SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Baixar para ler offline
AltaGerência
Overdadeiro
poder
* Empresas podem adquirir o livro no INDG.
O Verdadeiro Poder começa com um prefácio de Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano Papel
e Celulose; é pontuado por pequenos casos reais vivenciados por Falconi (destacados em itálico),
alguns dos quais relatados pelos próprios revisores do livro, que foram gestores clientes do con-
sultor; e termina com um valioso apêndice, que traz modelos de análise e síntese diversos. Toda a
renda*
obtida com o novo livro será doada ao Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer
Talentos (Ismart), que tem como missão patrocinar o estudo de qualidade para crianças pobres
com elevado potencial. Isso só faz confirmar a coerência de Falconi, que já é muito conhecido tan-
to por seus esforços para melhorar a gestão do setor público –e, assim, melhorar o Brasil– como
pelos saltos de desempenho que ajuda seus célebres clientes corporativos a dar.
Fatoresfundamentaisàgestão
Abrange o foco da gestão e
fornece a base conceitual que
permite aos gestores explorar
o método, que consiste no co-
ração da receita gerencial de
Vicente Falconi. Trata ainda dos
fatores que garantem resulta-
dos (entre os quais se desta-
cam a liderança e a agenda do
líder), de método e sistema, e
de estrutura e gestão.
O método gerencial
Aprofundaométodoemsi,dando
ênfaseàcadavezmaisimportan-
te análise de informações (seus
capítulos discorrem sobre o que
é, como conduzi-la, como en-
volver as pessoas nela por meio
da abordagem centrada no alvo
etc.). Também descreve a prática
do método, incluindo melhorias,
escalabilidade e o gerenciamen-
to da rotina propriamente dito.
O conhecimento na gestão
Advoga que a prática do mé-
todo necessariamente leva à
acumulação de conhecimento
pelas pessoas e que esse pro-
cesso pode –e deve– ser ge-
renciado a fim de sistematizar
o aprendizado por toda a orga-
nização e viabilizar a obtenção
de resultados que, em um pri-
meiro momento, pareciam ser
altamente improváveis.
3FATORESQUE
GARANTEMRESULTADOS
Poucas coisas são realmente
importantes num negócio.
Sam Walton
Existem três fatores fundamentais para
a obtenção de resultados em qualquer
iniciativa humana: liderança, conhe-
cimento técnico e método. Seja em
empresas, seja em governos, forças de
segurança, forças armadas, fundações,
escolas, hospitais etc., essas três frentes
devem ser constantemente cultivadas
(cultivar é tratar continuamente e com
carinho para garantir o crescimento).
Elas não são como um tapete que você
compra, instala e pronto. O desenvol-
vimento das três frentes é um trabalho
contínuo, para o resto da vida.
Liderança:desenvolvendo
oconteúdo
Entre os três fatores citados acima, a li-
derança é o que há de mais importante
numa organização. Sem ela nada acon-
tece. De nada adianta método ou conhe-
cimento técnico se não existe liderança
para fazer acontecer.
Existe bibliografia ampla que tra-
ta do tema da liderança, em grande
parte relacionada à figura do líder e
como ele deve ser. Não é disso que
se trata aqui. Neste texto, a liderança
é abordada quanto ao seu conteúdo,
que deve ser continuamente cultiva-
do (a palavra “cultivada” é utilizada
neste texto em seu sentido específi-
co, para dar a ideia do “esforço para
fazer crescer”).
A única definição de liderança que
interessa às organizações é: liderar é
bater metas consistentemente, com o
time e fazendo certo. Quem não bate
metas não é líder. Se ser um bom lí-
der é conseguir resultados por meio
das pessoas, então a pessoa do líder
deve investir uma parte substancial
de seu tempo no desenvolvimento de
sua equipe. Portanto, o tema de re-
cursos humanos é central no desen-
volvimento do “conteúdo da lideran-
ça” (leia-se “agenda do líder”).
Partindo do pressuposto de que a boa
governança é condição fundamental ao
exercício da liderança, desenvolver o
conteúdo da liderança, de acordo com
a figura acima, significa:
1.Criarumsistemaquepossaatribuir
a todas as pessoas metas que sejam
críveis e desafiadoras. Essas metas
devem ser calculadas a partir de lacu-
nas previamente identificadas.
2. Promover o domínio do método
pela equipe com crescimento cons-
tante nas técnicas e recursos de análi-
se, bem como num perfeito gerencia-
mento da rotina.
3. Promover a aquisição de conheci-
mento técnico pela equipe.
4. Garantir o estabelecimento e me-
lhoria contínua de um sistema de
recrutamento e seleção (padronizar o
processo). Participar do recrutamen-
to e seleção de sua equipe. Selecionar,
entreosrecrutados,pessoasexcepcio-
nais e garantir-lhes um crescimento
mais rápido de acordo com seu po-
tencial mental, como definido por
Maslow [psicólogo norte-americano
Abraham Maslow] –algumas poucas
pessoas excepcionais fazem a grande
diferença em uma organização.
5. Participar das várias formas de
treinamento de sua equipe exercen-
do a função de professor em alguns
casos. Estabelecer e melhorar conti-
nuamente um treinamento especial
para pessoas excepcionais. Reco-
nhecer que entre as pessoas excep-
cionais existem pouquíssimas su-
perexcepcionais. Essas pessoas são
imperdíveis e podem mudar a histó-
ria de uma organização. Entender o
processo de aprendizado humano e
que o aprendizado de uma empresa
Liderança
Liderança
Alcançar
Metas
1. Atribuir metas baseadas em lacunas
2. Promover o domínio do método pela equipe
3. Promover a aquisição de conhecimento técnico do
processo pela equipe
1. Recrutar
2. Treinar
3. Inspirar
4. Fazer coaching
5. Promover a meritocracia
6. Tirar pessoas da zona de conforto para que elas se 	
	 desenvolvam
7. Fazer uma avaliação de desempenho honesta e 		
	 construtiva
8. Demitir quando preciso
9. Ter um sistema de incentivos alinhados com metas
1. Promover cultura única
2. Cultura de alto desempenho
3. Cultura de fatos e dados
4. Cultura de honestidade intelectual
5. Cultura de enfrentamento dos fatos
6. Alinhamento com valores da empresa
AGENDA DO LÍDER
Com o
Time
Fazendo
Certo
Método Conhecimento
do Processo
AltaGerência
é a somatória do aprendizado das
pessoas. Entender o conceito de “Po-
tencial Mental Humano”, como for-
mulado por Maslow, e a necessidade
de que as pessoas tenham condições
de aprender continuamente. Esse
aprendizado deve ser realizado, pre-
ferencialmente, por meio do método
de solução de problemas, com metas
bem estabelecidas.
6. Inspirar as pessoas. Nós não traba-
lhamos somente pelo dinheiro que
recebemos. O ser humano gosta de
realizar um sonho. Sonhar grande,
promover o sonho e inspirar as pes-
soas. Sonhar grande dá o mesmo tra-
balho que sonhar pequeno.
7. Fazer coaching. Supervisionar a
maneira de trabalhar de sua equipe
e aconselhar, fazendo ajustes de pro-
cedimento. O coaching é um treina-
mento no trabalho.
8. Promover a meritocracia. Garantir
o estabelecimento e a melhoria con-
tínua de um sistema de avaliação do
desempenho (o que implica padroni-
zar o processo). Promover uma ava-
liação do desempenho de seu time de
forma honesta e construtiva, dando
feedback contínuo (pelo menos uma
vez por ano). Demitir quando neces-
sário. Afastar de 5% a 10% por ano
daqueles mais mal avaliados do time,
abrindo espaço para novos valores e
dando a oportunidade para que os de-
mitidos possam encontrar tarefas que
amem fazer e nas quais possam ser
mais felizes e valorizados.
9. Alinhar os interesses das pessoas
com os da organização por meio de
um sistema de incentivos.
10. Cuidar da cultura predominante
na organização, trabalhando no sen-
tido de fixar valores que garantirão
seu futuro. Esses valores devem estar
incluídosnosquesitosdaavaliaçãodo
desempenho.
11. Promover uma cultura de alto
desempenho, “esticando” as metas e
atribuindo valor aos que as superam.
12. Promover a cultura de tomar de-
cisões com base em fatos e dados.
Incentivar a prática da análise e da
síntese como elemento principal
do planejamento e fundamental no
processo de aprendizado. Exigir a
apresentação das análises em suas
reuniões. Valorizar a honestidade in-
telectual e a busca da verdade contida
nos fatos e dados.
13.Promoverumaculturade“enfren-
tamento dos fatos”, que valoriza a ver-
dade e não tem medo de ver os fatos
como são. É a cultura onde se espera
que os gerentes comuniquem, para
o time e para cima, não somente os
bons resultados, mas também o que
não está indo bem e precisa ser enca-
rado como é, de tal modo que possa
ser consertado. Uma cultura onde se
valorizam a busca de fatos e dados
para analisar eventos e não somente
opinião e intuição.
Essa agenda é fácil de listar, mas nem
sempre fácil de implementar. Um as-
pecto importante é que tais coisas levam
tempo para serem conseguidas e é por
isso que penso que a liderança deve ser
“cultivada”. Eis uma história real:
Certa vez conheci um diretor de ven-
das excepcional. Ele trabalhava em
