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“MENSAGEM”
de Fernando Pessoa
Manuel Sanches
PORTUGUÊS – Módulo n.º 8
Turma 20G – Curso TT
Índice
 Introdução
 Biografia de Fernando Pessoa
 Estrutura da Obra
 Exaltação Patriótica
 A natureza épico-lírica da obra e a dimensão simbólica do herói
 O Sebastianismo e a dimensão simbólica do herói
 Analise dos poemas
 “D. Sebastião, rei de Portugal”
 “O Quinto Império”
 “Nevoeiro”
 Conclusão
 Bibliografia / sitografia
Introdução
 O trabalho de pesquisa que se segue foi mandado fazer pela senhora professora
de língua portuguesa, com vista numa pesquisa, sobre o livro poético “Mensagem”
de Fernando Pessoa. A pesquisa servirá para melhor compreensão da matéria dada
e ficar a conhecer melhor esta grande obra.
Biografia de Fernando Pessoa
 Nasce a 13 de junho de 1888, em Lisboa. Emigra aos 7 anos para
Durban, África do Sul, onde obtém excelente rendimento escolar.
Regressa a Lisboa em 1905, onde frequenta dois anos o Curso
Superior de Letras. Monta a tipografia Íbis, que nunca funcionou e
se revelou um fracasso. Em 1912 publica na revista Águia e em
1914 cria os heterónimos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e
Ricardo Reis. Funda com Mário de Sá-Carneiro a revista Orpheu,
introdutora do Modernismo em Portugal. Em 1917 publica com
Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso e Santa-Rita
(Geração de Orpheu) o Portugal Futurista. O seu único livro,
Mensagem, é publicado em 1934. Morre a 30 de novembro de
1935, na sequência de uma crise hepática.
Estrutura da Obra
 A Mensagem encontra-se dividida em três partes, cada uma delas subdividida
noutras. Esta tripartição é simbólica e tem como base o facto de as profecias se
realizarem três vezes, ainda que de modo diferente e tempos diferentes.
Corresponde à evolução do Império Português que, tal como o ciclo da vida, passa
pelo nascimento, realização e morte. Todavia, esta morte não poderá ser entendida
como um fim definitivo, visto que a morte pressupõe uma ressurreição. Esta
ressurreição culmina com o aparecimento de um novo império, desta vez não
terreno, mas sim espiritual e cultural, a fim de atingir a paz universal ("E a nossa
grande Raça partirá em busca de uma índia nova, que não existe no espaço, em
naus que são construídas daquilo de que os sonhos são feitos" - Fernando Pessoa).
 Fernando Pessoa, que desejava ser um criador de mitos, apela ao mito
sebastianista, à vinda de um messias que viria cumprir Portugal. Assim, o
Encoberto (D. Sebastião) foi o escolhido para realizar o sonho do Quinto Império.
Esta tarefa só seria cumprida com muita determinação, loucura e sonho que tão
bem caracterizam D. Sebastião ("Louco, sim, louco, porque quis grandeza", em “D.
Sebastião, Rei de Portugal”).
Estrutura da Obra
 Cada uma das partes da Mensagem começa com uma expressão latina, adequada à
parte simbólica a que pertence. Fernando Pessoa inicia a obra com a expressão
latina Benedictus Dominus Deus noster que dedit nobis signum ("Bendito o Senhor
Nosso Deus que nos deu o sinal") que nos remete para o carácter simbólico e
messiânico da Mensagem.
 A 1ª parte - Brasão - faz desfilar os heróis lendários ou históricos, desde Ulisses a D.
Sebastião, ora invocados pelo poeta, ora definindo-se a si próprios. O poeta começa por
fazer a localização de Portugal na Europa e em relação ao Mundo, salientando a sua
magnitude; apresenta a definição de mito (de modo paradoxal, "O mito é o nada que é
tudo"), realçando o seu valor na construção da realidade; apresenta ainda o povo
português como o construtor do império marítimo, assim como revela os predestinados,
responsáveis pela construção do país.
 A 2ª parte - Mar Português - apresenta poesias inspiradas na ânsia do Desconhecido e
no esforço heróico da luta com o Mar. É nesta parte que o poeta salienta a grandeza do
sonho convertido em acção, unificando o acto humano e o Destino traçado por Deus.
Surge à cabeça desta parte o poema "O Infante", para vincar a relação entre o poder de
Deus na criação, o Homem
Estrutura da Obra
 como agente intermediário e a obra como resultado de toda esta relação lógica ("Deus
quer, o homem sonha, a obra nasce"). Os outros poemas evocam as glórias e as
tormentas passadas ao concretizar-se o sonho dos Descobrimentos.
 A 3ª parte - O Encoberto - apresenta o actual Império moribundo, Portugal baço "a
entristecer", pois "Tudo é incerto e derradeiro. / Tudo é disperso, nada é inteiro."
(“Nevoeiro”). Face a esta constatação, o poeta considera que chegou a hora de
despertarmos para a nossa missão: a constituição de um Quinto Império, um reino de
liberdade de espírito e de redenção (“Ó Portugal, hoje és nevoeiro... / É a Hora! ", em
"Nevoeiro"). A Mensagem termina com a expressão latina Valete Fratres ("Felicidades,
irmãos"), um grito de felicidade e um apelo para que todos lutem por um novo Portugal.
