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Tudo o que você precisa
saber sobre o autismo para
começar a compreendê-lo
O autismo é certamente uma das condições humanas mais complexas de se entender e de
se abordar. Essa característica neurológica, para usar um termo mais simples, é dotada de
milhares de peculiaridades comportamentais, cognitivas e, talvez, até genéticas, como
apontam alguns estudos.
Para nos ajudar no assunto, conversamos a jornalista brasileira Fátima de Kwant, radicada
na Holanda, referência em pesquisas relacionadas ao autismo.
compre esse e-book e saiba como compreender e como tratar o
autismo por apenas 9,99
Nós vamos falar sobre:
● O que é autismo?
● Quais são as características do autismo?
● Quais são os graus do autismo?
● Como alcançar o diagnóstico?
● O tratamento
● Leis que amparam o autista
● “Autismo, um Presente”
Só compreendendo é que podemos lidar melhor com o autismo, sobretudo para aumentar a
inclusão da pessoa autista na sociedade, na família, na escola. Afinal, conhecer evita o
preconceito. E isso é fundamental e urgente porque sabemos que em 2020 a taxa é de 1
autista para cada 54 pessoas no mundo.
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Mas, afinal, o que é o autismo?
O autismo pode ser caracterizado como um transtorno do neurodesenvolvimento. Ele foi
englobado dentro de uma única tipificação chamada Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Como ele se manifesta de tantas formas diferentes, ficou convencionado que ele seria
classificado dentro desse espectro abrangente. Muitos pesquisadores e autistas adultos
utilizam o termo neurodiversidade para explicar o autismo.
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Basicamente, o autista apresenta em comum a dificuldade de estabelecer relações sociais,
de consolidar interações, de se comunicar com pessoas que não são do seu círculo familiar
ou de amigos.
“Quanto mais sabemos sobre o autismo, mais percebemos o quão complexo é. Por
isso é difícil determinar suas características, já que nenhum autista é igual ao outro,
possuindo traços individuais, mas que se encontram nessa tríade: diferenciamento na
Comunicação, Socialização e no Comportamento”, explicou Fátima de Kwant.
A brasileira Fátima de Kwant é referência em pesquisas relacionadas ao autismo. Foto: Arquivo pessoal
Não se trata de uma doença, mas de uma condição neurológica, por assim dizer. Contudo,
geralmente o autismo vem acompanhado de doenças crônicas, as comorbidades, como
epilepsia, depressão, Transtorno do Déficit de Atenção (TDA), Transtorno do Déficit de
Atenção com Hiperatividade, Transtorno Desafiador Opositor (TOD), etc.
Além disso, 80% dos autistas têm distúrbios sensoriais, podendo ser hipersensíveis ou
hipossensíveis nos sentidos. Você deve saber que diversos autistas, por exemplo, têm
muita sensibilidade ao som. Um ambiente com muito barulho pode provocar reações
inesperadas nessas pessoas porque eles escutam o som de forma potencializada.
Ainda não há como apontar o que exatamente contribui para que a criança venha a nascer
com autismo. Especialistas estudam o autismo há mais de 100 anos e algumas correntes
científicas investigam se questões genéticas são preponderantes para isso e esse é o
caminho mais provável, mas fatores ambientais também podem, em certa medida,
influenciar. O que se sabe é que ele é mais comum em meninos do que meninas. Contudo,
não há como assegurar causas específicas.
Quais são as características do autismo?
Essa é uma questão muito debatida no mundo todo e pesquisada por todos que querem
entender o autismo ou tentar identificar sinais precocemente nas crianças. Como dito
anteriormente, comunicação, comportamento e socialização são os aspectos principais do
autismo, mas vamos explicar melhor.
No tocante ao comportamento, uma característica geralmente presente são as
estereotipias. Ou seja, quando o autista executa movimentos repetitivos de forma
ininterrupta e sem um objetivo específico, como bater palmas sem parar.
Ainda com relação ao comportamento, um outro traço comum é o estabelecimento de
rotinas muito rígidas. Geralmente, eles seguem exatamente o mesmo roteiro diariamente
para executar atividades, têm sua forma de se vestir, de comer, de onde sentar. E é
importante entender isso para saber respeitar a rotina deles.