uma empresa brasileira e era verda-
deiro campeão de vendas, sendo re-
conhecido como bom líder, benquisto
por sua equipe e respeitado na em-
presa. Essa pessoa recebeu convite de
um concorrente e se transferiu para lá,
onde esperava conseguir os mesmos re-
sultados que conseguia anteriormente.
No entanto, isso não aconteceu e, após
um ano, saiu da nova empresa, tendo
fracassado em sua missão. Ignora-
va um conceito básico: a liderança é
construída ao longo dos anos, estabe-
lecendo processos confiáveis e pessoas
excepcionais, bem treinadas e felizes
com seu trabalho. Ao chegar à nova
empresa, ele não encontrou equipe
igual à anterior e um ano não seria
suficiente para formar uma nova. Fra-
cassou. Não havia na nova empresa o
mesmo conteúdo da liderança que ha-
via na empresa anterior.
Olíderéoúnicoagentedemudançasde
uma organização. Não há outra opção.
As áreas de suporte ajudam na criação
e divulgação de novos padrões, a con-
sultoria também auxilia nesse processo,
além de criar as sistemáticas de verifi-
cação que permitem ao líder atuar. No
entanto, a implantação e a mudança são
indelegáveis.
E essa mudança vem por meio da ca-
pacitação dos liderados, papel essencial
do líder. Quem frequenta ou convive
com várias empresas percebe clara-
mente a dificuldade de execução que
existe em algumas. As empresas com
lideranças fracas são geralmente muito
lentas e acabam por perder a luta pela
competição no mercado.
Umaspectoqueconsiderofundamen-
tal no desenvolvimento do conteúdo da
liderança e para o qual quero deixar
uma consideração à parte é a questão
da cultura interna. A avaliação do de-
sempenho do tipo 360 graus leva em
conta o alcance das metas num eixo e
os fatores culturais em outro. Esses fato-
res culturais desejados devem ser conti-
nuamente discutidos e valorizados.
Um dos aspectos culturais que mais
me encantam é o “espírito de excelên-
cia”. Tenho encontrado pessoas de dife-
O líder é o único
agente de mudanças
da organização. não há
outra opção. as áreas
de suporte auxiliam
na criação de novos
padrões. a consultoria
ajuda, mas a mudança
é indelegável
rentes origens e posições culturais com
esse espírito, que considero fundamen-
tal para construir algo extraordinário.
Resumiria esse aspecto cultural da se-
guinte maneira: o espírito de excelência
é ter a atitude, em tudo que se faz, de
querer fazer o melhor do mundo (pode-
-se até não conseguir, mas vale tentar).
Lembro-me de um fato ocorrido há
muitos anos. O chefe de um depar-
tamento havia solicitado a um en-
genheiro fazer um relatório sobre
determinado assunto. Veio uma coisa
sucinta e de pouco conteúdo. O chefe
leu, não gostou e devolveu, pedindo
trabalho mais completo, citando in-
clusive partes faltantes. O engenheiro
fez ainda de forma sucinta as partes
faltantes e entregou o relatório. O
chefe leu de novo e não gostou. Devol-
veu, pedindo mais conteúdo e dando
exemplos. O engenheiro fez exatamen-
te o que o chefe pediu e devolveu com
a seguinte nota: “Esta é minha forma
final. Fiz o máximo que pude”.
Nunca me esqueci desse fato. Existem
muitas pessoas que não gostam do que
fazem e sua atitude é “se livrar da ta-
refa o mais rapidamente possível”. As
chefias de tais pessoas deveriam fazer
um favor: dar a elas a chance de encon-
trar algo que amem fazer, colocando-
as à disposição de outro departamento
ou então, simplesmente, mandando-
as embora. Nunca vi, em minha vida,
uma pessoa de sucesso que não amas-
se o que faz. Amar o que se faz é uma
necessidade suprema do ser humano,
de acordo com Maslow. Nas empresas
brasileiras, no entanto, há certas difi-
culdades para selecionar equipes de
pessoas que amam o que fazem. Isso
ocorre, talvez, devido a um aspecto
cultural do brasileiro de “amizade e ca-
maradagem”, ou, talvez, a uma agenda
própria de não fazer inimizades com
pessoas que poderão ser necessárias
no futuro, ou até, talvez, de não eli-
minar uma pessoa que não tem bom
desempenho, mas que lhe dá apoio in-
condicional. Tudo isso é deletério para
a pessoa que está sendo mantida numa
posição que prejudicará seu futuro
profissional, para o próprio líder, que
não conseguirá formar seu “conteúdo
da liderança”, e para a empresa, que
terá seus resultados atuais e futuros
prejudicados. Esses aspectos culturais
devem ser questionados num proje-
to de excelência, de meritocracia e de
devoção ao desenvolvimento do ser
humano e de suas organizações. Sobre
isso, eis o depoimento de um gestor
que revisou o livro:
Onde o conceito de “espírito de excelên-
cia” é colocado, eu entendo isso como
uma atitude de um “dono do negócio”,
pois na minha visão é esse comporta-
mento que move as pessoas a se indig-
naremcomoqueestáerrado,mudarem
a rota e agirem com mais velocidade. A
questãodeaculturainternainfluenciar
o líder, e vice-versa, pode ser, na minha
opinião, o motivo pelo qual o “diretor
de vendas” no exemplo citado tenha fa-
lhado. Ou seja, um ambiente onde você
fica “falando sozinho” deve ter sido o
que ele encontrou. Como você mesmo
sabe, a AmBev faz questão de reafirmá-
lo a toda hora para seus funcionários,
por palavras ou por fatos concretos (re-
muneração, ações etc.), a importância
das pessoas agirem sob uma norma de
conduta (sonhar grande, foco no resul-
tado, ser dono do negócio, gastar sola
do sapato etc.). Tenho vivido em minha
empresa essa dificuldade de criar uma
“cultura de excelência” ou o “sentimen-
to de dono”, pois a cultura interna é
muito poderosa. E, como se sabe, leva
muito tempo, disciplina, consequência
nos resultados e uns “grandes donos”
para garantir uma aderência a esses
valores em toda a organização e final-
mente estabelecer uma cultura interna
forte. Entendo que o líder deveria ser
um guardião do método, dos valores,
da cultura da empresa e, por consequ-
ência, do capital humano. Capital que
vem a ser funcionários excepcionais de
alto desempenho. Ou seja, um bom lí-
der é aquele que possui pessoas de alto
desempenho (pessoas que usam o méto-
do de forma disciplinada e têm grande
aderência aos valores da companhia).
A experiência da AmBev no Brasil mos-
trou que são necessários de cinco a sete
anos para que se tenha um bom siste-
ma de recursos humanos funcionando
satisfatoriamente e com tempo para que
os primeiros valores bem recrutados e
treinados tenham chegado a um nível
gerencial elevado. Esse é o tempo que é
necessário para formar um bom “conte-
údo da liderança”. Depois que o conteú-
do da liderança chega a um estágio bom
(após cinco a sete anos), a presença de
um líder carismático perde sua impor-
tância e a empresa passa a ter uma lide-
rança institucionalizada, como sugerido
por Max Weber [sociólogo alemão]. Esse
deveria ser o sonho de todos nós e um
presente a nossos jovens.
Sobre essa demora inicial em obter
uma cultura própria para alcançar os
resultados desejados, recebi o seguinte
depoimento de outro dos revisores:
Eu trabalhava nas Lojas Americanas e
buscava capturar, para o varejo, as téc-
nicasdesenvolvidasnoramoindustrial.
No Brasil não existiam experiências no
setor de serviços, e a resistência dentro
da empresa era imensa. Encontramos,
na biografia de Sam Walton (fundador
AltaGerência
a experiência da ambev
no brasil mostrou que
são necessários de cinco
a sete anos para que se
tenha um bom sistema
de rh funcionando
satisfatoriamente
do Walmart), elementos que nos per-
mitiram fazer associações com o MÉ-
TODO e, dessa forma, “empacotar” as
técnicas para uma melhor compreen-
são das pessoas do varejo. Naqueles
anos buscamos intensificar a educação
das pessoas. No desenvolvimento de
liderança valia tudo: filmes, palestras,
livros e manuais de franquias. Eu, po-
rém, nunca fiquei satisfeito com o nosso
processo de evolução. Certa ocasião, o
professor Falconi me apresentou a um
consultor japonês, com 80 anos de ida-
de, com quem tive o seguinte diálogo:
Eu: Incomoda-me que o MÉTODO
não traga resultados de curto prazo e
nós precisamos de resultados transfor-
macionais.
Consultor: A qualidade total leva cin-
co anos para ser absorvida por uma
organização.
Eu: Não podemos esperar tanto.
Consultor: A qualidade total leva cin-
co anos para ser absorvida por uma
organização.
Eu: Não podemos esperar tanto.
Consultor: A qualidade total leva cin-
co anos para ser absorvida por uma
organização.
Eu: Mas deve haver uma maneira
mais rápida.
Consultor (perdendo a paciência):
SÃO CINCO ANOS PORQUE AS
PESSOAS LEVAM CINCO ANOS
PARA MUDAR!!!
Ao longo da minha experiência vi exa-
tamente isso: o processo de aprendiza-
gem é lento, existem ilhas de excelência
e ilhas de resistência dentro das empre-
sas, e pessoas que jamais a aceitarão.
No entanto, a maioria adere e torna-
-se mais feliz no trabalho. A liderança
dotopodaorganização,doCEO,éfun-
damental no processo. Passados cinco
anos, o que era tão difícil se tornou um
