1. O documento discute a peça Macbeth de Shakespeare e como um esboço moderno altera elementos da tragédia original.
2. A peça Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett é discutida como um drama ao invés de uma tragédia por quebrar algumas regras do gênero.
3. Detalhes formais e de conteúdo das diferenças entre tragédias e a falsa obra "MacDonald" são explicados.
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
Análise da tragédia Macbeth de Shakespeare
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8. A peça Macbeth, de William
Shakespeare, é uma tragédia, escrita nos
inícios do século XVII.
9. O sketch «William Shakespeare’s
MacDonald» aproveita alguns dos seus
motivos (as personagens de alta estirpe,
Macbeth e Lady Macbeth, tornadas
MacDonald e Lady MacDonald; as bruxas;
as profecias), mas altera elementos
importantes da intriga. Essas
reformulações fazem perigar o tom
elevado que é de regra nas tragédias. O
tópico dos «hambúrgueres», a convocação
do campo lexical da alimentação (quer da
10. comida rápida quer dos pratos tradicio-
nais), uma interrupção das bruxas para
perguntarem «como é que vai o nosso
Benfica?», o registo popular-familiar aqui e
ali («bom dinheirinho», «chicha», «o um-
dois-três», «saudinha») contradizem a
gravidade habitual na tragédia. A tragédia
deve ser susceptível de suscitar,
simultaneamente, compaixão e temor, o
que é contrariado pelos temas desta falsa
obra de Shakespeare, MacDonald.
11. Para o seu Frei Luís de Sousa,
Almeida Garrett preferiu a etiqueta
«drama», porque pretendia, aproveitando
embora um clima idêntico ao de uma
tragédia, poder incumprir algumas das
regras típicas daquele género teatral
(sobretudo em aspetos formais — a
unidade do espaço e do tempo, a escrita
em verso). Dirá o autor que o Frei Luís de
Sousa, quanto à índole, seria uma
tragédia; quanto à forma, um drama.
12. No sketch é quase ao contrário: os
aspetos de formais (de toilete, digamos)
da tragédia parecem mais preservados; é
o conteúdo que é sobretudo pervertido).
O desfecho — que, numa tragédia, é
sempre carregado de fatalidade, imposto
pelo Destino, pelo Fatum — é que
também não se concretiza, como conclui
a putativa rainha do MacDonald: «Que
raio de mariquinhas me saíste!».
13.
14. Unidade de tempo? Oito dias (vs. 24
horas)
I ato — 6.ª feira, 28 de julho de 1599
II ato — 6.ª feira, 4 de agosto de 1599
(=21.º aniversário de Alcácer Quibir)
III ato — 6.ª feira/Sábado, 4/5 de agosto
de 1599
15. Unidade de lugar? Numa mesma cidade
(vs. um único cenário)
Ato I — Palácio de Manuel de Sousa
Ato II — Palácio de D. João de Portugal
Ato III — Parte baixa do palácio de D.
João de Portugal (em dois quadros)
21. câmara — sala, quarto
noviço — que está ainda no processo de
integração numa ordem religiosa
charão — objeto envernizado, lacado
bufete — secretária; aparador de sala de jantar
tamborete — espécie de banco
contador — armário com pequenas
gavetas
ledo — alegre
25. ll. 15-16
O facto de Madalena recitar o passo
dos Lusíadas que precede a chegada
dos algozes de Inês de Castro («Estavas,
linda Inês») pretenderá acentuar os
hábitos literários da personagem /
prenunciar que algo funesto sucederá /
possibilitar analogias entre os amores de
Inês e de Madalena
27. [Inês]
Naquele engano d’alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito…
— Com paz e alegria d’alma… um engano,
um engano de poucos instantes que
seja… deve de ser a felicidade suprema
neste mundo. E que importa que o não
deixe durar muito a fortuna? Viveu-se,
pode-se morrer. Mas eu!...
[Madalena]
31. Oh! Que o não saiba ele ao menos, que
não suspeite o estado em que eu vivo…
este medo, estes contínuos terrores, que
ainda me não deixaram gozar um só
momento de toda a imensa felicidade
que me dava o seu amor.
32. ll. 15-27
No monólogo de Madalena, as
reticências, a interrogação e as exclama-
ções concorrem para exprimir a
angústia / a intranquilidade