O documento apresenta uma análise do poema "Mensagem" de Fernando Pessoa. Começa com uma breve biografia do autor e explica a estrutura tripartida da obra. Analisa a dimensão épico-lírica dos poemas e a natureza simbólica do herói Sebastião. Discutem-se poemas específicos como "D. Sebastião, Rei de Portugal" e "O Quinto Império". Conclui-se que a obra exalta o patriotismo e a visão de Pessoa para um futuro espiritual e cultural de Portugal
2. Índice
Introdução
Biografia de Fernando Pessoa
Estrutura da Obra
Exaltação Patriótica
A natureza épico-lírica da obra e a dimensão simbólica do herói
O Sebastianismo e a dimensão simbólica do herói
Analise dos poemas
“D. Sebastião, rei de Portugal”
“O Quinto Império”
“Nevoeiro”
Conclusão
Bibliografia / sitografia
3. Introdução
O trabalho de pesquisa que se segue foi mandado fazer pela senhora professora
de língua portuguesa, com vista numa pesquisa, sobre o livro poético “Mensagem”
de Fernando Pessoa. A pesquisa servirá para melhor compreensão da matéria dada
e ficar a conhecer melhor esta grande obra.
4. Biografia de Fernando Pessoa
Nasce a 13 de junho de 1888, em Lisboa. Emigra aos 7 anos para
Durban, África do Sul, onde obtém excelente rendimento escolar.
Regressa a Lisboa em 1905, onde frequenta dois anos o Curso
Superior de Letras. Monta a tipografia Íbis, que nunca funcionou e
se revelou um fracasso. Em 1912 publica na revista Águia e em
1914 cria os heterónimos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e
Ricardo Reis. Funda com Mário de Sá-Carneiro a revista Orpheu,
introdutora do Modernismo em Portugal. Em 1917 publica com
Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso e Santa-Rita
(Geração de Orpheu) o Portugal Futurista. O seu único livro,
Mensagem, é publicado em 1934. Morre a 30 de novembro de
1935, na sequência de uma crise hepática.
5. Estrutura da Obra
A Mensagem encontra-se dividida em três partes, cada uma delas subdividida
noutras. Esta tripartição é simbólica e tem como base o facto de as profecias se
realizarem três vezes, ainda que de modo diferente e tempos diferentes.
Corresponde à evolução do Império Português que, tal como o ciclo da vida, passa
pelo nascimento, realização e morte. Todavia, esta morte não poderá ser entendida
como um fim definitivo, visto que a morte pressupõe uma ressurreição. Esta
ressurreição culmina com o aparecimento de um novo império, desta vez não
terreno, mas sim espiritual e cultural, a fim de atingir a paz universal ("E a nossa
grande Raça partirá em busca de uma índia nova, que não existe no espaço, em
naus que são construídas daquilo de que os sonhos são feitos" - Fernando Pessoa).
Fernando Pessoa, que desejava ser um criador de mitos, apela ao mito
sebastianista, à vinda de um messias que viria cumprir Portugal. Assim, o
Encoberto (D. Sebastião) foi o escolhido para realizar o sonho do Quinto Império.
Esta tarefa só seria cumprida com muita determinação, loucura e sonho que tão
bem caracterizam D. Sebastião ("Louco, sim, louco, porque quis grandeza", em “D.
Sebastião, Rei de Portugal”).
6. Estrutura da Obra
Cada uma das partes da Mensagem começa com uma expressão latina, adequada à
parte simbólica a que pertence. Fernando Pessoa inicia a obra com a expressão
latina Benedictus Dominus Deus noster que dedit nobis signum ("Bendito o Senhor
Nosso Deus que nos deu o sinal") que nos remete para o carácter simbólico e
messiânico da Mensagem.
A 1ª parte - Brasão - faz desfilar os heróis lendários ou históricos, desde Ulisses a D.
Sebastião, ora invocados pelo poeta, ora definindo-se a si próprios. O poeta começa por
fazer a localização de Portugal na Europa e em relação ao Mundo, salientando a sua
magnitude; apresenta a definição de mito (de modo paradoxal, "O mito é o nada que é
tudo"), realçando o seu valor na construção da realidade; apresenta ainda o povo
português como o construtor do império marítimo, assim como revela os predestinados,
responsáveis pela construção do país.
A 2ª parte - Mar Português - apresenta poesias inspiradas na ânsia do Desconhecido e
no esforço heróico da luta com o Mar. É nesta parte que o poeta salienta a grandeza do
sonho convertido em acção, unificando o acto humano e o Destino traçado por Deus.
Surge à cabeça desta parte o poema "O Infante", para vincar a relação entre o poder de
Deus na criação, o Homem
7. Estrutura da Obra
como agente intermediário e a obra como resultado de toda esta relação lógica ("Deus
quer, o homem sonha, a obra nasce"). Os outros poemas evocam as glórias e as
tormentas passadas ao concretizar-se o sonho dos Descobrimentos.
