O documento discute o dimensionamento de bordos de linha em produção. Apresenta os objetivos de definir bordos de linha e variáveis a considerar no seu dimensionamento, como logística, ergonomia e espaço disponível. Inclui um exemplo prático de dimensionamento de bordo de linha para uma peça composta por vários componentes.
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdf
BORDO DE LINHA Lean SCM
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Pedro Santos
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LEAN SCM
BORDO DE LINHA
Trabalho realizado por:
- Armando Mainsel
- Pedro Santos
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ÍNDICE
1 – OBJECTIVOS ................................................................................................................ 4
2 – INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 4
3 – IDENTIFICAÇÃO DOS CUIDADOS A TER NO DIMENSIONAMENTO......................... 7
4 – EXEMPLO PRÁTICO DE DIMENSIONAMENTO......................................................... 17
5 – CONCLUSÕES............................................................................................................ 20
6 – BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 21
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1 – OBJECTIVOS
Na elaboração do presente trabalho foi abordado o tema “BORDOS DE LINHA”.
Foram estabelecidos os seguintes objetivos:
- Breve definição de bordo de linha, e seu enquadramento em todo o processo da cadeia de
abastecimento interno;
- Variáveis a considerar no dimensionamento de bordos de linha;
- Dimensionamento de caso prático de linha de bordo;
2 – INTRODUÇÃO
Bordo de linha
É o espaço reservado para as peças que vão ser consumidas na linha de produção. Mas é
muito mais do que isso! Este é utilizado para maximizar as tarefas de valor acrescentado
através da colocação do material que o operador necessita junto à linha de montagem, e deve
ser desenhado e dimensionado de forma a minimizar o muda de movimento de pessoas e a
ser o mais ergonómico possível. “O melhor layout para um posto de trabalho é aquele em que
o operador retira as peças sempre do mesmo local com o movimento mais curto”.
O bordo de linha atua como a interface entre a produção e a logística, no entanto serve como
forma de tornar o trabalho entre estas duas áreas independente. Preferencialmente, o bordo
de linha deve apresentar-se de frente para o operador quando este está a realizar as suas
tarefas. Isto de forma a que a logística possa abastecer as peças, em contentores pequenos,
o mais próximo possível da área de valor acrescentado dos operadores.
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Logística tradicional e LEAN
Na logística tradicional, não é garantida a quantidade de material certo na hora certa e no
local certo, e por isso aumentam-se o volume solicitado de materiais e acumula-se stocks no
bordo de linha como forma de proteção para não faltar material para produção. Este tipo de
logística é caracterizada por:
1) Muda de stocks: capital imobilizado nos diferentes armazéns, stocks em bordo de
linha, baixa rotação de stocks;
2) Espaço excessivo ocupado em bordo de linha por stocks que cria mudas de espera
e deslocamento;
3) Muda de transporte: custo elevado do empilhador e respectiva manutenção;
A melhoria de produtividade do bordo de linha pode ser alcançada através da implantação da
logística LEAN, que está a serviço do posto de trabalho.
As vantagens são as seguintes:
1) Substituição do modo paletes + grandes embalagens por um modelo
supermercados /caixas pequenas: implementação de supermercados JIT modulares
junto à linha.
2) A alimentação da linha faz-se por comboios com grande frequência de entrega para
a linha.
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Na logística LEAN não devem existir paletes no bordo de linha mas sim caixas e/ou outros
tipos de embalagem de acondicionamento, de preferência pequenas e de fácil acesso
melhorando assim a ergonomia dos postos e facilitando uma possível mudança de série.
Abastecimento do Bordo de Linha
No abastecimento deve utilizar-se preferencialmente o abastecimento por trás com
contentores pequenos através de comboios logísticos (Mizusumashi - veículo de locomoção
elétrica ou manual, capaz de acoplar vários reboques conforme a necessidade de
abastecimento, e que segue no timing estabelecido para que não haja rutura de matéria-prima
para produzir, e cujo o objetivo é o de executar todas as movimentações necessárias
entre supermercado e bordo de linha.
