Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 29-30
Análise comparativa entre Frei Luís de Sousa e Feios, Porcos e Maus
1.
2. Estes dois trabalhos não são
demasiado indicativos:
– Gramática não era exatamente a mais
estudada;
– Compreensão é sempre contingente (e
havia vocabulário que não era o nosso).
3. 2 valores para cada item de escolha
múltipla (7 x 2 = 14)
6 valores para o item de associação:
5 alíneas certas = 6 valores
4 alíneas certas = 5
3 alíneas certas = 4
2 alíneas certas = 3
1 alínea certa = 2
4. 4. o enunciador exprime uma ideia de
continuidade face às ideias anteriores.
5. A distensão do tempo em Frei Luís de
Sousa
a) torna a ação inverosímil.
b) cumpre os cânones da tragédia
clássica. [24 horas; um só cenário]
c) não compromete o cumprimento da lei
das três unidades na peça.
d) concorre para a concentração do
espaço.
6. A utilização do determinante possessivo
na expressão «nosso texto» (l.12)
a) constitui uma estratégia de
aproximação ao leitor.
b) destaca a autoria da peça.
c) representa uma utilização do plural
majestático. [«Fomos eleito(s) ontem e
achámos lindíssima a fumaça cinzenta»]
d) evidencia o distanciamento crítico do
autor.
7. A mutação de espaço entre os dois primeiros
atos da tragédia garrettiana
a) sucede por força dos cânones clássicos [ao
contrário] e assume-se como indispensável para
o progresso da ação.
b) decorre da atuação de uma personagem
[Manuel de Sousa] e configura-se indispensável
para o progresso da ação.
c) decorre da atuação de uma personagem,
embora seja pouco significativa para o
desenvolvimento do conflito.
d) sucede por força dos cânones clássicos,
decorre da atuação de diversas personagens e é
fundamental para o evoluir da ação.
8. A caracterização de Telmo como «dupla
consciência de toda a família» (l. 33) salienta
a) a função da personagem na peça, enquanto
crítico da dicotomia [= divisão] temporal
passado/presente.
b) a função da personagem na peça, como
conselheiro da família no presente.
c) a importância da personagem na peça,
enquanto confidente de D. João de Portugal no
passado.
d) as duas funções da personagem na peça,
como coro e escudeiro. (não é disparatada)
9. Os vocábulos «fatalismo» (l. 20) e
«fatalidade» (l. 36) contribuem para a
coesão
a) interfrásica.
b) temporal.
c) lexical.
d) frásica.
10. No contexto, a expressão «trave-mestra»
(l. 36) significa
a) tipo de texto.
b) núcleo temático.
c) mecanismo comunicativo.
d) determinismo.
11. A repetição da expressão «através de» (ll. 40-43)
a) realça a presença contínua de D. João de
Portugal em cena.
b) salienta os indícios trágicos que se
avolumam no decorrer da ação.
c) acentua a possibilidade de uma leitura
sebastianista da personagem de D. João de
Portugal.
d) destaca os elementos da enumeração que
apresenta os meios pelos quais se concretiza a
presença de D. João de Portugal em cena.
12. a. Com a expressão «Tudo isto» (l. 3),
2. o enunciador sintetiza um conjunto de
elementos anteriormente referidos.
13. b. Com o uso do conector «pois» (l. 9),
3. o enunciador introduz um nexo de
causalidade. (não de consequência)
14. c. Com a utilização de «esta» (l. 10),
5. o enunciador retoma um referente já
expresso.
Examinemos então a ação. Estava esta,
na tragédia clássica, …
15. d. Com o recurso ao conector «antes» (l.
35),
7. o enunciador introduz um nexo de
oposição.
sem artifícios inúteis, antes concorrendo
todos
= ao contrário
16. e. Com o pronome «que» (l. 38),
6. o enunciador restringe a informação
dada sobre o antecedente.
é uma personagem que domina o texto
17. Na expressão «tragédia romântica» (l.1),
usada na caracterização de Frei Luís de
Sousa quanto ao género literário em que
se integra, em termos de classes
palavras temos
a) um nome e um adjetivo.
b) dois adjetivos.
c) um nome e um advérbio.
d) um adjetivo e um nome.
18. O complexo verbal «podemos dizer» (l. 1)
transmite um valor modal de
a) probabilidade. (modalidade epistémica)
b) obrigatoriedade.
c) possibilidade. (modalidade deôntica)
d) duração.