Exaltação Patriótica
 A Mensagem revela um compromisso com a pátria e a expansão.
 O Quinto Império é o último dos 4 impérios. Esses impérios são o
IMPÉRIO GREGO (possui todas as experiências dos impérios
culturais), o IMPÉRIO ROMANO (possui a experiência e cultura
grega e é formada por povos da Europa, Ásia e África), o IMPÉRIO
CRISTÃO (possui a extensão do império ROMANO e a cultura do
IMPÉRIO GREGO e ainda possui elementos de toda a ordem
oriental) e o IMPÉRIO EUROPEU. O QUINTO IMPÉRIO é a união
destes 4 impérios e é o primeiro império administrativo mundial ou
universal. Este império será comandado por D. Sebastião quando o
mesmo voltar.
A natureza épico-lírica da obra e a dimensão simbólica do herói
 O texto épico-lírico implica características da epopeia e da lírica, ou seja,
resulta da fusão de elementos épicos com uma componente lírica capaz de
exprimir os sentimentos ou os pensamentos íntimos do "Eu".
 Na Mensagem de Fernando Pessoa é possível observarmos o sentido épico
pela presença de fragmentos de discursos narrativos, das alusões históricas,
dos feitos heroicos, do maravilhoso (com as referências mitológicas) e da
expressão do espírito do povo português; por outro lado, a brevidade dos
poemas, o valor em si que cada poema possui isoladamente, a expressão das
emoções, a valorização do "Eu" são marcas do discurso lírico.
 A Dimensão Simbólica do Herói
 Em A Mensagem, as figuras históricas da epopeia surgem como personagens
míticas que funcionam como modelos.
 O herói da Mensagem projeta-se para além do momento histórico em que a
ação teve lugar, sendo a sua dimensão simbólica e mítica que importa
enquanto marco na história da Humanidade.
A natureza épico-lírica da obra e a dimensão simbólica do herói
 Este herói é predestinado, escolhido, sacralizado e situa-se no domínio do sonho, procurando
contudo a superação dos limites que caracterizam a própria condição humana.
 Heróis - Alguns exemplos das personagens
 NUN’ÁLVARES PEREIRA
 D. FERNANDO, INFANTE DE PORTUGAL
 O CONDE
 D.HENRIQUE
 É evocado como herói, mártir e santo; suportou todos os tormentos em nome da Fé, para tal estava
predestinado. (Filho mais novo de D. João I).
 O conde, fundador do Condado Portucalense, lutando contra os mouros, deu origem à construção
de um reino cristão exemplar.
 O herói cumpre a vontade divina, mesmo quando não sabe o que fazer com a espada (arma que
combate o mal / que constrói a paz).
 É a figura simbólica de Portugal medieval, anterior aos Descobrimentos; fidalgo guerreiro, herói e
santo, segundo o ideal medieval de cavalaria.
 É aqui retomada a simbologia da espada – combate o mal e ilumina o homem em busca da
verdade. “S. Portugal”, Nuno Álvares Pereira, torna-se o “Santo Condestável”.
O Sebastianismo e a dimensão simbólica do herói
 É um movimento religioso, feito em volta duma figura nacional, no
sentido de um mito.
 No sentido simbólico D. Sebastião é Portugal, ou seja, aquele que
perdeu a sua grandeza com D. Sebastião, e que só voltará a tê-la
com o regresso dele, um regresso simbólico (como, por um
mistério espantoso e divino, a própria vida dele fora simbólica).
 D. Sebastião voltará, diz a lenda, por uma manhã de nevoeiro, no
seu cavalo branco, vindo da ilha longínqua onde esteve esperando
a hora de voltar.
 Numa manhã de nevoeiro indica, evidentemente, por elementos
decadentes.
Análise poemas
“D. Sebastião, Rei de Portugal”
“Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?”
Estrutura Externa
 1ª Parte da obra - Brasão - III parte - Último poema das quinas
 2 Estrofes
 Duas quinquilhas
 Seis, oito e dez sílabas métricas - versos irregulares quanto a métrica
 1ª Pessoa
Estrutura Externa
 Rima cruzada e emparelhada
 Rima rica e rima pobre
 Figuras de estilo: Diácope; Eufemismo;
Perífrase; Pleonasmo; Pergunta retórica
Louco, sim, louco, porque quis grandeza - A
Qual a Sorte a não dá. - B
Não coube em mim minha certeza;- A
Por isso onde o areal está - B
Ficou meu ser que houve, não o que há.- B
Minha loucura, outros que me a tomem.- C
Com o que nela ia. - D
Sem a loucura que é o homem - C
Mais que a besta sadia, - D
Cadáver adiado que procria? - D
Análise Interna
“Louco, sim, louco, porque quis
grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que
há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?”