A 3ª parte - O Encoberto - apresenta o actual Império moribundo, Portugal baço "a
entristecer", pois "Tudo é incerto e derradeiro. / Tudo é disperso, nada é inteiro."
(“Nevoeiro”). Face a esta constatação, o poeta considera que chegou a hora de
despertarmos para a nossa missão: a constituição de um Quinto Império, um reino de
liberdade de espírito e de redenção (“Ó Portugal, hoje és nevoeiro... / É a Hora! ", em
"Nevoeiro"). A Mensagem termina com a expressão latina Valete Fratres ("Felicidades,
irmãos"), um grito de felicidade e um apelo para que todos lutem por um novo Portugal.
8. Exaltação Patriótica
A Mensagem revela um compromisso com a pátria e a expansão.
O Quinto Império é o último dos 4 impérios. Esses impérios são o
IMPÉRIO GREGO (possui todas as experiências dos impérios
culturais), o IMPÉRIO ROMANO (possui a experiência e cultura
grega e é formada por povos da Europa, Ásia e África), o IMPÉRIO
CRISTÃO (possui a extensão do império ROMANO e a cultura do
IMPÉRIO GREGO e ainda possui elementos de toda a ordem
oriental) e o IMPÉRIO EUROPEU. O QUINTO IMPÉRIO é a união
destes 4 impérios e é o primeiro império administrativo mundial ou
universal. Este império será comandado por D. Sebastião quando o
mesmo voltar.
9. A natureza épico-lírica da obra e a dimensão simbólica do herói
O texto épico-lírico implica características da epopeia e da lírica, ou seja,
resulta da fusão de elementos épicos com uma componente lírica capaz de
exprimir os sentimentos ou os pensamentos íntimos do "Eu".
Na Mensagem de Fernando Pessoa é possível observarmos o sentido épico
pela presença de fragmentos de discursos narrativos, das alusões históricas,
dos feitos heroicos, do maravilhoso (com as referências mitológicas) e da
expressão do espírito do povo português; por outro lado, a brevidade dos
poemas, o valor em si que cada poema possui isoladamente, a expressão das
emoções, a valorização do "Eu" são marcas do discurso lírico.
A Dimensão Simbólica do Herói
Em A Mensagem, as figuras históricas da epopeia surgem como personagens
míticas que funcionam como modelos.
O herói da Mensagem projeta-se para além do momento histórico em que a
ação teve lugar, sendo a sua dimensão simbólica e mítica que importa
enquanto marco na história da Humanidade.
10. A natureza épico-lírica da obra e a dimensão simbólica do herói
Este herói é predestinado, escolhido, sacralizado e situa-se no domínio do sonho, procurando
contudo a superação dos limites que caracterizam a própria condição humana.
Heróis - Alguns exemplos das personagens
NUN’ÁLVARES PEREIRA
D. FERNANDO, INFANTE DE PORTUGAL
O CONDE
D.HENRIQUE
É evocado como herói, mártir e santo; suportou todos os tormentos em nome da Fé, para tal estava
predestinado. (Filho mais novo de D. João I).
O conde, fundador do Condado Portucalense, lutando contra os mouros, deu origem à construção
de um reino cristão exemplar.
O herói cumpre a vontade divina, mesmo quando não sabe o que fazer com a espada (arma que
combate o mal / que constrói a paz).
É a figura simbólica de Portugal medieval, anterior aos Descobrimentos; fidalgo guerreiro, herói e
santo, segundo o ideal medieval de cavalaria.
É aqui retomada a simbologia da espada – combate o mal e ilumina o homem em busca da
verdade. “S. Portugal”, Nuno Álvares Pereira, torna-se o “Santo Condestável”.
11. O Sebastianismo e a dimensão simbólica do herói
É um movimento religioso, feito em volta duma figura nacional, no
sentido de um mito.
No sentido simbólico D. Sebastião é Portugal, ou seja, aquele que
perdeu a sua grandeza com D. Sebastião, e que só voltará a tê-la
com o regresso dele, um regresso simbólico (como, por um
mistério espantoso e divino, a própria vida dele fora simbólica).
D. Sebastião voltará, diz a lenda, por uma manhã de nevoeiro, no
seu cavalo branco, vindo da ilha longínqua onde esteve esperando
a hora de voltar.
Numa manhã de nevoeiro indica, evidentemente, por elementos
decadentes.
13. “D. Sebastião, Rei de Portugal”
“Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?”