No quesito socialização, a interação é marcada por falhas comunicativas. Eles podem não
olhar nos olhos da pessoa com quem estão conversando, ou não atenderem a chamados
de atenção, parecerem surdas, quando na verdade estão escutando.
Muitos também têm facilidade em aprender outras línguas diferentes, como forma de se
isolar ainda mais da interação comum, já que naturalmente as pessoas estão falando na
língua materna.
Esses são só alguns pontos a se destacar, mas cada um pode desenvolver diferentes
formas de comportamento ou de comunicação. Mais à frente veremos que o tratamento
preciso pode facilitar a convivência com o autismo.
Quais são os graus do autismo?
Antes, o autismo era dividido em categorias, entre elas a chamada Síndrome de Asperger.
Hoje ele é definido de acordo com os níveis de funcionalidade: leve, moderado e severo.
Quanto mais severo o grau de autismo, menos funcionalidade e mais desafios e
comorbidades. Nesse nível, a pessoa praticamente não interage, repete movimentos e pode
apresentar atraso mental.
No nível moderado, a pessoa tem dificuldade de se comunicar e repete comportamentos. Já
no grau leve, eles conseguem se comunicar, estudar, trabalhar com mais facilidade. Quanto
mais leve, mais funcionalidade, mas isso pode trazer um problema, já que fica mais difícil de
dar o diagnóstico e ele acaba vindo muito tarde.
Fábio Procópio descobriu o
autismo leve depois de adulto. Ele fez tratamento e abriu a Gooders, uma startup que dá recompensas a
quem pratica o bem. Foto: Arquivo pessoal
Por outro lado, a pessoa autista pode desenvolver talentos e habilidades
impressionantes, como predisposição para a pintura, facilidade de aprender
visualmente, atenção aos detalhes, capacidade de memória e concentração em uma área
de interesse por muito tempo, o chamado hiperfoco.
A mãe de Mateus descobriu nele o talento para a pintura e hoje ele cria quadros belíssimos. Foto: Milton
Rosa
Como alcançar o diagnóstico?
O diagnóstico do autismo é, de longe, um dos mais complexos de ser alcançado. Isso
porque não existem exames que comprovem o autismo, nem testes laboratoriais. Os
médicos geralmente avaliam o histórico do paciente e o seu comportamento.
Por isso, é fundamental que os pais estejam atentos aos sinais dos filhos. Geralmente, o
diagnóstico já pode ser identificado a partir de um ano e meio e os sinais ficam mais claros
dos dois anos em diante. Mas isso pode variar muito entre cada criança.
Então, o que os pais devem observar, basicamente, é se há ausência de fala nesta idade,
se eles não atendem ao chamado de pais, professores e familiares, se têm reações
anormais quando há mudança de rotina, se fazem movimentos repetitivos com cabeça,
tronco ou membros, se são excessivamente sensíveis a sons, sabores, texturas e outros
sentidos, se têm apego exagerado a algum objeto incomum ou se apresentam dificuldade
em fazer ou manter amizades.
Os autistas geralmente têm dificuldade também em compreender questões abstratas. Eles
são muito presos às coisas concretas. Por isso, geralmente as crianças autistas brincam
de maneira estruturada e repetitiva e não se incluem em brincadeiras imaginativas como
um faz de conta, por exemplo.
Outros sinais como andar na ponta dos pés, alinhar objetos, repetir frases
descontextualizadas, sem função aparente na situação, agressividade, ansiedade, choro
ininterrupto e dificuldade para aceitar coisas novas como brinquedos ou comidas. Aliás, a
seletividade alimentar é bem presente nos autistas. Muitos só comem exatamente a
mesma coisa sempre.
Marco apresenta seletividade alimentar e só come biscoitos de leite com desenho de coração em cima.
Foto: Arquivo pessoal
Para a especialista Fátima de Kwant, o que torna o diagnóstico tão complexo são os
seguintes fatores:
● A falta de conhecimento do autismo, em massa, até mesmo por pediatras e
alguns psicólogos.