Louco mas apenas por querer mais
Por procurar para além da sorte
Mas foi maior do que ele a sua vontade
Por isso sucumbiu no areal ( de África)
Ficando lá o seu corpo, mas não a sua memória, o
seu mito
O meu desejo a minha ambição, outros que a
concretizem
Em toda a sua extensão
Sem o desejo por algo maior, o que é o homem?
Nada mais é do que um animal com saúde
Alguém que tem filhos, uma prole, mas que espera
apenas pela morte
Análise Interna
“Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
• Líder de uma cruzada no Norte de África
• Mal preparado para a batalha de Alcácer-Quibir
• Perda da independência de Portugal face à Espanha
• Filipe II - D. Sebastião o "louco"
• Fernando Pessoa - "louco" em busca da glória -
"Porque quis grandeza/Qual a Sorte a não dá"
• Não era suficiente para conter a sua vontade
• Com a morte de D. Sebastião nasce um mito -
"onde o areal está/ Ficou meu ser que houve"
Análise Interna
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?”
• Desejo de D. Sebastião pode ser passado a outro
- "Minha loucura, outros que me a tomem"
• Desejo de alcançar algo maior é infinito - "que
me a tomem/Com o que nela ia"
• Rei louco, doente e fraco capitão ou nobre
português que tanto desejou e morreu na busca
da glória
Os Lusíadas – A Mensagem
 Luís de Camões
• Dedica a sua obra a D. Sebastião
• Enaltece as suas virtuosas
caraterísticas como rei
• Apresenta o jovem como a segurança
e a garantia da dependência nacional
• Exalta o rei como aquele a quem
cabe a missão de expandir a fé cristã
 Fernando Pessoa
• Apresenta D. Sebastião como alguém
que se imortalizou por ter lutado
pelos seus objetivos de forma exímia
• Apela aos portugueses para aderirem
à mesma atitude. Só dessa forma
Portugal pode assumir um possível
futuro promissor
“Quinto Império”
“Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz —
Ter por vida a sepultura.
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa — os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?”
Estrutura Externa
 O poema "Quinto Império" encontra-se em "Os Símbolos
 O poema é constituído por 5 estrofes todas elas constituídas por quintilhas.
 Quanto ao esquema rimático:
• 1ª Estrofe - a/b/a/a/b ;
• 2ª Estrofe - c/d/c/c/d
• 3ª Estrofe - g/f/g/g/f
• 4ª Estrofe - h/i/h/h/i
• 5ª Estrofe - j/l/j/j/l
Quanto ao tipo de rimas:
• cruzadas (a/b/a),
• interpoladas (b/a/a/b)
• emparelhadas (b/a/a/b)
Quanto à digitalização métrica: Versos em redondilha maior (7 sílabas métricas).
Recursos Estilísticos
O poema começa com um oxímoro nos dois primeiros versos da primeira estrofe e no
primeiro verso da segunda estrofe. Com a utilização do oxímoro Pessoa exprime duas
ideias, criticando aqueles que se adaptam perante a vida e a felicidade dos mesmos
que se conformam.
Na terceira estrofe há uma repetição “Eras sobre era…/ No tempo em que eras vem.”
que indica a passagem de tempo.
Encontramos também uma antítese em “Do dia claro/ Da erma noite” que nos remete
à escuridão do desconhecido “erma noite” em contraste com a luminosidade do saber
“Do dia claro”.
Na última estrofe há a enumeração “Grécia, Roma, Cristandade/Europa” indicando que
estes países chegaram ao fim derrotados pelo tempo.
Por fim o sujeito poético termina com uma interrogação retórica apelando assim à
verdade que não quer ser vivida pelos portugueses bem como um apelo ao quinto
império.
Recursos Estilísticos
 Anáfora: "Triste de quem" (v.1) e "Triste de quem" (v.6). Esta anáfora é utilizada
com o intuito de enfatizar a passividade daqueles que vivem felizes com o pouco
que têm como aqueles que já possuem algo mais mas mesmo assim não possuem
um espírito sonhador.
Análise Interna
“Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de
asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz —
Ter por vida a sepultura.
Na primeira estrofe o autor pretende mostrar que
na vida o mais importante é o sonho e que sem o
sonho, a vida torna-se triste, mesmo que estejamos
no sítio mais confortável e aconchegador do
mundo, como a nossa casa. O autor afirma
também que o sonho é uma infelicidade pois o
Homem só vive fisicamente.
Na segunda estrofe, explica que quem é feliz
limita-se a viver por viver, sem interesse e sem
procurar outras formas de felicidade bem como
novas experiências. Mostra também que na própria
essência material do homem está, desde a sua
origem, a inevitabilidade da morte.
Análise Interna
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa — os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?”
Na terceira estrofe o autor mostra-nos que o tempo
vai passando e que as coisas vão mudando, mas que
o descontentamento do homem nunca muda e que
isso o faz ser homem. Afirma também que as nossas
forças estão na alma e nos nossos sonhos.
Com a quarta estrofe Fernando Pessoa pretende
mostrar que com o passar dos Tempos, a Terra será o
palco em que tudo feliz de novo.