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Com um abastecimento mais frequente e em pequenas quantidades, a área de ocupação
torna-se menor e facilita o trabalho dos operadores no levantamento das peças necessárias,
devido a caixas mais ergonómicas. O controlo de qualidade é também maior quando se tratam
de pequenos lotes, uma vez que se torna mais fácil a deteção de defeitos. As estantes devem
ser o mais dinâmicas possível e permitirem trocar a caixa vazia por cheia.
Com o correto dimensionamento dos vagões do comboio logístico (Mizusumashi) e do bordo
de linha, não é necessário a preocupação em relação a falta de peças, o trabalho
padronizado executado permite uma alta produtividade das células de trabalho,
disponibilizando o material certo, no local certo à hora certa.
3 – IDENTIFICAÇÃO DOS CUIDADOS A TER NO DIMENSIONAMENTO
Para projetar os bordos de linha de uma secção ou posto de trabalho, é necessário ter em
conta os seguintes aspetos chave:
-Logística – diz respeito à disponibilidade de material (quer em referências de produto,
quer em quantidades) no bordo de linha. ;
-Ergonomia – o dimensionamento do bordo de linha deve atender a requisitos
ergonómicos, tais como largura e altura máximas do bordo de linha e local para
colocação dos vários tipos de caixa, iluminação do posto de trabalho, etc;
-Espaço disponível – todo o dimensionamento do bordo de linha deve ser ajustado /
adaptado ao espaço físico;
Sistemas anti erro (POKE YOKE) – dotar o posto de trabalho e bordo de linha de
dispositivos ou processos que evitem o aparecimento de erros.
Ambiente de trabalho – o ambiente em torno do bordo de linha pode condicionar o seu
dimensionamento ou materiais a utilizar.
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Identificamos os seguinte cuidados a ter no dimensionamento para cada um dos pontos
apresentados anteriormente:
- Para que o operador do Mizusumashi desempenhe com maior eficiência, o seu trabalho o
local de carga deve estar bem identificado e dimensionado para as movimentações
planeadas. A carga e recolha de caixas deve ter em conta questões ergonómicas quanto á
altura, e o peso das caixas.
- Posicionamento de saída deve ter em conta a inclinação para ser facilmente visualizado,
aproveitar a gravidade para evitar esforços do operador e ter em conta questões de
iluminação, não criando sombras.
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- Um sistema de cores pode ser adotado de modo a facilitar o trabalho do operador na
diferenciação rápida do produto a recolher.
A Gestão Visual facilita muito o trabalho do operador.
- A saída de peças do bordo de linha deve ser estudada de modo a que o operador gaste o
mínimo de tempo a pegar numa peça. O formato de saída da caixa ou contentor deve ser
apropriada para reduzir ao máximo esse tempo que não acrescenta valor ás operações.
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- A distância do bordo de linha ao operador deve respeitar questões antropométricas. A área
sobre o tampo da mesa que o homem pode atingir para pegar sem se esforçar é
individualmente limitada pelo comprimento dos braços. O melhor para pegar peças e
ferramentas é quando estas estão dentro do alcance da extensão dos braços sob a palma da
mão ou próximas do tórax.
A área a verde assinalada na figura seguinte é neste domínio excelente, não só porque nela
dois ou mais objetos de trabalho podem ser identificados sem mudança de visão, mas também
porque implica pouco esforço e movimentos por parte do operador.
Devem estar disponíveis a quantidade de peças necessária para cada operação, as peças
muito utilizadas devem ficar mais próximas, e dentro da zona verde ou laranja.
- A altura do posto de trabalho, e consequentemente do bordo de linha, deve corresponder
sobretudo à altura dos olhos acima da superfície do assento, do ângulo visual e da distância
dos olhos ao plano observado. No trabalho de montagem deve haver um compromisso entre
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boas condições de visão e comodidade para a posição dos braços (o braço deve
preferencialmente mantido na vertical).
A altura do bordo de linha deve, portanto, ajustar-se às condições mais favoráveis de trabalho
do operador, atendendo a medidas padronizadas pelo estudo do trabalho.
- A área de pegar, considerando a movimentação do braço no trabalho em pé, não é diferente
daquela no trabalho sentado. Em pé ainda é possível estende-la através de passos laterais.