14. Estrutura Externa
1ª Parte da obra - Brasão - III parte - Último poema das quinas
2 Estrofes
Duas quinquilhas
Seis, oito e dez sílabas métricas - versos irregulares quanto a métrica
1ª Pessoa
15. Estrutura Externa
Rima cruzada e emparelhada
Rima rica e rima pobre
Figuras de estilo: Diácope; Eufemismo;
Perífrase; Pleonasmo; Pergunta retórica
Louco, sim, louco, porque quis grandeza - A
Qual a Sorte a não dá. - B
Não coube em mim minha certeza;- A
Por isso onde o areal está - B
Ficou meu ser que houve, não o que há.- B
Minha loucura, outros que me a tomem.- C
Com o que nela ia. - D
Sem a loucura que é o homem - C
Mais que a besta sadia, - D
Cadáver adiado que procria? - D
16. Análise Interna
“Louco, sim, louco, porque quis
grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que
há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?”
Louco mas apenas por querer mais
Por procurar para além da sorte
Mas foi maior do que ele a sua vontade
Por isso sucumbiu no areal ( de África)
Ficando lá o seu corpo, mas não a sua memória, o
seu mito
O meu desejo a minha ambição, outros que a
concretizem
Em toda a sua extensão
Sem o desejo por algo maior, o que é o homem?
Nada mais é do que um animal com saúde
Alguém que tem filhos, uma prole, mas que espera
apenas pela morte
17. Análise Interna
“Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
• Líder de uma cruzada no Norte de África
• Mal preparado para a batalha de Alcácer-Quibir
• Perda da independência de Portugal face à Espanha
• Filipe II - D. Sebastião o "louco"
• Fernando Pessoa - "louco" em busca da glória -
"Porque quis grandeza/Qual a Sorte a não dá"
• Não era suficiente para conter a sua vontade
• Com a morte de D. Sebastião nasce um mito -
"onde o areal está/ Ficou meu ser que houve"
18. Análise Interna
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?”
• Desejo de D. Sebastião pode ser passado a outro
- "Minha loucura, outros que me a tomem"
• Desejo de alcançar algo maior é infinito - "que
me a tomem/Com o que nela ia"
• Rei louco, doente e fraco capitão ou nobre
português que tanto desejou e morreu na busca
da glória
19. Os Lusíadas – A Mensagem
Luís de Camões
• Dedica a sua obra a D. Sebastião
• Enaltece as suas virtuosas
caraterísticas como rei
• Apresenta o jovem como a segurança
e a garantia da dependência nacional
• Exalta o rei como aquele a quem
cabe a missão de expandir a fé cristã
Fernando Pessoa
• Apresenta D. Sebastião como alguém
que se imortalizou por ter lutado
pelos seus objetivos de forma exímia
• Apela aos portugueses para aderirem
à mesma atitude. Só dessa forma
Portugal pode assumir um possível
futuro promissor
20. “Quinto Império”
“Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz —
Ter por vida a sepultura.
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa — os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?”
21. Estrutura Externa
O poema "Quinto Império" encontra-se em "Os Símbolos
O poema é constituído por 5 estrofes todas elas constituídas por quintilhas.
Quanto ao esquema rimático:
• 1ª Estrofe - a/b/a/a/b ;
• 2ª Estrofe - c/d/c/c/d
• 3ª Estrofe - g/f/g/g/f
• 4ª Estrofe - h/i/h/h/i
• 5ª Estrofe - j/l/j/j/l
Quanto ao tipo de rimas:
• cruzadas (a/b/a),
• interpoladas (b/a/a/b)
• emparelhadas (b/a/a/b)
Quanto à digitalização métrica: Versos em redondilha maior (7 sílabas métricas).
22. Recursos Estilísticos
O poema começa com um oxímoro nos dois primeiros versos da primeira estrofe e no
primeiro verso da segunda estrofe. Com a utilização do oxímoro Pessoa exprime duas
ideias, criticando aqueles que se adaptam perante a vida e a felicidade dos mesmos
que se conformam.
Na terceira estrofe há uma repetição “Eras sobre era…/ No tempo em que eras vem.”
que indica a passagem de tempo.
Encontramos também uma antítese em “Do dia claro/ Da erma noite” que nos remete
à escuridão do desconhecido “erma noite” em contraste com a luminosidade do saber
“Do dia claro”.
Na última estrofe há a enumeração “Grécia, Roma, Cristandade/Europa” indicando que
estes países chegaram ao fim derrotados pelo tempo.
Por fim o sujeito poético termina com uma interrogação retórica apelando assim à
verdade que não quer ser vivida pelos portugueses bem como um apelo ao quinto
império.
23. Recursos Estilísticos
Anáfora: "Triste de quem" (v.1) e "Triste de quem" (v.6). Esta anáfora é utilizada
com o intuito de enfatizar a passividade daqueles que vivem felizes com o pouco
que têm como aqueles que já possuem algo mais mas mesmo assim não possuem
um espírito sonhador.