● A dificuldade dos pais de reconhecerem sinais do autismo em seus bebês, o
que adia o diagnóstico e a intervenção precoce.
● Os sinais bem leves do autismo que podem se manifestar mais tarde, na
idade em que a criança vai para a escola, ou té mesmo, em alguns casos,
quando já adolescente que vai para o ensino médio.
● O preconceito dentro da família. Quando a família prefere lidar com a situação
sem buscar o diagnóstico, por medo do preconceito de terem seus filhos
“rotulados”.
O tratamento
O tratamento para o autismo tem várias metodologias, mas elas se concentram
essencialmente nas terapias comportamentais, ocupacionais e de linguagem/fala. O
autismo é um transtorno do desenvolvimento, então é preciso saber que não existe uma
cura para esse problema, mas na verdade há caminhos que ajudam no desenvolvimento da
pessoa.
O tratamento com medicamento também não é o preconizado para o autismo. Eles somente
são receitados em casos de agressividade, ansiedade, dificuldade de concentração ou
depressão, mas não exatamente para tratar o autismo.
O tratamento é multidisciplinar, envolvendo várias áreas como psiquiatria, pediatria,
fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, neurologia, entre outras. O
objetivo é colaborar com o desenvolvimento para que o paciente possa executar tarefas do
dia a dia, interagir melhor, dialogar melhor com o mundo habitual, entre outras finalidades.
O
professor de Educação Física Luís Dias adaptou suas aulas para crianças com autismo. Foto: Instituto
Península
Alguns tratamentos prometem alcançar uma grande evolução quando iniciado
precocemente, como é o caso do método americano ABA (Applied Behavior Analysis).
Contudo, existem várias críticas a esse e outros modelos porque especialistas acreditam
que ele faz simplesmente moldar o comportamento da criança, que seria uma sublimação
para a criança atender a determinados estímulos de forma automática, o que não
caracterizaria desenvolvimento, mas condicionamento.
O fato é que, para além das terapias, o papel dos pais é fundamental. “Acho muito
importante pontuar que, apesar das terapias elegidas, os pais devem ter em mente que
são fontes poderosas no desenvolvimento de seus filhos, e que educá-los com amor,
atenção e limites também é tão (ou mais) importante do que comprarem o pacote mais caro
de qualquer terapia”, alertou Fátima de Kwant.
Leis que amparam o autista
Os autistas têm no Brasil o amparo legal para terem acesso a condições especiais em
função do transtorno. A Lei Berenice Piana, 12.764/2012, dá ao autista os mesmos direitos
que pessoas com deficiência, como educação especial, benefício da meia-entrada, acesso
a tratamento especializado, entre outros. A lei foi criada por Berenice Piana, mãe de um
garoto autista, que inclusive abriu clínicas de tratamento no Brasil para autistas.
Berenice lutou por
aprovação de lei após vivenciar desafios com filho com autismo. Foto: Arquivo pessoal
Outra lei complementar é a Lei Marcos Mion, 13.977/2020, que dá aos autistas direito a
prioridade em serviços públicos e privados. O apresentador também é pai de uma criança
com autismo.
Romeu Mion, filho deMarcos Mion, tem autismo e o apresentador batalhou pela aprovação da lei. Foto:
Arquivo pessoal
Em 2007, a Organização das Nações Unidas declarou o dia 2 de abril como sendo o Dia
Mundial de Conscientização do Autismo e o símbolo é o quebra-cabeça, que representa a
sua diversidade. O dia 18 de junho é o Dia do Orgulho Autista, e é simbolizado pela imagem
do infinito colorido.
Conheça os símbolos do autismo. Imagem: Instituto Pensi
“Autismo, um Presente”
Fátima de Kwant, que nos ajudou na elaboração deste artigo sobre o autismo, é uma
jornalista brasileira que mora na Holanda e que se especializou na relação do autismo com
a comunicação.
Fátima de Kwant escreveu o livro “Autismo, um Presente”, um besta-seller do assunto. Foto: Arquivo
pessoal
Mãe de três filhos, sendo o mais novo, o Edinho, autista, ela passou a atuar como ativista
mesmo sem saber, levando conscientização a outras crianças para que elas
compreendessem as estereotipias do seu filho. Par isso, fundou o projeto Autimates, uma
rede colaborativa internacional para levar conscientização sobre o tema.