Por fim na última estrofe, o autor escreve que Grécia,
Roma, Cristandade e Europa são os impérios que tal
como o Homem, nasce, envelhece e morre, chegando
a desaparecer, “Para onde vai toda a idade”. Nos
últimos dois versos destaca-se o mito de D. Sebastião
como solução para os problemas de um Portugal
cinzento, acomodado e triste.
Simbologias
 Asa- liberdade de pensamento;
 Noite – simboliza a morte; remeter para um tempo de gestação que desabrochará
como manifestação de vida;
 Lar- Conforto, comodidade;
 D. Sebastião- o rei que morreu na terra mas nasceu para o mito com a promessa de
voltar para dirigiu a Nação à glória: ”O Quinto Império”;
Intertextualidade com Os Lusíadas
 Conquista será a quarta, que no Império
 Português só reside com possança:
 Pois no emblema e no ínfimo hemisfério
 As quatro partes só do mundo alcança.
 E as quatro nações d'elles por mistério
 com que conquista, e tem certa esperança,
 Que Christãos, Mouros, Turcos e Gentios,
 Juntarão n'uma lei seus senhorios.
Os Lusíadas, Luiz de Camões.
Intertextualidade com Os Lusíadas
 Camões Cantou o império real, o expansionismo material para o oriente, a cruzada
religiosa contra os infiéis, a ultrapassagem dos obstáculos físicos que se erguiam
aos portugueses por terra e por mar, mitificou o povo lusitano e desenvolveu a sua
obra a D. Sebastião.
 Pessoa antevê um Portugal, no futuro, além do material, acredita que serão os
portugueses a criar o Quinto Império dada a sua grandeza. Portugal não será assim
grande em domínio territorial, mas em valores espirituais e morais. O objetivo do
poeta é, portanto, espiritualista.
 Pessoa critica aqueles que não procuram novas aventuras, "Triste de quem vive em
casa", enaltecendo e glorificando aqueles que foram em busca de novas
experiências, tal como fez Camões.
Análise poema
“Nevoeiro”
Nevoeiro
“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!”
Estrutura Externa
 O poema "Nevoeiro" insere-se na 3ª Parte da estrutura externa da Mensagem, "O
Encoberto", em Os Tempos.
 Neste poema, o último da Mensagem, Fernando Pessoa revela desencantamento
face à realidade portuguesa dos seus dias, representando a incerteza, a
indeterminação, a indefinição e a promessa de um novo dia.
 Este Nevoeiro, que não é físico, mas sim simbólico, revela a necessidade de uma
revolta Nacional a todos os níveis.
 O título simboliza a indeterminação, obscuridade, e a promessa de um novo dia.
 Metáfora de Portugal no presente.
Estrutura Externa
Esquema Rimático
 Constituído por 3 estrofes:
• 1ª estrofe - sextilha;
• 2ª estrofe - sétima;
• 3ª estrofe – monóstico
• Total de 14 versos podendo ter 6, 8 e 10 sílabas métricas
Estrutura Externa
Anáfora
Antítese
Paradoxo
Apóstrofe
Exclamação
Adjetivação
Comparação
“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!”
Estrutura Externa
1ª estrofe
Cruzada e emparelhada
(ABABBA)
2ª estrofe
Emparelhada
(CDDEFFF)
“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!”
Análise Interna
“Nem rei nem lei, nem paz nem
guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
CRISE A NIVEL POLITICO
CRISE DE IDENTIDADE
Análise Interna
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!”
CRISE DE VALORES MORAIS
PASSAGEM PARA A POSITIVIDADE
SITUAÇÃO PRESENTE EM PORTUGAL
REFERE-SE ÀHORA DA MUDANÇA

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O Sebastianismo e a loucura de D. Sebastião

  • 1. “MENSAGEM” de Fernando Pessoa Manuel Sanches PORTUGUÊS – Módulo n.º 8 Turma 20G – Curso TT
  • 2. Índice  Introdução  Biografia de Fernando Pessoa  Estrutura da Obra  Exaltação Patriótica  A natureza épico-lírica da obra e a dimensão simbólica do herói  O Sebastianismo e a dimensão simbólica do herói  Analise dos poemas  “D. Sebastião, rei de Portugal”  “O Quinto Império”  “Nevoeiro”  Conclusão  Bibliografia / sitografia
  • 3. Introdução  O trabalho de pesquisa que se segue foi mandado fazer pela senhora professora de língua portuguesa, com vista numa pesquisa, sobre o livro poético “Mensagem” de Fernando Pessoa. A pesquisa servirá para melhor compreensão da matéria dada e ficar a conhecer melhor esta grande obra.
  • 4. Biografia de Fernando Pessoa  Nasce a 13 de junho de 1888, em Lisboa. Emigra aos 7 anos para Durban, África do Sul, onde obtém excelente rendimento escolar. Regressa a Lisboa em 1905, onde frequenta dois anos o Curso Superior de Letras. Monta a tipografia Íbis, que nunca funcionou e se revelou um fracasso. Em 1912 publica na revista Águia e em 1914 cria os heterónimos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Funda com Mário de Sá-Carneiro a revista Orpheu, introdutora do Modernismo em Portugal. Em 1917 publica com Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso e Santa-Rita (Geração de Orpheu) o Portugal Futurista. O seu único livro, Mensagem, é publicado em 1934. Morre a 30 de novembro de 1935, na sequência de uma crise hepática.