padrão de comportamento nas Lojas
Americanas. Em outras empresas ocor-
reu o mesmo. Não interessa o ramo, a
indústria ou o setor: a aplicação é sem-
pre possível. Trata-se de mudança de
comportamento e padrão mental que,
bem conduzida, vira cultura.
O trabalho com recursos humanos e
com o desenvolvimento do “conteúdo
da liderança” é a essência do papel do
líder, sua verdadeira agenda.
Conhecimentotécnico:aacumulação
Faz-se certa confusão entre conhe-
cimento técnico e conhecimento de
método. Conhecimento técnico é o
conhecimento relacionado com o
processo no qual o indivíduo tra-
balha. Se alguém trabalha em mar­
keting, deve ter conhecimentos pro­
fundos que são específicos dessa
área. Assim, também existem conhe-
cimentos que são específicos da área
financeira, outros que são específicos
da área de recursos humanos, ou-
tros que são específicos do processo
de produção, tais como manutenção
mecânica, equilíbrio químico etc.
Toda organização deve zelar para
que esteja atualizada em conheci-
mento técnico em nível global.
Certa feita o diretor-geral de um clien-
te me pediu para ir a uma de suas fá-
bricas, recentemente construída, para
verificar por que não se conseguia pro-
duzir no nível projetado. Após alguns
dias cheguei à conclusão de que as pes-
soas tinham bom conhecimento de mé-
todo, mas não tinham conhecimento
técnico dos fatores de produção. Foi en-
tão criado um programa específico, no
qual foram trazidos vários dos melho-
res técnicos estrangeiros aposentados
para que passassem seu conhecimento
técnico de produção aos mais jovens.
Foi um verdadeiro sucesso e a empresa,
após alguns anos, possuía especialistas
em várias áreas com conhecimento téc-
nico em nível mundial.
A busca do melhor conhecimento téc-
nico em todo o mundo deve ser uma
prática contínua para que se possa ter a
garantia de que estamos em nível mun-
dial o tempo todo, pois é nesse nível que
se compete nos dias de hoje. O conheci-
mento técnico pode ser adquirido. É boa
prática trazer, como consultores tempo-
rários, os melhores técnicos do mundo
(pessoas que dominam o conhecimento
teórico e prático) para trabalharem com
o pessoal da empresa na solução de
seus problemas.
Vale ressaltar que a absorção do co-
nhecimento técnico é feita de maneira
mais eficaz por meio da prática do mé-
todo gerencial. Um dos pontos centrais
da prática do método é a agregação
contínua de conhecimento técnico por
meio da análise (veremos mais tar-
de neste texto o conteúdo de uma boa
análise). Para dar às pessoas uma me-
dida do valor do conhecimento, costu-
mo perguntar assim: “Fulano, por que
você não tem um custo 10% inferior ao
atual?”. Depois de alguns segundos de
choque, eu mesmo respondo: “Porque
ninguém aqui sabe como fazer isso”. A
questão é saber. É conhecimento!
Método:introduçãoaoconceito
Método é uma palavra que se originou
do grego e é a soma das palavras gregas
meta e hodós. Meta significa “resultado
a ser atingido” e hodós significa “ca-
minho”. Portanto, o método pode ser
entendido como o “caminho para o re-
sultado” ou, então, como uma “sequên-
cia de ações necessárias para atingir
certo resultado desejado”. Ora, se geren-
ciar é perseguir resultados, não existe
gerenciamento sem método. O método
é então a essência do gerenciamento.
Gestão é método.
O método de que tratamos é o método
cartesiano, proposto por René Descar-
tes no século 17. Descartes, conhecido
como o pai da filosofia moderna, dizia
que, em sua época, “as obras de filoso-
fia eram uma coletânea de opiniões” e
que ele havia “saído do conforto de seu
quarto aquecido para viajar pela fria
Europa buscando a verdade na reali-
dade da vida das pessoas”. Essa busca
pela verdade, contida nas informações
organizacionais de hoje, é que fornece a
orientação necessária para a boa toma-
da de decisão. Tomada de decisões com
base em opiniões torna-se muito cara e,
algumas vezes, desastrosa.
A essência do trabalho numa organi-
zação é atingir resultados e, portanto, o
domínio do método, por todas as pes-
soas, é fundamental. Isso é válido para
todas as pessoas de uma empresa, des-
de seus diretores até os operadores, que
devem ser envolvidos no método de
solução de problemas para atingir os
resultados necessários. Qualquer que
seja o nível educacional do funcioná-
rio de uma organização, o método que
usa é o mesmo. Isso viabiliza criar uma
linguagem gerencial comum e conduz
a uma participação natural de todas as
pessoas no gerenciamento da empresa.
O método provê uma maneira organi-
zada e racional para essa participação.
Passa então a ser do interesse de toda
a organização elevar continuamente o
nível de conhecimento de todas as pes-
soas de tal forma que possam atingir
resultados cada vez melhores.
É óbvio que os operadores vão
praticar um nível de análise e sín-
tese bem mais simples que um téc-
nico analista, que deve, no processo
de análise de informações, ser capaz
de utilizar os softwares modernos,
inclusive os de estatística, para ex-
trair da informação disforme o co-
nhecimento para atingir resultados
excepcionais. Os diretores devem ter
conhecimento do método e pelo me-
nos dos aspectos básicos do processo
de análise de informações. Hoje, no
Brasil, certas empresas já possuem
diretores formados em nível black
belt, o que significa que têm conheci-
mento suficiente para analisar infor-
mações com o pleno uso da estatísti-
ca. No futuro, todos os profissionais
deverão ser preparados nesse nível.
[O oficial de inteligência Robert
M.] Clark descreve uma abordagem
de análise praticada pela CIA [Cen-
tral Intelligence Agency do governo
dos EUA] muito semelhante ao que
fazemos nas empresas e governos.
A palavra “inteligência” é utilizada
não só pelos órgãos de segurança
governamentais, mas também pelas
áreas de marketing das empresas
como substituto de coleta e análise
de informações. Todo o conteúdo
deste livro é útil para todas as pes-
soas que lidam com a análise e sínte-
se de informações na busca da verda-
de ali contida. É, portanto, um livro
sobre “inteligência”, no significado
dado por Clark. O método adiciona
inteligência à atividade gerencial.
Maisumfatorprimordial:
escolhadegerentesediretores
Tenho visto, em várias organizações
(empresas e governos), gerentes e di-
retores serem escolhidos porque são
bons técnicos. Nada impede que sejam
bons técnicos. No entanto, o principal
fator que deve nortear a escolha desses
profissionais é sua capacidade de lide-
rança, sua dedicação na construção do
conteúdo da liderança e seus valores
comprovados na convivência do dia a
dia. Avaliando tudo que vi em minha
vida, esses são os principais atributos
de um líder devotado à construção da
empresa e a tornar dispensável sua
condição de liderança, fazendo de seu
cargo algo institucional. Esse é o pata-
mar da verdadeira excelência.
O processo de recrutamento e se-
leção geralmente aumenta a proba-
bilidade de que a empresa recrute e
selecione os melhores valores para
suas necessidades. No entanto, esse
processo não é perfeito e a verdadeira
seleção é feita ao longo dos anos pela
observação de cada um em seu tra-
balho. Essa observação é registrada
pelo processo de avaliação do desem-
penho, que analisa a capacidade de
cada pessoa de atingir suas metas e o
alinhamento de cada um aos valores
estabelecidos pela empresa. À medida
que a pessoa sobe na hierarquia da
empresa, vai sendo avaliada e selecio-
nada, até que a indicação dos gerentes
e diretores da empresa possa ser feita
com bastante segurança.
Essa crença leva a duas conclusões:
1. Nada impede que se recrutem pes-
soas de outras empresas para ocupar
cargos com necessidades específicas;
no entanto, a certeza de acerto só é
obtida promovendo valores internos.
2. Os seres humanos têm velocidades
de aprendizado diferentes e, portan-
to, haverá pessoas que devem ter um
treinamento especial, mais concen-
trado, e ser testadas em novas posi-
ções mais cedo.
A conclusão é que uma empresa deve
montar uma “fábrica de líderes” para
que possa crescer segura de que terá
os valores de que necessita em cada
expansão.
Na formação da InBev, e agora
AB InBev, cem executivos da AmBev
optaram por serem transferidos para
a InBev e isso em nada atrapalhou
o desempenho da AmBev. Isso acon-
teceu porque desde 1990 já se traba-
lhava na montagem da Fábrica de
Líderes e havia mais de cem substi-
tutos disponíveis para promoção, no
mesmo padrão daqueles que saíram.
Só uma competente fábrica de líderes
permite tornar a liderança uma po-
sição institucional e não pessoal (de-
pendente do carisma do líder).
Para os bons técnicos deve ser provida
uma carreira de prestígio e bem remu-
nerada, mas não necessariamente de
chefia.
© Vicente Falconi/INDG
AltaGerência
todos os funcionários
de uma organização
usam o mesmo método.
isso viabiliza criar uma
linguagem comum e
estimula a participação