Anos mais tarde lançou o livro Autismo, um Presente, um Best-seller na sua categoria.
Passou a dar palestras e consultorias, até entrar para a Rede Unificada Nacional e
Internacional pelos Direitos dos Autistas, a REUNIDA, que atua no Brasil. Fátima também
se tornou administradora da maior rede de autismo no Facebook, a Comunidade Pró
Autismo do Mion.
dinho teve diagnóstico de autismo severo e hoje é caracterizado como leve. Foto: Arquivo pessoal
O seu filho, Edinho, só começou a falar aos 6 anos de idade e apenas com 12 anos que
conseguiu estabelecer comunicação com pessoas de fora. “O autismo do Edinho
transformou minha vida totalmente. Eu percebi que se não mudasse a minha forma de
ver o mundo, eu não conseguiria ajudar meu filho”, disse.
Daí em diante, ela não parou mais de tentar compreender o autismo. “Temos que aprender
o que é autismo, e como é o autismo dos nossos filhos, dentro de casa, na escola; do que
gostam, do que não gostam, e dos “por quês”que invadem nossos dias. Ao ajudar meu
filho a entender meu mundo, eu passei a entender o dele, e a descobrir que só existe
um mundo, e que é para todos nós”.
Foto: Arquivo pessoal
Edinho evoluiu e depois de anos passou de um diagnóstico de autismo severo para leve.
Hoje ele trabalha, estuda e já tirou até carteira de habilitação. “O aprendizado que meu
filho trouxe não poderia ser aprendido em cem anos de vida sem autismo em casa.
Autismo é vida. Vida são escolhas. Escolhi viver o autismo e viver para o autismo e não tem
um dia sequer que eu me arrependa disso”.
Fátima também ajuda as pessoas a entenderem mais sobre o autismo através do seu
Instagram.
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autismo por apenas 9,99

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Compreenda o autismo

  • 1. Tudo o que você precisa saber sobre o autismo para começar a compreendê-lo O autismo é certamente uma das condições humanas mais complexas de se entender e de se abordar. Essa característica neurológica, para usar um termo mais simples, é dotada de milhares de peculiaridades comportamentais, cognitivas e, talvez, até genéticas, como apontam alguns estudos. Para nos ajudar no assunto, conversamos a jornalista brasileira Fátima de Kwant, radicada na Holanda, referência em pesquisas relacionadas ao autismo.
  • 2. compre esse e-book e saiba como compreender e como tratar o autismo por apenas 9,99 Nós vamos falar sobre: ● O que é autismo? ● Quais são as características do autismo? ● Quais são os graus do autismo? ● Como alcançar o diagnóstico? ● O tratamento ● Leis que amparam o autista ● “Autismo, um Presente”
  • 3. Só compreendendo é que podemos lidar melhor com o autismo, sobretudo para aumentar a inclusão da pessoa autista na sociedade, na família, na escola. Afinal, conhecer evita o preconceito. E isso é fundamental e urgente porque sabemos que em 2020 a taxa é de 1 autista para cada 54 pessoas no mundo. Leia Mais ● Psicólogos atendem online e de graça mães de crianças com deficiência
  • 4. ● Adolescente mexicano inventou um sutiã que ajuda mulheres a detectar câncer de mama Mas, afinal, o que é o autismo? O autismo pode ser caracterizado como um transtorno do neurodesenvolvimento. Ele foi englobado dentro de uma única tipificação chamada Transtorno do Espectro Autista (TEA). Como ele se manifesta de tantas formas diferentes, ficou convencionado que ele seria classificado dentro desse espectro abrangente. Muitos pesquisadores e autistas adultos utilizam o termo neurodiversidade para explicar o autismo. PUBLICIDADE CONTINUE LENDO ABAIXO Basicamente, o autista apresenta em comum a dificuldade de estabelecer relações sociais, de consolidar interações, de se comunicar com pessoas que não são do seu círculo familiar ou de amigos. “Quanto mais sabemos sobre o autismo, mais percebemos o quão complexo é. Por isso é difícil determinar suas características, já que nenhum autista é igual ao outro,