  • 5. Estrutura da Obra  A Mensagem encontra-se dividida em três partes, cada uma delas subdividida noutras. Esta tripartição é simbólica e tem como base o facto de as profecias se realizarem três vezes, ainda que de modo diferente e tempos diferentes. Corresponde à evolução do Império Português que, tal como o ciclo da vida, passa pelo nascimento, realização e morte. Todavia, esta morte não poderá ser entendida como um fim definitivo, visto que a morte pressupõe uma ressurreição. Esta ressurreição culmina com o aparecimento de um novo império, desta vez não terreno, mas sim espiritual e cultural, a fim de atingir a paz universal ("E a nossa grande Raça partirá em busca de uma índia nova, que não existe no espaço, em naus que são construídas daquilo de que os sonhos são feitos" - Fernando Pessoa).  Fernando Pessoa, que desejava ser um criador de mitos, apela ao mito sebastianista, à vinda de um messias que viria cumprir Portugal. Assim, o Encoberto (D. Sebastião) foi o escolhido para realizar o sonho do Quinto Império. Esta tarefa só seria cumprida com muita determinação, loucura e sonho que tão bem caracterizam D. Sebastião ("Louco, sim, louco, porque quis grandeza", em “D. Sebastião, Rei de Portugal”).
  • 6. Estrutura da Obra  Cada uma das partes da Mensagem começa com uma expressão latina, adequada à parte simbólica a que pertence. Fernando Pessoa inicia a obra com a expressão latina Benedictus Dominus Deus noster que dedit nobis signum ("Bendito o Senhor Nosso Deus que nos deu o sinal") que nos remete para o carácter simbólico e messiânico da Mensagem.  A 1ª parte - Brasão - faz desfilar os heróis lendários ou históricos, desde Ulisses a D. Sebastião, ora invocados pelo poeta, ora definindo-se a si próprios. O poeta começa por fazer a localização de Portugal na Europa e em relação ao Mundo, salientando a sua magnitude; apresenta a definição de mito (de modo paradoxal, "O mito é o nada que é tudo"), realçando o seu valor na construção da realidade; apresenta ainda o povo português como o construtor do império marítimo, assim como revela os predestinados, responsáveis pela construção do país.  A 2ª parte - Mar Português - apresenta poesias inspiradas na ânsia do Desconhecido e no esforço heróico da luta com o Mar. É nesta parte que o poeta salienta a grandeza do sonho convertido em acção, unificando o acto humano e o Destino traçado por Deus. Surge à cabeça desta parte o poema "O Infante", para vincar a relação entre o poder de Deus na criação, o Homem
  • 7. Estrutura da Obra  como agente intermediário e a obra como resultado de toda esta relação lógica ("Deus quer, o homem sonha, a obra nasce"). Os outros poemas evocam as glórias e as tormentas passadas ao concretizar-se o sonho dos Descobrimentos.  A 3ª parte - O Encoberto - apresenta o actual Império moribundo, Portugal baço "a entristecer", pois "Tudo é incerto e derradeiro. / Tudo é disperso, nada é inteiro." (“Nevoeiro”). Face a esta constatação, o poeta considera que chegou a hora de despertarmos para a nossa missão: a constituição de um Quinto Império, um reino de liberdade de espírito e de redenção (“Ó Portugal, hoje és nevoeiro... / É a Hora! ", em "Nevoeiro"). A Mensagem termina com a expressão latina Valete Fratres ("Felicidades, irmãos"), um grito de felicidade e um apelo para que todos lutem por um novo Portugal.
  • 8. Exaltação Patriótica  A Mensagem revela um compromisso com a pátria e a expansão.  O Quinto Império é o último dos 4 impérios. Esses impérios são o IMPÉRIO GREGO (possui todas as experiências dos impérios culturais), o IMPÉRIO ROMANO (possui a experiência e cultura grega e é formada por povos da Europa, Ásia e África), o IMPÉRIO CRISTÃO (possui a extensão do império ROMANO e a cultura do IMPÉRIO GREGO e ainda possui elementos de toda a ordem oriental) e o IMPÉRIO EUROPEU. O QUINTO IMPÉRIO é a união destes 4 impérios e é o primeiro império administrativo mundial ou universal. Este império será comandado por D. Sebastião quando o mesmo voltar.
  • 9. A natureza épico-lírica da obra e a dimensão simbólica do herói  O texto épico-lírico implica características da epopeia e da lírica, ou seja, resulta da fusão de elementos épicos com uma componente lírica capaz de exprimir os sentimentos ou os pensamentos íntimos do "Eu".  Na Mensagem de Fernando Pessoa é possível observarmos o sentido épico pela presença de fragmentos de discursos narrativos, das alusões históricas, dos feitos heroicos, do maravilhoso (com as referências mitológicas) e da expressão do espírito do povo português; por outro lado, a brevidade dos poemas, o valor em si que cada poema possui isoladamente, a expressão das emoções, a valorização do "Eu" são marcas do discurso lírico.  A Dimensão Simbólica do Herói  Em A Mensagem, as figuras históricas da epopeia surgem como personagens míticas que funcionam como modelos.  O herói da Mensagem projeta-se para além do momento histórico em que a ação teve lugar, sendo a sua dimensão simbólica e mítica que importa enquanto marco na história da Humanidade.
