a) O poema refere-se à nação portuguesa e à sua história de descobrimentas, sugerindo que outros países apenas conseguiram conquistar territórios porque Portugal não o quis fazer.
b) Cristóvão Colombo é mencionado como exemplo, tendo Espanha conquistado a glória da descoberta da América porque Portugal assim o permitiu, emprestando sua luz.
c) O poema exalta a nação portuguesa e seu papel nas descobertas, comparando outros países a uma luz emprestada de Portugal.
2. “Os Colombos
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.”
Fernando Pessoa
3. “Os Colombos
Outros haverão de ter a
O que houvermos de perder. a
Outros poderão achar b
O que, no nosso encontrar, b
Foi achado, ou não achado, c
Segundo o destino dado. c
Mas o que a eles não toca d
É a Magia que evoca d
O Longe e faz dele história. e
E por isso a sua glória e
É justa auréola dada f
Por uma luz emprestada.” f
1. Estrutura Externa
O poema é constituído por duas
sextilhas e a sua rima é
emparelhada. O seu esquema
rimático é [AABBCC] [DDEEFF].
Os seus versos são constituídos
por sete sílabas métricas sendo,
portanto, redondilhas menores.
4. “Os Colombos
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.”
2. O Título
O título advém do navegador e
cartógrafo Cristóvão Colombo, o
primeiro Europeu a chegar a
América.
Este feiro foi alcançado ao serviço
dos reis de Espanha, depois de
recusado por Portugal.
5. “Os Colombos
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.”
3. Estrutura interna e análise
temática
Este poema pode ser dividido a nível
temático em duas partes: a primeira
e segunda estrofe, respetivamente.
A primeira referente aos
navegadores estrangeiros, os
“outros” (v.1) e a segunda a
Cristóvão Colombo.
6. “Os Colombos
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.”
3. 1 Primeira Parte
É relevante relembrar que este poema se encontra na
II Parte de “Mensagem” – Mar Português, onde os
feitos e as personalidades dos Descobrimentos
serão relembrados e exaltados.
Todo este poema desdobra-se sobre a ideia de os
navegadores e nações estrangeiras só conquistaram
territórios porque a Nação Portuguesa não quis
explorar esses locais, ou seja, a glória dessas nações
é apenas um reflexo da luz das descobertas
portuguesas (“Outros haverão de ter / O que
houvermos de perder.” – vv. 1 e 2) Esta ideia está
claramente e respetivamente expressa na anáfora
dos quatro primeiros versos. Nesta primeira estrofe
são visíveis ideais de supremacia da nação
Portuguesa e de nacionalismo estão claramente
identificados.
7. “Os Colombos
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.”
3.2 Segunda Parte
A primeira parte serve como introdução para a
segunda.
Podemos concluir que, agora com mais
precisão, foi Espanha que ficou com a honra
da descoberta da América porque Portugal
assim o quis, havendo uma clara abordagem
ao caso de Cristóvão Colombo . Isto está
claramente visível na imagem da “luz
emprestada” (v.12), sublinhando que Espanha
só aceitou o que primeiramente Portugal
negou. Isto contribui para uma irreal e nobre
exaltação da Nação face a todas as outras.
9. “Tormenta
Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?
Nós, Portugal, o poder ser.
Que inquietação do fundo nos soergue?
O desejar poder querer.
Isto, e o mistério de que a noite é o fausto...
Mas súbito, onde o vento ruge,
O relâmpago, farol de Deus, um hausto
Brilha, e o mar escuro estruge.”
Fernando Pessoa
10. “Tormenta
Que jaz no abismo sob o mar que se ergue? a
Nós, Portugal, o poder ser. b
Que inquietação do fundo nos soergue? a
O desejar poder querer. b
Isto, e o mistério de que a noite é o fausto... c
Mas súbito, onde o vento ruge, d
O relâmpago, farol de Deus, um hausto c
Brilha, e o mar escuro estruge.” d
Fernando Pessoa
1. Estrutura Externa
O poema é constituído por duas
quadras e a sua rima é cruzada. O
seu esquema rimático é [ABAB]
[CDCD].
A sua métrica é regular já que vai
alterando entre versos
decassilábicos e octossilábicos.
11. “Tormenta
Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?
Nós, Portugal, o poder ser.
Que inquietação do fundo nos soergue?
O desejar poder querer.
Isto, e o mistério de que a noite é o fausto...
Mas súbito, onde o vento ruge,
O relâmpago, farol de Deus, um hausto
Brilha, e o mar escuro estruge.”
Fernando Pessoa
2. Análise Temática
O poema começa com uma interrogação
retórica que questiona quem é que se
encontra nas profundezas misteriosas do
mar. Conseguimos ver logo a resposta no
segundo verso, quando o eu lírico diz que é
Portugal. No entanto, com a ideia de que
Portugal ainda tem o seu futuro para
cumprir (“o poder ser” – v.2), fazendo assim
a referência ao V Império. Ainda no
segundo verso é relevante acentuar a ideia
de coletivo (“Nós”). De seguida outra
interrogação retórica é levantada: como é
que Portugal se pode levantar do fundo
(“abismo”), ou seja, do esquecimento? O
quarto verso responde a esta questão.
Sublinha que o sair do esquecimento só é
possível com a força de vontade, o querer
e a inquietação coletiva.
12. “Tormenta
Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?
Nós, Portugal, o poder ser.
Que inquietação do fundo nos soergue?
O desejar poder querer.
Isto, e o mistério de que a noite é o fausto...
Mas súbito, onde o vento ruge,
O relâmpago, farol de Deus, um hausto
Brilha, e o mar escuro estruge.”
Fernando Pessoa
2. Análise Temática
A explicação à questão “Que
inquietação do fundo nos soergue?”
continua. O eu lírico refere-se ao
Fausto, que, segundo uma lenda
alemã, vendia a alma ao diabo em
troca de riqueza e conhecimento.
Assim sendo, o que o eu lírico
pretende demonstrar é que para
alcançar o mérito todos os
esforços tem de ser prestados. Por
fim, existe uma referência a Deus
que ilumina aqueles que são
audaciosos.