  • 5. possuindo traços individuais, mas que se encontram nessa tríade: diferenciamento na Comunicação, Socialização e no Comportamento”, explicou Fátima de Kwant. A brasileira Fátima de Kwant é referência em pesquisas relacionadas ao autismo. Foto: Arquivo pessoal Não se trata de uma doença, mas de uma condição neurológica, por assim dizer. Contudo, geralmente o autismo vem acompanhado de doenças crônicas, as comorbidades, como epilepsia, depressão, Transtorno do Déficit de Atenção (TDA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, Transtorno Desafiador Opositor (TOD), etc. Além disso, 80% dos autistas têm distúrbios sensoriais, podendo ser hipersensíveis ou hipossensíveis nos sentidos. Você deve saber que diversos autistas, por exemplo, têm muita sensibilidade ao som. Um ambiente com muito barulho pode provocar reações inesperadas nessas pessoas porque eles escutam o som de forma potencializada. Ainda não há como apontar o que exatamente contribui para que a criança venha a nascer com autismo. Especialistas estudam o autismo há mais de 100 anos e algumas correntes científicas investigam se questões genéticas são preponderantes para isso e esse é o caminho mais provável, mas fatores ambientais também podem, em certa medida,
  • 6. influenciar. O que se sabe é que ele é mais comum em meninos do que meninas. Contudo, não há como assegurar causas específicas. Quais são as características do autismo? Essa é uma questão muito debatida no mundo todo e pesquisada por todos que querem entender o autismo ou tentar identificar sinais precocemente nas crianças. Como dito anteriormente, comunicação, comportamento e socialização são os aspectos principais do autismo, mas vamos explicar melhor. No tocante ao comportamento, uma característica geralmente presente são as estereotipias. Ou seja, quando o autista executa movimentos repetitivos de forma ininterrupta e sem um objetivo específico, como bater palmas sem parar. Ainda com relação ao comportamento, um outro traço comum é o estabelecimento de rotinas muito rígidas. Geralmente, eles seguem exatamente o mesmo roteiro diariamente para executar atividades, têm sua forma de se vestir, de comer, de onde sentar. E é importante entender isso para saber respeitar a rotina deles. No quesito socialização, a interação é marcada por falhas comunicativas. Eles podem não olhar nos olhos da pessoa com quem estão conversando, ou não atenderem a chamados de atenção, parecerem surdas, quando na verdade estão escutando. Muitos também têm facilidade em aprender outras línguas diferentes, como forma de se isolar ainda mais da interação comum, já que naturalmente as pessoas estão falando na língua materna. Esses são só alguns pontos a se destacar, mas cada um pode desenvolver diferentes formas de comportamento ou de comunicação. Mais à frente veremos que o tratamento preciso pode facilitar a convivência com o autismo.
  • 7. Quais são os graus do autismo? Antes, o autismo era dividido em categorias, entre elas a chamada Síndrome de Asperger. Hoje ele é definido de acordo com os níveis de funcionalidade: leve, moderado e severo. Quanto mais severo o grau de autismo, menos funcionalidade e mais desafios e comorbidades. Nesse nível, a pessoa praticamente não interage, repete movimentos e pode apresentar atraso mental. No nível moderado, a pessoa tem dificuldade de se comunicar e repete comportamentos. Já no grau leve, eles conseguem se comunicar, estudar, trabalhar com mais facilidade. Quanto mais leve, mais funcionalidade, mas isso pode trazer um problema, já que fica mais difícil de dar o diagnóstico e ele acaba vindo muito tarde. Fábio Procópio descobriu o autismo leve depois de adulto. Ele fez tratamento e abriu a Gooders, uma startup que dá recompensas a quem pratica o bem. Foto: Arquivo pessoal
  • 8. Por outro lado, a pessoa autista pode desenvolver talentos e habilidades impressionantes, como predisposição para a pintura, facilidade de aprender visualmente, atenção aos detalhes, capacidade de memória e concentração em uma área de interesse por muito tempo, o chamado hiperfoco. A mãe de Mateus descobriu nele o talento para a pintura e hoje ele cria quadros belíssimos. Foto: Milton Rosa Como alcançar o diagnóstico? O diagnóstico do autismo é, de longe, um dos mais complexos de ser alcançado. Isso porque não existem exames que comprovem o autismo, nem testes laboratoriais. Os médicos geralmente avaliam o histórico do paciente e o seu comportamento. Por isso, é fundamental que os pais estejam atentos aos sinais dos filhos. Geralmente, o diagnóstico já pode ser identificado a partir de um ano e meio e os sinais ficam mais claros dos dois anos em diante. Mas isso pode variar muito entre cada criança.