  • 10. A natureza épico-lírica da obra e a dimensão simbólica do herói  Este herói é predestinado, escolhido, sacralizado e situa-se no domínio do sonho, procurando contudo a superação dos limites que caracterizam a própria condição humana.  Heróis - Alguns exemplos das personagens  NUN’ÁLVARES PEREIRA  D. FERNANDO, INFANTE DE PORTUGAL  O CONDE  D.HENRIQUE  É evocado como herói, mártir e santo; suportou todos os tormentos em nome da Fé, para tal estava predestinado. (Filho mais novo de D. João I).  O conde, fundador do Condado Portucalense, lutando contra os mouros, deu origem à construção de um reino cristão exemplar.  O herói cumpre a vontade divina, mesmo quando não sabe o que fazer com a espada (arma que combate o mal / que constrói a paz).  É a figura simbólica de Portugal medieval, anterior aos Descobrimentos; fidalgo guerreiro, herói e santo, segundo o ideal medieval de cavalaria.  É aqui retomada a simbologia da espada – combate o mal e ilumina o homem em busca da verdade. “S. Portugal”, Nuno Álvares Pereira, torna-se o “Santo Condestável”.
  • 11. O Sebastianismo e a dimensão simbólica do herói  É um movimento religioso, feito em volta duma figura nacional, no sentido de um mito.  No sentido simbólico D. Sebastião é Portugal, ou seja, aquele que perdeu a sua grandeza com D. Sebastião, e que só voltará a tê-la com o regresso dele, um regresso simbólico (como, por um mistério espantoso e divino, a própria vida dele fora simbólica).  D. Sebastião voltará, diz a lenda, por uma manhã de nevoeiro, no seu cavalo branco, vindo da ilha longínqua onde esteve esperando a hora de voltar.  Numa manhã de nevoeiro indica, evidentemente, por elementos decadentes.
  • 13. “D. Sebastião, Rei de Portugal” “Louco, sim, louco, porque quis grandeza Qual a Sorte a não dá. Não coube em mim minha certeza; Por isso onde o areal está Ficou meu ser que houve, não o que há. Minha loucura, outros que me a tomem Com o que nela ia. Sem a loucura que é o homem Mais que a besta sadia, Cadáver adiado que procria?”
  • 14. Estrutura Externa  1ª Parte da obra - Brasão - III parte - Último poema das quinas  2 Estrofes  Duas quinquilhas  Seis, oito e dez sílabas métricas - versos irregulares quanto a métrica  1ª Pessoa
  • 15. Estrutura Externa  Rima cruzada e emparelhada  Rima rica e rima pobre  Figuras de estilo: Diácope; Eufemismo; Perífrase; Pleonasmo; Pergunta retórica Louco, sim, louco, porque quis grandeza - A Qual a Sorte a não dá. - B Não coube em mim minha certeza;- A Por isso onde o areal está - B Ficou meu ser que houve, não o que há.- B Minha loucura, outros que me a tomem.- C Com o que nela ia. - D Sem a loucura que é o homem - C Mais que a besta sadia, - D Cadáver adiado que procria? - D
  • 16. Análise Interna “Louco, sim, louco, porque quis grandeza Qual a Sorte a não dá. Não coube em mim minha certeza; Por isso onde o areal está Ficou meu ser que houve, não o que há. Minha loucura, outros que me a tomem Com o que nela ia. Sem a loucura que é o homem Mais que a besta sadia, Cadáver adiado que procria?” Louco mas apenas por querer mais Por procurar para além da sorte Mas foi maior do que ele a sua vontade Por isso sucumbiu no areal ( de África) Ficando lá o seu corpo, mas não a sua memória, o seu mito O meu desejo a minha ambição, outros que a concretizem Em toda a sua extensão Sem o desejo por algo maior, o que é o homem? Nada mais é do que um animal com saúde Alguém que tem filhos, uma prole, mas que espera apenas pela morte
  • 17. Análise Interna “Louco, sim, louco, porque quis grandeza Qual a Sorte a não dá. Não coube em mim minha certeza; Por isso onde o areal está Ficou meu ser que houve, não o que há. • Líder de uma cruzada no Norte de África • Mal preparado para a batalha de Alcácer-Quibir • Perda da independência de Portugal face à Espanha • Filipe II - D. Sebastião o "louco" • Fernando Pessoa - "louco" em busca da glória - "Porque quis grandeza/Qual a Sorte a não dá" • Não era suficiente para conter a sua vontade • Com a morte de D. Sebastião nasce um mito - "onde o areal está/ Ficou meu ser que houve"
  • 18. Análise Interna Minha loucura, outros que me a tomem Com o que nela ia. Sem a loucura que é o homem Mais que a besta sadia, Cadáver adiado que procria?” • Desejo de D. Sebastião pode ser passado a outro - "Minha loucura, outros que me a tomem" • Desejo de alcançar algo maior é infinito - "que me a tomem/Com o que nela ia" • Rei louco, doente e fraco capitão ou nobre português que tanto desejou e morreu na busca da glória