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Gerenciamento da Rotina do Dia a Dia - 1
Gerenciamento da Rotina do Dia a Dia - 1Gerenciamento da Rotina do Dia a Dia - 1
Gerenciamento da Rotina do Dia a Dia - 1Hugo Ortega Cocus
 
Aula Gestão de Pessoas
Aula Gestão de PessoasAula Gestão de Pessoas
Aula Gestão de PessoasJakson Silva
 
Gerenciamento da rotina modulo-3
Gerenciamento da rotina modulo-3Gerenciamento da rotina modulo-3
Gerenciamento da rotina modulo-3Thiago Reis
 
Gestão da Qualidade 02 Capítulo 01
Gestão da Qualidade 02 Capítulo 01Gestão da Qualidade 02 Capítulo 01
Gestão da Qualidade 02 Capítulo 01Andre Jun
 
Treinamento e desenvolvimento
Treinamento e desenvolvimentoTreinamento e desenvolvimento
Treinamento e desenvolvimentoJohn Silva
 
Portfolio recursos humanos ii
Portfolio   recursos humanos iiPortfolio   recursos humanos ii
Portfolio recursos humanos iiAndréia Cruz
 
Gestão de recursos humanos
Gestão de recursos humanosGestão de recursos humanos
Gestão de recursos humanosRafael Pozzobon
 
Aula 11 noções sobre gerenciamento de documentos animada
Aula 11   noções sobre gerenciamento de documentos animadaAula 11   noções sobre gerenciamento de documentos animada
Aula 11 noções sobre gerenciamento de documentos animadaLuiz Siles
 
Apresentação do trabalho gerenc. da rotina (2)
Apresentação do trabalho gerenc. da rotina (2)Apresentação do trabalho gerenc. da rotina (2)
Apresentação do trabalho gerenc. da rotina (2)Lilian Resende
 
Avaliação por desempenho
Avaliação por desempenhoAvaliação por desempenho
Avaliação por desempenhoOdilio Augusto
 
Planejamento Estratégico, Tático e Operacional
Planejamento Estratégico, Tático e OperacionalPlanejamento Estratégico, Tático e Operacional
Planejamento Estratégico, Tático e OperacionalEliseu Fortolan
 
Capítulo 1 evolução na gestão de pessoas
Capítulo 1   evolução na gestão de pessoasCapítulo 1   evolução na gestão de pessoas
Capítulo 1 evolução na gestão de pessoasmvaf_rj
 

Mais procurados (20)

Entendendo como as empresas funcionam
Entendendo como as empresas funcionamEntendendo como as empresas funcionam
Entendendo como as empresas funcionam
 
Gerenciamento da Rotina do Dia a Dia - 1
Gerenciamento da Rotina do Dia a Dia - 1Gerenciamento da Rotina do Dia a Dia - 1
Gerenciamento da Rotina do Dia a Dia - 1
 
Aula Gestão de Pessoas
Aula Gestão de PessoasAula Gestão de Pessoas
Aula Gestão de Pessoas
 
Gerenciamento da rotina modulo-3
Gerenciamento da rotina modulo-3Gerenciamento da rotina modulo-3
Gerenciamento da rotina modulo-3
 
Gestão da Qualidade 02 Capítulo 01
Gestão da Qualidade 02 Capítulo 01Gestão da Qualidade 02 Capítulo 01
Gestão da Qualidade 02 Capítulo 01
 
Treinamento e desenvolvimento
Treinamento e desenvolvimentoTreinamento e desenvolvimento
Treinamento e desenvolvimento
 
Introdução a OSM
Introdução a OSMIntrodução a OSM
Introdução a OSM
 
Avaliação de Desempenho
Avaliação de DesempenhoAvaliação de Desempenho
Avaliação de Desempenho
 
Portfolio recursos humanos ii
Portfolio   recursos humanos iiPortfolio   recursos humanos ii
Portfolio recursos humanos ii
 
Gestão de recursos humanos
Gestão de recursos humanosGestão de recursos humanos
Gestão de recursos humanos
 
Gestão da qualidade
Gestão da qualidadeGestão da qualidade
Gestão da qualidade
 
Aula 11 noções sobre gerenciamento de documentos animada
Aula 11   noções sobre gerenciamento de documentos animadaAula 11   noções sobre gerenciamento de documentos animada
Aula 11 noções sobre gerenciamento de documentos animada
 
Apresentação do trabalho gerenc. da rotina (2)
Apresentação do trabalho gerenc. da rotina (2)Apresentação do trabalho gerenc. da rotina (2)
Apresentação do trabalho gerenc. da rotina (2)
 
Avaliação por desempenho
Avaliação por desempenhoAvaliação por desempenho
Avaliação por desempenho
 
Gestão de pessoas i
Gestão de pessoas iGestão de pessoas i
Gestão de pessoas i
 
Qualidade e Produtividade
Qualidade e ProdutividadeQualidade e Produtividade
Qualidade e Produtividade
 
Treinamento e Desenvolvimento
Treinamento e DesenvolvimentoTreinamento e Desenvolvimento
Treinamento e Desenvolvimento
 
Planejamento estratégico unijipa.ppt
Planejamento estratégico   unijipa.pptPlanejamento estratégico   unijipa.ppt
Planejamento estratégico unijipa.ppt
 
Planejamento Estratégico, Tático e Operacional
Planejamento Estratégico, Tático e OperacionalPlanejamento Estratégico, Tático e Operacional
Planejamento Estratégico, Tático e Operacional
 
Capítulo 1 evolução na gestão de pessoas
Capítulo 1   evolução na gestão de pessoasCapítulo 1   evolução na gestão de pessoas
Capítulo 1 evolução na gestão de pessoas
 

Destaque

Capitulo 1: Entenda seu trabalho. livro Gerenciamento da rotina do trabalho d...
Capitulo 1: Entenda seu trabalho. livro Gerenciamento da rotina do trabalho d...Capitulo 1: Entenda seu trabalho. livro Gerenciamento da rotina do trabalho d...
Capitulo 1: Entenda seu trabalho. livro Gerenciamento da rotina do trabalho d...Wladimir Farias Tenorio Filho
 
4 Atitudes para ser bem sucedido
4 Atitudes para ser bem sucedido4 Atitudes para ser bem sucedido
4 Atitudes para ser bem sucedidoThiago Reis
 
Gerenciamento da rotina 1 modulo
Gerenciamento da rotina 1 moduloGerenciamento da rotina 1 modulo
Gerenciamento da rotina 1 moduloThiago Reis
 
Gerenciamento da Rotina_MODULO_4
Gerenciamento da Rotina_MODULO_4Gerenciamento da Rotina_MODULO_4
Gerenciamento da Rotina_MODULO_4Thiago Reis
 
Gerenciamento da rotina modulo 2
Gerenciamento da rotina modulo 2Gerenciamento da rotina modulo 2
Gerenciamento da rotina modulo 2Thiago Reis
 
Jogos de criatividade
Jogos de criatividadeJogos de criatividade
Jogos de criatividadeThiago Reis
 
Project Builder PMO
Project Builder PMOProject Builder PMO
Project Builder PMOThiago Reis
 
Alavancar me gestão financeira aula1
Alavancar me gestão financeira aula1Alavancar me gestão financeira aula1
Alavancar me gestão financeira aula1Thiago Reis
 
Estratégia e indicadores
Estratégia e indicadoresEstratégia e indicadores
Estratégia e indicadoresThiago Reis
 
Palestra iso 9001 ej ros (1)
Palestra iso 9001 ej ros (1)Palestra iso 9001 ej ros (1)
Palestra iso 9001 ej ros (1)Cesar Gonçalves
 
Sistemas de Gestão de Qualidade
Sistemas de Gestão de QualidadeSistemas de Gestão de Qualidade
Sistemas de Gestão de QualidadeGustavo Kerezi
 
Site ponta de estoque venderá imóveis
Site ponta de estoque venderá imóveisSite ponta de estoque venderá imóveis
Site ponta de estoque venderá imóveisBelmmen
 
Gerenciamento da rotina manual de implementação
Gerenciamento da rotina   manual de implementaçãoGerenciamento da rotina   manual de implementação
Gerenciamento da rotina manual de implementaçãoSidney Santana
 