19. A palavra «visível» (l. 5) tem acento
gráfico por ser uma palavra
a) grave (paroxítona).
b) esdrúxula (proparoxítona).
c) aguda (oxítona) e terminar em -l.
d) grave (paroxítona) e terminar em -l.
-l, -n, -r, -x, -ps
20. No segmento textual «referências a
Camões e a Bernardim Ribeiro» (ll. 9-10),
as palavras sublinhadas pertencem à
classe
a) das preposições.
b) dos pronomes pessoais.
c) dos determinantes artigos definidos.
d) dos advérbios.
21. Os termos «Família» (l. 12) e «criados» (l.
12) são, no contexto,
a) sinónimos.
b) hiperónimo e hipónimo,
respetivamente.
c) antónimos.
d) holónimo e merónimo, respetivamente.
a Família, em que se integram os criados
22. A passagem «Igualmente romântico é o
estatuto das personagens» (l. 15)
concretiza um ato ilocutório
a) compromissivo.
b) assertivo.
c) diretivo.
d) expressivo.
23. O recurso estilístico presente em «as
grandes decisões, as grandes ações, as
grandes hesitações, os grandes terrores,
os grandes arrependimentos.» (ll. 19-20)
é
a) a metáfora.
b) o paralelismo.
c) o paradoxo.
d) a apóstrofe.
24. a. Com o uso de «que» (l. 2),
7. o enunciador contribui com
informação adicional sobre o
referente.
do autor, que a escreveu em prosa e em
três atos, ainda
25. b. Com o uso do travessão (ll. 7, 8, 14 e
16),
3. o enunciador introduz exemplos
confirmativos das afirmações anteriores.
26. c. Com a utilização dos parênteses,
6. o enunciador apresenta informação
complementar sobre as asserções
precedentes.
27. d. Com o recurso ao advérbio
«Igualmente» (l. 15),
4. o enunciador exprime uma ideia de
continuidade face às ideias anteriores.
28. e. Com o adjetivo «romântico» (l. 15),
2. o enunciador predica sobre o sujeito
da oração.
O estatuto das personagens é romântico
29.
30. 3
Afonso regressa a Lisboa porque
«não queria […] viver muito afastado do
neto», que, tendo terminado o curso,
[viajado durante um ano e] pretendendo
agora iniciar a sua carreira de médico,
devia instalar-se na capital.
31. para «[n]ão (…) viver muito afastado do
neto»
De outro modo, ficaria «(…) muito
afastado do neto (…)»
De outro modo, ficaria «muito
afastado do neto»
32. 5
Fisicamente, Afonso era «baixo,
maciço». Psicologicamente, era, segundo
ele próprio, «egoísta», mas o narrador
apresenta-o como «bonacheirão»,
altruísta («as generosidades do seu
coração»; «parte do seu rendimento ia-se-
lhe por entre os dedos, esparsamente,
numa caridade enternecida»), «sereno» e
«risonho». (Outro aspeto da sua
caracterização, a idade, é focada a
seguir.)
33. 5.1
A hipérbole «mais idoso que o
século» salienta a idade de Afonso, o seu
retrato de patriarca daquela família, [o
que vai ser determinante na componente
de tragédia que tem o romance,] mas
remete mais ainda para o facto de ter
testemunhado uma série de
acontecimentos históricos (em termos
funcionais serve de bitola para o
enquadramento histórico sobretudo nos
capítulos de analepse).
34. entre 1820 e 1875 | 85 pp. | caps. I-IV |
[Analepse]
Juventude de Afonso da Maia. Exílio de
Afonso. Casamento de Afonso com Maria
Eduarda Runa. Infância de Pedro, em
Inglaterra. Regresso a Benfica, juventude,
amores e casamento de Pedro. Suicídio de
Pedro. Infância e educação de Carlos, em
Santa Olávia. Carlos cursa Medicina, em
Coimbra. Carlos viaja pela Europa.
35. 1875 a 1877 | 590 pp. | caps. IV-XVII
Carlos em Lisboa.
1877 | 2 pp. | cap. XVIII
Carlos e Ega viajam.
1886 a 1887 | 25 pp. | cap. XVIII
Carlos regressa a Lisboa.
36. [última pergunta]
Carlos surpreendeu os amigos da
família ao preferir Medicina a Direito.
