O documento descreve as três fases da obra do heterónimo Álvaro de Campos de Fernando Pessoa: a fase decadentista representada pelo poema "Opiário", a fase sensacionista com a "Ode Triunfal" e a fase intimista com poemas como "O que há em mim é sobretudo cansaço". O texto também resume os poemas mais importantes reunidos no segundo volume dedicado a Campos.
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 35
1.
2. Três fases:
•Decadentismo
– fase de juventude
•Futurismo / Sensacionismo
– fase virada para o exterior; espalhafatosa
•Metafísica
– fase desiludida (virada para a infância, por
vezes); de «gémeo» do ortónimo
7. um dos mais famosos / importantes
heterónimos de Pessoa
8. «Tenho febre e escrevo» poderia servir de
epígrafe a toda a obra de Álvaro de Campos, com
os seus poemas vibrantes, que introduzem o leitor
no mundo pessoano e lhe proporcionam uma via-
gem empolgante pela escrita futurista.
Neste segundo volume da coleção ‘Pessoa
Hoje’, reunimos os poemas mais importantes de
Campos, repartidos pelas três fases que este hete-
rónimo atravessou: a decadentista, representada
por «Opiário»; a sensacionista, em que sobressai a
«Ode triunfal»; e a intimista, que inclui poemas
como «O que há em mim é sobretudo cansaço».
Não perca o próximo volume, Poemas esco-
lhidos de Ricardo Reis.
9. «Tenho febre e escrevo» poderia
servir de epígrafe a toda a obra de Álvaro
de Campos, com os seus poemas
vibrantes, que introduzem o leitor no
mundo pessoano e lhe proporcionam
uma viagem empolgante pela escrita
futurista.
Neste segundo volume da coleção
‘Pessoa Hoje’, reunimos os poemas mais
importantes de Campos, repartidos pelas
10. três fases que este heterónimo
atravessou: a decadentista, representada
por «Opiário»; a sensacionista, em que
sobressai a «Ode triunfal»; e a intimista,
que inclui poemas como «O que há em
mim é sobretudo cansaço».
Não perca o próximo volume, Poemas
escolhidos de Ricardo Reis.
11.
12. moedeiro falso = pessoa que falsifica
moeda.
insone = pessoa que tem insónias.
informe = sem forma
latente = ‘que não se manifesta exterior-
mente’, ‘oculto’.
candeeiro a petróleo =
13.
14.
15. 1. Os sentimentos do sujeito poético
expressos nas três primeiras estrofes
são o “desespero”, ou contrariedade,
pela ‘insónia” que o afeta a meio da
noite (v. 3); a surpresa e alguma
satisfação ou consolo, ao deparar com
uma luz acesa numa outra janela, sinal
de que não é o único a estar acordado
àquela hora:
16. “E, de repente, humano! O quadrado com
cruz de uma janela iluminada!” (vv. 4-5);
e algum interesse e até fraternidade para
com aquele desconhecido insone como
ele: “Quem serás?” (v. 10) e
“Fraternidade involuntária, incógnita, na
noite!” (vv. 4-5).
17. 2. No poema estão representadas
sensações visuais nos versos “O
quadrado com cruz de uma janela
iluminada!” (v. 5), “Tom amarelo cheio
da tua janela incógnita...” (v. 21) e nas
referências à luz nos versos 9, 13, 19 e
22.
Estão também presentes sensações
auditivas — “no silêncio todo” (v. 1) e
“Nem galos gritando ainda no silêncio
definitivo!” (v. 18).
18. É de registar, ainda, a presença de
sensações tácteis nos versos 15-16:
“Sobre o parapeito da janela da traseira
da casa! Sentindo húmida da noite a
madeira onde agarro.”
Finalmente, no verso 2, há uma
sobreposição de sugestões auditivas e
visuais, uma sinestesia, portanto: “tictac
visível”.
19. 3. O verso 13 do poema pode
significar que as duas luzes são o traço
de união entre aqueles dois seres na
solidão da noite. São elas que
aproximam os dois únicos seres
humanos acordados. No fundo, aquelas
duas luzes acesas são a arma comum
que os irmana contra a solidão e as
trevas do mundo.
20. 4. A apóstrofe do último verso — “Ó
candeeiros de petróleo da minha infância
perdida!” — convoca a nostalgia da
infância e a consciência da sua perda
irreparável. O facto de o seu companheiro
de insónia não ter luz eléctrica, usando,
porventura, um candeeiro a petróleo, fez
irromper a imagem meiga de uma
“infância perdida”, povoada de afetos que
contrastam com a solidão e a insónia do
presente.
21.
22. TPC — Em Gaveta de Nuvens, lê
«Cruz na porta da tabacaria!», poema
atribuído a Álvaro de Campos e
relacionável com «Tabacaria».
23.
24.
25. Encosta-te a mim
Nós já vivemos cem mil anos sujeito
Encosta-te a mim
Talvez eu esteja a exagerar modificador de frase
Encosta-te a mim
Dá cabo dos teus desenganos
Não queiras ver quem eu não sou
Deixa-me chegar complemento direto
(*lhe)
(o)
26. Chegado da guerra
Fiz tudo p’ra sobreviver, em nome da terra
No fundo p’ra te merecer
modificador do grupo verbal
Recebe-me bem
Não desencantes os meus passos
complemento direto
Faz de mim o teu herói
Não quero adormecer
27. Tudo o que eu vi complemento direto
Estou a partilhar contigo
(= Estou a partilhar contigo isso)
O que não vivi hei de inventar contigo
Sei que não sei
Às vezes entender o teu olhar
Mas quero-te bem
Encosta-te a mim complemento indireto
(-lhe)
28. (*lhe)
Encosta-te a mim complemento direto
(o)
Desatinamos tantas vezes
Vizinha de mim
Deixa ser meu o teu quintal predicativo do sujeito
(que o teu quintal seja meu)
Recebe esta pomba que não está armadilhada
modificador restritivo do nome
Foi comprada, foi roubada, seja como for
29. complemento oblíquo
Eu venho do nada
Porque arrasei o que não quis
Em nome da estrada, onde só quero ser feliz
Enrosca-te a mim
Vai desarmar a flor queimada
Vai beijar o homem-bomba, quero adormecer
complemento direto
(Vai beijá-lo)
30. Tudo o que eu vi
Estou a partilhar contigo, e o que não vivi
Um dia hei de inventar contigo
complemento direto
Sei que não sei às vezes entender o teu olhar
(-o)
(isso)
(oração subordinada substantiva completiva)
Mas quero-te bem
31. Encosta-te a mim
Encosta-te a mim
Quero-te bem
(lhe) complemento indireto ?
(o) complemento direto ?
Encosta-te a mim
32.
33. TPC — Em Gaveta de Nuvens, lê
«Cruz na porta da tabacaria!», poema
atribuído a Álvaro de Campos e
relacionável com «Tabacaria».