Porque os padres não casam?
Porque os padres não casam?Porque os padres não casam?
Porque os padres não casam?Telmo Ferreira
 
Falconi 1992 Controle de qualidade- Eng. de Produção (capitulos apenas)
Falconi 1992 Controle de qualidade- Eng. de Produção (capitulos apenas) Falconi 1992 Controle de qualidade- Eng. de Produção (capitulos apenas)
Falconi 1992 Controle de qualidade- Eng. de Produção (capitulos apenas) Antonio Branco
 
Sgq apresentação
Sgq apresentaçãoSgq apresentação
Sgq apresentaçãoCarlos Rocha
 
Apresentação - Igor - 23.08.2012
Apresentação - Igor - 23.08.2012Apresentação - Igor - 23.08.2012
Apresentação - Igor - 23.08.2012acertcon
 
Cap 4 como padronizar sua área de trabalho wladimirfarias
Cap 4 como padronizar sua área de trabalho wladimirfariasCap 4 como padronizar sua área de trabalho wladimirfarias
Cap 4 como padronizar sua área de trabalho wladimirfariasWladimir Farias Tenorio Filho
 

Destaque (20)

Capitulo 1: Entenda seu trabalho. livro Gerenciamento da rotina do trabalho d...
Capitulo 1: Entenda seu trabalho. livro Gerenciamento da rotina do trabalho d...Capitulo 1: Entenda seu trabalho. livro Gerenciamento da rotina do trabalho d...
Capitulo 1: Entenda seu trabalho. livro Gerenciamento da rotina do trabalho d...
 
Capítulo 2 arrumando a casa
Capítulo 2 arrumando a casaCapítulo 2 arrumando a casa
Capítulo 2 arrumando a casa
 
4 Atitudes para ser bem sucedido
4 Atitudes para ser bem sucedido4 Atitudes para ser bem sucedido
4 Atitudes para ser bem sucedido
 
Gerenciamento da rotina 1 modulo
Gerenciamento da rotina 1 moduloGerenciamento da rotina 1 modulo
Gerenciamento da rotina 1 modulo
 
Gerenciamento da Rotina_MODULO_4
Gerenciamento da Rotina_MODULO_4Gerenciamento da Rotina_MODULO_4
Gerenciamento da Rotina_MODULO_4
 
Gerenciamento da rotina modulo 2
Gerenciamento da rotina modulo 2Gerenciamento da rotina modulo 2
Gerenciamento da rotina modulo 2
 
Jogos de criatividade
Jogos de criatividadeJogos de criatividade
Jogos de criatividade
 
Project Builder PMO
Project Builder PMOProject Builder PMO
Project Builder PMO
 
Alavancar me gestão financeira aula1
Alavancar me gestão financeira aula1Alavancar me gestão financeira aula1
Alavancar me gestão financeira aula1
 
Estratégia e indicadores
Estratégia e indicadoresEstratégia e indicadores
Estratégia e indicadores
 
Palestra iso 9001 ej ros (1)
Palestra iso 9001 ej ros (1)Palestra iso 9001 ej ros (1)
Palestra iso 9001 ej ros (1)
 
Sistemas de Gestão de Qualidade
Sistemas de Gestão de QualidadeSistemas de Gestão de Qualidade
Sistemas de Gestão de Qualidade
 
TQM MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL
TQM MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTALTQM MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL
TQM MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL
 
Site ponta de estoque venderá imóveis
Site ponta de estoque venderá imóveisSite ponta de estoque venderá imóveis
Site ponta de estoque venderá imóveis
 
Gerenciamento da rotina manual de implementação
Gerenciamento da rotina   manual de implementaçãoGerenciamento da rotina   manual de implementação
Gerenciamento da rotina manual de implementação
 
Porque os padres não casam?
Porque os padres não casam?Porque os padres não casam?
Porque os padres não casam?
 
Falconi 1992 Controle de qualidade- Eng. de Produção (capitulos apenas)
Falconi 1992 Controle de qualidade- Eng. de Produção (capitulos apenas) Falconi 1992 Controle de qualidade- Eng. de Produção (capitulos apenas)
Falconi 1992 Controle de qualidade- Eng. de Produção (capitulos apenas)
 
Sgq apresentação
Sgq apresentaçãoSgq apresentação
Sgq apresentação
 
Apresentação - Igor - 23.08.2012
Apresentação - Igor - 23.08.2012Apresentação - Igor - 23.08.2012
Apresentação - Igor - 23.08.2012
 
Cap 4 como padronizar sua área de trabalho wladimirfarias
Cap 4 como padronizar sua área de trabalho wladimirfariasCap 4 como padronizar sua área de trabalho wladimirfarias
Cap 4 como padronizar sua área de trabalho wladimirfarias
 

Semelhante a Verdadeiro poder-falconi

Apostila treinamento e desenvolvimento
Apostila   treinamento e desenvolvimentoApostila   treinamento e desenvolvimento
Apostila treinamento e desenvolvimentoLeandro Mariano
 
Programas treinamentotarget
Programas treinamentotargetProgramas treinamentotarget
Programas treinamentotargetTARGET - HR
 
Programas treinamentotarget
Programas treinamentotargetProgramas treinamentotarget
Programas treinamentotargetTARGET - HR
 
Gestão de recursos humanos
Gestão de recursos humanosGestão de recursos humanos
Gestão de recursos humanosNicole Fernandes
 
Sistemas de recursos humanos Brasil
Sistemas de recursos humanos BrasilSistemas de recursos humanos Brasil
Sistemas de recursos humanos BrasilCristiano Percicotti
 
MELHORES PRÁTICAS PARA GERENCIAR EQUIPES
MELHORES PRÁTICAS PARA GERENCIAR EQUIPESMELHORES PRÁTICAS PARA GERENCIAR EQUIPES
MELHORES PRÁTICAS PARA GERENCIAR EQUIPESTatiane Souza
 
Desenvolvimento de carreira alterado
Desenvolvimento de carreira alteradoDesenvolvimento de carreira alterado
Desenvolvimento de carreira alteradoFilipe Simão Kembo
 
Recursos Humanos
Recursos Humanos Recursos Humanos
Recursos Humanos rickMelo2
 
Endomarketing-e-Atracao-de-Talentos-Progic-e-Taqe.pdf
Endomarketing-e-Atracao-de-Talentos-Progic-e-Taqe.pdfEndomarketing-e-Atracao-de-Talentos-Progic-e-Taqe.pdf
Endomarketing-e-Atracao-de-Talentos-Progic-e-Taqe.pdfGlauceMedeiros2
 
Aula 1 introdução educação_corporativa
Aula 1 introdução educação_corporativaAula 1 introdução educação_corporativa
Aula 1 introdução educação_corporativaCarlos Alves
 
Trabalho tfs
Trabalho tfsTrabalho tfs
Trabalho tfs461987
 
Gestão de pessoas
Gestão de pessoasGestão de pessoas
Gestão de pessoashiagolyon
 

Semelhante a Verdadeiro poder-falconi (20)

Gestão de talentos
Gestão de talentosGestão de talentos
Gestão de talentos
 
Atração e Retenção.pdf
Atração e Retenção.pdfAtração e Retenção.pdf
Atração e Retenção.pdf
 
Treinamento & Desenvolvimento
Treinamento & DesenvolvimentoTreinamento & Desenvolvimento
Treinamento & Desenvolvimento
 
Gestão do talento
Gestão do talentoGestão do talento
Gestão do talento
 
Gestão de Pessoas
Gestão de PessoasGestão de Pessoas
Gestão de Pessoas
 
Apostila treinamento e desenvolvimento
Apostila   treinamento e desenvolvimentoApostila   treinamento e desenvolvimento
Apostila treinamento e desenvolvimento
 
Programas treinamentotarget
Programas treinamentotargetProgramas treinamentotarget
Programas treinamentotarget
 
Programas treinamentotarget
Programas treinamentotargetProgramas treinamentotarget
Programas treinamentotarget
 
TD Treinamento & Desenvolvimento
TD Treinamento & Desenvolvimento TD Treinamento & Desenvolvimento
TD Treinamento & Desenvolvimento
 
Gestão de recursos humanos
Gestão de recursos humanosGestão de recursos humanos
Gestão de recursos humanos
 
Projeto integrado
Projeto integrado Projeto integrado
Projeto integrado
 
Sistemas de recursos humanos Brasil
Sistemas de recursos humanos BrasilSistemas de recursos humanos Brasil
Sistemas de recursos humanos Brasil
 
Recursos humanos 7 ações decisivas para empresas de sucesso
Recursos humanos  7 ações decisivas para empresas de sucessoRecursos humanos  7 ações decisivas para empresas de sucesso
Recursos humanos 7 ações decisivas para empresas de sucesso
 
MELHORES PRÁTICAS PARA GERENCIAR EQUIPES
MELHORES PRÁTICAS PARA GERENCIAR EQUIPESMELHORES PRÁTICAS PARA GERENCIAR EQUIPES
MELHORES PRÁTICAS PARA GERENCIAR EQUIPES
 
