Este caso clínico descreve uma paciente de 20 anos que apresentou dor e limitação de movimento no joelho direito. Exames laboratoriais mostraram leucocitose e cultura positiva para Neisseria gonorrhoeae na endocérvice, confirmando o diagnóstico de artrite gonocócica. A paciente teve melhora após tratamento antibiótico.
2. CASO CLÍNICO
O Paciente feminina, 20 anos de idade, cor
negra, solteira, diarista, natural e
proveniente de Vitória, Espírito Santo, com
baixo nível de escolaridade e sócio-
econômico, foi atendida setembro de 2004.
Queixava-se de dificuldade de
movimentação da perna direita.
3. CASO CLÍNICO
O Referia ter iniciado há cerca de dez dias
com quadro de febre, mialgias e
poliartralgia migratória assimétrica, que,
nos últimos dois dias, melhorou. Porém, o
joelho direito começou a aumentar de
volume, com hiperemia, calor e dor,
causando restrição do movimento
4. Caso Clínico
ORelatava não ter parceiro fixo e ter
feito sexo desprotegido há cerca de
20 dias. História prévia de alguns
episódios de corrimento genital
não-tratados; gesta três, para um e
aborto dois (não afirmava se
provocados ou não); colpocitologia
oncótica nunca realizada.
5. Caso clínico
O Ao exame físico, apresentava um estado
geral regular, joelho direito hiperemiado,
edemaciado e doloroso à palpação e à
movimentação, com restrição funcional e
exame ginecológico sem alterações. Foi
internada para investigação diagnóstica e
tratamento
6. Caso Clínico
O Foram realizados hemograma,
hemocultura (três amostras), artrocentese
diagnóstica e coleta de material para
cultura da endocérvice.
O Qual a sua hipótese diagnóstica?
8. Evolução
O Com a suspeita clínica de artrite
gonocócica, após a coleta dos exames,
iniciou-se imediatamente o tratamento
com ceftriaxone endovenoso 1 g/dia
9. Exames laboratoriais
O 1-Hemograma:leucocitose (15.800/mm³) com
desvio à esquerda (16% de bastões)
O 2-hemocultura negativa
O 3- Artrocentese com visualização de líquido
amarelado, com 25.000 leucócitos/mL, 90%
de polimorfonucleares, bacterioscopia e
cultura negativos; cultura da endocérvice
positiva, com crescimento de diplococos
Gram-negativos identificados,
posteriormente, como Neisseria gonorrhoeae.
Estes elementos clínicos e laboratoriais
analisados em conjunto confirmam a suspeita
clínica de artrite gonocócica.
10. EVOLUÇÃO
O A paciente apresentou melhora clínica
importante em 48 horas e teve alta
hospitalar com prescrição de
ciprofloxacina para continuar tratamento
via oral por mais sete dias e
acompanhamento ambulatorial, onde
seriam investigados HIV e outras DST.
11. EPIDEMIOLOGIA
O Indivíduos jovens, dos 18 aos 40 anos
O Prevalência nos centros urbanos, de
baixa condição sócioeconômico-cultural,
O Antecedente de infecção gonocócica,
O Múltiplos parceiros,
O Sexo feminino
O Prostitutas e usuário de drogas ilícitas
12. Quadro Clínico
O Febre, calafrios, exantema e sintomas
articulares, inicialmente com poliartralgia
migratória, que pode evoluir para
monoartrite séptica persistente,
acometendo na maioria das vezes a
articulação do joelho, conforme neste
relato, podendo acometer o tornozelo, o
cotovelo e o punho.
13. Patogenia
O A artrite gonocócica resulta da
bacteremia oriunda da infecção
gonocócica ou, com maior frequência, da
colonização assintomática da mucosa da
uretra, do colo uterino ou da faringe pelo
gonococo.
14. Laboratório
O 1-Hemocultura nem sempre é positiva, pois não há
septicemia
O 2- A bacterioscopia e a cultura do líquido sinovial são
positivas em apenas um terço dos casos
O 3- Artroscopia e a radiologia apresentam achados
inespecíficos.
O 4- Cultura dos focos primários em meio seletivo de
Thayer Martim, principalmente endocérvice e uretra,
mantém seu valor no diagnóstico, com sensibilidade
e especificidade elevadas (> 90%).
O Método padrão ouro, embora ainda pouco acessível,
que é a biologia molecular, através das técnicas de
PCR ou captação híbrida, com sensibilidade e
especificidade próximos de 100%.
17. Artralgiador articular, habitualmente difusa em toda a
articulação, sem alterações ao exame físico.
Artritepresença de derrame articular e/ou pela
presença de dois ou mais dos seguintes sinais: dor à
palpação e/ou dor à movimentação, calor e limitação.
Comprometimento periarticular (tendinites, bursites,
entesites, lesões ligamentares e/ou meniscais) pode
manifestar-se por dores localizadas, podendo simular
artralgia ou artrite.
