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Quinto Império



          É evidente que Pessoa não inventou o Sebastianismo, encontrou-o na tradição
portuguesa; mas, ao adoptá-lo, aprofundou-o e transfigurou-o. Sobretudo, uniu-o de
uma forma pessoal ao outro grande mito tradicional português, o do Quinto Império. A
ideia do Quinto Império vem de muito longe na mitologia judaico-cristã. Todos
concordam em ver a sua origem no sonho de Nabucodonosor, contado no Livro de
Daniel. O rei vê em sonhos uma estátua de dimensões prodigiosas: a cabeça é de ouro,
o peito de prata, o ventre de bronze e os pés de barro misturado com ferro. De súbito,
uma pedra bate no barro, o que faz com que toda a estátua venha abaixo; e a pedra
transforma-se numa alta montanha que cobre a terra inteira. Daniel interpreta assim o
sonho: o ouro representa o império da Babilónia, e a prata, o bronze e o barro
misturado com o ferro significam os outros três impérios que irão suceder-lhe. Esses
quatro impérios serão destruídos. A pedra que se transforma em montanha profetiza a
vinda de um Quinto Império universal, que não terá fim. (...)
          Para Pessoa, os quatro primeiros impérios já não são os da tradição, mas os
quatro grandes momentos da civilização ocidental: a Grécia, a Roma antiga, o
Cristianismo, a Europa do Renascimento e das Luzes. Já não se fala da Assíria nem da
Pérsia, nem, aliás, do Egipto ou da China: o mundo é europeu. Mas, sobretudo, quando
fala do Império vindouro, já não se trata de todo do exercício de um poder temporal,
nem sequer espiritual, mas da irradiação do espírito universal, reflectido nas obras dos
poetas e dos artistas. Ele condena a força armada, a conquista, a colonização, a
evangelização, todas as formas de poder. O Quinto Império será «cultural», ou não
será. E se diz, como Vieira, que o Império será português, isso significa que Portugal
desempenhará um papel determinante na difusão dessa ideia apolínea e órfica do
homem que toda a sua obra proclama. Um português como ele, homem sem
qualidades, infinitamente aberto, menos marcado que os outros, tem mais vocação
para a universalidade. Não há dúvidas de que acreditou que aquilo a que chama
metaforicamente o Quinto Império se realizaria por ele e nele; é o sentido de um texto
de 1925, em que afirma que «a segunda vinda» de D. Sebastião já se verificou,
cumprindo a profecia do Bandarra, em 1888, data que marca «o início do reino do
sol».

    Robert Bréchon. Estranho Estrangeiro - Uma biografia de Fernando Pessoa. Lisboa: Quetzal, 1996, pp. 404-406.

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Pessoa e a visão do Quinto Império como difusão do espírito universal

  • 1. Quinto Império É evidente que Pessoa não inventou o Sebastianismo, encontrou-o na tradição portuguesa; mas, ao adoptá-lo, aprofundou-o e transfigurou-o. Sobretudo, uniu-o de uma forma pessoal ao outro grande mito tradicional português, o do Quinto Império. A ideia do Quinto Império vem de muito longe na mitologia judaico-cristã. Todos concordam em ver a sua origem no sonho de Nabucodonosor, contado no Livro de Daniel. O rei vê em sonhos uma estátua de dimensões prodigiosas: a cabeça é de ouro, o peito de prata, o ventre de bronze e os pés de barro misturado com ferro. De súbito, uma pedra bate no barro, o que faz com que toda a estátua venha abaixo; e a pedra transforma-se numa alta montanha que cobre a terra inteira. Daniel interpreta assim o sonho: o ouro representa o império da Babilónia, e a prata, o bronze e o barro misturado com o ferro significam os outros três impérios que irão suceder-lhe. Esses quatro impérios serão destruídos. A pedra que se transforma em montanha profetiza a vinda de um Quinto Império universal, que não terá fim. (...) Para Pessoa, os quatro primeiros impérios já não são os da tradição, mas os quatro grandes momentos da civilização ocidental: a Grécia, a Roma antiga, o Cristianismo, a Europa do Renascimento e das Luzes. Já não se fala da Assíria nem da Pérsia, nem, aliás, do Egipto ou da China: o mundo é europeu. Mas, sobretudo, quando fala do Império vindouro, já não se trata de todo do exercício de um poder temporal, nem sequer espiritual, mas da irradiação do espírito universal, reflectido nas obras dos poetas e dos artistas. Ele condena a força armada, a conquista, a colonização, a evangelização, todas as formas de poder. O Quinto Império será «cultural», ou não será. E se diz, como Vieira, que o Império será português, isso significa que Portugal desempenhará um papel determinante na difusão dessa ideia apolínea e órfica do homem que toda a sua obra proclama. Um português como ele, homem sem qualidades, infinitamente aberto, menos marcado que os outros, tem mais vocação para a universalidade. Não há dúvidas de que acreditou que aquilo a que chama metaforicamente o Quinto Império se realizaria por ele e nele; é o sentido de um texto de 1925, em que afirma que «a segunda vinda» de D. Sebastião já se verificou, cumprindo a profecia do Bandarra, em 1888, data que marca «o início do reino do sol». Robert Bréchon. Estranho Estrangeiro - Uma biografia de Fernando Pessoa. Lisboa: Quetzal, 1996, pp. 404-406.