Este poema descreve a paisagem urbana de uma cidade no inverno, focalizando a atividade dos calceteiros e outros trabalhadores. O narrador observa os calceteiros a trabalhar no frio e a cidade refletida nas poças de água no chão. Apesar do barulho do trabalho, passam peixeiras a vender os seus produtos. Entre os trabalhadores, o narrador também avista uma figura elegante, uma atriz, que contrasta com a paisagem suburbana à sua volta.
Preparação de leitura expressiva de poemas de Cesário Verde
1.
2.
3. A. Campos Matos (org.), Dicionário
de Eça de Queiroz, 2.ª ed., Lisboa,
Caminho, 1993, s.v. «Tipologia das
personagens masculinas»:
4.
5. relento = humidade da noite; orvalho
moroso = vagaroso
negrejar = parecer negro
engelhar = enrugar; encarquilhar
tanger = tocar; espicaçar
barroca [ó] = barranco; cova resultante
da erosão causada pelas chuvas; monte
de barro
lajão = grande laje
laje = pedra lisa
6.
7. 1-5
Há muita luz, apesar do frio, enquanto os
calceteiros trabalham.
6-10
O frio e o sol convidam ao trabalho. No
chão molhado, vê-se a cidade refletida.
11-15
Passam peixeiras enérgicas, a
apregoarem. Veem-se barracas pobres e
quintalórios.
8. 16-20
Nada de sons naturais, ouve-se apenas o
barulho, do ferro e da pedra, do trabalho
dos calceteiros.
21. 1. Com a utilização do adjetivo
«terrosos», no verso 4,
c. o narrador intensifica a ligação das
figuras que caracteriza com o meio em
que trabalham.
22. 2. Com a anteposição do adjetivo
«Disseminadas» (v. 12) ao nome que
caracteriza,
a. o sujeito poético destaca, na
apresentação das figuras, a impressão
por elas causada.
23. 3. Com o recurso às exclamações nas
estrofes 10 e 11,
e. o eu-narrador expressa a sua admiração
pelos referentes do seu discurso.
24. 4. Com a introdução do advérbio
«bruscamente» (v. 56),
b. o sujeito da enunciação assinala a
presença inesperada de uma nova figura
no espaço que descreve.
25. 5. Com a utilização do conector «Mas»,
no início da última estrofe,
d. o sujeito poético estabelece uma
oposição entre a figura que descreve e
as observadas anteriormente.
26.
27. Em «Cristalizações» entrevê-se a
sensibilidade às injustiças sociais na observação
do duro trabalho dos calceteiros («que vida tão
custosa!»), nas referências a outros trabalhadores
que o sujeito poético avista («dando aos rins que a
marcha agita [...] gritam as peixeiras») ou se
deduzem do cenário («uns barracões de gente
pobrezita»). Toda a estrofe dos vv. 51-56, iniciada
por um vocativo ou exclamação («Povo!»),
constitui uma dedicatória, uma homenagem
preocupada aos desfavorecidos («sofres, bebes,
agonizas»). No final, o foco em nova personagem
(«a atrizita») é mais significativo pelo contraste
com os trabalhadores braçais do que representa-
tivo de um outro tipo social.
28. 3. Refere o valor expressivo da hipálage
presente na última estrofe.
29. 3.
A hipálage "o queixo hostil" (v. 71)
contribui para a caracterização da atriz,
destacando o seu desenquadramento do
locai em que se encontra. Trata-se de uma
"figura fina" (v. 59) e de carácter
"distinto“ (v. 71), ou seja, de uma classe
social mais elevada, que determina a sua
superioridade e a sua hostilidade face às
figuras do povo, como, por extensão,
refere o adjetivo presente na hipálage.
30.
31. TPC — [Só para os que disputarão os
quartos de final da Liga dos Campeões:]
prepara leitura em voz alta, expressiva, do
poema de Cesário Verde que refiro a
seguir — os leitores dos jogos α (alfa) vs.
ζ (dzeta, zeta) e β (beta) vs. ε (épsilon)
preparam «Contrariedades» (pp. 307-308);
os leitores dos jogos γ (gama) vs. θ (theta,
teta) e δ (delta) vs. η (eta) preparam
«Deslumbramentos» (p. 311).
32. Até ao fim do ano, ainda teremos um
exercício em torno de gramática (orações,
sobretudo, e funções sintáticas) e um
questionário de verificação da leitura
efetiva de Os Maias. Vale a pena ir
percebendo aqueles assuntos de
gramática e lendo o livro de Eça (resumos
não servem, acreditem-me).