Desenvolvimento de carreira alterado
Desenvolvimento de carreira alteradoDesenvolvimento de carreira alterado
Desenvolvimento de carreira alterado
 
Recursos Humanos
Recursos Humanos Recursos Humanos
Recursos Humanos
 
Endomarketing-e-Atracao-de-Talentos-Progic-e-Taqe.pdf
Endomarketing-e-Atracao-de-Talentos-Progic-e-Taqe.pdfEndomarketing-e-Atracao-de-Talentos-Progic-e-Taqe.pdf
Endomarketing-e-Atracao-de-Talentos-Progic-e-Taqe.pdf
 
Aula 1 introdução educação_corporativa
Aula 1 introdução educação_corporativaAula 1 introdução educação_corporativa
Aula 1 introdução educação_corporativa
 
Trabalho tfs
Trabalho tfsTrabalho tfs
Trabalho tfs
 
Gestão de pessoas
Gestão de pessoasGestão de pessoas
Gestão de pessoas
 

Verdadeiro poder-falconi

  • 2. * Empresas podem adquirir o livro no INDG. O Verdadeiro Poder começa com um prefácio de Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano Papel e Celulose; é pontuado por pequenos casos reais vivenciados por Falconi (destacados em itálico), alguns dos quais relatados pelos próprios revisores do livro, que foram gestores clientes do con- sultor; e termina com um valioso apêndice, que traz modelos de análise e síntese diversos. Toda a renda* obtida com o novo livro será doada ao Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos (Ismart), que tem como missão patrocinar o estudo de qualidade para crianças pobres com elevado potencial. Isso só faz confirmar a coerência de Falconi, que já é muito conhecido tan- to por seus esforços para melhorar a gestão do setor público –e, assim, melhorar o Brasil– como pelos saltos de desempenho que ajuda seus célebres clientes corporativos a dar. Fatoresfundamentaisàgestão Abrange o foco da gestão e fornece a base conceitual que permite aos gestores explorar o método, que consiste no co- ração da receita gerencial de Vicente Falconi. Trata ainda dos fatores que garantem resulta- dos (entre os quais se desta- cam a liderança e a agenda do líder), de método e sistema, e de estrutura e gestão. O método gerencial Aprofundaométodoemsi,dando ênfaseàcadavezmaisimportan- te análise de informações (seus capítulos discorrem sobre o que é, como conduzi-la, como en- volver as pessoas nela por meio da abordagem centrada no alvo etc.). Também descreve a prática do método, incluindo melhorias, escalabilidade e o gerenciamen- to da rotina propriamente dito. O conhecimento na gestão Advoga que a prática do mé- todo necessariamente leva à acumulação de conhecimento pelas pessoas e que esse pro- cesso pode –e deve– ser ge- renciado a fim de sistematizar o aprendizado por toda a orga- nização e viabilizar a obtenção de resultados que, em um pri- meiro momento, pareciam ser altamente improváveis.
  • 3. 3FATORESQUE GARANTEMRESULTADOS Poucas coisas são realmente importantes num negócio. Sam Walton Existem três fatores fundamentais para a obtenção de resultados em qualquer iniciativa humana: liderança, conhe- cimento técnico e método. Seja em empresas, seja em governos, forças de segurança, forças armadas, fundações, escolas, hospitais etc., essas três frentes devem ser constantemente cultivadas (cultivar é tratar continuamente e com carinho para garantir o crescimento). Elas não são como um tapete que você compra, instala e pronto. O desenvol- vimento das três frentes é um trabalho contínuo, para o resto da vida. Liderança:desenvolvendo oconteúdo Entre os três fatores citados acima, a li- derança é o que há de mais importante numa organização. Sem ela nada acon- tece. De nada adianta método ou conhe- cimento técnico se não existe liderança para fazer acontecer. Existe bibliografia ampla que tra- ta do tema da liderança, em grande parte relacionada à figura do líder e como ele deve ser. Não é disso que se trata aqui. Neste texto, a liderança é abordada quanto ao seu conteúdo, que deve ser continuamente cultiva- do (a palavra “cultivada” é utilizada neste texto em seu sentido específi- co, para dar a ideia do “esforço para fazer crescer”). A única definição de liderança que interessa às organizações é: liderar é bater metas consistentemente, com o time e fazendo certo. Quem não bate metas não é líder. Se ser um bom lí- der é conseguir resultados por meio das pessoas, então a pessoa do líder deve investir uma parte substancial de seu tempo no desenvolvimento de sua equipe. Portanto, o tema de re- cursos humanos é central no desen- volvimento do “conteúdo da lideran- ça” (leia-se “agenda do líder”). Partindo do pressuposto de que a boa governança é condição fundamental ao exercício da liderança, desenvolver o conteúdo da liderança, de acordo com a figura acima, significa: 1.Criarumsistemaquepossaatribuir a todas as pessoas metas que sejam críveis e desafiadoras. Essas metas devem ser calculadas a partir de lacu- nas previamente identificadas. 2. Promover o domínio do método pela equipe com crescimento cons- tante nas técnicas e recursos de análi- se, bem como num perfeito gerencia- mento da rotina. 3. Promover a aquisição de conheci- mento técnico pela equipe. 4. Garantir o estabelecimento e me- lhoria contínua de um sistema de recrutamento e seleção (padronizar o processo). Participar do recrutamen- to e seleção de sua equipe. Selecionar, entreosrecrutados,pessoasexcepcio- nais e garantir-lhes um crescimento mais rápido de acordo com seu po- tencial mental, como definido por Maslow [psicólogo norte-americano Abraham Maslow] –algumas poucas pessoas excepcionais fazem a grande diferença em uma organização. 5. Participar das várias formas de treinamento de sua equipe exercen- do a função de professor em alguns casos. Estabelecer e melhorar conti- nuamente um treinamento especial para pessoas excepcionais. Reco- nhecer que entre as pessoas excep- cionais existem pouquíssimas su- perexcepcionais. Essas pessoas são imperdíveis e podem mudar a histó- ria de uma organização. Entender o processo de aprendizado humano e que o aprendizado de uma empresa Liderança Liderança Alcançar Metas 1. Atribuir metas baseadas em lacunas 2. Promover o domínio do método pela equipe 3. Promover a aquisição de conhecimento técnico do processo pela equipe 1. Recrutar 2. Treinar 3. Inspirar 4. Fazer coaching 5. Promover a meritocracia 6. Tirar pessoas da zona de conforto para que elas se desenvolvam 7. Fazer uma avaliação de desempenho honesta e construtiva 8. Demitir quando preciso 9. Ter um sistema de incentivos alinhados com metas 1. Promover cultura única 2. Cultura de alto desempenho 3. Cultura de fatos e dados 4. Cultura de honestidade intelectual 5. Cultura de enfrentamento dos fatos 6. Alinhamento com valores da empresa AGENDA DO LÍDER Com o Time Fazendo Certo Método Conhecimento do Processo AltaGerência
  • 4. é a somatória do aprendizado das pessoas. Entender o conceito de “Po- tencial Mental Humano”, como for- mulado por Maslow, e a necessidade de que as pessoas tenham condições de aprender continuamente. Esse aprendizado deve ser realizado, pre- ferencialmente, por meio do método de solução de problemas, com metas bem estabelecidas. 6. Inspirar as pessoas. Nós não traba- lhamos somente pelo dinheiro que recebemos. O ser humano gosta de realizar um sonho. Sonhar grande, promover o sonho e inspirar as pes- soas. Sonhar grande dá o mesmo tra- balho que sonhar pequeno. 7. Fazer coaching. Supervisionar a maneira de trabalhar de sua equipe e aconselhar, fazendo ajustes de pro- cedimento. O coaching é um treina- mento no trabalho. 8. Promover a meritocracia. Garantir o estabelecimento e a melhoria con- tínua de um sistema de avaliação do desempenho (o que implica padroni- zar o processo). Promover uma ava- liação do desempenho de seu time de forma honesta e construtiva, dando feedback contínuo (pelo menos uma vez por ano). Demitir quando neces- sário. Afastar de 5% a 10% por ano daqueles mais mal avaliados do time, abrindo espaço para novos valores e dando a oportunidade para que os de- mitidos possam encontrar tarefas que amem fazer e nas quais possam ser mais felizes e valorizados. 9. Alinhar os interesses das pessoas com os da organização por meio de um sistema de incentivos. 10. Cuidar da cultura predominante na organização, trabalhando no sen- tido de fixar valores que garantirão seu futuro. Esses valores devem estar incluídosnosquesitosdaavaliaçãodo desempenho. 11. Promover uma cultura de alto desempenho, “esticando” as metas e atribuindo valor aos que as superam. 12. Promover a cultura de tomar de- cisões com base em fatos e dados. Incentivar a prática da análise e da síntese como elemento principal do planejamento e fundamental no processo de aprendizado. Exigir a apresentação das análises em suas reuniões. Valorizar a honestidade in- telectual e a busca da verdade contida nos fatos e dados. 