  • 9. Então, o que os pais devem observar, basicamente, é se há ausência de fala nesta idade, se eles não atendem ao chamado de pais, professores e familiares, se têm reações anormais quando há mudança de rotina, se fazem movimentos repetitivos com cabeça, tronco ou membros, se são excessivamente sensíveis a sons, sabores, texturas e outros sentidos, se têm apego exagerado a algum objeto incomum ou se apresentam dificuldade em fazer ou manter amizades. Os autistas geralmente têm dificuldade também em compreender questões abstratas. Eles são muito presos às coisas concretas. Por isso, geralmente as crianças autistas brincam de maneira estruturada e repetitiva e não se incluem em brincadeiras imaginativas como um faz de conta, por exemplo. Outros sinais como andar na ponta dos pés, alinhar objetos, repetir frases descontextualizadas, sem função aparente na situação, agressividade, ansiedade, choro ininterrupto e dificuldade para aceitar coisas novas como brinquedos ou comidas. Aliás, a seletividade alimentar é bem presente nos autistas. Muitos só comem exatamente a mesma coisa sempre. Marco apresenta seletividade alimentar e só come biscoitos de leite com desenho de coração em cima. Foto: Arquivo pessoal
  • 10. Para a especialista Fátima de Kwant, o que torna o diagnóstico tão complexo são os seguintes fatores: ● A falta de conhecimento do autismo, em massa, até mesmo por pediatras e alguns psicólogos. ● A dificuldade dos pais de reconhecerem sinais do autismo em seus bebês, o que adia o diagnóstico e a intervenção precoce. ● Os sinais bem leves do autismo que podem se manifestar mais tarde, na idade em que a criança vai para a escola, ou té mesmo, em alguns casos, quando já adolescente que vai para o ensino médio. ● O preconceito dentro da família. Quando a família prefere lidar com a situação sem buscar o diagnóstico, por medo do preconceito de terem seus filhos “rotulados”. O tratamento O tratamento para o autismo tem várias metodologias, mas elas se concentram essencialmente nas terapias comportamentais, ocupacionais e de linguagem/fala. O autismo é um transtorno do desenvolvimento, então é preciso saber que não existe uma cura para esse problema, mas na verdade há caminhos que ajudam no desenvolvimento da pessoa. O tratamento com medicamento também não é o preconizado para o autismo. Eles somente são receitados em casos de agressividade, ansiedade, dificuldade de concentração ou depressão, mas não exatamente para tratar o autismo. O tratamento é multidisciplinar, envolvendo várias áreas como psiquiatria, pediatria, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, neurologia, entre outras. O objetivo é colaborar com o desenvolvimento para que o paciente possa executar tarefas do dia a dia, interagir melhor, dialogar melhor com o mundo habitual, entre outras finalidades.