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- Ter em conta o primeiro nível inferior, esta cota é influenciada pela posição de trabalho
(sentado ou em pé). Perante esta definição pode ser determinado o numero máximo de níveis
e suas alturas. Por vezes também o posicionamento do operador determina a localização do
retorno de caixas.
- Devemos determinar quais os sistemas de armazenamento a considerar caixas plásticas,
tubos, cartões, bem como, que retornos vão originar e o seu destino. As caixas em plástico
podem voltar ao supermercado, um cartão pode ter de voltar a uma zona de reciclagem.
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- Quando existir o retorno de caixas deve existir um local especifico de retorno e devidamente
identificado. Outra opção pode ser considerar sistemas automáticos de retorno de baixo custo
tipo Karakuri´s, de modo a diminuir o tempo e esforço do operador.
- No caso de utilização de caixas plásticas, deve ser tido em conta o formato, dimensões e o
design inferior, porque estes dados vão contribuir para uma otimização do deslizar das
mesmas quer seja na carga ou no retorno. Deve-se conhecer bem o produto a movimentar,
de modo a prever possíveis danos. (Ex: Produtos sensíveis temos de utilizar roletes duplos
alternado de modo a diminuir a vibração).
- Deve-se dimensionar a inclinação adequada para que na movimentação de caixas seja,
sempre que possível, utilizar a gravidade para deslocar as caixas. As caixas devem permitir
ter o produto sempre bem visível e facilmente extraível. Também a caixa depois de vazia deve
ser facilmente extraível.
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A Segurança é outro ponto fundamental a ter em conta nestas operações. Deve ser tido em
conta questões como entalamento de dedos ou mãos na extração da caixa ou dos produtos.
- Sempre que possível, cada fila de caixas deve ter guardas laterais para evitar que se
posicionem em outras filas e induzam em erro os operadores. Cada produto deve sempre que
possível estar no mesmo sitio em cada produto fabricado.
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- Opcionalmente nos bordos de linha pode ser utilizado um sistema de cores de modo a
sinalizar a necessidade de produto, ou limites de produto.
- Quando queremos otimizar algumas operações e diminuir o erro de sequência ou de picking
podemos inserir nos bordos de linha auxiliares luminosos tipo “Pick to Light”.
- Como muitas vezes o espaço disponível é limitado, é necessário sabermos o espaço
disponível de modo a podermos otimizar o espaço de acordo com o disponível. Podemos
colocar tudo em um nível ou vários, otimizar as caixas, utilizar tubos de picking ou braços
auxiliares ao operador.
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- Ambiente de trabalho – Por vezes existem condicionalismos no ambiente de trabalho. Como
exemplo podemos ter ambientes ESD, EX, Clean Room, e outros.
Nestas situações devemos ter em conta a legislação e cuidados próprios destes tipos de
ambiente.
Estes são alguns dos pontos considerar no dimensionamento estrutural de um bordo de linha.
No ponto seguinte deste trabalho vamos abordar o dimensionamento quanto á quantidade de
cada produto ou caixas.
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4 – EXEMPLO PRÁTICO DE DIMENSIONAMENTO
Como exercício de dimensionamento de Bordo de Linha, apresentamos um exemplo didáctico
utilizado ao nível pedagógico, e que consiste na montagem de um bloco (o qual designamos
por Bloco X) com vários componentes conforme ilustrações seguintes.
Apresentamos o dimensionamento do número de caixas de cada componente a utilizar no
bordo de linha (função do tempo de ciclo do Mizusumashi e da autonomia de cada caixa),
bem como uma disposição possível das caixas na vertical e na horizontal).
Esta peça tem as seguintes características:
Biil of
materials
Sequência
de
montagem
Tempo de
montagem/unid
Peso/uni
1 Base do corpo 1 1 seg 100 gr
1 Rolamento 2 3 seg 50 gr
1 Eixo branco 3 1 seg 20 gr
1 Eixo preto 5 1 seg 20 gr
1
Peça Rotação Preta
1 6
1 seg 40 gr
1
Peça Rotação
Branca 2 4
1 seg 40 gr
1 Tampa 7 2 seg 10 gr
4 Parafusos 8 5 seg 2 gr
Total: 20
Tempo de
ciclo
23 seg
Para transportar todos os componentes foram selecionadas caixas normalizadas e
habitualmente existentes na empresa. O seu dimensionamento foi tido em conta as
quantidades a transportar no ciclo anterior a esta estação.
