana é metódica: é um método para encontrar o conhecimento absolutamente seguro que Descartes procura. A dúvida cética tem por objetivo mostrar que o conhecimento não é possível. A dúvida cartesiana tem o objetivo oposto, mostrar que há conhecimento, isto é, verdades indubitáveis. Descartes procura responder ao argumento cético da regressão infinita mostrando que a sua primeira premissa é falsa; isto é, mostrando que não é verdade que todas as nossas crenças são justificadas com outras crenças. O cogito representa o triunfo sobre o ceticismo na medida em que é uma crença básica, que não precisa de ser justificada com base noutras crenças; constitui-se como primeira evidência, fornecendo os alicerces seguros que Descartes procurava para edificar o conhecimento. Por conseguinte Descartes afirma que os céticos não conseguem demonstrar que não há conhecimento. Porquê? Porque há pelo menos uma verdade, «penso, logo, existo»,que resiste a todas as dúvidas, mesmo as mais radicais. Essa verdade é justificada pela própria dúvida. Quando duvidamos, estamos a pensar e, se pensamos, somos necessariamente alguma coisa. Este é um conhecimento que nenhum cético consegue abalar. Argumento cético da regressão infinita Todas as nossas crenças são justificadas com outras crenças. (FALSO) Se todas as nossas crenças são justificadas com outras crenças, então há uma regressão infinita; se há uma regressão infinita, então as nossas crenças não estão justificadas. Se as nossas crenças não estão justificadas, então não há conhecimento. Logo, não há conhecimento. 3.