  • 19. Os Lusíadas – A Mensagem  Luís de Camões • Dedica a sua obra a D. Sebastião • Enaltece as suas virtuosas caraterísticas como rei • Apresenta o jovem como a segurança e a garantia da dependência nacional • Exalta o rei como aquele a quem cabe a missão de expandir a fé cristã  Fernando Pessoa • Apresenta D. Sebastião como alguém que se imortalizou por ter lutado pelos seus objetivos de forma exímia • Apela aos portugueses para aderirem à mesma atitude. Só dessa forma Portugal pode assumir um possível futuro promissor
  • 20. “Quinto Império” “Triste de quem vive em casa, Contente com o seu lar, Sem que um sonho, no erguer de asa, Faça até mais rubra a brasa Da lareira a abandonar! Triste de quem é feliz! Vive porque a vida dura. Nada na alma lhe diz Mais que a lição da raiz — Ter por vida a sepultura. Eras sobre eras se somem No tempo que em eras vem. Ser descontente é ser homem. Que as forças cegas se domem Pela visão que a alma tem! E assim, passados os quatro Tempos do ser que sonhou, A terra será teatro Do dia claro, que no atro Da erma noite começou. Grécia, Roma, Cristandade, Europa — os quatro se vão Para onde vai toda idade. Quem vem viver a verdade Que morreu D. Sebastião?”
  • 21. Estrutura Externa  O poema "Quinto Império" encontra-se em "Os Símbolos  O poema é constituído por 5 estrofes todas elas constituídas por quintilhas.  Quanto ao esquema rimático: • 1ª Estrofe - a/b/a/a/b ; • 2ª Estrofe - c/d/c/c/d • 3ª Estrofe - g/f/g/g/f • 4ª Estrofe - h/i/h/h/i • 5ª Estrofe - j/l/j/j/l Quanto ao tipo de rimas: • cruzadas (a/b/a), • interpoladas (b/a/a/b) • emparelhadas (b/a/a/b) Quanto à digitalização métrica: Versos em redondilha maior (7 sílabas métricas).
  • 22. Recursos Estilísticos O poema começa com um oxímoro nos dois primeiros versos da primeira estrofe e no primeiro verso da segunda estrofe. Com a utilização do oxímoro Pessoa exprime duas ideias, criticando aqueles que se adaptam perante a vida e a felicidade dos mesmos que se conformam. Na terceira estrofe há uma repetição “Eras sobre era…/ No tempo em que eras vem.” que indica a passagem de tempo. Encontramos também uma antítese em “Do dia claro/ Da erma noite” que nos remete à escuridão do desconhecido “erma noite” em contraste com a luminosidade do saber “Do dia claro”. Na última estrofe há a enumeração “Grécia, Roma, Cristandade/Europa” indicando que estes países chegaram ao fim derrotados pelo tempo. Por fim o sujeito poético termina com uma interrogação retórica apelando assim à verdade que não quer ser vivida pelos portugueses bem como um apelo ao quinto império.
  • 23. Recursos Estilísticos  Anáfora: "Triste de quem" (v.1) e "Triste de quem" (v.6). Esta anáfora é utilizada com o intuito de enfatizar a passividade daqueles que vivem felizes com o pouco que têm como aqueles que já possuem algo mais mas mesmo assim não possuem um espírito sonhador.
  • 24. Análise Interna “Triste de quem vive em casa, Contente com o seu lar, Sem que um sonho, no erguer de asa, Faça até mais rubra a brasa Da lareira a abandonar! Triste de quem é feliz! Vive porque a vida dura. Nada na alma lhe diz Mais que a lição da raiz — Ter por vida a sepultura. Na primeira estrofe o autor pretende mostrar que na vida o mais importante é o sonho e que sem o sonho, a vida torna-se triste, mesmo que estejamos no sítio mais confortável e aconchegador do mundo, como a nossa casa. O autor afirma também que o sonho é uma infelicidade pois o Homem só vive fisicamente. Na segunda estrofe, explica que quem é feliz limita-se a viver por viver, sem interesse e sem procurar outras formas de felicidade bem como novas experiências. Mostra também que na própria essência material do homem está, desde a sua origem, a inevitabilidade da morte.
  • 25. Análise Interna Eras sobre eras se somem No tempo que em eras vem. Ser descontente é ser homem. Que as forças cegas se domem Pela visão que a alma tem! E assim, passados os quatro Tempos do ser que sonhou, A terra será teatro Do dia claro, que no atro Da erma noite começou. Grécia, Roma, Cristandade, Europa — os quatro se vão Para onde vai toda idade. Quem vem viver a verdade Que morreu D. Sebastião?” Na terceira estrofe o autor mostra-nos que o tempo vai passando e que as coisas vão mudando, mas que o descontentamento do homem nunca muda e que isso o faz ser homem. Afirma também que as nossas forças estão na alma e nos nossos sonhos. Com a quarta estrofe Fernando Pessoa pretende mostrar que com o passar dos Tempos, a Terra será o palco em que tudo feliz de novo. Por fim na última estrofe, o autor escreve que Grécia, Roma, Cristandade e Europa são os impérios que tal como o Homem, nasce, envelhece e morre, chegando a desaparecer, “Para onde vai toda a idade”. Nos últimos dois versos destaca-se o mito de D. Sebastião como solução para os problemas de um Portugal cinzento, acomodado e triste.