Em Coimbra, esteve instalado no que
se chamaria depois «Paço de Celas»
(onde, por vezes, se hospedava o avô).
Amigo de João da Ega, tem vida
boémia, interessa-se pelas vanguardas
literárias e artísticas, mais do que
estuda. Tem namoros de ocasião
(primeiro, uma mulher casada; depois,
uma concubina).
37.
38. TPC (para férias) — Terminar, ou,
pelo menos, avançar decisivamente, em
Os Maias (haverá questionários de
compreensão, para verificar se a leitura
tem sido mesmo feita, logo no recomeço
ou poucos dias depois).
39. Recomendo também que procurem
ler, relativamente aos capítulos do
manual que temos estudado, os
enquadrados, os esquemas, os
pequenos textos ensaísticos
intercalados que possam ser úteis para
fixar conteúdos relacionados com Frei
Luís de Sousa ou com Vieira.
40. Quem não entregou trabalhos
grandes — por vezes, ainda o do
primeiro período; em outros casos, o
mísero tepecê que lhes pedi em torno de
Frei Luís de Sousa e canção —, que os
faça em férias e mos dê depois. (Prometo
no 3.º período ter isso em conta. Para já,
terei de ser punitivo nas notas do 2.º
período, como sempre fui avisando.)
41. Lembro que só considero o tepecê
sobre Frei + Canção completado depois
de me ser enviada correção.
(Até anteontem tinha as correções
recebidas todas lançadas no blogue e
com nota [vou evitar dizê-la agora]. As
chegadas já ontem já demorarão mais.)
42.
43. Quer no final do filme quer no final
do drama de Garrett, a personagem
feminina adolescente é sacrificada: na
peça, Maria morre (de tuberculose, de
vergonha e por se ver separada dos pais);
no filme, a miúda de cujo nome não me
lembro aparece grávida.
44. Em ambas as obras se chega a um
momento em que o casamento do par de
protagonistas se vê posto em causa por
um terceiro elemento (pelo regressado
João de Portugal, em Garrett; por uma
prostituta, no filme de Scola). A solução é
diametralmente oposta: em Frei Luís de
Sousa, desfaz-se o par, pelo abandono da
vida secular; em Feios, Porcos e Maus, há
uma integração do intruso (aliás, da
intrusa).
45. Há uma apreciável unidade de espaço e
de tempo na construção da peça, apesar
de não tão rigorosas quanto estipulava o
modelo da tragédia clássica (o mesmo
local, um dia): dois palácios na mesma
cidade; oito dias. Quanto ao filme,
começa e acaba no mesmo território
(com raras saídas), mas o tempo é mais
alargado, sendo as bitolas a barriga da
miúda e a evolução da cidade em redor
da barraca.
46. Na peça há rigorosa unidade de ação
(tudo converge para o conflito e para a
catástrofe), como manda o modelo da
tragédia. No filme, o facto de haver
personagens-tipo, cada uma com a sua
vida um pouco particular, parece
dispersar a intriga, mas logo se percebe
que há relativa convergência também (no
conflito e, neste caso, na não-catástrofe).
47. O desfecho em Frei Luís de Sousa é
fatal. No filme, há sempre uma redenção,
uma salvação inesperada (diferente-
mente do que manda o modelo trágico).
48. Outra característica de tragédia que
o drama garretiano adota é a do estatuto
das personagens, que são, com efeito,
de alta estirpe social. Nos antípodas, na
galeria de personagens do filme
comparecem marginais em número
razoável. Em termos psicológicos, a
nobreza de caráter que supõe a tragédia
verifica-se no Frei mas não no Feios.
49. O estilo elevado cumpre-se também
na linguagem formal e delicada do texto
de Garrett. Esse estilo dá lugar, no filme
italiano, a registos linguísticos
absolutamente informais.
50. Nenhuma das obras usa o verso,
obrigatório na tragédia. Estão ambas em
prosa.
51. Já vimos que o coro da tragédia
clássica talvez se concretize, na peça de
Garrett, por intervenções de Telmo, de
Jorge, dos religiosos. Será forçado, no
caso da obra de Scola, considerar a avó
como equivalente do coro.
52. Quanto à indole ‘representação’
(versus biografia, história) característica
da tragédia, é discutível se é
predominante no Frei Luís de Sousa.
Curiosamente, em Feios, Porcos e Maus,
parece mais óbvio o teor alegórico,
simbólico.