13.Promoverumaculturade“enfren- tamento dos fatos”, que valoriza a ver- dade e não tem medo de ver os fatos como são. É a cultura onde se espera que os gerentes comuniquem, para o time e para cima, não somente os bons resultados, mas também o que não está indo bem e precisa ser enca- rado como é, de tal modo que possa ser consertado. Uma cultura onde se valorizam a busca de fatos e dados para analisar eventos e não somente opinião e intuição. Essa agenda é fácil de listar, mas nem sempre fácil de implementar. Um as- pecto importante é que tais coisas levam tempo para serem conseguidas e é por isso que penso que a liderança deve ser “cultivada”. Eis uma história real: Certa vez conheci um diretor de ven- das excepcional. Ele trabalhava em uma empresa brasileira e era verda- deiro campeão de vendas, sendo re- conhecido como bom líder, benquisto por sua equipe e respeitado na em- presa. Essa pessoa recebeu convite de um concorrente e se transferiu para lá, onde esperava conseguir os mesmos re- sultados que conseguia anteriormente. No entanto, isso não aconteceu e, após um ano, saiu da nova empresa, tendo fracassado em sua missão. Ignora- va um conceito básico: a liderança é construída ao longo dos anos, estabe- lecendo processos confiáveis e pessoas excepcionais, bem treinadas e felizes com seu trabalho. Ao chegar à nova empresa, ele não encontrou equipe igual à anterior e um ano não seria suficiente para formar uma nova. Fra- cassou. Não havia na nova empresa o mesmo conteúdo da liderança que ha- via na empresa anterior. Olíderéoúnicoagentedemudançasde uma organização. Não há outra opção. As áreas de suporte ajudam na criação e divulgação de novos padrões, a con- sultoria também auxilia nesse processo, além de criar as sistemáticas de verifi- cação que permitem ao líder atuar. No entanto, a implantação e a mudança são indelegáveis. E essa mudança vem por meio da ca- pacitação dos liderados, papel essencial do líder. Quem frequenta ou convive com várias empresas percebe clara- mente a dificuldade de execução que existe em algumas. As empresas com lideranças fracas são geralmente muito lentas e acabam por perder a luta pela competição no mercado. Umaspectoqueconsiderofundamen- tal no desenvolvimento do conteúdo da liderança e para o qual quero deixar uma consideração à parte é a questão da cultura interna. A avaliação do de- sempenho do tipo 360 graus leva em conta o alcance das metas num eixo e os fatores culturais em outro. Esses fato- res culturais desejados devem ser conti- nuamente discutidos e valorizados. Um dos aspectos culturais que mais me encantam é o “espírito de excelên- cia”. Tenho encontrado pessoas de dife- O líder é o único agente de mudanças da organização. não há outra opção. as áreas de suporte auxiliam na criação de novos padrões. a consultoria ajuda, mas a mudança é indelegável
  • 5. rentes origens e posições culturais com esse espírito, que considero fundamen- tal para construir algo extraordinário. Resumiria esse aspecto cultural da se- guinte maneira: o espírito de excelência é ter a atitude, em tudo que se faz, de querer fazer o melhor do mundo (pode- -se até não conseguir, mas vale tentar). Lembro-me de um fato ocorrido há muitos anos. O chefe de um depar- tamento havia solicitado a um en- genheiro fazer um relatório sobre determinado assunto. Veio uma coisa sucinta e de pouco conteúdo. O chefe leu, não gostou e devolveu, pedindo trabalho mais completo, citando in- clusive partes faltantes. O engenheiro fez ainda de forma sucinta as partes faltantes e entregou o relatório. O chefe leu de novo e não gostou. Devol- veu, pedindo mais conteúdo e dando exemplos. O engenheiro fez exatamen- te o que o chefe pediu e devolveu com a seguinte nota: “Esta é minha forma final. Fiz o máximo que pude”. Nunca me esqueci desse fato. Existem muitas pessoas que não gostam do que fazem e sua atitude é “se livrar da ta- refa o mais rapidamente possível”. As chefias de tais pessoas deveriam fazer um favor: dar a elas a chance de encon- trar algo que amem fazer, colocando- as à disposição de outro departamento ou então, simplesmente, mandando- as embora. Nunca vi, em minha vida, uma pessoa de sucesso que não amas- se o que faz. Amar o que se faz é uma necessidade suprema do ser humano, de acordo com Maslow. Nas empresas brasileiras, no entanto, há certas difi- culdades para selecionar equipes de pessoas que amam o que fazem. Isso ocorre, talvez, devido a um aspecto cultural do brasileiro de “amizade e ca- maradagem”, ou, talvez, a uma agenda própria de não fazer inimizades com pessoas que poderão ser necessárias no futuro, ou até, talvez, de não eli- minar uma pessoa que não tem bom desempenho, mas que lhe dá apoio in- condicional. Tudo isso é deletério para a pessoa que está sendo mantida numa posição que prejudicará seu futuro profissional, para o próprio líder, que não conseguirá formar seu “conteúdo da liderança”, e para a empresa, que terá seus resultados atuais e futuros prejudicados. Esses aspectos culturais devem ser questionados num proje- to de excelência, de meritocracia e de devoção ao desenvolvimento do ser humano e de suas organizações. Sobre isso, eis o depoimento de um gestor que revisou o livro: Onde o conceito de “espírito de excelên- cia” é colocado, eu entendo isso como uma atitude de um “dono do negócio”, pois na minha visão é esse comporta- mento que move as pessoas a se indig- naremcomoqueestáerrado,mudarem a rota e agirem com mais velocidade. A questãodeaculturainternainfluenciar o líder, e vice-versa, pode ser, na minha opinião, o motivo pelo qual o “diretor de vendas” no exemplo citado tenha fa- lhado. Ou seja, um ambiente onde você fica “falando sozinho” deve ter sido o que ele encontrou. Como você mesmo sabe, a AmBev faz questão de reafirmá- lo a toda hora para seus funcionários, por palavras ou por fatos concretos (re- muneração, ações etc.), a importância das pessoas agirem sob uma norma de conduta (sonhar grande, foco no resul- tado, ser dono do negócio, gastar sola do sapato etc.). Tenho vivido em minha empresa essa dificuldade de criar uma “cultura de excelência” ou o “sentimen- to de dono”, pois a cultura interna é muito poderosa. E, como se sabe, leva muito tempo, disciplina, consequência nos resultados e uns “grandes donos” para garantir uma aderência a esses valores em toda a organização e final- mente estabelecer uma cultura interna forte. Entendo que o líder deveria ser um guardião do método, dos valores, da cultura da empresa e, por consequ- ência, do capital humano. Capital que vem a ser funcionários excepcionais de alto desempenho. Ou seja, um bom lí- der é aquele que possui pessoas de alto desempenho (pessoas que usam o méto- do de forma disciplinada e têm grande aderência aos valores da companhia). A experiência da AmBev no Brasil mos- trou que são necessários de cinco a sete anos para que se tenha um bom siste- ma de recursos humanos funcionando satisfatoriamente e com tempo para que os primeiros valores bem recrutados e treinados tenham chegado a um nível gerencial elevado. Esse é o tempo que é necessário para formar um bom “conte- údo da liderança”. Depois que o conteú- do da liderança chega a um estágio bom (após cinco a sete anos), a presença de um líder carismático perde sua impor- tância e a empresa passa a ter uma lide- rança institucionalizada, como sugerido por Max Weber [sociólogo alemão]. Esse deveria ser o sonho de todos nós e um presente a nossos jovens. Sobre essa demora inicial em obter uma cultura própria para alcançar os resultados desejados, recebi o seguinte depoimento de outro dos revisores: Eu trabalhava nas Lojas Americanas e buscava capturar, para o varejo, as téc- nicasdesenvolvidasnoramoindustrial. No Brasil não existiam experiências no setor de serviços, e a resistência dentro da empresa era imensa. Encontramos, na biografia de Sam Walton (fundador AltaGerência a experiência da ambev no brasil mostrou que são necessários de cinco a sete anos para que se tenha um bom sistema de rh funcionando satisfatoriamente