  • 11. O professor de Educação Física Luís Dias adaptou suas aulas para crianças com autismo. Foto: Instituto Península Alguns tratamentos prometem alcançar uma grande evolução quando iniciado precocemente, como é o caso do método americano ABA (Applied Behavior Analysis). Contudo, existem várias críticas a esse e outros modelos porque especialistas acreditam que ele faz simplesmente moldar o comportamento da criança, que seria uma sublimação para a criança atender a determinados estímulos de forma automática, o que não caracterizaria desenvolvimento, mas condicionamento. O fato é que, para além das terapias, o papel dos pais é fundamental. “Acho muito importante pontuar que, apesar das terapias elegidas, os pais devem ter em mente que são fontes poderosas no desenvolvimento de seus filhos, e que educá-los com amor, atenção e limites também é tão (ou mais) importante do que comprarem o pacote mais caro de qualquer terapia”, alertou Fátima de Kwant. Leis que amparam o autista Os autistas têm no Brasil o amparo legal para terem acesso a condições especiais em função do transtorno. A Lei Berenice Piana, 12.764/2012, dá ao autista os mesmos direitos
  • 12. que pessoas com deficiência, como educação especial, benefício da meia-entrada, acesso a tratamento especializado, entre outros. A lei foi criada por Berenice Piana, mãe de um garoto autista, que inclusive abriu clínicas de tratamento no Brasil para autistas. Berenice lutou por aprovação de lei após vivenciar desafios com filho com autismo. Foto: Arquivo pessoal Outra lei complementar é a Lei Marcos Mion, 13.977/2020, que dá aos autistas direito a prioridade em serviços públicos e privados. O apresentador também é pai de uma criança com autismo.
  • 13. Romeu Mion, filho deMarcos Mion, tem autismo e o apresentador batalhou pela aprovação da lei. Foto: Arquivo pessoal Em 2007, a Organização das Nações Unidas declarou o dia 2 de abril como sendo o Dia Mundial de Conscientização do Autismo e o símbolo é o quebra-cabeça, que representa a sua diversidade. O dia 18 de junho é o Dia do Orgulho Autista, e é simbolizado pela imagem do infinito colorido. Conheça os símbolos do autismo. Imagem: Instituto Pensi “Autismo, um Presente” Fátima de Kwant, que nos ajudou na elaboração deste artigo sobre o autismo, é uma jornalista brasileira que mora na Holanda e que se especializou na relação do autismo com a comunicação. Fátima de Kwant escreveu o livro “Autismo, um Presente”, um besta-seller do assunto. Foto: Arquivo pessoal Mãe de três filhos, sendo o mais novo, o Edinho, autista, ela passou a atuar como ativista mesmo sem saber, levando conscientização a outras crianças para que elas
  • 14. compreendessem as estereotipias do seu filho. Par isso, fundou o projeto Autimates, uma rede colaborativa internacional para levar conscientização sobre o tema. Anos mais tarde lançou o livro Autismo, um Presente, um Best-seller na sua categoria. Passou a dar palestras e consultorias, até entrar para a Rede Unificada Nacional e Internacional pelos Direitos dos Autistas, a REUNIDA, que atua no Brasil. Fátima também se tornou administradora da maior rede de autismo no Facebook, a Comunidade Pró Autismo do Mion. dinho teve diagnóstico de autismo severo e hoje é caracterizado como leve. Foto: Arquivo pessoal O seu filho, Edinho, só começou a falar aos 6 anos de idade e apenas com 12 anos que conseguiu estabelecer comunicação com pessoas de fora. “O autismo do Edinho transformou minha vida totalmente. Eu percebi que se não mudasse a minha forma de ver o mundo, eu não conseguiria ajudar meu filho”, disse. Daí em diante, ela não parou mais de tentar compreender o autismo. “Temos que aprender o que é autismo, e como é o autismo dos nossos filhos, dentro de casa, na escola; do que gostam, do que não gostam, e dos “por quês”que invadem nossos dias. Ao ajudar meu filho a entender meu mundo, eu passei a entender o dele, e a descobrir que só existe um mundo, e que é para todos nós”.
  • 15. Foto: Arquivo pessoal Edinho evoluiu e depois de anos passou de um diagnóstico de autismo severo para leve. Hoje ele trabalha, estuda e já tirou até carteira de habilitação. “O aprendizado que meu filho trouxe não poderia ser aprendido em cem anos de vida sem autismo em casa. Autismo é vida. Vida são escolhas. Escolhi viver o autismo e viver para o autismo e não tem um dia sequer que eu me arrependa disso”. Fátima também ajuda as pessoas a entenderem mais sobre o autismo através do seu Instagram.
  • 16. compre esse e-book e saiba como compreender e como tratar o autismo por apenas 9,99