  • 26. Simbologias  Asa- liberdade de pensamento;  Noite – simboliza a morte; remeter para um tempo de gestação que desabrochará como manifestação de vida;  Lar- Conforto, comodidade;  D. Sebastião- o rei que morreu na terra mas nasceu para o mito com a promessa de voltar para dirigiu a Nação à glória: ”O Quinto Império”;
  • 27. Intertextualidade com Os Lusíadas  Conquista será a quarta, que no Império  Português só reside com possança:  Pois no emblema e no ínfimo hemisfério  As quatro partes só do mundo alcança.  E as quatro nações d'elles por mistério  com que conquista, e tem certa esperança,  Que Christãos, Mouros, Turcos e Gentios,  Juntarão n'uma lei seus senhorios. Os Lusíadas, Luiz de Camões.
  • 28. Intertextualidade com Os Lusíadas  Camões Cantou o império real, o expansionismo material para o oriente, a cruzada religiosa contra os infiéis, a ultrapassagem dos obstáculos físicos que se erguiam aos portugueses por terra e por mar, mitificou o povo lusitano e desenvolveu a sua obra a D. Sebastião.  Pessoa antevê um Portugal, no futuro, além do material, acredita que serão os portugueses a criar o Quinto Império dada a sua grandeza. Portugal não será assim grande em domínio territorial, mas em valores espirituais e morais. O objetivo do poeta é, portanto, espiritualista.  Pessoa critica aqueles que não procuram novas aventuras, "Triste de quem vive em casa", enaltecendo e glorificando aqueles que foram em busca de novas experiências, tal como fez Camões.
  • 30. Nevoeiro “Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Define com perfil e ser Este fulgor baço da terra Que é Portugal a entristecer – Brilho sem luz e sem arder, Como o que o fogo - fátuo encerra. Ninguém sabe que coisa quer, Ninguém conhece que alma tem, Nem o que é mal nem o que é bem. (Que ânsia distante perto chora?) Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro... É a hora!”
  • 31. Estrutura Externa  O poema "Nevoeiro" insere-se na 3ª Parte da estrutura externa da Mensagem, "O Encoberto", em Os Tempos.  Neste poema, o último da Mensagem, Fernando Pessoa revela desencantamento face à realidade portuguesa dos seus dias, representando a incerteza, a indeterminação, a indefinição e a promessa de um novo dia.  Este Nevoeiro, que não é físico, mas sim simbólico, revela a necessidade de uma revolta Nacional a todos os níveis.  O título simboliza a indeterminação, obscuridade, e a promessa de um novo dia.  Metáfora de Portugal no presente.
  • 32. Estrutura Externa Esquema Rimático  Constituído por 3 estrofes: • 1ª estrofe - sextilha; • 2ª estrofe - sétima; • 3ª estrofe – monóstico • Total de 14 versos podendo ter 6, 8 e 10 sílabas métricas
  • 33. Estrutura Externa Anáfora Antítese Paradoxo Apóstrofe Exclamação Adjetivação Comparação “Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Define com perfil e ser Este fulgor baço da terra Que é Portugal a entristecer – Brilho sem luz e sem arder, Como o que o fogo - fátuo encerra. Ninguém sabe que coisa quer, Ninguém conhece que alma tem, Nem o que é mal nem o que é bem. (Que ânsia distante perto chora?) Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro... É a hora!”
  • 34. Estrutura Externa 1ª estrofe Cruzada e emparelhada (ABABBA) 2ª estrofe Emparelhada (CDDEFFF) “Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Define com perfil e ser Este fulgor baço da terra Que é Portugal a entristecer – Brilho sem luz e sem arder, Como o que o fogo - fátuo encerra. Ninguém sabe que coisa quer, Ninguém conhece que alma tem, Nem o que é mal nem o que é bem. (Que ânsia distante perto chora?) Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro... É a hora!”
  • 35. Análise Interna “Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Define com perfil e ser Este fulgor baço da terra Que é Portugal a entristecer – Brilho sem luz e sem arder, Como o que o fogo - fátuo encerra. CRISE A NIVEL POLITICO CRISE DE IDENTIDADE
  • 36. Análise Interna Ninguém sabe que coisa quer, Ninguém conhece que alma tem, Nem o que é mal nem o que é bem. (Que ânsia distante perto chora?) Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro... É a hora!” CRISE DE VALORES MORAIS PASSAGEM PARA A POSITIVIDADE SITUAÇÃO PRESENTE EM PORTUGAL REFERE-SE ÀHORA DA MUDANÇA