  • 6. do Walmart), elementos que nos per- mitiram fazer associações com o MÉ- TODO e, dessa forma, “empacotar” as técnicas para uma melhor compreen- são das pessoas do varejo. Naqueles anos buscamos intensificar a educação das pessoas. No desenvolvimento de liderança valia tudo: filmes, palestras, livros e manuais de franquias. Eu, po- rém, nunca fiquei satisfeito com o nosso processo de evolução. Certa ocasião, o professor Falconi me apresentou a um consultor japonês, com 80 anos de ida- de, com quem tive o seguinte diálogo: Eu: Incomoda-me que o MÉTODO não traga resultados de curto prazo e nós precisamos de resultados transfor- macionais. Consultor: A qualidade total leva cin- co anos para ser absorvida por uma organização. Eu: Não podemos esperar tanto. Consultor: A qualidade total leva cin- co anos para ser absorvida por uma organização. Eu: Não podemos esperar tanto. Consultor: A qualidade total leva cin- co anos para ser absorvida por uma organização. Eu: Mas deve haver uma maneira mais rápida. Consultor (perdendo a paciência): SÃO CINCO ANOS PORQUE AS PESSOAS LEVAM CINCO ANOS PARA MUDAR!!! Ao longo da minha experiência vi exa- tamente isso: o processo de aprendiza- gem é lento, existem ilhas de excelência e ilhas de resistência dentro das empre- sas, e pessoas que jamais a aceitarão. No entanto, a maioria adere e torna- -se mais feliz no trabalho. A liderança dotopodaorganização,doCEO,éfun- damental no processo. Passados cinco anos, o que era tão difícil se tornou um padrão de comportamento nas Lojas Americanas. Em outras empresas ocor- reu o mesmo. Não interessa o ramo, a indústria ou o setor: a aplicação é sem- pre possível. Trata-se de mudança de comportamento e padrão mental que, bem conduzida, vira cultura. O trabalho com recursos humanos e com o desenvolvimento do “conteúdo da liderança” é a essência do papel do líder, sua verdadeira agenda. Conhecimentotécnico:aacumulação Faz-se certa confusão entre conhe- cimento técnico e conhecimento de método. Conhecimento técnico é o conhecimento relacionado com o processo no qual o indivíduo tra- balha. Se alguém trabalha em mar­ keting, deve ter conhecimentos pro­ fundos que são específicos dessa área. Assim, também existem conhe- cimentos que são específicos da área financeira, outros que são específicos da área de recursos humanos, ou- tros que são específicos do processo de produção, tais como manutenção mecânica, equilíbrio químico etc. Toda organização deve zelar para que esteja atualizada em conheci- mento técnico em nível global. Certa feita o diretor-geral de um clien- te me pediu para ir a uma de suas fá- bricas, recentemente construída, para verificar por que não se conseguia pro- duzir no nível projetado. Após alguns dias cheguei à conclusão de que as pes- soas tinham bom conhecimento de mé- todo, mas não tinham conhecimento técnico dos fatores de produção. Foi en- tão criado um programa específico, no qual foram trazidos vários dos melho- res técnicos estrangeiros aposentados para que passassem seu conhecimento técnico de produção aos mais jovens. Foi um verdadeiro sucesso e a empresa, após alguns anos, possuía especialistas em várias áreas com conhecimento téc- nico em nível mundial. A busca do melhor conhecimento téc- nico em todo o mundo deve ser uma prática contínua para que se possa ter a garantia de que estamos em nível mun- dial o tempo todo, pois é nesse nível que se compete nos dias de hoje. O conheci- mento técnico pode ser adquirido. É boa prática trazer, como consultores tempo- rários, os melhores técnicos do mundo (pessoas que dominam o conhecimento teórico e prático) para trabalharem com o pessoal da empresa na solução de seus problemas. Vale ressaltar que a absorção do co- nhecimento técnico é feita de maneira mais eficaz por meio da prática do mé- todo gerencial. Um dos pontos centrais da prática do método é a agregação contínua de conhecimento técnico por meio da análise (veremos mais tar- de neste texto o conteúdo de uma boa análise). Para dar às pessoas uma me- dida do valor do conhecimento, costu- mo perguntar assim: “Fulano, por que você não tem um custo 10% inferior ao atual?”. Depois de alguns segundos de choque, eu mesmo respondo: “Porque ninguém aqui sabe como fazer isso”. A questão é saber. É conhecimento! Método:introduçãoaoconceito Método é uma palavra que se originou do grego e é a soma das palavras gregas meta e hodós. Meta significa “resultado a ser atingido” e hodós significa “ca- minho”. Portanto, o método pode ser entendido como o “caminho para o re- sultado” ou, então, como uma “sequên- cia de ações necessárias para atingir certo resultado desejado”. Ora, se geren- ciar é perseguir resultados, não existe gerenciamento sem método. O método é então a essência do gerenciamento. Gestão é método. O método de que tratamos é o método cartesiano, proposto por René Descar- tes no século 17. Descartes, conhecido como o pai da filosofia moderna, dizia que, em sua época, “as obras de filoso- fia eram uma coletânea de opiniões” e que ele havia “saído do conforto de seu quarto aquecido para viajar pela fria Europa buscando a verdade na reali- dade da vida das pessoas”. Essa busca pela verdade, contida nas informações organizacionais de hoje, é que fornece a orientação necessária para a boa toma- da de decisão. Tomada de decisões com base em opiniões torna-se muito cara e, algumas vezes, desastrosa. A essência do trabalho numa organi- zação é atingir resultados e, portanto, o domínio do método, por todas as pes- soas, é fundamental. Isso é válido para
  • 7. todas as pessoas de uma empresa, des- de seus diretores até os operadores, que devem ser envolvidos no método de solução de problemas para atingir os resultados necessários. Qualquer que seja o nível educacional do funcioná- rio de uma organização, o método que usa é o mesmo. Isso viabiliza criar uma linguagem gerencial comum e conduz a uma participação natural de todas as pessoas no gerenciamento da empresa. O método provê uma maneira organi- zada e racional para essa participação. Passa então a ser do interesse de toda a organização elevar continuamente o nível de conhecimento de todas as pes- soas de tal forma que possam atingir resultados cada vez melhores. É óbvio que os operadores vão praticar um nível de análise e sín- tese bem mais simples que um téc- nico analista, que deve, no processo de análise de informações, ser capaz de utilizar os softwares modernos, inclusive os de estatística, para ex- trair da informação disforme o co- nhecimento para atingir resultados excepcionais. Os diretores devem ter conhecimento do método e pelo me- nos dos aspectos básicos do processo de análise de informações. Hoje, no Brasil, certas empresas já possuem diretores formados em nível black belt, o que significa que têm conheci- mento suficiente para analisar infor- mações com o pleno uso da estatísti- ca. No futuro, todos os profissionais deverão ser preparados nesse nível. [O oficial de inteligência Robert M.] Clark descreve uma abordagem de análise praticada pela CIA [Cen- tral Intelligence Agency do governo dos EUA] muito semelhante ao que fazemos nas empresas e governos. A palavra “inteligência” é utilizada não só pelos órgãos de segurança governamentais, mas também pelas áreas de marketing das empresas como substituto de coleta e análise de informações. Todo o conteúdo deste livro é útil para todas as pes- soas que lidam com a análise e sínte- se de informações na busca da verda- de ali contida. É, portanto, um livro sobre “inteligência”, no significado dado por Clark. O método adiciona inteligência à atividade gerencial. Maisumfatorprimordial: escolhadegerentesediretores Tenho visto, em várias organizações (empresas e governos), gerentes e di- retores serem escolhidos porque são bons técnicos. Nada impede que sejam bons técnicos. No entanto, o principal fator que deve nortear a escolha desses profissionais é sua capacidade de lide- rança, sua dedicação na construção do conteúdo da liderança e seus valores comprovados na convivência do dia a dia. Avaliando tudo que vi em minha vida, esses são os principais atributos de um líder devotado à construção da empresa e a tornar dispensável sua condição de liderança, fazendo de seu cargo algo institucional. Esse é o pata- mar da verdadeira excelência. O processo de recrutamento e se- leção geralmente aumenta a proba- bilidade de que a empresa recrute e selecione os melhores valores para suas necessidades. No entanto, esse processo não é perfeito e a verdadeira seleção é feita ao longo dos anos pela observação de cada um em seu tra- balho. Essa observação é registrada pelo processo de avaliação do desem- penho, que analisa a capacidade de cada pessoa de atingir suas metas e o alinhamento de cada um aos valores estabelecidos pela empresa. À medida que a pessoa sobe na hierarquia da empresa, vai sendo avaliada e selecio- nada, até que a indicação dos gerentes e diretores da empresa possa ser feita com bastante segurança. Essa crença leva a duas conclusões: 1. Nada impede que se recrutem pes- soas de outras empresas para ocupar cargos com necessidades específicas; no entanto, a certeza de acerto só é obtida promovendo valores internos. 2. Os seres humanos têm velocidades de aprendizado diferentes e, portan- to, haverá pessoas que devem ter um treinamento especial, mais concen- trado, e ser testadas em novas posi- ções mais cedo. A conclusão é que uma empresa deve montar uma “fábrica de líderes” para que possa crescer segura de que terá os valores de que necessita em cada expansão. Na formação da InBev, e agora AB InBev, cem executivos da AmBev optaram por serem transferidos para a InBev e isso em nada atrapalhou o desempenho da AmBev. Isso acon- teceu porque desde 1990 já se traba- lhava na montagem da Fábrica de Líderes e havia mais de cem substi- tutos disponíveis para promoção, no mesmo padrão daqueles que saíram. Só uma competente fábrica de líderes permite tornar a liderança uma po- sição institucional e não pessoal (de- pendente do carisma do líder). Para os bons técnicos deve ser provida uma carreira de prestígio e bem remu- nerada, mas não necessariamente de chefia. © Vicente Falconi/INDG AltaGerência todos os funcionários de uma organização usam o mesmo método. isso viabiliza criar uma linguagem comum e estimula a participação