Classificação das artrites
A)Agudas (tempo de evolução < 6 semanas)
B)Crônicas (tempo de evolução > 6 semanas)
18. Artrite Monoarticular aguda
O 1-INFLAMATÓRIA
a) Infecciosa
1) Artrite gonocócica
2) Artrite séptica não gonocócica
3) Doença de Lyme
b) Microcristalina
1) Urato monossódico (gota)
2) Doença por depósitos de pirofosfato dididratado de cálcio
(ou pseudogota)
c) Traumática
O 2-NÃO INFLAMATÓRIA:
a) Osteoartrite
b)Traumática
19. Artrite Monoarticular aguda
O 1-INFLAMATÓRIA
a) Infecciosa
O 1) Artrite gonocócica
O 2) Artrite séptica não gonocócica
O 3) Doença de Lyme
20. Artrite Monoarticular aguda
O 1-INFLAMATÓRIA
b) Cristalina
O 1) Urato monossódico (gota0
O 2) Doença por depósitos de pirofosfato
dididratado de cálcio (ou pseudogota)
23. Monoartrites Crônicas
O Infecciosas: Artrite fúngica, micobactérias atípicas,
Lyme, HIV,Artrite tuberculose
O Outras:Artrite reumatoide monoarticular, Artropatia
de Charcot, Monoartrite na osteoartrite, Sinovite por
corpo estranho, Sarcoidose, Condromatose
sinovial, Hemartrose, Osteonecrose asséptica,
Neoplasias ósseas ou periarticulares, Sinovite
vilonodular pigmentada
,
24. Diagnóstico conforme idade
O Faixa etária pediátricaprimeira hipótese
artrite séptica.
O 5 e 15 anos de idade Febre reumática.
O Adolescência e em adultos jovensfase séptica
da artrite gonocócica e hemoglobinopatias.
O Idosos artrites microcristalinas.
25. Localização Anatômica da Artrite
O 1ª MTF (podagra) é típica da gota.
O Joelho (adultos)artrite séptica
O Coxofemoral(faixa etária pediátrica) artrite
séptica
O Joelhosinovite vilonodular pigmentada.
26. Localização Anatômica da Artrite
O Punhos ou joelhosartrite gonocócica
O Articulação temporomandibularartrite reumatoide
(AR) e na artrite idiopática juvenil (AIJ)
O Articulações costocondrais e esternocondrais
síndrome de Tietze e nas espondiloartropatias.
27. Doenças poliarticulares que podem
se iniciar como monoarticulares
Artrite reumatoide
Artrite psoriásica
Doença de Behçet
Artrite reativa
Enteroartropatias
Lúpus eritematoso sistêmico
Artrites virais
Artrite da sarcoidose
Doença de Whipple
28. DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL
O Artrites Sépticas ou Infecciosas
O As artrites infecciosas são o diagnóstico diferencial mais
importante nesse grupo, pois o atraso no tratamento adequado
pode levar ao grave comprometimento da articulação com
sequelas ou até mesmo à sepse e à morte do indivíduo. O
agente infeccioso mais comum é o S. aureus nas faixas etárias
pediátricas e idosas. Na faixa de idade reprodutiva, a N.
gonorrhoae é o agente bacteriano mais comum.
30. DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL
O Artrite Traumática
O A história de trauma e do mecanismo de lesão são
de grande auxílio diagnóstico. Quando a lesão foi
um trauma aberto, a associação com artrite
séptica normalmente ocorre na evolução.
31. Diagnóstico Diferencial
O Artrite Idiopática Juvenil
OAcomete a faixa etária pediátrica,
tendo início antes dos 16 anos, e
apresenta pelo menos 6 semanas
de artrite, sendo excluídas outras
doenças.
33. ARTROCENTESE
O Artrocentese consiste na aspiração de
líquido sinovial de uma articulação com
propósitos diagnósticos ou terapêuticos.
Pode ser realizado de forma rápida e
segura, nas diversas articulações do
organismo, incluindo as do joelho, pulso,
tornozelo, cotovelo, ombro, metatarsais e
metacarpais.
34. INDICAÇÕES
DIAGNÓSTICAS
O •Artrite inexplicada com efusão sinovial
O •Suspeita de artrite séptica
O •Suspeita de artropatias induzidas por cristais
O •Avaliação de resposta terapêutica em artrite
séptica.
Infecção, inflamação e processos não-inflamatórios
35. INDICAÇÕES
TERAPÊUTICAS
O •Drenagem de grandes efusões, hemartrose.
O •Alívio para elevada pressão intra-articular
O •Injeção de medicamentos, como esteróides e
anestésicos locais.
37. CONTRA-INDICAÇÕES
1-Coagulopatias
2-Infecções locais ou sistêmicas (cuidado: celulites)
3-Para aplicação de drogas intra-articulares:
a)Suspeita ou confirmação de articulação séptica.
b)Fratura intra-articular
c)Instabilidade da articulação
d)Múltiplas injeções prévias de esteróides (máx=
3x/ano)
e)Osteopenia justa-articular
f)Impossibilidade de o paciente descansar a
articulação após a injeção.
38. MATERIAL UTILIZADO
Bandeja
•Luvas estéreis
•Tecido estéril
•Antiséptico (Betadeine)
•Anestésico(1% Lidocaína)
•Seringa 5cc e pequena agulha(p/ anestésico)
•Gaze
•Caneta para marcação da pele
•Bandagem elástica
•Uma ou duas seringas de 30cc
•Agulha calibre 18
Tubos coletores para contagem de células, avaliação
de cristais e cultura.