24. Análise Interna
“Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de
asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz —
Ter por vida a sepultura.
Na primeira estrofe o autor pretende mostrar que
na vida o mais importante é o sonho e que sem o
sonho, a vida torna-se triste, mesmo que estejamos
no sítio mais confortável e aconchegador do
mundo, como a nossa casa. O autor afirma
também que o sonho é uma infelicidade pois o
Homem só vive fisicamente.
Na segunda estrofe, explica que quem é feliz
limita-se a viver por viver, sem interesse e sem
procurar outras formas de felicidade bem como
novas experiências. Mostra também que na própria
essência material do homem está, desde a sua
origem, a inevitabilidade da morte.
25. Análise Interna
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa — os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?”
Na terceira estrofe o autor mostra-nos que o tempo
vai passando e que as coisas vão mudando, mas que
o descontentamento do homem nunca muda e que
isso o faz ser homem. Afirma também que as nossas
forças estão na alma e nos nossos sonhos.
Com a quarta estrofe Fernando Pessoa pretende
mostrar que com o passar dos Tempos, a Terra será o
palco em que tudo feliz de novo.
Por fim na última estrofe, o autor escreve que Grécia,
Roma, Cristandade e Europa são os impérios que tal
como o Homem, nasce, envelhece e morre, chegando
a desaparecer, “Para onde vai toda a idade”. Nos
últimos dois versos destaca-se o mito de D. Sebastião
como solução para os problemas de um Portugal
cinzento, acomodado e triste.
26. Simbologias
Asa- liberdade de pensamento;
Noite – simboliza a morte; remeter para um tempo de gestação que desabrochará
como manifestação de vida;
Lar- Conforto, comodidade;
D. Sebastião- o rei que morreu na terra mas nasceu para o mito com a promessa de
voltar para dirigiu a Nação à glória: ”O Quinto Império”;
27. Intertextualidade com Os Lusíadas
Conquista será a quarta, que no Império
Português só reside com possança:
Pois no emblema e no ínfimo hemisfério
As quatro partes só do mundo alcança.
E as quatro nações d'elles por mistério
com que conquista, e tem certa esperança,
Que Christãos, Mouros, Turcos e Gentios,
Juntarão n'uma lei seus senhorios.
Os Lusíadas, Luiz de Camões.
28. Intertextualidade com Os Lusíadas
Camões Cantou o império real, o expansionismo material para o oriente, a cruzada
religiosa contra os infiéis, a ultrapassagem dos obstáculos físicos que se erguiam
aos portugueses por terra e por mar, mitificou o povo lusitano e desenvolveu a sua
obra a D. Sebastião.
Pessoa antevê um Portugal, no futuro, além do material, acredita que serão os
portugueses a criar o Quinto Império dada a sua grandeza. Portugal não será assim
grande em domínio territorial, mas em valores espirituais e morais. O objetivo do
poeta é, portanto, espiritualista.
Pessoa critica aqueles que não procuram novas aventuras, "Triste de quem vive em
casa", enaltecendo e glorificando aqueles que foram em busca de novas
experiências, tal como fez Camões.
30. Nevoeiro
“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!”
31. Estrutura Externa
O poema "Nevoeiro" insere-se na 3ª Parte da estrutura externa da Mensagem, "O
Encoberto", em Os Tempos.
Neste poema, o último da Mensagem, Fernando Pessoa revela desencantamento
face à realidade portuguesa dos seus dias, representando a incerteza, a
indeterminação, a indefinição e a promessa de um novo dia.
Este Nevoeiro, que não é físico, mas sim simbólico, revela a necessidade de uma
revolta Nacional a todos os níveis.
O título simboliza a indeterminação, obscuridade, e a promessa de um novo dia.
Metáfora de Portugal no presente.
32. Estrutura Externa
Esquema Rimático
Constituído por 3 estrofes:
• 1ª estrofe - sextilha;
• 2ª estrofe - sétima;
• 3ª estrofe – monóstico
• Total de 14 versos podendo ter 6, 8 e 10 sílabas métricas
33. Estrutura Externa
Anáfora
Antítese
Paradoxo
Apóstrofe
Exclamação
Adjetivação
Comparação
“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!”
34. Estrutura Externa
1ª estrofe
Cruzada e emparelhada
(ABABBA)
2ª estrofe
Emparelhada
(CDDEFFF)
“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!”
35. Análise Interna
“Nem rei nem lei, nem paz nem
guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
CRISE A NIVEL POLITICO
CRISE DE IDENTIDADE
36. Análise Interna
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!”
CRISE DE VALORES MORAIS
PASSAGEM PARA A POSITIVIDADE
SITUAÇÃO PRESENTE EM PORTUGAL
REFERE-SE ÀHORA DA MUDANÇA