Os componentes do Bloco X são alimentadas nas seguintes dimensões:
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Biil of
material
s
Qt por
caixa
Dimensões
da caixa
Peso da
caixa
cheia
Tipo de
material da
caixa
1 Base do corpo 60 600x400x120 6 kgs Plástica
1 Rolamento 50 300x200x120 2,5 Kgs Plástica
1 Eixo branco 100 300x200x120 2 kgs Plástica
1 Eixo preto 100 300x200x120 2 kgs Plástica
1
Peça Rotação Preta
1
200
300x200x120 8 kgs Plástica
1
Peça Rotação
Branca 2
200
300x200x120 8 kgs Plástica
1 Tampa 200 300x200x120 2 kgs Plástica
4 Parafusos 1000 300x200x120 2 kgs Cartão
Com os dados das tabelas anteriores podemos calcular:
- Autonomia da caixa= (Nº de peças por caixa *Tempo de ciclo)/Nº de peças necessárias
Bloco X
- Caixas no bordo de linha=Inteiro(Tempo de ciclo do Mizusumashi/Autonomia de cada caixa)
- A posição de cada caixa no BL vai ser influenciada pelo peso da peça, quantidade utilizada
e sequencia de operações.
Com os dados anteriores podemos elaborar a seguinte tabela:
Biil of
materials
Autonomia
da caixa
Caixas no bordo de
linha para um ciclo do
Mizusumashi de 30
minutos
Posição da
caixa no
BL
1 Base do corpo 1380 seg 3 1ºnivel
1 Rolamento 1150 seg 4 2º nivel
1 Eixo branco 2300 seg 2 2º nivel
1 Eixo preto 2300 seg 2 3º nivel
1
Peça Rotação Preta
1
4600 seg 1
3º nivel
1
Peça Rotação
Branca 2
4600 seg 1
2ºnivel
1 Tampa 4600 seg 1 3º nivel
4 Parafusos 5750 seg 1 1ºnivel
Foi considerado que após esta submontagem este conjunto era colocado num tapete
transportador e seguia para o posto de montagem seguinte.
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Como exemplo real podemos obter o seguinte bordo de linha a incorporar numa bancada de
montagem:
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5 – CONCLUSÕES
A dinâmica atual do mercado é cada vez mais exigente ao nível da capacidade e rapidez de
resposta por parte de toda a cadeia produtiva, sendo necessário que as organizações estejam
preparadas para responder às expectativas dos clientes (Sistema PULL) e não lhe tentar
impor o produto (Sistema PUSH).
Nesse sentido, ficou demonstrado neste trabalho que o correto dimensionamento do Bordo
de Linha, permitirá a redução dos tempos de produção, a melhoria das condições de trabalho
para os operadores, redução do espaço necessário para armazenamento dos componentes
necessários junto do posto de trabalho (custos), e também a eliminação de MUDAS em todo
o processo produtivo.
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6 – BIBLIOGRAFIA
- Dissertação de Mestrado FEUP “Implementação de sistemas kanban de abastecimento nas
linhas de produção” – Julho 2014;
- Dissertação de Mestrado FEUP “Implementação do sistema pull na secção de preparação
de acessórios” – Junho de 2008;
- Dissertação de Mestrado FEUP “Pull Flow na Indústria Automóvel Kaizen Institute Consultant
Group” – Junho de 2012;
- Dissertação de Mestrado UNIVERSIDADE DO MINHO “Implementação de um sistema de
abastecimento unidade a unidade a linhas de montagem na produção automóvel” – Junho de
2014;
- Trabalho de Graduação apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina “Aplicação
de Ferramentas LEAN para melhorar a produtividade na montagem de eletrodomésticos” –
2011;
- Manuais de estudo da PGLM Edição XVIII lecionada pela CLT.
-White paper de Lean e catálogos da item Potugal(by Europneumaq).
Vila Nova de Gaia, 30 de Janeiro de 2016